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Retirado de ENEM 2013 Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara na janela em crônica de jornal ‒ eu não fazia isso há muitos anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica algumas vezes também é feita, intencionalmente, para provocar. Além do mais, em certos dias mesmo o escritor mais escolado não está lá grande coisa. Tem os que mostram sua cara escrevendo para reclamar: moderna demais, antiquada demais. Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compartilhar ideias. Há os textos que parecem passar despercebidos, outros rendem um montão de recados: “Você escreveu exatamente o que eu sinto”, “Isso é exatamente o que falo com meus pacientes”, “É isso que digo para meus pais”, “Comentei com minha namorada”. Os estímulos são valiosos pra quem nesses tempos andava meio assim: é como me botarem no colo ‒ também eu preciso. Na verdade, nunca fui tão posta no colo por leitores como na janela do jornal. De modo que está sendo ótima, essa brincadeira séria, com alguns textos que iam acabar neste livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo a sério ser sério… mesmo quando parece que estou brincando: essa é uma das maravilhas de escrever. Como escrevi há muitos anos e continua sendo a minha verdade: palavras são meu jeito mais secreto de calar. LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de janeiro: Record, 2004. Os textos fazem uso constante de recurso que permitem a articulação entre suas partes. Quanto à construção do fragmento, o elemento a. “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”. b. “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para meus pais”. c. “essa” recupera a informação anterior “janela do jornal”. d. “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”. e. “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crônica de jornal”. Feedback Sua resposta está correta. A questão está alinhada com o objetivo de conceituar coesão e coerência, reconhecer a importância de ambas no texto, compreender e garantir a coesão referencial e sequencial, bem como a coerência no texto. A resposta correta é: “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crônica de jornal”. Questão 2 Correto Atingiu 1,0 de 1,0 Marcar questão Texto da questão Sobre a escrita de um texto acadêmico, analise as afirmativas abaixo: I. A Introdução deve conter uma fundamentação teórica, embasada em evidências científicas e falas de autoridades sobre o tema. É preciso apontar as vinculações teóricas, os autores e referências bibliográficas escolhidas, apresentando os principais conceitos das obras que constarão no trabalho. II. A Introdução deve ter certo aprofundamento teórico, balizando um conhecimento sobre as referências bibliográficas mais gerais do trabalho. A argumentação deve ser consistente, exige pesquisa, domínio do tema e da estrutura formal de um texto acadêmico. III. A Introdução pode ser desenvolvida por exemplificação, com dados estatísticos e informações publicadas na imprensa; por definição, conceituando um fato e demonstrando conhecimento sobre o tema; ou trazendo citações. Argumentos baseados em convicções, crenças religiosas e opiniões pessoais também são válidos. Estão corretas: a. Apenas I b. Apenas III c. Apenas II d. I, II e III e. I e II Feedback Sua resposta está correta. “[Introdução] O que deve conter: fundamentação teórica e apresentação dos autores e obras escolhidas (tanto as bibliográficas quanto as videográficas). No caso das referências bibliográficas, neste item os alunos devem apontar suas vinculações teóricas e menção dos principais conceitos das obras que constarão no projeto. Para os alunos que farão TCC este item é importante, uma vez que aqui vocês deverão apontar conhecimento sobre suas referências teóricas mais gerais. Este, portanto, deve ser um item com um relativo trabalho de aprofundamento teórico”. (Trecho do documento “Guia de escrita acadêmica para o Projeto de TCC”. Autor: professor Bruno Casalotti; coautora: professora Isabella Goulart) A resposta correta é: I e II Questão 3 Correto Atingiu 1,0 de 1,0 Marcar questão Texto da questão Adaptado de VESTIBULAR UERJ 2012 A origem da poesia se confunde com a origem da própria linguagem. Talvez fizesse mais sentido perguntar quando a linguagem verbal deixou de ser poesia. Ou: qual a origem do discurso não poético, já que, restituindo laços mais íntimos entre os signos e as coisas por eles designadas, a poesia aponta para um uso muito primário da linguagem, que parece anterior ao perfil de sua ocorrência nas conversas, nos jornais, nas aulas, conferências, discussões, discursos, ensaios ou telefonemas. Como se ela restituísse, através de um uso específico da língua, a integridade entre nome e coisa − que o tempo e as culturas do homem civilizado trataram de separar no decorrer da história. A manifestação do que chamamos de poesia hoje nos sugere mínimos flashbacks de uma possível infância da linguagem, antes que a representação rompesse seu cordão umbilical, gerando essas duas metades − significante e significado. Houve esse tempo? Quando não havia poesia porque a poesia estava em tudo o que se dizia? Quando o nome da coisa era algo que fazia parte dela, assim como sua cor, seu tamanho, seu peso? Quando os laços entre os sentidos ainda não se haviam desfeito, então música, poesia, pensamento, dança, imagem, cheiro, sabor, consistência se conjugavam em experiências integrais, associadas a utilidades práticas, mágicas, curativas, religiosas, sexuais, guerreiras? Pode ser que essas suposições tenham algo de utópico, projetado sobre um passado pré-babélico, tribal, primitivo. Ao mesmo tempo, cada novo poema do futuro que o presente alcança cria, com sua ocorrência, um pouco desse passado. Lembro-me de ter lido, certa vez, um comentário de Décio Pignatari, em que ele chamava a atenção para o fato de, tanto em chinês como em tupi, não existir o verbo ser, enquanto verbo de ligação. Assim, o ser das coisas ditas se manifestaria nelas próprias (substantivos), não numa partícula verbal externa a elas, o que faria delas línguas poéticas por natureza, mais propensas à composição analógica. Mais perto do senso comum, podemos atentar para como colocam os índios americanos falando, na maioria dos filmes de cowboy − eles dizem “maçã vermelha”, “água boa”, “cavalo veloz”; em vez de “a maçã é vermelha”, “essa água é boa”, “aquele cavalo é veloz”. Essa forma mais sintética, telegráfica, aproxima os nomes da própria existência − como se a fala não estivesse se referindo àquelas coisas, e sim apresentando-as (ao mesmo tempo em que se apresenta). No seu estado de língua, no dicionário, as palavras intermedeiam nossa relação com as coisas, impedindo nosso contato direto com elas. A linguagem poética inverte essa relação, pois, vindo a se tornar, ela em si, coisa, oferece uma via de acesso sensível mais direto entre nós e o mundo. (...) Já perdemos a inocência de uma linguagem plena assim. As palavras se desapegaram das coisas, assim como os olhos se desapegaram dos ouvidos, ou como a criação se desapegou da vida. Mas temos esses pequenos oásis − os poemas − contaminando o deserto da referencialidade. ARNALDO ANTUNES www.arnaldoantunes.com.br Na coesão textual, ocorre o que se chama catáfora quando um termo se refere a algo que ainda vai ser enunciado na frase. Um exemplo em que o termo destacado constrói uma catáfora é a. não numa partícula verbal externa a elas, b. Como se ela restituísse, c. Já perdemos a inocência de uma linguagem plena assim. d. Pode ser que essas suposições tenham algo de utópico, e. No seu estado de língua, no dicionário, as palavrasintermedeiam Feedback Sua resposta está correta. A catáfora é um exemplo de coesão referencial que ocorre quando se faz referência a um termo subsequente. A resposta correta é: No seu estado de língua, no dicionário, as palavras intermedeiam Questão 4 Correto Atingiu 1,0 de 1,0 Marcar questão Texto da questão Leia as sentenças abaixo, adaptadas de um TCC sobre adoção, realizado por alunos do curso de Rádio e TV do Centro Universitário FMU | FIAM-FAAM. Assinale a alternativa que corresponde à forma correta de se desenvolver uma argumentação: a. Estou seguro de que o número de crianças aptas para serem adotadas no Brasil é maior do que o número de pessoas que querem adotar. b. Segundo os dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), referentes a 2015, em todo Brasil há mais de 5.000 crianças aptas para serem adotadas (CNJ, 2015). c. O número de crianças aptas para serem adotadas no Brasil é maior do que o número de pessoas que querem adotar, segundo um vídeo que recebi no WhatsApp. d. É evidente que em todo Brasil há milhares de crianças aptas para serem adotadas. e. Afirmo com toda convicção que em todo Brasil há milhares de crianças aptas para serem adotadas. Feedback Sua resposta está correta. Expressões que nada valem na escrita de um texto dissertativo, expositivo ou argumentativo: “estou seguro”, “creio sinceramente”, “afirmo com toda convicção”, “é claro”, “é óbvio”, “é evidente”. A defesa de um ponto de vista deve ser feita com desenvolvimento de uma argumentação. Além disso, deve haver impessoalidade na linguagem e um discurso mais objetivo. A resposta correta é: Segundo os dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), referentes a 2015, em todo Brasil há mais de 5.000 crianças aptas para serem adotadas (CNJ, 2015). Questão 5 Correto Atingiu 1,0 de 1,0 Marcar questão Texto da questão O autor tem direitos sobre o que cria Por isso, a propriedade intelectual, em qualquer de suas formas, é protegida por lei. [...] a propriedade intelectual “lida com os direitos de propriedade das coisas intangíveis oriundas das inovações e criações da mente”. [...] A propriedade intelectual protege as criações, permitindo que seus criadores usufruam direitos econômicos sobre produtos e serviços que podem resultar de suas obras. O direito autoral se refere diretamente à obra intelectual e o direito que seu criador exerce sobre ela. Por obra intelectual, entende-se “criação do espírito, expressa por qualquer suporte, tangível ou intangível.” Programas de computador, obras literárias, artísticas e cien tíficas se enquadram nesta categoria. E é justamente aí que se dão os problemas mais comuns com relação à violação dos direitos dos Autores! Considera- se Autor a pessoa física criadora da obra literária. O primeiro a expressa r uma idéia e fixá-la em suporte material. [...] Estes direitos se referem não só ao ganho financeiro, mas também à questão moral de reconhecer publicamente a autoria de uma obra. O direito patrimonial ou econômico, no caso brasileiro, expira até 70 anos após a morte do autor, quando a sua obra passa a ser considerada de “domínio público”. Já o direito moral é “intransferível, imprescritível e irrenunciável”. O direito moral dá ao criador a garantia de menção de título e nome de sua obra, opor-se a alteração que possa prejudicá- la, ou à sua reputação, modificá-la sempre que quiser, retirá-la de circulação e mantê-la inédita. Além da lei brasileira que regula os direitos autorais (Lei Federal n º 9.610/98), também existe uma convenção universal, assinada em Genebra, em 6 de setembro de 1952, que protege o direito autoral em todos os países que aderiram ao documento. Entre eles, o Brasil. Guilherme Nery; Ana Paula Bragaglia; Flávia Clemente; Suzana Barbosa Nem tudo que parece é: entenda o que é plágio Universidade Federal Fluminense Com base no texto acima, escrito por professores da Universidade Federal Fluminense, qual seria uma forma incorreta do aluno colocar suas ideias no texto acadêmico? a. Explicitar exatamente quais ideias está usando de outros autores, e quais o próprio aluno está propondo. b. Apresentar as fontes no desenvolvimento do texto. c. Incluir as citações diretas (texto literal do autor utilizado). d. Escrever com suas próprias palavras os conceitos de outro autor, dando-lhe o devido crédito. e. Mencionar as fontes apenas no caso de citações diretas (texto literal do autor utilizado). Feedback Sua resposta está correta. “Na universidade, o que se espera dos alunos é que estes se capacitem tanto técnica como teoricamente. Que sejam capazes de refletir sobre sua profissão, a partir da leitura e compreensão dos autores da sua área. Faz parte da formação dos alunos que estes sejam capazes de articular as ideias desses autores de referência com as suas próprias ideias. Para isto, é funda mental que os alunos explicitem, em seus trabalhos acadêmicos, exatamente o que estão usando desses autores, e o que eles mesmos estão propondo. Ser capaz de tais articulações intelectuais, portanto, torna-se critério básico para as avaliações feitas pelos professores. [...] Então, qual é a forma correta de colocar estas ideias no texto acadêmico? É simples: basta escrever com suas próprias palavras de modo a explicar todas as citações, apresentar as fontes no próprio texto, e, se necessário, incluir as citações diretas (texto literal do autor utilizado) à medida que o trabalho vai sendo desenvolvido”. (Trecho do documento “Nem tudo que parece é: entenda o que é plágio”. Universidade Federal Fluminense. Autores: Guilherme Nery, Ana Paula Bragaglia, Flávia Clemente e Suzana Barbosa) A resposta correta é: Mencionar as fontes apenas no caso de citações diretas (texto literal do autor utilizado). Questão 6 Correto Atingiu 1,0 de 1,0 Marcar questão Texto da questão Adaptado de VESTIBULAR UERJ 2008 No oitavo dia sentimos que tudo conspirava contra nós. Que importa a uma grande cidade que haja um apartamento fechado em alguns de seus milhares de edifícios; que importa que lá dentro não haja ninguém, ou que um homem e uma mulher ali estejam, pálidos, se movendo na penumbra como dentro de um sonho? Entretanto a cidade, que durante uns dois ou três dias parecia nos haver esquecido, voltava subitamente a atacar. O telefone tocava, batia dez, quinze vezes, calava-se alguns minutos, voltava a chamar; e assim três, quatro vezes sucessivas. Alguém vinha e apertava a campainha; esperava; apertava outra vez; experimentava a maçaneta da porta; batia com os nós dos dedos, cada vez mais forte, como se tivesse certeza de que havia alguém lá dentro. Ficávamos quietos, abraçados, até que o desconhecido se afastasse, voltasse para a rua, para a sua vida, nos deixasse em nossa felicidade que fluía num encantamento constante. (...) Rubem Braga Texto extraído do livro "Figuras do Brasil – 80 autores em 80 anos de Folha", Publifolha – São Paulo, 2001, pág. 132. Na estruturação dos períodos, existem elementos que, ao se referirem a palavras e expressões já mencionadas, contribuem para a coesão textual da narrativa. Um desses elementos coesivos encontra-se adequadamente destacado no seguinte fragmento: a. “senti que ela me disse isso num instante, num olhar entretanto lento” b. “Nossos corpos tinham chegado a um entendimento que era além do amor,” c. “No oitavo dia sentimos que tudo conspirava contra nós.” d. “e ela abrira pensando que fosse eu," e. “como se tivesse certeza deque havia alguém lá dentro.” Feedback Sua resposta está correta. A anáfora é um exemplo de coesão referencial que ocorre quando as referências textuais retomam elementos já presentes no texto. A resposta correta é: “Nossos corpos tinham chegado a um entendimento que era além do amor,” Questão 7 Correto Atingiu 1,0 de 1,0 Marcar questão Texto da questão Adaptado de VESTIBULAR UERJ 2016 Em seu livro Pernas pro ar, Eduardo Galeano recorda que, na era vitoriana, era proibido mencionar “calças” na presença de uma jovem. Hoje em dia, diz ele, não cai bem utilizar certas expressões perante a opinião pública: “O capitalismo exibe o nome artístico de economia de mercado; imperialismo se chama globalização; suas vítimas se chamam países em via de desenvolvimento; oportunismo se chama pragmatismo; despedir sem indenização nem explicação se chama flexibilização laboral” etc. A lista é longa. Acrescento os inúmeros preconceitos que carregamos: ladrão é sonegador; lobista é consultor; fracasso é crise; especulação é derivativo; latifúndio é agronegócio; desmatamento é investimento rural; lavanderia de dinheiro escuso é paraíso fiscal; acumulação privada de riqueza é democracia; socialização de bens é ditadura; governar a favor da maioria é populismo; tortura é constrangimento ilegal; invasão é intervenção; peste é pandemia; magricela é anoréxica. Eufemismo é a arte de dizer uma coisa e acreditar que o público escuta ou lê outra. É um jeitinho de escamotear significados. De tentar encobrir verdades e realidades. Posso admitir que pertenço à terceira idade, embora esteja na cara: sou velho. Ora, poderia dizer que sou seminovo! Como carros em revendedoras de veículos. Todos velhos! Mas o adjetivo seminovo os torna mais vendáveis. Coitadas das palavras! Elas são distorcidas para que a realidade, escamoteada, permaneça como está. Não conseguem, contudo, escapar da luta de classes: pobre é ladrão, rico é corrupto. Pobre é viciado, rico é dependente químico. Em suma, eufemismo é um truque semântico para tentar amenizar os fatos. Frei Betto A ARTE DE ENGANAR Adaptado de O Dia, 21/03/2015. Frei Betto inicia seu texto com uma citação do escritor uruguaio Eduardo Galeano, recorrendo a recurso comum de argumentação. Esse recurso constitui um argumento de: a. causalidade b. autoridade c. contestação d. comparação e. digressão Feedback Sua resposta está correta. A questão está alinhada com o objetivo de desenvolver as ideias do texto de forma organizada e reconhecer possíveis maneiras de argumentar um texto de forma consistente. A resposta correta é: autoridade Questão 8 Correto Atingiu 1,0 de 1,0 Marcar questão Texto da questão Adaptado de VESTIBULAR UERJ 2017 Sobre o texto de Eliane Brum (Questão 2), releia a sentença abaixo: Como desertava, meu bisavô Antônio foi levado em um bote até o navio que já se afastava do porto de Gênova. O trecho sublinhado estabelece com o restante da frase o sentido de: a. conformidade b. causa c. concessão d. conclusão e. exclusão Feedback Sua resposta está correta. A questão está alinhada com o objetivo de utilizar técnicas para escrita de textos. Embora o correto em textos dissertativos seja a impessoalidade na linguagem e um discurso mais objetivo, o gênero do texto de Brum está adequado à subjetividade apresentada aqui na linguagem. A resposta correta é: causa Questão 9 Incorreto Atingiu 0,0 de 1,0 Marcar questão Texto da questão Sobre plágio acadêmico, analise as afirmativas abaixo, adaptadas da cartilha sobre plágio da Universidade Federal Fluminense: I. Acontece quando um aluno retira, seja de livros ou da Internet, ideias, conceitos ou frases de outro autor (que as formulou e as publicou), sem lhe dar o devido crédito, sem citá-lo como fonte de pesquisa. II. O aluno que cometer plágio pode alegar o “desconhecimento da lei”, para que não seja penalizado. III. Trata-se de uma violação dos direitos autorais de outrem. Isso tem implicações cíveis e penais. Estão corretas: a. Apenas II b. II e III c. Apenas I d. I e III e. I, II e III Feedback Sua resposta está incorreta. “O plágio acadêmico se configura quando um aluno retira, seja de livros ou da Internet, ideias, conceitos ou frases de outro autor (que as formulou e as publicou), sem lhe dar o devido crédito, sem citá-lo como fonte de pesquisa. Trata- se de uma violação dos direitos autorais de outrem. Isso tem implicações cíveis e penais. E o “desconhecimento da lei” não serve de desculpa, pois a lei é pública e explícita”. (Trecho do documento “Nem tudo que parece é: entenda o que é plágio”. Universidade Federal Fluminense. Autores: Guilherme Nery, Ana Paula Bragaglia, Flávia Clemente e Suzana Barbosa) A resposta correta é: I e III Questão 10 Correto Atingiu 1,0 de 1,0 Marcar questão Texto da questão Adaptado de VESTIBULAR UERJ 2017 Sobre o texto de Eliane Brum (Questão 2), releia a sentença abaixo: Ao fugir para o Brasil, metade dos Brun ganhou uma perna a mais. O “n” virou “m”. Mas essa perna a mais era um membro fantasma, um ganho que revelava uma perda. A autora associa a troca de letras no registro do sobrenome de seu tetravô à expressão um membro fantasma. Essa associação constrói um exemplo da figura de linguagem denominada: a. sinestesia: figura de estilística de cruzamento de sensações; associação de palavras ou expressões em que ocorre combinação de sensações diferentes numa só impressão. b. eufemismo: palavra, locução ou acepção mais agradável, de que se lança mão para suavizar ou minimizar o peso conotador de outra palavra, locução ou acepção menos agradável c. antítese: figura de estilística e retórica pela qual se opõem, numa mesma frase, duas palavras ou dois pensamentos de sentido contrário d. metáfora: figura de estilística de designação de um objeto ou qualidade mediante uma palavra que designa outro objeto ou qualidade que tem com o primeiro uma relação de semelhança e. hipérbole: figura de estilística e retórica de ênfase expressiva resultante do exagero da significação linguística Feedback Sua resposta está correta. A questão está alinhada com o objetivo de utilizar técnicas para escrita de textos. Embora o correto em textos dissertativos seja a impessoalidade na linguagem e um discurso mais objetivo, o gênero do texto de Brum está adequado à subjetividade apresentada aqui na linguagem. A resposta correta é: metáfora: figura de estilística de designação de um objeto ou qualidade mediante uma palavra que designa outro objeto ou qualidade que tem com o primeiro uma relação de semelhança A Conclusão de um texto acadêmico deve: a. Apresentar informações novas, ainda não mencionadas na Introdução e no desenvolvimento do texto. b. Contestar posicionamentos legitimados pelas vinculações teóricas apontadas na Introdução. c. Amarrar o texto para encerrar a defesa do ponto de vista do autor com base em suas convicções pessoais. d. Comentar como as crenças, valores e opiniões pessoais do autor do texto foram ao encontro dos objetivos e das hipóteses propostas no trabalho. e. Retomar o que foi dito no desenvolvimento do texto através de exemplos, citações e dados científicos. Feedback Sua resposta está correta. A Conclusão deve arrematar como os exemplos e citações foram ao encontro dos objetivos propostos e das hipóteses; retomar o que foi dito; reafirmar posicionamentos; amarrar o texto para encerrara defesa do ponto de vista do autor com desenvolvimento de uma argumentação; não deve apresentar informações novas. A argumentação deve ser consistente e sempre fundamentada em dados científicos, fatos, citações, exemplos e pesquisas. A resposta correta é: Retomar o que foi dito no desenvolvimento do texto através de exemplos, citações e dados científicos. Questão 2 Correto Atingiu 1,0 de 1,0 Marcar questão Texto da questão De acordo com a cartilha “Nem tudo que parece é: entenda o que é plágio”, publicada pela Universidade Federal Fluminense, o Autor lesado pelo plágio pode entrar na Justiça com ação indenizatória. Assinale a alternativa cujo dispositivo legal não apresenta relação com as implicações cíveis e penais do plágio. a. Art. 33 do Código Penal diz que ninguém pode reproduzir a obra intelectual de um Autor, sem a permissão deste. b. Art. 22 a 24 do Código Penal regem os direitos morais e patrimoniais da obra criada, como pertencentes ao seu Autor. c. Art. 7º da Lei nº 12.965, que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil, dispõe que o acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania. d. Art. 299 do Código Penal define o plágio como crime de falsidade ideológica, em documentos particulares ou públicos. e. Art. 524 do Código Civil l dispõe que “a lei assegura ao proprietário o direito de usar, gozar e dispor de seus bens, e de reavê-los do poder de quem quer que, injustamente, os possua”. Feedback Sua resposta está correta. A Lei nº 12.965 - Marco Civil da Internet - regula o uso da internet no Brasil. A resposta correta é: Art. 7º da Lei nº 12.965, que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil, dispõe que o acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania. Questão 3 Correto Atingiu 1,0 de 1,0 Marcar questão Texto da questão Adaptado de VESTIBULAR UERJ 2009 Piaimã1 A inteligência do herói estava muito perturbada. Acordou com os berros da bicharia lá em baixo nas ruas, disparando entre as malocas temíveis. E aquele diacho de sagüi-açu2 (...) não era sagüim não, chamava elevador e era uma máquina. De-manhãzinha ensinaram que todos aqueles piados berros cuquiadas sopros roncos esturros não eram nada disso não, eram mas cláxons3 campainhas apitos buzinas e tudo era máquina. As onças pardas não eram onças pardas, se chamavam fordes hupmobiles chevrolés dodges mármons e eram máquinas. Os tamanduás os boitatás4 as inajás5 de curuatás6 de fumo, em vez eram caminhões bondes autobondes anúncios- luminosos relógios faróis rádios motocicletas telefones gorjetas postes chaminés... Eram máquinas e tudo na cidade era só máquina! O herói aprendendo calado. De vez em quando estremecia. Voltava a ficar imóvel escutando assuntando maquinando numa cisma assombrada. Tomou-o um respeito cheio de inveja por essa deusa de deveras forçuda, Tupã7 famanado que os filhos da mandioca chamavam de Máquina, mais cantadeira que a Mãe- d’água8, em bulhas9 de sarapantar10. Então resolveu ir brincar com a Máquina pra ser também imperador dos filhos da mandioca. Mas as três cunhãs11 deram muitas risadas e falaram que isso de deuses era gorda mentira antiga, que não tinha deus não e que com a máquina ninguém não brinca porque ela mata. A máquina não era deus não, nem possuía os distintivos femininos de que o herói gostava tanto. Era feita pelos homens. Se mexia com eletricidade com fogo com água com vento com fumo, os homens aproveitando as forças da natureza. Porém jacaré acreditou? nem o herói! (...) Macunaíma passou então uma semana sem comer nem brincar só maquinando nas brigas sem vitória dos filhos da mandioca com a Máquina. A Máquina era que matava os homens porém os homens é que mandavam na Máquina... Constatou pasmo que os filhos da mandioca eram donos sem mistério e sem força da máquina sem mistério sem querer sem fastio, incapaz de explicar as infelicidades por si. Estava nostálgico assim. Até que uma noite, suspenso no terraço dum arranhacéu com os manos, Macunaíma concluiu: — Os filhos da mandioca não ganham da máquina nem ela ganha deles nesta luta. Há empate. Não concluiu mais nada porque inda não estava acostumado com discursos porém palpitava pra ele muito embrulhadamente muito! que a máquina devia de ser um deus de que os homens não eram verdadeiramente donos só porque não tinham feito dela uma Iara explicável mas apenas uma realidade do mundo. De toda essa embrulhada o pensamento dele sacou bem clarinha uma luz: os homens é que eram máquinas e as máquinas é que eram homens. Macunaíma deu uma grande gargalhada. Percebeu que estava livre outra vez e teve uma satisfa mãe. MÁRIO DE ANDRADE Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Belo Horizonte: Itatiaia, 1986. Vocabulário: 1 Piaimã – personagem do romance 2 sagüi-açu, sagüim – macacos pequenos 3 cláxon – buzina externa nos automóveis antigos 4 boitatá – cobra-de-fogo, na mitologia tupi-guarani 5 inajá – palmeira de tamanho médio 6 curuatá – flor de palmeira 7 Tupã – entidade da mitologia tupi-guarani 8 Mãe-d’água – espécie de sereia das águas amazônicas 9 bulha – confusão de sons 10 sarapantar – espantar 11 cunhã – mulher jovem, em tupi Alguns vocábulos possuem a propriedade de retomar integralmente uma ideia já apresentada antes. Essa propriedade é observada no vocábulo grifado em: a. “Então resolveu ir brincar com a Máquina” b. “Macunaíma passou então uma semana sem comer nem brincar” c. “Estava nostálgico assim.” d. “Tomou-o um respeito cheio de inveja” e. “Acordou com os berros da bicharia lá em baixo” Feedback Sua resposta está correta. A anáfora é um exemplo de coesão referencial que ocorre quando as referências textuais retomam elementos já presentes no texto. A resposta correta é: “Estava nostálgico assim.” Questão 4 Correto Atingiu 1,0 de 1,0 Marcar questão Texto da questão Sobre plágio acadêmico, assinale a alternativa incorreta: a. Realizar plágio é desonesto, porém, não corresponde a um crime. b. Plágio é crime, repreendido por lei. c. O Artigo 184 - Código Penal - Decreto-Lei nº 2.848 diz que plágio pode ser considerado crime. d. Copiar um texto sem dar os devidos créditos é crime. e. Alguém que realize plágio pode ser condenado legalmente. Feedback Sua resposta está correta. A realização de plágio tem implicações éticos e legais. A resposta correta é: Realizar plágio é desonesto, porém, não corresponde a um crime. Questão 5 Correto Atingiu 1,0 de 1,0 Marcar questão Texto da questão Sobre a linguagem e o formato na produção textual, marque a alternativa que não se encaixa à escrita de um bom texto: a. Na comunicação escrita é fundamental que haja um “encaixe” perfeito entre linguagem e formato. b. Um texto narrativo, como uma crônica, um conto ou uma novela, tem uma escrita um pouco mais livre, por isso, não precisa ser formatado de acordo com as Normas da ABNT. c. Textos de trabalhos acadêmicos possuem um formato esperado. Eles devem ser estruturados de acordo com as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e escritos em uma linguagem formal. d. Antes de escrever um texto dissertativo, expositivo ou argumentativo é importante planejá-lo. e. Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), de graduação e pós-graduação, permitem uma liberdade textual, por isso, a linguagem não precisa ser absolutamente formal. Feedback Sua resposta está correta. Textos de trabalhos acadêmicos para as disciplinas curriculares, para o TCC ou uma pós-graduação possuem um formato esperado e devem estar em conformidadecom as Normas ABNT e escritos em uma linguagem formal. A resposta correta é: Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), de graduação e pós-graduação, permitem uma liberdade textual, por isso, a linguagem não precisa ser absolutamente formal. Questão 6 Correto Atingiu 1,0 de 1,0 Marcar questão Texto da questão Retornando ao filme, talvez, o grau de invenção em Cidade de Deus anuncia uma produção atualizada, em que fotografia, montagem, som, edição e direção obtêm seu reconhecimento no momento da exibição para o espectador e é confirmado nas premiações de festivais. Observa-se a relevância técnica do filme acoplada a um efeito estético compatível à temática. Além disso, acompanha o desenvolvimento e a influência digital que se encontra o cinema contemporâneo. Um hibridismo de linguagens e códigos transversaliza diferentes dispositivos e suportes, nos quais a película, o digital e o vídeo se misturam e se completam, ao propor resultados eficazes. Wilton Garcia “Cidade de Deus – Refrações contemporâneas do cinema brasileiro”. In: Novos Olhares, n. 12, 2º semestre de 2013 Assinale a alternativa correta sobre o texto dissertativo-argumentativo lido acima: a. Ele argumenta que as experimentação e inovações do digital ainda não aconteceram no cinema brasileiro. b. O autor alega que Cidade de Deus é um filme importante para o Brasil, mas sem visibilidade no cinema internacional. c. Garcia defende que houve uma combinação entre o vídeo, o digital e o cinema em película. d. Ele defende que, apesar da visibilidade de Cidade de Deus em premiações e festivais internacionais, não se trata de um filme relevante. e. Wilton Garcia avalia o filme Cidade de Deus como um exemplo do que foi feito no cinema brasileiro desde tempos imemoriais. Feedback Sua resposta está correta. A questão está alinhada com o objetivo de identificar e utilizar técnicas para escrita de textos dissertativos, expositivos e argumentativos. A resposta correta é: Garcia defende que houve uma combinação entre o vídeo, o digital e o cinema em película. Questão 7 Correto Atingiu 1,0 de 1,0 Marcar questão Texto da questão Retirado de ENEM 2010 O Flamengo começou a partida no ataque, enquanto o Botafogo procurava fazer uma forte marcação no meio campo e tentar lançamentos para Victor Simões, isolado entre os zagueiros rubro-negros. Mesmo com mais posse de bola, o time dirigido por Cuca tinha grande dificuldade de chegar à área alvinegra por causa do bloqueio montado pelo Botafogo na frente da sua área. No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu o gol. Apóscruzamento da direita de Ibson, a zaga alvinegra rebateu a bola de cabeça para o meio da área. Kléberson apareceu na jogada e cabeceou por cima do goleiro Renan. Ronaldo Angelim apareceu nas costas da defesa e empurrou para o fundo da rede quase que em cima da linha: Flamengo 1 a 0. Disponível em: http://momentodofutebol.blogspot.com (adaptado). O texto, que narra uma parte do jogo final do Campeonato Carioca de futebol, realizado em 2009, contém vários conectivos, sendo que a. por causa de indica consequência, porque as tentativas de ataque do Flamengo motivaram o Botafogo a fazer um bloqueio. b. enquanto tem um significado alternativo, porque conecta duas opções possíveis para serem aplicadas no jogo. c. após é conectivo de causa, já que apresenta o motivo de a zaga alvinegra ter rebatido a bola de cabeça. d. mesmo traz ideia de concessão, já que “com mais posse de bola”, ter dificuldade não é algo naturalmente esperado. e. no entanto tem significado de tempo, porque ordena os fatos observados no jogo em ordem cronológica de ocorrência. Feedback Sua resposta está correta. A questão está alinhada com o objetivo de conceituar coesão e coerência, reconhecer a importância de ambas no texto, compreender e garantir a coesão referencial e sequencial, bem como a coerência no texto. A resposta correta é: mesmo traz ideia de concessão, já que “com mais posse de bola”, ter dificuldade não é algo naturalmente esperado. Questão 8 Correto Atingiu 1,0 de 1,0 Marcar questão Texto da questão Sobre a escrita de um texto acadêmico, analise as afirmativas abaixo: I. A Introdução deve conter uma fundamentação teórica, embasada em evidências científicas e falas de autoridades sobre o tema. É preciso apontar as vinculações teóricas, os autores e referências bibliográficas escolhidas, apresentando os principais conceitos das obras que constarão no trabalho. II. A Introdução deve ter certo aprofundamento teórico, balizando um conhecimento sobre as referências bibliográficas mais gerais do trabalho. A argumentação deve ser consistente, exige pesquisa, domínio do tema e da estrutura formal de um texto acadêmico. III. A Introdução pode ser desenvolvida por exemplificação, com dados estatísticos e informações publicadas na imprensa; por definição, conceituando um fato e demonstrando conhecimento sobre o tema; ou trazendo citações. Argumentos baseados em convicções, crenças religiosas e opiniões pessoais também são válidos. Estão corretas: a. I e II b. I, II e III c. Apenas I d. Apenas III e. Apenas II Feedback Sua resposta está correta. “[Introdução] O que deve conter: fundamentação teórica e apresentação dos autores e obras escolhidas (tanto as bibliográficas quanto as videográficas). No caso das referências bibliográficas, neste item os alunos devem apontar suas vinculações teóricas e menção dos principais conceitos das obras que constarão no projeto. Para os alunos que farão TCC este item é importante, uma vez que aqui vocês deverão apontar conhecimento sobre suas referências teóricas mais gerais. Este, portanto, deve ser um item com um relativo trabalho de aprofundamento teórico”. (Trecho do documento “Guia de escrita acadêmica para o Projeto de TCC”. Autor: professor Bruno Casalotti; coautora: professora Isabella Goulart) A resposta correta é: I e II Questão 9 Correto Atingiu 1,0 de 1,0 Marcar questão Texto da questão Adaptado de VESTIBULAR UERJ 2017 Pietro Brun, meu tetravô paterno, embarcou em um navio no final do século 19, como tantos italianos pobres, em busca de uma utopia que atendia pelo nome de América. Pietro queria terra, sim. Mas o que o movia era um território de outra ordem. Ele queria salvar seu nome, encarnado na figura de meu bisavô, Antônio. Pietro fora obrigado a servir o exército como soldado por anos demais (...). Havia chegado a hora de Antônio se alistar, e o pai decidiu que não perderia seu filho. Fugiu com ele e com a filha Luigia para o sul do Brasil. Como desertava, meu bisavô Antônio foi levado em um bote até o navio que já se afastava do porto de Gênova. Embarcou como clandestino. Ao desembarcar no Brasil, em 10 de fevereiro de 1883, Pietro declarou o nome completo. O funcionário do Império, como aconteceu tantas e tantas vezes, registrou-o conforme ouviu. Tornando-o, no mundo novo, Brum – com “m”. Meu pai, Argemiro, filho de José, neto de Antônio e bisneto de Pietro, tomou para si a missão de resgatar essa história e documentá-la. No início dos anos 1990 cogitamos reivindicar a cidadania italiana. Possuímos todos os documentos, organizados numa pasta. Mas entre nós existe essa diferença na letra. Antes de ingressar com a documentação, seria preciso corrigir o erro do burocrata do governo imperial que substituiu um “n” por um “m”. Um segundo ele deve ter demorado para nos transformar, e com certeza morreu sem saber. E, se soubesse, não teria se importado, porque era apenas o nome de mais um imigrante a bater nas costas do Brasil despertencido de tudo. Cabia a mim levaressa empreitada adiante. Há uma autonomia na forma como damos carne ao nosso nome com a vida que construímos – e não com a que herdamos. (...) Eu escolho a memória. A desmemória assombra porque não a nomeamos, respira em nossos porões como monstros sem palavras. A memória, não. É uma escolha do que esquecer e do que lembrar – e uma oportunidade de ressignificar o passado para ganhar um futuro. Pela memória nos colocamos não só em movimento, mas nos tornamos o próprio movimento. Gesto humano, para sempre incompleto. Ao fugir para o Brasil, metade dos Brun ganhou uma perna a mais. O “n” virou “m”. Mas essa perna a mais era um membro fantasma, um ganho que revelava uma perda. (...) Quando Pietro Brun atravessou o mar deixando mortos e vivos na margem que se distanciou, ele não poderia ser o mesmo ao alcançar o outro lado. Ele tinha de ser outro, assim como nós, que resultamos dessa aventura desesperada. Era imperativo que ele fosse Pietro Brum – e depois até Pedro Brum. ELIANE BRUM Meus desacontecimentos: a história da minha vida com as palavras. São Paulo: LeYa, 2014. A partir da narrativa de um episódio familiar, a autora elabora reflexões que vão além desse contexto pessoal, generalizando-o. Essa generalização pode ser observada no emprego da primeira pessoa do plural no seguinte trecho: a. Ele tinha de ser outro, assim como nós. b. Mas entre nós existe essa diferença na letra. c. Pela memória nos colocamos não só em movimento. d. Cabia a mim levar essa empreitada adiante. e. Um segundo ele deve ter demorado para nos transformar. Feedback Sua resposta está correta. A questão está alinhada com o objetivo de utilizar técnicas para escrita de textos. Embora o correto em textos dissertativos seja a impessoalidade na linguagem e um discurso mais objetivo, o gênero do texto de Brum está adequado à subjetividade apresentada aqui na linguagem. A resposta correta é: Pela memória nos colocamos não só em movimento. Questão 10 Correto Atingiu 1,0 de 1,0 Marcar questão Texto da questão Adaptado de VESTIBULAR UERJ 2012 A origem da poesia se confunde com a origem da própria linguagem. Talvez fizesse mais sentido perguntar quando a linguagem verbal deixou de ser poesia. Ou: qual a origem do discurso não poético, já que, restituindo laços mais íntimos entre os signos e as coisas por eles designadas, a poesia aponta para um uso muito primário da linguagem, que parece anterior ao perfil de sua ocorrência nas conversas, nos jornais, nas aulas, conferências, discussões, discursos, ensaios ou telefonemas. Como se ela restituísse, através de um uso específico da língua, a integridade entre nome e coisa − que o tempo e as culturas do homem civilizado trataram de separar no decorrer da história. A manifestação do que chamamos de poesia hoje nos sugere mínimos flashbacks de uma possível infância da linguagem, antes que a representação rompesse seu cordão umbilical, gerando essas duas metades − significante e significado. Houve esse tempo? Quando não havia poesia porque a poesia estava em tudo o que se dizia? Quando o nome da coisa era algo que fazia parte dela, assim como sua cor, seu tamanho, seu peso? Quando os laços entre os sentidos ainda não se haviam desfeito, então música, poesia, pensamento, dança, imagem, cheiro, sabor, consistência se conjugavam em experiências integrais, associadas a utilidades práticas, mágicas, curativas, religiosas, sexuais, guerreiras? Pode ser que essas suposições tenham algo de utópico, projetado sobre um passado pré-babélico, tribal, primitivo. Ao mesmo tempo, cada novo poema do futuro que o presente alcança cria, com sua ocorrência, um pouco desse passado. Lembro-me de ter lido, certa vez, um comentário de Décio Pignatari, em que ele chamava a atenção para o fato de, tanto em chinês como em tupi, não existir o verbo ser, enquanto verbo de ligação. Assim, o ser das coisas ditas se manifestaria nelas próprias (substantivos), não numa partícula verbal externa a elas, o que faria delas línguas poéticas por natureza, mais propensas à composição analógica. Mais perto do senso comum, podemos atentar para como colocam os índios americanos falando, na maioria dos filmes de cowboy − eles dizem “maçã vermelha”, “água boa”, “cavalo veloz”; em vez de “a maçã é vermelha”, “essa água é boa”, “aquele cavalo é veloz”. Essa forma mais sintética, telegráfica, aproxima os nomes da própria existência − como se a fala não estivesse se referindo àquelas coisas, e sim apresentando-as (ao mesmo tempo em que se apresenta). No seu estado de língua, no dicionário, as palavras intermedeiam nossa relação com as coisas, impedindo nosso contato direto com elas. A linguagem poética inverte essa relação, pois, vindo a se tornar, ela em si, coisa, oferece uma via de acesso sensível mais direto entre nós e o mundo. (...) Já perdemos a inocência de uma linguagem plena assim. As palavras se desapegaram das coisas, assim como os olhos se desapegaram dos ouvidos, ou como a criação se desapegou da vida. Mas temos esses pequenos oásis − os poemas − contaminando o deserto da referencialidade. ARNALDO ANTUNES www.arnaldoantunes.com.br Na coesão textual, ocorre o que se chama catáfora quando um termo se refere a algo que ainda vai ser enunciado na frase. Um exemplo em que o termo destacado constrói uma catáfora é a. No seu estado de língua, no dicionário, as palavras intermedeiam b. Como se ela restituísse, c. Já perdemos a inocência de uma linguagem plena assim. d. Pode ser que essas suposições tenham algo de utópico, e. não numa partícula verbal externa a elas, Feedback Sua resposta está correta. A catáfora é um exemplo de coesão referencial que ocorre quando se faz referência a um termo subsequente. A resposta correta é: No seu estado de língua, no dicionário, as palavras intermedeiam
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