Buscar

DIREITO CIVIL II - BENS

Prévia do material em texto

Direito Civil – Prof. Danyelle
Material de apoio Civil II (turma C - noturno)
BENS
· Todo direito tem o seu objeto.
· Sobre o objeto, desenvolve-se o poder de fruição da pessoa. 
· Objeto da relação jurídica é tudo o que se pode submeter ao poder dos sujeitos de direito, como instrumento de realização de suas finalidades jurídica.
· Em sentido estrito, esse conjunto compreende os bens objeto dos direitos reais e também as ações humanas denominadas prestações. 
· Em sentido amplo, esse objeto pode consistir: 
	■ em coisas (nas relações reais); 
	■ em ações humanas (prestações, nas relações obrigacionais); 
	■ em certos atributos da personalidade, como o direito à imagem; e 
	■ em determinados direitos, como o usufruto de crédito, a cessão de crédito, o poder familiar, a tutela etc
CONCEITO DE BEM
· Bem, em sentido filosófico, é tudo o que satisfaz uma necessidade humana. É Tudo que pode proporcionar ao homem qualquer satisfação (saúde, amizade, Deus – sumo bem).
· Em sentido jurídico, o conceito de coisas corresponde ao de bens.
· Porém, coisa é o gênero do qual bem é espécie. É tudo que existe objetivamente, com exclusão do homem. 
· Bens são coisas que, por serem úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e contêm valor econômico. 
· Somente interessam ao direito coisas suscetíveis de apropriação exclusiva pelo homem. As que existem em abundância no universo, como o ar atmosférico e a água dos oceanos, por exemplo, deixam de ser bens em sentido jurídico.
· As coisas, insuscetíveis de apropriação pelo homem, como o ar atmosférico, o mar etc., são chamadas de coisas comuns e não podem ser objeto de relação jurídica. Porém, sendo possível sua apropriação em porções limitadas, tornam-se objeto do direito (gases comprimidos, água fornecida pela Administração Pública).
Res nullius / Res derelicta
· Denominam-se res nullius as coisas sem dono, que nunca foram apropriadas, como a caça solta, os peixes, e podem sê-lo, pois se acham à disposição de quem as encontrar ou apanhar, embora essa apropriação possa ser regulamentada para fins de proteção ambiental. 
· Res derelicta é a coisa móvel abandonada, que o seu titular lançou fora, com a intenção de não mais tê-la para si. Nesse caso, pode ser apropriada por qualquer outra pessoa.
BENS CORPÓREOS E INCORPÓREOS
· Distinção feita pelos romanos.
· Tal classificação não foi acolhida pela nossa legislação.
· ■ Bens corpóreos são os que têm existência física, material e podem ser tangidos pelo homem. 
· ■ Bens incorpóreos são os que têm existência abstrata ou ideal e valor econômico, como o direito autoral, o crédito, a sucessão aberta, o fundo de comércio, etc. São criações da mente reconhecidas pela ordem jurídica. 
· O critério distintivo para os romanos era a tangibilidade ou possibilidade de serem tocados.
· Atualmente, porém, esse procedimento seria inexato, por excluir coisas perceptíveis por outros sentidos, como os gases, que não podem ser atingidos materialmente com as mãos e nem por isso deixam de ser coisas corpóreas. 
· Hoje também se consideram bens materiais ou corpóreos as diversas formas de energia, como a eletricidade, o gás, o vapor.
· Embora não contemplada na lei com dispositivos específicos, a classificação dos bens em corpóreos e incorpóreos tem a sua importância, porque a relação jurídica pode ter por objeto uma coisa de existência material ou um bem de existência abstrata. 
· Da mesma forma, alguns institutos só se aplicam aos bens corpóreos, como os direitos reais.
· Quanto à forma de transferência, os bens corpóreos são objeto de compra e venda, doação, permuta. 
· A alienação de bens incorpóreos, todavia, faz-se pela cessão. Daí falar-se em cessão de crédito, cessão de direitos hereditários etc. 
· Na cessão, faz-se abstração dos bens sobre os quais incidem os direitos que se transferem. 
patrimônio
· Os bens corpóreos e os incorpóreos integram o patrimônio da pessoa. 
· Patrimônio, segundo a doutrina, é o complexo das relações jurídicas de uma pessoa que tiver valor econômico. 
· O patrimônio restringe-se, aos bens avaliáveis em dinheiro. Nele não se incluem as qualidades pessoais, como a capacidade física ou técnica, o conhecimento ou a força de trabalho, porque são considerados simples fatores de obtenção de receitas quando utilizados para esses fins, malgrado a lesão a esses bens possa acarretar a devida reparação. 
· Também não integram o patrimônio as relações afetivas da pessoa, os direitos personalíssimos, familiares e públicos não economicamente apreciáveis, denominados direitos não patrimoniais.
· O patrimônio da pessoa inclui tanto o ativo como o passivo, constituindo uma universalidade de direito (CC, 91).
 
· É a projeção econômica da personalidade, e, por não se admitir a pessoa sem patrimônio, não se pode dele excluir as suas obrigações, ou seja, o seu lado passivo. (CC, 1.784 - princípio da saisine - estabelece que, “aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários” / CC, 1.997 - “a herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido”). 
· Princípio norteador do direito das obrigações: o patrimônio do devedor responde por suas dívidas. 
· É o patrimônio do devedor, que responde por suas obrigações e que constitui a garantia geral dos credores, tenham elas se originado da prática de atos lícitos, como os contratos e as declarações unilaterais da vontade, ou de atos ilícitos. 
· Tutela jurídica da dignidade da pessoa humana com a proteção de um patrimônio mínimo: 
· Bem de família (Lei n. 8.009/90 e CC, arts. 1.711 a 1.722);
· Óbice à prodigalidade mediante a vedação da doação da totalidade do patrimônio, sem que se resguarde um mínimo (CC, art. 548); 
· Impenhorabilidade de determinados bens (CPC, arts. 833 e 834) e em outros dispositivos que reconhecem como necessária tal proteção para o desenvolvimento das atividades humanas.
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS
· O Código Civil de 2002, no Livro II da Parte Geral, em título único, disciplina os bens em três capítulos diferentes: 
	
	I — Dos bens considerados em si mesmos; 
	II — Dos bens reciprocamente considerados; e 
	III — Dos bens públicos. 
Bens considerados em si mesmos (bens imóveis e bens móveis)
· É a mais importante classificação, fundada na efetiva natureza dos bens. 
	■ os bens móveis são adquiridos, em regra, por 	simples tradição, enquanto os imóveis dependem de 	escritura pública e registro no Cartório de Registro 	de Imóveis (CC, arts. 108, 1.226 e 1.227);
	■ a propriedade imóvel pode ser adquirida também pela acessão, pela usucapião e pelo direito hereditário 	(CC, arts. 1.238 a 1.244, 1.248 e 1.784), e a mobiliária, 	pela usucapião, ocupação, achado de tesouro, especificação, confusão, comistão e adjunção (CC, arts. 	1.260 a 1.274)
Bens imóveis 
· Segundo Clóvis Beviláqua, chamam-se imóveis os bens “que se não podem transportar, sem destruição, de um para outro lugar”. 
· Hodiernamente, esse conceito só se aplica para os imóveis propriamente ditos ou bens de raiz, como o solo e suas partes integrantes, mas não abrange os imóveis por determinação legal nem as edificações que, separadas do solo, conservam sua unidade, podendo ser removidas para outro local (CC, arts. 81, I, e 83). 
· O avanço da engenharia e da ciência em geral deu origem a modalidades de imóveis que não se ajustam à referida definição. 
· Definição de bens imóveis:
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. 
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: 
I — os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; 
II — o direito à sucessão aberta.”
· Os bens imóveis em geral podem ser classificados em: 
	■ imóveis por natureza; 
	■ imóveis por acessão natural; 
	■ imóveis por acessão artificial; e 
	■ imóveis por determinação legal.
. IMÓVEIS POR NATUREZA
· A rigor, somente o solo, com sua superfície, subsolo e espaço aéreo, é imóvel por natureza. Tudo o mais que a ele adere deve ser classificado como imóvel por acessão.
· O art. 1.229 do novo Código dispõeque “a propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício”. 
· O art. 1.230, em consonância com o art. 176 da Constituição Federal, reza que “a propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais”. 
. IMÓVEIS POR ACESSÃO NATURAL
· Incluem-se nessa categoria as árvores e os frutos pendentes, bem como todos os acessórios e adjacências naturais. 
· Compreende as pedras, as fontes e os cursos de água, superficiais ou subterrâneos, que corram naturalmente.
· As árvores, quando destinadas ao corte, são consideradas bens “móveis por antecipação”. 
· Mesmo que as árvores tenham sido plantadas pelo homem (acessão artificial), deitando suas raízes no solo, são imóveis.
· Ainda quando a raiz não tenha brotado, e porque a intenção do semeador é obter plantas que produzam utilidades, “a semente, desde que é lançada na terra para germinar, é considerada incorporada ao solo”. 
· Os tesouros não são imóveis por acessão natural, ainda que enterrados no subsolo, porque não constituem partes integrantes dele. 
· Da mesma forma, não serão imóveis as árvores plantadas em vasos, porque removíveis. 
- A natureza pode fazer acréscimos ao solo, que a ele aderem, sendo tratados juridicamente como acessórios dele (formação de ilhas, aluvião, avulsão, abandono de álveo), sendo considerado modo originário de aquisição da propriedade, criado por lei (CC, art. 1.248, I a IV), em virtude do qual tudo o que se incorpora a um bem fica pertencendo ao seu proprietário.
· IMÓVEIS POR ACESSÃO ARTIFICIAL OU INDUSTRIAL 
· Acessão significa justaposição ou aderência de uma coisa à outra. 
· O homem também pode incorporar bens móveis, como materiais de construção e sementes, ao solo, dando origem às acessões artificiais ou industriais. 
· As construções e plantações são assim denominadas porque derivam de um comportamento ativo do homem, isto é, do seu trabalho ou indústria. 
· As acessões artificiais ou industriais constituem, modo originário de aquisição da propriedade imóvel. 
· Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário (CC, art. 1.253).
· Acessão artificial ou industrial é, pois, tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao solo, como a semente lançada à terra, os edifícios e as construções, de modo que não se possa retirar sem destruição, modificação, fratura ou dano. 
· Nesse conceito, não se incluem, portanto, as construções provisórias, que se destinam à remoção ou retirada, como os circos e parques de diversões, as barracas de feiras, pavilhões etc.
· Finalidade da separação e destinação dos materiais: 
	
	Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: 
	I — as edificações que, separadas do solo, mas 	conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; 
II — os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.
· O que se tira de um prédio para novamente nele incorporar pertencerá ao imóvel e será imóvel. 
· IMÓVEIS POR DETERMINAÇÃO LEGAL 
	Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
	I — os direitos reais sobre imóveis e as ações que os 	asseguram; 
	II — o direito à sucessão aberta. 
· Trata-se de bens incorpóreos, imateriais (direitos), que não são, em si, móveis ou imóveis. O legislador, no entanto, para maior segurança das relações jurídicas, os considera imóveis .
■ Os direitos reais sobre imóveis, de gozo (servidão, usufruto etc.) ou de garantia (penhor, hipoteca), são considerados imóveis pela lei, bem como as ações que os asseguram. Toda e qualquer transação que lhes diga respeito exige o registro competente (art. 1.227), bem como a autorização do cônjuge, nos termos do art. 1.747, I, do Código Civil. 
■ O direito abstrato à sucessão aberta é considerado bem imóvel, ainda que os bens deixados pelo de cujus sejam todos móveis. Neste caso, o que se considera imóvel não é o direito aos bens componentes da herança, mas o direito a esta, como uma unidade. 
· OBSERVAÇÕES: 
· A renúncia da herança é renúncia de imóvel e deve ser feita por escritura pública ou termo nos autos (CC, art. 1.806), mediante autorização do cônjuge, se o renunciante for casado, e recolhimento da sisa. 
· Pelo mesmo motivo, cessão de direitos hereditários deve ser feita por escritura pública, com autorização do cônjuge, se o cedente for casado.

Continue navegando