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FUNDAMENTOS DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Luiz Carlos Miyashiro , 20 3 GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA Neste bloco, teremos a oportunidade de conhecer a origem da energia elétrica e os seus meios de transmissão até o consumidor. Cada etapa apresenta características distintas, riscos, complexidades cujas falhas no processo podem comprometer o abastecimento de energia de cidades inteiras. No início das primeiras linhas de distribuição, de cada três trabalhadores, um era vítima de morte pelo contato com a eletricidade. Isto ocorria em vista da não compreensão integral de como a eletricidade agia nos meios construídos para transmissão. Hoje, temos isoladores, para-raios, dispositivos de retenção do arco elétrico e equipamentos de proteção individual adequados ao risco. A compreensão de todo processo de geração, transmissão e distribuição de energia permite demonstrar as bases teóricas do funcionamento das grandezas elétricas, suas relações e o comportamento da eletricidade nos meios condutores e isolantes. 3.1 A geração de energia elétrica No Brasil, a maior fonte de energia elétrica provém das hidrelétricas. Em segundo lugar vem as termoelétricas. A energia hidrelétrica exige mudanças no bioma da região em sua construção e a termoelétrica produz poluição atmosférica. Hoje, temos fontes como a eólica e a solar (fotovoltaica) em expansão. A vantagem destas fontes é que elas não agridem o meio ambiente. A sua desvantagem é a demanda de energia produzida, insuficiente para suprir as necessidades das grandes cidades. Outra fonte de energia de maior capacidade é a nuclear, representado no Brasil pelas usinas de Angra 1 e 2 na cidade de Angra dos Reis. Nas condições de seca intensa, tal energia é importante para suprir energia às grandes cidades. , 21 Neste capítulo, vamos nos atentar mais a energia elétrica das hidrelétricas que representam 74,7% do total de energia produzida no Brasil. O funcionamento da usina hidrelétrica tem como base a transformação de energia que provem da movimentação da água provinda de grandes reservatórios com alta pressão em turbinas que, por meio da rotação dos eixos, juntamente com a energia magnética de grandes eletroímãs induz a formação de corrente elétrica. É o processo de transformação de energia mecânica em energia elétrica. Geradores de motor a diesel tem o mesmo princípio. A energia elétrica é formada com três fases (trifásica) com variação de 120° entre elas. Esta energia elétrica é encaminhada por meio das linhas de transmissão até às subestações finais onde serão distribuídas às cidades e grandes consumidores. O grande problema desta geração é a alta carga de corrente elétrica. Esta carga, transmitida por extensos quilômetros de linha, geram energia térmica nas linhas, cuja demanda final ficaria comprometida. Na usina de Itaipu, a maior usina binacional (Brasil e Paraguai) do mundo, parte da energia elétrica gerada e abastece a cidade de São Paulo (SP) que fica à aproximadamente 1.000 quilômetros de distância. A corrente gerada seria perdida em forma de calor nas linhas de transmissão. Pela lei de Ohm, a corrente é inversamente proporcional à tensão elétrica, ou seja, quanto maior a corrente, menor a tensão. Deste modo, é preciso uma elevação da tensão elétrica na fase de geração para que a corrente que percorrerá as linhas de transmissão seja a menor possível para redução do efeito Joule (energia térmica) sem a perda expressiva de energia transmitida. A geração de energia produz tensões na faixa de 13.800 Volts e transformadores elevam a tensão. , 22 A elevação da tensão elétrica atinge faixas de 69 kV, 138 kV, 230 kV, 400 kV, 500 kV. Para tensões maiores que 500 kV, existe a possibilidade de transmissão de energia em corrente alternada e corrente contínua, como é o caso de Itaipu que transmite em 600kV em corrente contínua. Neste caso, é necessária a retificação para corrente contínua e na etapa de distribuição para corrente alternada. A redução se dará nas subestações terminais para a fase de distribuição de energia. 3.2 Linhas de transmissão As linhas de transmissão percorrem extensos quilômetros em grandes torres de sustentação até as proximidades de centros de consumo. Como citado, elas transportam tensão a níveis elevados que são gerados em subestações elevatórias e perto de centros de consumo são convertidos à níveis de geração por meio de subestações abaixadoras. As linhas de transmissão devem ser dotadas de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas para não comprometer o fornecimento de energia a grandes centros de consumo. As torres de sustentação dos cabos e acessórios devem ser projetadas para suportar chuvas, ventos e terremotos. Devem ser dimensionadas a alturas seguras do solo para evitar contato elétrico com pessoas, vegetação e veículos. Fazem parte das linhas de transmissão os isoladores que tem a função de isolar os cabos evitando a dissipação de energia por meio da estrutura. São confeccionados de material com rigidez dielétrica como cerâmica, vidro e polímeros. A grande dificuldade das linhas de transmissão é a manutenção que deve ser realizada com energia viva em vista da impossibilidade de desligamento. A operação exige a locomoção por meio de helicópteros que devem se aproximar das linhas vivas para que o operador consiga descer e permanecer nelas por um período de tempo. É uma ação por demais arriscada em vista do risco de queda e contato. , 23 Os operadores conseguem realizar o serviço por meio da equipotencialização. Os cabos de elevada tensão são equipotencializados com a roupa especial do operador, ou seja, o potencial da energia que passa nos cabos é igual ao potencial da vestimenta. 3.3 Subestações As subestações tem a função de elevar a tensão após a geração de energia para as linhas de transmissão para evitar perdas durante o trajeto da corrente elétrica. Além disso, tem a função de abaixadora de tensão para distribuição de energia. Tem também a finalidade de direcionar o fluxo de energia em sistemas de potência, detectar falhas na linha e isolar trechos para manutenção. A subestação tem como elemento principal o transformador de potência que irá transformar a tensão para elevação ou redução. Outros elementos básicos que fazem parte de uma subestação: Disjuntores do lado da alta tensão; Disjuntores do lado da média tensão; Para-Raios; Chave Seccionadora; Transformadores de corrente; Relés de Proteção; Isoladores; Cabine de comando. 3.4 Distribuição de energia elétrica Após o abaixamento da tensão para níveis de consumo, têm-se as linhas de distribuição de energia. , 24 A distribuição de energia elétrica para os consumidores pode ser feita via aérea ou subterrânea. A maior parte delas são aéreas devido ao alto custo de implantação das linhas subterrâneas. As linhas de alta tensão se encontram na parte superior dos postes com três fases, normalmente em cabos de alumínio, não isoladas, em vista do alto custo. Algumas cidades utilizam separadores entre linhas para evitar contato. As linhas de alta tensão na faixa de 13.800V e 12.700V abastecem empreendimento com demanda alta de energia onde cabines primárias no interior das empresas rebaixam a tensão para 110/220V, mas com carga alta de energia. Os transformadores localizados nos postes rebaixam a tensão para 110/220V e distribuem nas residências. A Potência de um transformador na entrada primária é igual à potência no secundário. A alteração se dá nos valores de tensão e corrente. Se há redução da tensão, o primário do transformador tem fios nos espirais mais finos e o secundário tem fios mais grossos. V1 x I1 = V2 x I2 V1 = tensão no primário I1 = corrente no primário V2 = tensão no secundário I2 = corrente no secundárioConsequentemente: V1 / V2 = I2 / I1 e = N1 / N2 sendo N1 = número de espiras no primário do transformador e N2 = número de espiras no secundário. , 25 As subestações de energia responsáveis pela origem das linhas de distribuição controlam eventuais falhas na rede e, caso necessário, efetuam desligamentos na malha de distribuição para permitir o reparo de trechos ou equipamentos como os transformadores. Os postes são dotados de isoladores, chaves fusíveis e linhas com separadores. 3.5 A entrada de energia A entrada de energia na parte residencial ocorre no secundário do transformador que transforma a tensão de 13.800V (valor que depende da Concessionária) em 110/200V em esquema de ligação triangulo/estrela. Da parte central da ligação estrela sai o neutro que é aterrado. A entrada de energia na residência é via cabo com duas fases e um neutro (há variação de cidades e regiões). O proprietário da edificação deve providenciar o padrão do poste e da caixa de medição por meio de liberação da autorização da Concessionária. A entrada de energia na área residencial se dá da seguinte maneira: 1 fios fase de 127V e um fio neutro A fase de 127V é obtida no secundário do transformador que entre fases tem uma tensão de 220V. Cada fase na entrada é re ultante do valor da ten o dividido por √3 (Raiz de 3) 220/√3 = 127 Conclusão O caminho da geração da eletricidade até nossos lares tem aspectos técnicos fundamentais que não podem deixar de ser monitorados, pois o risco é enorme. Apagões parecem fatos do passado, mas constantemente são lembrados quando há regimes de seca ou descargas atmosféricas com alta incidência. , 26 Aspectos como dispositivos de proteção confiáveis, obediência integral às normas técnicas, cumprimento de exigências legais, auditorias e fiscalizações permanentes, devem ser práticas regulares. A nossa parte referente às condições elétricas residenciais também devem ser cumpridas. Isso pode ser feito por meio do mantimento de uma estrutura corretamente dimensionada; da utilização de materiais confiáveis e ações preventivas como a regularização de aparelhos com ruído ou odor de queimado; da não sobrecarga de tomadas e da utilização sustentável. REFERÊNCIAS CERVELIN, S.; CAVALIN, G. Instalações Elétricas Prediais. 10 ed. São Paulo, 2004. CREDER, H. Instalações Elétricas.15ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. SITTERDING, H. Noções de Eletrotécnica Prática. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1979.
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