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FilPol-U2 Claretiano

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Prévia do material em texto

EA
D
2
Filosofia Política na 
Antiguidade
1. ObjetivOs
•	 Compreender	 as	 condições	 de	 nascimento	 da	 Filosofia	
Política	e	o	seu	estatuto.
•	 Analisar	os	principais	pensamentos	filosóficos	do	período		
no	que	concerne	à	política.		
2. COnteúdOs
•	 O	conceito	de	política	e	a	experiência	da	democracia.
•	 Platão	e	a	cidade	justa.
•	 Aristóteles	e	o	bem	comum	como	finalidade	da	vida	po-
lítica.
3. Orientações para O estudO da unidade
Antes	de	 iniciar	o	estudo	desta	unidade,	é	 importante	que	
você	leia	as	orientações	a	seguir:
© Filosofia Política36
1)	 Lembre-se	de	que	há	muitas	maneiras	de	pensar	o	con-
ceito	 de	 política.	 As	 questões	 autoavaliativas	 que	 se-
guem	ao	final	das	unidades	são	abertas	e	querem	ajudar	
na	compreensão	das	polissemias	aí	presentes.
2)	 Lembre-se	de	que,	embora	o	ato	de	aprender	seja	soli-
tário,	a	interação	com	os	seus	colegas	pode	ser	de	fun-
damental	importância	para	a	troca	de	informações,	para	
a	familiarização	com	a	linguagem	filosófica	pertinente	e	
com	o	método	filosófico	argumentativo.
3)	 Leia	os	livros	da	bibliografia	indicada	para	que	você	am-
plie	seus	horizontes	teóricos,	cotejando-os	com	o	mate-
rial	didático	apresentado.
4)	 Antes	de	 iniciar	os	estudos	de	cada	unidade,	pode	ser	
interessante	 conhecer	 um	 pouco	 dos	 dados	 históricos	
da	época	e	da	bibliografia	dos	pensadores	em	questão.	
Ainda	que	sites	de	caráter	genérico,	tais	como	os	enci-
clopédicos,	estejam	muito	aquém	de	suas	necessidades,	
eles	podem	auxiliar	neste	aspecto.	
5)	 Embora	 não	 tenhamos,	 neste	 CRC,	 dedicado	 espaço	
a	 correntes	 filosóficas	 do	 período	 helênico,	 tais	 como	
o	epicurismo,	o	estoicismo	ou	o	ceticismo,	aquele	que	
quiser	estudar	a	fundo	a	experiência	política	na	filosofia	
antiga	não	pode	negligenciá-las.	Muito	menos	esquecer	
as	influências	que	marcaram	a	passagem	da	Antiguidade	
à	Idade	Medieval,	tais	como	os	discursos	de	Marco	Túlio	
Cícero	e	outros	pensadores	do	Império	Romano.
4. intrOduçãO à unidade
Na	primeira	unidade,	procuramos	compreender	o	contexto	
da	Filosofia	Política,	bem	como	nos	ambientar	com	as	discussões	
sobre	o	conceito	de	política	e	a	organização	do	poder.	Nesta	unida-
de,	a	partir	das	vicissitudes	da	história	grega,	veremos	como	estão	
vinculados	o	conceito	de	política	e	a	experiência	da	democracia.	
Estudaremos,	 ainda,	 os	 dois	 principais	 filósofos	 do	 período	 que	
costumamos	denominar	como	Antiguidade:	Platão	e	Aristóteles.	
Por	 fim,	veremos	como	esses	dois	pensadores	abordaram	os	te-
mas	relacionados	à	política	e	à	organização	da	vida	em	sociedade.	
Claretiano - Centro Universitário
37© U2 - Filosofia Política na Antiguidade
5. COnCeitO de pOlítiCa e experiênCia da demO-
CraCia
Se	quisermos	 ser	 fiéis	 aos	principais	 livros	de	história	uni-
versal,	precisamos	 indicar	a	Grécia	Antiga	como	o	berço	do	que	
atualmente	entendemos	por	política.	O	próprio	conceito	de	políti-
ca	está	atrelado	à	experiência	grega	de	fundação	da	pólis	e	de	sua	
coordenação	e	organização.	
A	partir	dos	fins	do	século	8º	a.C.,	certos	agrupamentos	ini-
ciam	 a	 construção	 de	 cidadelas	 para	 proteção	 contra	 inimigos,	
constituindo	governos	centralizados.	A	passagem	de	uma	cultura	
agrária	desarticulada	e	fundada	sob	a	propriedade	territorial	à	ins-
tituição	de	uma	oligarquia	urbana,	fundada	economicamente	sob	
o	artesanato	e	o	comércio,	auxilia	a	constituição	de	novas	cidades.	
Um	novo	modelo	de	organização	política	surge	então:	a	Cidade-
-Estado.
O	período	clássico	da	cultura	política	grega	virá,	no	entan-
to,	somente	alguns	séculos	depois.	Do	século	6º	a.C.	ao	século	5º	
a.C.,	algumas	reformas	realizadas	por	Clístenes,	Efialtes	e	Péricles	
inauguram	um	novo	regime	de	governo	que	será	conhecido	pelo	
nome	de	democracia.	Em	Atenas,	surge	o	governo	do	povo	pelo	
povo,	pautado	por	princípios	de	liberdade	e	igualdade.	As	decisões	
importantes	são	tomadas	em	assembleias	populares	nas	quais	to-
dos	têm	o	direito	à	palavra	e	ao	voto	–	todos	aqueles	que	eram	
considerados	cidadãos,	isto	é,	os	homens	livres	atenienses.	Os	car-
gos	de	magistratura	e	administração	da	cidade	tornam-se	acessí-
veis	a	todos	os	cidadãos	interessados,	preenchidos	mediante	um	
procedimento	de	sorteio	e	prova	de	habilidades.	Mesmo	os	mais	
pobres	podem	a	eles	concorrer,	uma	vez	que	a	investidura	garantia	
a	sobrevivência	da	família	por	meio	de	uma	remuneração.	Surgem,	
ainda,	as	obrigações	para	os	governantes	na	medida	em	que	ne-
cessitam	prestar	contas	das	suas	administrações.
© Filosofia Política38
Aliadas	ao	desenvolvimento	político	e	de	um	império	marí-
timo,	tanto	a	economia	como	a	vida	intelectual	e	artística	passam	
por	um	período	de	grande	efervescência.	Este	é	o	século	de	sofis-
tas	ilustres	como	Protágoras	e	Górgias,	o	século	de	Sócrates,	e	o	
século	de	renomados	escritores	trágicos	como	Ésquilo,	Sófocles	e	
Eurípides.
O	período	perdura	até	o	esgotamento	com	a	Guerra	do	Pe-
loponeso	e	o	domínio	final	por	Filipe	e	Alexandre	da	Macedônia.	
Tucídides,	historiador	grego	incomodado	com	os	acontecimentos	
da	 época,	 constatando	 a	 degeneração	 do	 regime	 democrático	
ateniense	e	 sua	 incapacidade	em	conduzir	 a	guerra	e	gerir	 seus	
problemas	internos,	registra	suas	impressões	num	livro	intitulado	
História	da	Guerra	do	Peloponeso,	livro	que	será	posteriormente	
traduzido	para	a	língua	inglesa	por	Thomas	Hobbes.	Platão,	nasci-
do	na	segunda	metade	do	século	5º	a.C.,	assiste	ao	declínio	da	ex-
periência	democrática	grega	e	sua	filosofia	levará	em	consideração	
o	sabor	amargo	que	dela	restou.	
Vamos,	agora,	nos	ocupar	de	Platão	e	Aristóteles.
6. platãO e a Cidade justa
Consternado	pela	condenação	à	mor-
te	do	mais	 justo	dos	 cidadãos	de	Atenas	e	
pela	corrupção	que	assolava	a	cidade	grega	e	
a	levaria	definitivamente	à	ruína,	Platão	pre-
tende	erigir	uma	Filosofia	Política	 sob	uma	
base	científica	sólida.	Os	acontecimentos	de	
sua	época	exigem	um	esforço	para	se	pen-
sar	uma	política	distinta	daquela	preconiza-
da	pelos	sofistas,	amantes	da	retórica	e	das	
técnicas	de	oratória,	mas	negligentes	com	relação	ao	compromisso	
com	a	verdade.	A	constituição	de	uma	cidade	em	que	se	possa	bem	
viver	supõe	uma	ciência	do	político.
Figura	 1	 Platão (428/427-
348/347).
Claretiano - Centro Universitário
39© U2 - Filosofia Política na Antiguidade
Platão	expõe	sua	teoria	sobre	a	política	basicamente	em	três	
obras:	na	República,	no	Político	e	nas	Leis.	Contudo,	podemos	no-
tar	que	sua	Filosofia	Política	possui	uma	relação	visceral	tanto	com	
a	sua	ética,	quanto	com	toda	a	sua	teoria	do	conhecimento.	Neste	
momento,	vamos	nos	ater	somente	aos	aspectos	mais	importan-
tes	para	compreendermos	a	teoria	política	platônica.	Para	aqueles	
que	desejarem	um	estudo	mais	aprofundado	do	tema,	aconselha-
mos	que	recorram	à	história	da	filosofia	antiga.	
No	Político,	ao	final	de	uma	longa	discussão	que	segue	o	ca-
minho	de	uma	dialética	ascendente,	Platão	traz	uma	definição	até	
hoje	muito	utilizada.	Política	seria	a	ciência	que	sabe	reunir	os	con-
trários,	separar	os	diferentes	e	juntar	os	semelhantes,	e	transfor-
mar	a	discórdia	em	concórdia.	O	político	seria,	então,	aquele	que	
domina	a	ciência	da	proporção	e	da	harmonia.	Será	na	República,	
no	entanto,	que	Platão	exporá	de	modo	detalhado	o	que	entende	
por	política	e	por	justiça,	oferecendo	um	modelo	de	cidade	ideal.
Para	facilitar	a	compreensão	da	Filosofia	Política	platônica,	
propomos	iniciar	o	seu	estudo	pela	leitura	do	seguinte	parágrafo	
do	Livro	II	da República	(369b-370c).	Sócrates	assim	conduz	o	seu	
diálogo	com	Adimanto:
–	Ora	–	disse	eu	–	uma	cidade	tem	a	sua	origem,	segundo	creio,	
no	 fato	de	cada	um	de	nós	não	ser	auto-suficiente,	mas	sim	ne-
cessitado	de	muita	coisa.	Ou	pensas	que	uma	cidade	se	funda	por	
qualquer	outra	razão?	
–	Por	nenhuma	outra	–	respondeu.
–	Assim,	portanto,	um	homem	toma	outro	para	uma	necessidade,	
e	outro	ainda	para	outra,	e,	como	precisariam	de	muita	coisa,	reú-
nem	numa	só	habitação	companheiros	e	ajudantes.	A	essa	associa-
ção	pusemos	o	nome	de	cidade.Não	é	assim?
–	Absolutamente.
–	Mas	se	uma	pessoa	participa	numa	sociedade	com	outra,	se	dá	
ou	recebe	algo,	é	na	convicção	de	que	isso	é	melhor	para	ela?
–	Certamente.
–	Ora	vamos	lá!	–	disse	eu	–	Fundemos	em	imaginação	uma	cidade.	
Serão,	ao	que	parece,	as	nossas	necessidades	que	hão	de	fundá-la.
© Filosofia Política40
–	Como	não?
–	Mas	por	certo	que	a	primeira	e	a	maior	de	todas	as	necessidades	
é	a	obtenção	de	alimentos,	em	ordem	a	existirmos	e	a	vivermos.
–	Inteiramente.
–	A	segunda	é	a	habitação;	a	terceira,	o	vestuário	e	coisas	no	gê-
nero.
–	Assim	é.
–	Ora	–	prossegui.	Como	é	que	a	cidade	bastará	para	a	obtenção	
de	 tantas	 coisas?	 Existirá	 outra	 solução	 que	 não	 seja	 haver	 um	
que	seja	lavrador,	outro	pedreiro,	outro	tecelão?	Acrescentar-lhes-
-emos	também	um	sapateiro	e	qualquer	outro	artífice	que	se	ocu-
pe	do	que	é	relativo	ao	corpo.
–	Com	toda	certeza.
–	Logo,	o	mínimo	que	se	pode	chamar	uma	cidade	compõe-se	de	
quatro	ou	cinco	homens?
–	Assim	parece.
–	E	agora?	Deve	cada	um	destes	homens	executar	o	seu	trabalho	
próprio,	para	ser	comum	a	todos?	Por	exemplo,	o	lavrador,	sozinho,	
fornecerá	trigo	para	quatro	e	gastará	o	quádruplo	do	tempo	e	do	
esforço	com	a	obtenção	do	trigo	para	partilhar	com	os	outros,	ou	
preocupar-se-á	apenas	consigo,	e	preparará	a	quarta	parte	deste	
trigo,	na	quarta	parte	do	 tempo,	e	os	outros	 três	quartos	gastá-
-los-á	um	na	construção	de	uma	casa,	outro	na	confecção	de	um	
manto,	outro	ainda	de	calçado,	e,	sem	partilhar	com	os	outros,	terá	
as	suas	coisas,	fazendo	por	si	mesmo	o	que	é	seu?
Adimanto	declarou:	–	Talvez	seja	mais	fácil	do	primeiro	modo	que	
do	segundo,	ó	Sócrates.
–	Por	Zeus,	que	nada	me	admira!	–	disse	eu	–	Ao	ouvir-te	falar,	pen-
so	 também	que,	em	primeiro	 lugar,	 cada	um	de	nós	não	nasceu	
igual	ao	outro,	mas	com	naturezas	diferentes,	cada	um	para	a	exe-
cução	de	sua	tarefa.	Ou	não	te	parece?
	–	Parece-me.
–	Como	assim?	Uma	pessoa	fará	melhor	em	trabalhar	sozinho	em	
muitos	ofícios,	ou	quando	for	só	um	a	executar	um?
–	Quando	for	só	um	a	executar	um.
–	Mas	julgo	eu	que	é	também	evidente	que,	se	alguém	deixar	fugir	
a	oportunidade	de	fazer	uma	coisa,	perde-a.
–	É	evidente.
Claretiano - Centro Universitário
41© U2 - Filosofia Política na Antiguidade
–	É	que,	creio	eu,	a	obra	não	espera	pelo	lazer	do	obreiro,	mas	força	
é	que	o	obreiro	acompanhe	o	seu	trabalho,	sem	ser	à	maneira	de	
um	passatempo.
–	É	forçoso.
–	Por	conseguinte,	o	resultado	é	mais	rico,	mais	belo	e	mais	fácil,	
quando	cada	pessoa	fizer	uma	só	coisa,	de	acordo	com	a	natureza	e	
na	ocasião	própria,	deixando	em	paz	as	outras	(2001).
O	texto	fala	por	si	mesmo.	De	acordo	com	Platão,	uma	cida-
de	existe	para	que	os	homens	possam	coordenar	os	seus	 traba-
lhos	e	viver	melhor.	Quanto	mais	correta	for	a	divisão	de	ofícios	no	
interior	de	uma	cidade,	melhor	ela	estará	organizada	e	de	maior	
harmonia	gozará.
A	conclusão	encontrada	por	Sócrates	e	seu	interlocutor	 le-
vará	a	uma	série	de	outras	consequências	teóricas.	O	conceito	de	
justiça	será	definido	tendo	em	vista	o	cenário	de	uma	cidade	justa.	
Nela,	cada	um	desempenha	a	sua	função.	Uma	ordem	proporcio-
nal	nos	leva	a	crer	que	numa	cidade	justa,	cada	um	deve	ocupar-se	
de	uma	tarefa,	aquela	para	a	qual	está	mais	preparado.	E,	numa	
cidade	assim	concebida,	a	finalidade	da	política	não	será	o	exercí-
cio	puro	e	simples	do	poder,	mas	a	realização	da	justiça	para	o	bem	
comum	da	comunidade	de	homens	reunidos	pela	cidade.	
A	quem	Platão	entregaria	o	governo	de	uma	cidade	que	se	
pretenda	justa?	Quem	poderia	conhecer	a	totalidade	das	funções,	
coordenar	as	diferenças,	saber	em	que	consiste	o	bem	da	cidade?	
O	governo	de	uma	cidade	deverá	ser	exercido	por	aquele	que	es-
teja	mais	preparado	para	a	função:	o	filósofo.	
Já	podemos	entender	então	por	que	o	conceito	de	uma	ci-
dade	justa	está	aliado	ao	conceito	de	alma	justa.	O	princípio	é	o	
mesmo:	a	melhor	parte	deve	governar	a	pior.	Assim	como	a	parte	
racional	deve	dominar	a	parte	irracional	da	alma,	coisa	que	se	con-
clui,	por	exemplo,	da	leitura	do	Mito do Cocheiro	exposto	no	Fe-
dro,	uma	elite	intelectual	deve	orientar	o	funcionamento	de	uma	
cidade	para	que	ela	atinja	a	sua	finalidade,	qual	seja,	proporcionar	
uma	vida	boa	a	seus	componentes.
© Filosofia Política42
Tendo	em	vista	o	seu	conceito	de	uma	cidade	justa	e	as	dife-
rentes	classes	de	uma	sociedade,	Platão	sugere	um	extenso	pro-
grama	educacional	para	que	se	determine	a	que	função	deve	cada	
um	se	dedicar.	Embora	pareça	anacrônico	o	projeto	platônico,	po-
demos	nele	visualizar	certas	inovações	importantes:	não	há	mais	
distinção	entre	 crianças	de	diferentes	 classes	 sociais,	nem	entre	
meninos	e	meninas.	Uma	mesma	educação	deve	ser	dada	a	todas	
as	crianças,	que	serão	selecionadas	segundo	sua	natureza	e	suas	
habilidades	 ao	 final	 de	 cada	 etapa	do	 curso	de	 aprendizado.	As	
menos	dotadas	pertencerão	à	classe	dos	agricultores,	artesãos	e	
comerciantes,	outras	pertencerão	à	classe	dos	guardiães	e	guerrei-
ros,	e	apenas	as	que	se	saírem	melhor	poderão	estudar	as	ciências	
de	formação	do	raciocínio	e	se	tornarem	magistrados	para	a	admi-
nistração	pública.				
Se	notarmos	bem,	o	programa	para	a	educação	das	crianças	
em	uma	cidade	justa	está	intimamente	vinculado	à	teoria	do	co-
nhecimento.	As	etapas	de	formação	seguem	não	somente	a	divi-
são	interna	de	classes	de	uma	cidade	organizada,	como	a	estrutura	
dos	modos	de	conhecer,	a	preparação	do	espírito	para	que	con-
temple	a	verdade.	De	início,	todas	as	crianças	recebem	a	mesma	
educação:	ginástica	e	dança,	jogos	pedagógicos	para	iniciação	na	
leitura	e	na	matemática,	poesia	épica.	Aos	sete	anos,	passando	por	
um	processo	de	seleção,	as	mais	bem	dotadas	seguirão	seus	estu-
dos,	sendo	alfabetizadas	e	aprendendo	artes	marciais	e	técnicas	
de	luta.	Aos	vinte	anos,	uma	nova	seleção	distingue	as	mais	bem	
dotados.	Alguns	seguirão	pelo	estudo	das	matemáticas,	astrono-
mia	 e	 da	música,	 ciências	 das	 grandezas	 proporcionais	 estáveis.	
Aos	trinta	e	cinco	anos,	serão	submetidos	a	nova	prova	e	somente	
os	que	se	mostrarem	mais	aptos	deverão	seguir	adiante,	estudan-
do	ética,	física,	política,	dialética.	Aos	cinquenta	anos,	se	aprova-
dos,	os	alunos	estarão	aptos	a	pertencerem	à	classe	dos	magistra-
dos	e	dirigentes	políticos.	
Esses	são	os	filósofos,	capazes	de	usar	a	razão	com	todo	o	seu	
esplendor,	conhecer	as	 ideias	perfeitas,	conhecer	o	bem	em	si.	O	
Claretiano - Centro Universitário
43© U2 - Filosofia Política na Antiguidade
amor	à	verdade	e	o	esforço	pelo	conhecimento	do	mundo	inteligível	
serão	os	traços	distintivos	de	uma	classe	apta	a	organizar	o	funcio-
namento	de	uma	cidade	e	conduzi-la	pelos	caminhos	do	bem.
Essa	é	a	conclusão	de	Sócrates	em	República	(473d-473e):	
–	Enquanto	não	forem,	ou	os	filósofos	reis	nas	cidades,	ou	os	que	
agora	se	chamam	reis	e	soberanos	filósofos	genuínos	e	capazes,	e	se	
dê	esta	coalescência	do	poder	político	com	a	filosofia,	enquanto	as	
numerosas	naturezas	que	atualmente	seguem	um	destes	caminhos	
com	exclusão	do	outro	não	forem	impedidas	forçosamente	de	o	fa-
zer,	não	haverá	trégua	dos	males,	meu	caro	Gláucon,	para	as	cidades,	
nem	sequer,	julgo	eu,	para	o	gênero	humano,	nem	antes	disso	será	
jamais	possível	e	verá	a	luz	do	sol	a	cidade	que	há	pouco	descreve-
mos.	Mas	isto	é	o	que	eu	há	muito	hesitava	em	dizer,	por	ver	como	
seriam	paradoxais	essas	afirmações.	Efetivamente,	é	penoso	ver	que	
não	há	outra	felicidade	possível,	particular	ou	pública	(2001).	
7. aristóteles e O bem COmum COmO finalida-
de da vida pOlítiCa
Ética	e	política	possuem	uma	vigorosa	im-
bricação	em	Aristóteles.	A	 cidade	 será	o	 local	
privilegiado	da	vida	virtuosa	e	o	político	exem-
plar	será	aquele	afeto	à	disposição	da	prudên-
cia.	As	páginas	de	Ética a Nicômaco	serão	não	
somente	a	principal	referência	para	a	compre-
ensão	de	uma	ética	prática,	 segundo	a	qual	a	
virtude	consiste	na	escolha	do	 justo	meio	en-
tre	dois	extremos,	encontrado	pela	prudência,	
educado	pelo	hábito,	mas	também	serão	responsáveispela	passa-
gem	da	ética	à	política.	
Essa	passagem	é	realizada	pela	 introdução	de	um	conceito	
que	parece	 ter	 sido	 esquecido	 ao	 longo	da	 história	 da	 filosofia:	
a	amizade.	Já	não	acreditamos	mais	no	amor	desinteressado	e	a	
gasta	palavra	amizade,	usada	à	exaustão	por	discursos	maliciosos,	
já	não	comove	tanto	quanto	no	seu	frescor	inicial.	Para	os	gregos,	
no	entanto,	a	amizade	continha	ainda	um	sabor	especial.
Figura	 2	 Aristóteles 
(384-322).
© Filosofia Política44
Os	 livros	 VIII	 e	 IX	 da	 Ética a Nicômaco	 a	 ela	 se	 dedicam,	
distinguindo	o	vício	da	virtude:	akrasía,	a	 incontinência,	 falta	de	
domínio	sobre	si,	e	philía,	amizade.	Enquanto	a	amizade	consiste	
na	benevolência,	na	busca	do	prazer	do	outro,	na	entrega	desin-
teressada,	o	vício	busca	obter	o	próprio	prazer,	sempre	de	modo	
imoderado	e	arbitrário,	por	vezes	mascarando-se	de	amizade	para	
ludibriar	e	conseguir	uma	maior	vantagem.	Por	isso,	para	Aristóte-
les,	a	amizade	só	pode	existir	entre	prudentes	e	virtuosos,	entre	
aqueles	que	são	semelhantes	no	desejo	de	fazer	bem	a	outrem.		
Assim	entendemos	 o	 porquê	da	 passagem	da	 vida	 ética	 à	
vida	política.	Muito	natural	 que	os	 homens	 virtuosos	 e	 dados	 à	
amizade	se	unam	em	busca	de	um	bem	comum.	A	amizade	será,	
então,	ao	mesmo	tempo	condição	e	consequência	da	vida	em	co-
munidade,	"argamassa"	na	construção	da	vida	justa	e	feliz.
A	principal	obra	de	Aristóteles	no	que	diz	respeito	à	Filosofia	
Política,	no	entanto,	traz	como	título	A Política.	No	decorrer	dos	
livros	que	integram	o	corpo	da	obra,	o	filósofo	oferece	uma	análise	
detalhada	do	que	vem	a	ser	a	constituição	de	uma	sociedade	polí-
tica	e	quais	são	as	suas	características.	
Entre	 os	 mais	 relevantes	 princípios	 legados	 à	 história	 do	
pensamento	político	do	Ocidente,	encontra-se	aquele	segundo	o	
qual	o	homem	é	um	animal	político	por	natureza	–	zóon poliktikon.	
Sendo	um	animal	gregário,	como	as	abelhas	e	as	 formigas,	 todo	
homem	possui	uma	inclinação	natural	à	vida	em	comunidade.	Po-
demos	ler	no	livro	primeiro,	capítulo	1,	de	A Política:
Sabemos	que	toda	cidade	é	uma	espécie	de	associação,	e	que	toda	
associação	se	forma	tendo	por	alvo	algum	bem;	porque	o	homem	
só	trabalha	pelo	que	ele	tem	em	conta	de	um	bem.	Todas	as	socie-
dades,	pois,	se	propõem	qualquer	lucro	–	sobretudo	a	mais	impor-
tante	delas,	pois	que	visa	a	um	bem	maior,	envolvendo	todas	as	
demais:	a	cidade	ou	sociedade	política.
(...)	É	evidente,	pois,	que	a	cidade	faz	parte	das	coisas	da	natureza,	
que	o	homem	é	naturalmente	um	animal	político,	destinado	a	viver	
em	sociedade,	e	aquele	que,	por	instinto,	e	não	porque	qualquer	
circunstância	o	inibe,	deixa	de	fazer	parte	de	uma	cidade,	é	um	ser	
vil	ou	superior	ao	homem	(1988).
Claretiano - Centro Universitário
45© U2 - Filosofia Política na Antiguidade
Há	uma	tendência	natural	no	homem	para	a	vida	comunitá-
ria.	Sendo	carente,	ele	precisa	da	companhia	dos	outros	homens,	
não	somente	para	suprir	suas	necessidades	básicas,	mas	para	al-
cançar	a	completude	a	que	aspira.	Não	é	possível	ao	homem	ser	
feliz	sozinho.	O	ser	humano	só	se	realiza	em	comunidade.
Ainda	que	existam	comunidades	cronologicamente	anterio-
res	às	cidades,	tais	como	as	famílias	ou	as	pequenas	aldeias,	Aris-
tóteles	acredita	que	a	comunidade	propriamente	dita	só	se	cons-
titua	na	cidade,	na	comunidade	política.	Será	a	cidade	constituída	
com	a	finalidade	do	bem	comum	e	da	vida	justa	o	paradigma	do	
seu	programa	político.
Mas	atente	para	o	seguinte:
Embora	a	Cidade	seja	natural,	 isso	não	significa	que	a	natureza	a	
produza	espontaneamente.	Assim	como	a	phýsis	dá	ao	indivíduo	o	
desejo,	isto	é,	a	inclinação	natural	para	o	bem	–	mas	a	ética	precisa	
intervir	como	ação	voluntária	e	deliberada	para	que	essa	finalidade	
seja	alcançada	por	meio	das	virtudes	–,	assim	também	o	Estado	(ou	
pólis)	nasce	da	ação	deliberada	e	voluntária	dos	homens,	e	por	isso	
a	política	não	é	uma	ciência	teorética	e	sim	uma	ciência	prática,	em	
que	a	ação	tem	a	si	mesma	como	seu	fim.	Assim	como	ninguém	
nasce	 virtuoso,	 mas	 se	 torna	 virtuoso,	 assim	 também	 ninguém	
nasce	cidadão,	mas	se	torna	cidadão	pela	educação,	que	atualiza	
a	inclinação	potencial	e	natural	dos	homens	à	vida	comunitária	ou	
social	(CHAUÍ,	2002,	p.	467).
O	homem	precisa,	então,	 tornar-se	um	cidadão.	Mas	note	
que,	para	Aristóteles,	a	palavra	 cidadão	difere	 substancialmente	
em	 sentido	do	que	entendemos	atualmente	pelo	 termo.	 Para	o	
filósofo,	cidadão	era	aquele	que	efetivamente	participava	da	polí-
tica,	excluídos	as	mulheres,	as	crianças,	os	idosos,	os	estrangeiros	
e	os	escravos.	Os	direitos	políticos	só	eram	destinados	a	uma	mi-
noria	que	participava	diretamente	do	governo,	seja	participando	
das	 discussões	 públicas,	 seja	 decidindo	 rumos	 para	 a	 condução	
dos	negócios	públicos.
A	adoção	de	um	regime	de	governo	será	definida	pela	quan-
tidade	de	cidadãos	que	ocuparem	o	poder	soberano.	Se	for	o	go-
verno	de	um	só	cidadão,	será	ele	a	realeza.	Se	for	de	alguns,	será	a	
© Filosofia Política46
aristocracia.	Se	for	de	todos,	será	a	república.	A	degeneração	pelos	
vícios	gera,	contudo,	versões	corrompidas	dos	governos	perfeitos.	
A	 realeza	 converte-se	 em	 tirania,	 a	 aristocracia	 em	oligarquia,	 a	
república	em	democracia.
Antes	 de	 terminarmos	 esta	 unidade,	 convém	 salientar	 um	
aspecto	do	pensamento	aristotélico	caro	às	teorias	da	justiça	que	
se	seguirão.	
Independentemente	 de	 sua	 constituição,	 a	 cidade	 existe	
para	que	os	homens	tenham	condições	de	gozar	de	uma	vida	jus-
ta	e	harmoniosa.	Na	avaliação	das	cidades,	um	critério	tem	proe-
minência:	a	 justiça.	Uma	cidade	 justa,	segundo	Aristóteles,	deve	
tratar	os	 iguais	com	 igualdade	e	os	desiguais	com	desigualdade.	
Tratar	a	todos	com	absoluta	igualdade	não	contempla	as	exigên-
cias	da	justiça.	Uma	distribuição	proporcional	dos	bens	deve	ter	o	
princípio	da	justiça	como	fio	condutor.	
Por	isso,	duas	instituições	de	justiça	são	necessárias	às	cida-
des:	uma	justiça	distributiva	e	outra	comutativa.	A	primeira	realiza	
a	partilha	dos	bens	disponíveis,	 tratando	a	cada	um	segundo	os	
ditames	da	proporcionalidade.	A	segunda	corrige	os	erros	da	pri-
meira,	estabelecendo	leis	e	aplicando	regras	do	direito	e	penalida-
de	aos	delinquentes.	
8. questões autOavaliativas
Confira,	a	seguir,	as	questões	propostas	para	verificar	o	seu	
desempenho	no	estudo	desta	unidade:
1)	 Quais	os	principais	elementos	do	surgimento	da	democracia	na	Grécia	An-
tiga?
2)	 Como	pensar	o	conceito	de	política	para	Platão?
3)	 Como	pensar	o	conceito	de	política	para	Aristóteles?
4)	 É	possível	comparar	democracia	contemporânea	e	democracia	clássica?
Claretiano - Centro Universitário
47© U2 - Filosofia Política na Antiguidade
9. COnsiderações
Nesta	unidade,	trabalhamos	com	a	Filosofia	Política	na	Anti-
guidade.	Na	próxima	unidade,	estudaremos	a	Filosofia	Política	na	
Idade	Média.	Conheceremos	os	pensamentos	de	Agostinho	e	To-
más	de	Aquino	a	respeito	da	política.
10. e-referências
lista de figuras
figura 1 Platão (428/427-348/347).	Disponível	em:	<http://www.dialogocomosfilosofos.
com.br/category/platao/>.	Acesso	em:	26	jun.	2012.
figura 2	 Aristóteles (384-322).	 Disponível	 em:	 <http://www.filosofiaonline.com/
filosofia/?tag=aristoteles>.	Acesso	em:	26	jun.	2012.
11. referênCias bibliOgráfiCas
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© Filosofia Política48
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Universidade	de	São	Paulo,	2002.

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