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EA D 4 Filosofia Política e a Teoria do Pacto Social 1. ObjetivOs • Compreender o desenvolvimento da Filosofia Política no Renascimento e na era das revoluções clássicas. • Analisar os principais pensamentos filosóficos do período no que concerne à política. 2. COnteúdOs • Nicolau Maquiavel e o Estado forte. • Thomas Hobbes e o pacto social. • John Locke e a teoria liberal. • Jean-Jacques Rousseau e o Contrato Social. • Texto complementar: Thomas Hobbes. • Texto complementar: Thomas Jefferson. © Filosofia Política62 3. Orientações para O estudO da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Lembre-se de que há muitas maneiras de pensar o con- ceito de política. As questões autoavaliativas que se- guem ao final das unidades são abertas e querem ajudar na compreensão das polissemias aí presentes. 2) Lembre-se de que, embora o ato de aprender seja soli- tário, a interação com os seus colegas pode ser de fun- damental importância para a troca de informações, para a familiarização com a linguagem filosófica pertinente e com o método filosófico argumentativo. 3) Leia os livros da bibliografia indicada para que você am- plie seus horizontes teóricos, cotejando-os com o mate- rial didático apresentado. 4) Antes de iniciar os estudos de cada unidade, pode ser interessante conhecer um pouco dos dados históricos da época e da bibliografia dos pensadores em questão. Ainda que sites de caráter genérico, tais como os enci- clopédicos, estejam muito aquém de suas necessidades, eles podem auxiliar neste aspecto. 5) Um número considerável de autores da época teve como objeto de análise a complexidade dos fenômenos que envolveram a Revolução Francesa de 1789 e a emer- gência do Estado-Nação. Vale a pena conhecer os escri- tos de alguns deles, tais como os de Sieyès, Robespierre, Saint-Just e Edmund Burke. 4. intrOduçãO à unidade Na unidade anterior, vimos como se deu o desenvolvimen- to da Filosofia Política na Idade Média com Agostinho, cujo pen- samento a este respeito está formulado na sua obra A cidade de Deus. Outro pensador representativo da Filosofia Política medieval foi Tomás de Aquino, com a sua tese sobre a pedagogia da lei di- vina. Claretiano - Centro Universitário 63© U4 - Filosofia Política e a Teoria do Pacto Social Ao longo dos séculos 16, 17 e 18, um incontável número de pensadores dedicou-se à compreensão dos fenômenos políticos que remexiam o panorama público europeu e americano. Uma intensa produção de tratados políticos acompanha as transforma- ções que determinam o início do que costumamos chamar de mo- dernidade. Nesta unidade, priorizando o estudo de alguns dos seus principais representantes, veremos como a teoria do pacto social marcou a história do pensamento político ocidental. Cuidaremos, em tópicos, de Hobbes, de Locke e de Rousseau, conhecidos como contratualistas. Embora não seja Maquiavel propriamente um pensador da teoria do pacto social, iniciaremos esta unidade com um tópico a ele dedicado, por considerá-lo um inescusável ante- cedente de uma corrente que até hoje influencia o modo como entendemos as instituições políticas. Trata-se evidentemente de um recorte. Alguns relevantes autores do período não estão aqui contemplados, por isso suge- rimos que o estudo desse fértil momento da história da Filosofia Política não se restrinja aos dados coletados neste material. Tere- mos uma visão bastante limitada se negligenciarmos obras de vital importância para a compreensão do contexto filosófico em pauta, tais como as citadas a seguir. No século 16, a Utopia de Thomas More, livro de inspiração platônica em que o autor tenta redefinir a imagem de uma cidade ideal, o Discurso da servidão voluntária de Etienne de La Boétie, com sua crítica da obediência, e os Seis livros da República de Jean Bodin, uma grande obra de legitimação do poder político estatal, fundamental ancestral teórica do princípio da soberania e do po- der de legislar, da concepção segundo a qual deve a lei se impor sobre direitos naturais ou costumeiros. No século 17, Do direito da guerra e da paz de Hugo Grotius, um livro de parentesco contratualista já preocupado com as rela- ções do direito internacional, relações entre Estados soberanos, e com o respeito aos direitos do homem natural. © Filosofia Política64 No século 18, O espírito das leis de Charles de Montesquieu e Investigações sobre a natureza e as causas das riquezas das na- ções de Adam Smith. Montesquieu contribui para a revitalização da distinção entre as espécies de governo e defende o princípio da separação dos poderes como única solução institucional para a garantia da liberdade política – somente a descentralização e o controle múltiplo podem conter os abusos de poder. Adam Smith isola o fenômeno da distribuição das riquezas, iniciando o estudo da economia e da administração dos recursos disponíveis à viabili- zação da vida em sociedade, fundando as bases teóricas do libera- lismo econômico e da divisão do trabalho. Também o século 18 pertence ao grupo de homens que mais influenciou a definição do conceito de democracia que temos hoje. Logo após a Revolução Americana de 1776, com o objetivo de contribuir para a ratificação de uma nova Constituição para os Estados Unidos da América (que viria a ser promulgada em 1789), Alexander Hamilton, James Madison e John Jay publicam uma sé- rie de artigos que reunidos receberam o nome de O federalista. Trata-se de um esforço de superação do paradigma grego de de- mocracia e de eliminação da incompatibilidade entre governo po- pular e modernidade: na visão dos revolucionários americanos, a democracia não depende da virtude do povo nem do tamanho do território governado. Mais: a democracia não torna frágil o Estado. Com o movimento impulsionado por O federalista, torna-se viável a formação da Federação e a convivência de dois entes estatais de estatura diversa dentro de um mesmo território, sem prejuízo do relacionamento direto de cada um deles com os indivíduos. O federalista reforça ainda a defesa do princípio da tripartição dos poderes e do sistema bicameral para o poder legislativo. Surge uma nova forma de pensar a política: os republicanos não querem eliminar a formação de facções e o conflito, uma vez que eles são saudáveis à manutenção das instituições democráticas. É preciso, tão somente, que a legislação previna a coordenação entre os di- versos interesses, evitando que qualquer grupo venha a controlar Claretiano - Centro Universitário 65© U4 - Filosofia Política e a Teoria do Pacto Social o poder para satisfazer unicamente seus objetivos, mesmo que esse grupo seja a maioria. Ao final da unidade, sugerimos a leitura de dois textos com- plementares. O primeiro de Thomas Hobbes, retirado de sua prin- cipal obra. O segundo de Thomas Jefferson, notável articulador político e pensador do movimento democrático norte-americano. Uma pequena coletânea de escritos e cartas daquele que se tor- nou presidente de um país ainda em consolidação nos permitirá ver como as novas concepções se opõem às clássicas e se afirmam como a solução para um novo mundo. 5. niCOlau Maquiavel e O estadO fOrte Estamos acostumados com a relação que a linguagem comum estabelece entre o adjeti- vo maquiavélico e o sentido que gira em torno da imagem de um homem sórdido, traiçoeiro, mesquinho. Mas aí é preciso ter um pouco de cuidado. Embora seja o nome de Maquiavel citado como a encarnação do mal, o pensador renascentista foi um notável teórico e articula- dor político de um cenário conturbado, no qual reviravoltas e sucessões de governos geravam tal instabilidade que impedia qualquer meio de vida protegido por um mínimo de se- gurança. Impressionado pelas disputas que assolavam a cidade de Florença e toda a península itálica, Maquiavelse dá conta da inu- tilidade em esperar de fórmulas mágicas a solução de problemas tão reais. Opondo-se radicalmente ao idealismo político, ocupado apenas com uma ordem ideal – imaginando como o mundo deve- ria ser – mas desatento à realidade concreta, seus esforços terão como ponto de partida e chegada a verdade extraída inteiramente dos fatos. Com Maquiavel, a política perde a auréola de qualidade Figura1 Nicolau Maquiavel (1469-1527). © Filosofia Política66 natural ou divina, sendo substituída por uma atividade humana e racional constitutiva da existência coletiva. Daí a necessidade do planejamento de um programa político que atenda às exigências de um quadro tortuoso e complexo. E o pensador florentino o re- dige na sua principal obra: O príncipe. Escrito em 1513, O príncipe é dedicado a Lorenzo de Médicis, go- vernador de Florença, o que vale a Maquiavel o retorno ao cenário político e sua nomeação como historiógrafo oficial. O pensador florentino ainda escreveria os Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio e História de Florença. Aprendendo com a história universal, com as lutas que deter- minaram um movimento cíclico de estabilidade e caos, cabe aos ho- mens a tentativa de superar a sorte para encontrar um estado que garanta a ordem e a segurança. O estudo do passado deve iluminar o presente. Os ensinamentos apreendidos dos eventos históricos que determinaram períodos de guerra e de paz podem ser utilizados pelo homem para que fundamente na sua realidade efetiva uma ordem confiável. Vemos, então, como a liberdade humana se insurge contra as forças da predestinação. Lemos no capítulo XXV de O príncipe: Para que o nosso livre arbítrio não seja extinto, julgo poder ser ver- dade que a sorte seja o arbítrio da metade das nossas ações, mas que ainda nos deixe governar a outra metade, ou quase (...) a sorte demonstra o seu poderio onde não existe virtude preparada para resistir e volta seu ímpeto em direção ao ponto onde sabe não fo- ram construídos diques e anteparos para contê-la (1976). Como vencer os auspícios da instabilidade dos governos das cidades e assegurar uma vida tranquila aos homens? Para compre- ender a resposta de Maquiavel, precisamos perceber como o pen- sador entendia a natureza humana. Observando os homens que o cercavam, Maquiavel conclui que a vida em comunidade nunca ocorre sem dificuldades e isto por um motivo claro: os homens são volúveis e simuladores, egoístas e ávidos de lucro. Numa socieda- de fragilizada, a luta pelo poder pode ser interminável. Somente um governo centralizado e forte pode garantir a estabilidade de uma comunidade humana. Claretiano - Centro Universitário 67© U4 - Filosofia Política e a Teoria do Pacto Social Maquiavel não recusa inteiramente que o governo de uma cidade seja organizado sob a forma de uma república, desde que o povo dessa cidade seja suficientemente virtuoso para tanto, o que é raro. O governo de um único príncipe parece ser sempre melhor: este é o Estado forte, mais unido e menos sujeito à corrupção, ca- paz de gerir os bens públicos, mais resistente contra as invasões estrangeiras. Quem é o príncipe? Quais suas qualidades indispensáveis? O príncipe é o homem virtuoso que se mantém no poder pelo sá- bio uso da força. Enquanto nas sociedades desorganizadas politi- camente o mais forte apenas conquista, não persevera no poder, o príncipe, guiado pela necessidade, sabe se utilizar dos recursos disponíveis e salvar o Estado das investidas inimigas. Cito o capítu- lo XV de O príncipe: Donde é necessário, a um príncipe que queira se manter, aprender a poder não ser bom e usar ou não da bondade, segundo a neces- sidade (...) Sei que cada um confessará que seria sumamente louvável encon- trarem-se em um príncipe, de todos os atributos acima referidos, apenas aqueles que são considerados bons; mas, desde que não os podem possuir nem inteiramente observá-los em razão das con- tingências humanas não o permitirem, é necessário seja o príncipe tão prudente que saiba fugir à infâmia daqueles vícios que o fariam perder o poder (1976). Para Maquiavel, o príncipe não precisa ser bom, comportar- -se segundo as regras da moralidade, nem precisa ser amado pelos seus súditos – basta possuir a sabedoria de agir conforme as cir- cunstâncias e o respeito dos governados, saber resistir aos inimi- gos e assegurar a manutenção do Estado, baluarte da ordem e da paz. Esta é a finalidade da política. Vejamos como Maquiavel orienta o proceder do príncipe numa importante passagem do capítulo XVIII de O príncipe: A um príncipe, portanto, não é essencial possuir todas as qualida- des acima mencionadas, mas é bem necessário parecer possuí-las. Antes, ousarei dizer que, possuindo-as e usando-as sempre, elas são danosas, enquanto que, aparentando possuí-las, são úteis; por © Filosofia Política68 exemplo: parecer piedoso, fiel, humano, íntegro, religioso, e sê-lo realmente, mas estar com o espírito preparado e disposto de modo que, precisando não sê-lo, possas e saibas tornar-te o contrário. Deve-se compreender que um príncipe, e em particular um prín- cipe novo, não pode praticar todas aquelas coisas pelas quais os homens são considerados bons, uma vez que, freqüentemente, é obrigado, para manter o Estado, a agir contra a fé, contra a carida- de, contra a humanidade, contra a religião (1976). Os meios para o triunfo das dificuldades e manutenção do Estado nunca deixarão de ser julgados honrosos. Segundo o pen- sador florentino, deve o governante usar da inteligência e ao mes- mo tempo aprender dos animais: deve o príncipe ser um leão e uma raposa. 6. thOMas hObbes e O paCtO sOCial Se Maquiavel dá o pontapé inicial à concepção do Estado Moderno, restará a outro pensador o papel de principal referência quando se procura pelas raízes da sistematização da doutrina estatal. Na primavera do século 17, Thomas Hobbes de Malmesbury publica três livros que marcam definitivamente a ruptura com a teoria de inspiração aristotélica e delimitam os caracteres constituintes do Estado Moderno: Elementos do direito natural e político, De cive: elementos filosóficos a respeito do cidadão e, o mais conhecido de seus escritos e provavelmente a melhor compilação de suas ideias proeminentes, Leviatã ou Matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil. O Estado seria, de acordo com os argumentos do pensador inglês, não somente o resultado de uma natural tendência do homem à vida coletiva, mas o fruto de um pacto realizado entre os homens, escolhido de modo inteiramente racional. Figura 2 Thomas Hobbes (1588-1679). Claretiano - Centro Universitário 69© U4 - Filosofia Política e a Teoria do Pacto Social Com Hobbes, surge a teoria do pacto social. A origem da so- ciedade civil estaria vinculada à celebração de um pacto que divide a história da humanidade em duas partes, sendo a primeira rela- tiva a um estado de natureza sem governo e a segunda a um esta- do de direitos garantidos por um poder soberano. Vejamos como acontece a passagem de um cenário ao outro. Hobbes desmistifica a imagem do homem inocente e bom, enfatizando que suas paixões determinam o seu comportamento. Não que sejam os homens maus em si: eles simplesmente preci- sam satisfazer os seus desejos e a experiência demonstra que os indivíduos, com vistas à própria conservação da vida, terminam por desejar as mesmas coisas. No estado de natureza, todo ho- mem seria inimigo de qualquer outro homem na medida em que compete pelas mesmas coisas na busca da satisfação do desejo – daí a famosa frase hobbesiana: o homem é um lobo para o homem. A guerra se generaliza. O estado do homem em liberdade natural seria necessariamente um estado de guerra e de medo, porque embora os mais fortes, rápidos e habilidosos consigam evidente- mente vantagem sobre os demais, nenhum homem pode preva- lecer sobre o outro de maneira integral, isto é, os menosafortu- nados podem ainda se aproveitar de um momento de desatenção ou fraqueza dos primeiros e matá-los. No estado de natureza, a relação entre os homens não pode ser nem um pouco prazerosa, uma vez que não há ordem e o que impera é um estado de guerra de todos contra todos. Ocorre que os homens desejam a vida e a paz. Como esta- belecer então uma ordem para que o homem possa gozar do seu objeto de desejo? Pelo uso da razão, os homens percebem que somente por uma espécie de trégua poderiam garantir a paz social e viver na felicidade. Pela celebração do pacto, o Estado é criado e erigido à categoria de protetor universal. Cada homem transfere espontaneamente uma parcela dos seus direitos ao soberano e as- sim o Estado se constitui. © Filosofia Política70 Lemos no capítulo XVII do Leviatã: O acordo dos homens surge apenas através de um pacto, isto é, artificialmente. Portanto, não é de admirar que seja necessária al- guma coisa mais, além de um pacto, para tornar constante e dura- douro seu acordo: ou seja, um poder comum que os mantenha em respeito, e que dirija suas ações no sentido do benefício comum. A única maneira de instituir um tal poder comum, capaz de defendê- -los das invasões dos estrangeiros e das injúrias uns dos outros, ga- rantindo-lhes assim uma segurança suficiente para que, mediante seu próprio labor e graças aos frutos da terra, possam alimentar-se e viver satisfeitos, é conferir toda sua força e poder a um homem, ou a uma assembléia de homens (...) (1983). Assim surge o nosso Estado e o conceito de soberania atre- lado à noção de poder absoluto e ilimitado. Ao soberano compete a proteção do povo e a defesa da paz, o poder de prescrever re- gras e julgar as controvérsias, o direito de escolher os ministros e funcionários do governo, a distribuição da propriedade privada, as decisões quanto à política externa. Observemos o capítulo XVIII do Leviatã: São estes os direitos que constituem a essência da soberania, e são as marcas pelas quais se pode distinguir em que homem, ou as- sembléia de homens, se localiza e reside o poder soberano. Porque esses direitos são incomunicáveis e inseparáveis. (...) Mas poderia objetar-se que a condição de súdito é muito miserável, pois se encontra sujeita aos apetites e paixões irregulares daquele ou daqueles que detêm em suas mãos poder tão ilimitado. (...) A condição do homem nunca pode deixar de ter uma ou outra in- comodidade, e que a maior que é possível cair sobre o povo em geral, em qualquer forma de governo, é de pouca monta quando comparada com as misérias e horríveis calamidades que acompa- nham a guerra civil, ou aquela condição dissoluta de homens sem senhor, sem sujeição às leis e a um poder coercitivo capaz de atar suas mãos, impedindo a rapina e a vingança (1983). Precisamos evitar a guerra a qualquer custo. Por isso, Hobbes conclui ser o Estado imprescindível na garantia dos direitos naturais do homem e julga necessária a centralização do poder nas mãos de um soberano. Somente um governo forte pode impedir a guerra e assegurar a paz. Hobbes permite entrever, contudo, um resquício de liberdade que será explorado e desenvolvido por Locke alguns Claretiano - Centro Universitário 71© U4 - Filosofia Política e a Teoria do Pacto Social anos mais tarde. Percebendo a incompatibilidade entre os meios e fins do estado de natureza, o homem havia renunciado aos seus direitos e celebrado o pacto com um claro objetivo: preservar a sua própria vida. Se o soberano deixa de proteger os fins de sua instituição, desaparece a razão do pacto social e o direito de obedecer. 7. jOhn lOCke e a teOria liberal A obra política de John Locke nutre-se de um século marcado não somente pelo espírito científico fundado na luz natural e na experiên- cia e pelas transformações ocorridas nas estrutu- ras do comércio e no mercado de trabalho, mas, sobretudo, pelo intenso conflito entre o poder monárquico absolutista e as camadas burguesas em ascensão. Teórico do empirismo, defensor da individualidade, do jusnaturalismo, do liberalis- mo econômico e da tolerância religiosa, Locke deixou importantes contribuições à história do pensamento político, tais como Cartas sobre a tolerância e Dois tratados sobre o governo civil. Concordando com Hobbes, Locke aponta a teoria do pacto social como fonte das origens das sociedades. Mas embora pense no horizonte do trinômio estado de natureza - contrato social - estado civil, isto é, identifique um estado de natureza limite das relações humanas e considere que a passagem ao estado civil seja mediada por um contrato firmado espontaneamente, o filósofo chega a conclusões diversas e refuta a necessidade de submissão incondicional ao poder soberano. No Primeiro tratado sobre o governo civil, Locke combate o absolutismo divino contestando os argumentos de uma tese se- gundo a qual os monarcas modernos descenderiam da linhagem de Adão, sendo herdeiros legítimos da autoridade patriarcal. No Segundo tratado sobre o governo civil, o filósofo esclarece o que Figura 3 John Locke (1632-1704). © Filosofia Política72 entende por poder político, explicando em que consiste a consti- tuição e a extensão do governo civil, estabelecendo parâmetros que viriam a influenciar todo um conjunto de revoluções liberais. Originalmente, os homens viviam num estado de liberdade e igualdade, estado de relativa paz e harmonia, em que seus di- reitos naturais eram preservados. No estado de natureza, todos possuíam direito à vida, à liberdade e à propriedade, uma vez que os bens adquiridos pelo trabalho eram considerados uma exten- são do próprio corpo. Ocorre, todavia, que uma sociedade sem governo instituído pode encerrar uma série de inconvenientes: a ausência de uma lei e de uma força de coerção que obrigue ao respeito dos direitos do outro pode incentivar que os indivíduos se voltem uns contra os outros, favorecendo o surgimento do estado de guerra. Daí a celebração do contrato, firmado para solucionar os abu- sos do convívio e proteger a propriedade e a comunidade contra os inimigos internos e externos. Por meio de um pacto de consen- timento, o contrato aparece como um meio artificial de aperfei- çoamento do estado de natureza, o governo surge para preservar direitos naturais preexistentes e colocá-los sob o amparo da lei. A intenção de Locke aparece nitidamente na introdução ao Segundo tratado sobre o governo. Nem a força, nem a tradição, apenas o consentimento dos governados é fonte do poder legíti- mo. Vejamos o que diz o filósofo sobre a origem e o estatuto do poder político: Tendo todas essas premissas sido, como me parece, claramente demonstradas, é impossível que os soberanos ora existentes sobre a Terra devam haurir algum benefício ou derivar que seja a menor sombra de autoridade daquilo que é considerado a fonte de todo o poder, o domínio particular e a jurisdição paterna de Adão (...). Julgo não ser descabido estabelecer o que considero como poder político – de modo a distinguir o poder de um magistrado sobre um súdito do de um pai sobre os filhos, de um amo sobre seu servidor, do marido sobre a esposa e de um senhor sobre seus escravos. Por estarem ocasionalmente todos esses diferentes poderes enfeixa- dos num mesmo homem, se este for considerado sob essas dife- Claretiano - Centro Universitário 73© U4 - Filosofia Política e a Teoria do Pacto Social rentes relações, será útil distinguir esses poderes entre si e mostrar a diferença entre o soberano de uma sociedade política, um pai de família e o capitão de uma galera. Considero, portanto, que o poder político é o direito de editar leis com pena de morte e, conseqüentemente, todas as penas meno- res, com vistas a regular e a preservar a propriedade, e de empre- gar a força do Estado na execução de tais leis e na defesa da socie- dade política contra os danos externos, observando tão-somente o bem público (1998). Nocapítulo VIII da mesma obra, intitulado Do início das so- ciedades políticas, Locke explica claramente como se dá o pacto social: Sendo todos os homens, como já foi dito, naturalmente livres, iguais e independentes, ninguém pode ser privado dessa condição nem colocado sob o poder político de outrem sem o seu próprio con- sentimento. A única maneira pela qual uma pessoa qualquer pode abdicar de sua liberdade natural e revestir-se dos elos da sociedade civil é concordando com outros homens em juntar-se e unir-se em uma comunidade, para viverem confortável, segura e pacificamen- te uns com outros, num gozo seguro de suas propriedades e com maior segurança contra aqueles que dela não fazem parte. Qual- quer número de homens pode fazê-lo, pois tal não fere a liberdade dos demais, que são deixados, tal como estavam, na liberdade do estado de natureza. Quando qualquer número de homens consen- tiu desse modo em formar uma comunidade ou governo, são, por esse ato, logo incorporados e formam um único corpo político, no qual a maioria tem o direito de agir e deliberar pelos demais (1998). Uma vez instituído o contrato pelo consentimento, podem os homens escolher como lhes aprouver a forma de governo para a consecução dos seus fins. E se o governo deixar de cumprir o seu fim, descumprir as leis ou desrespeitar o bem comum – o que equivale a um retorno ao estado de natureza? E se o governo se degenerar em tirania? Locke salienta que todo homem possui um direito de resistência à opressão. Contra o exercício ilegal do poder, podem os homens legitimamente resistir e até depor o governo, se preciso for. © Filosofia Política74 8. Jean-Jacques Rousseau e o contRato social O que a história do Ocidente conta como verdade, um órfão suíço do século 18, que se tor- naria um dos pensadores de maior influência no desenrolar dos acontecimentos, soube expressá- -lo em discursos críticos das desigualdades polí- ticas já tão fortemente enraizadas na sua época. Jean-Jacques Rousseau aparece aí como uns dos primeiros a enfrentar seriamente as questões do regime absolutista e sugerir substanciais mudan- ças no modo de pensar o Estado. Escolado no século das luzes e ao mesmo tempo crítico do Iluminismo, Rousseau oscila entre a confiança na razão e o ceti- cismo tanto para conhecer a realidade quanto para solucionar os problemas cotidianos por ela oferecidos. Em seu Discurso sobre as ciências e as artes, o filósofo não poupa esforços para demonstrar como o uso maléfico das artes e das ciências podem corromper os costumes e as virtudes. No seu Contrato social, o filósofo compõe o projeto que justifica uma real passagem do estado de natureza para o estado civil. O estado originário do homem é a felicidade, a liberdade e a igualdade. Mas as disputas e guerras ao longo da história trouxe- ram o homem a um estado de coisas em que sociedade e servidão se equivalem. Lemos na abertura do Contrato social: O homem nasceu livre e em toda parte se encontra sob ferros. De tal modo acredita-se o senhor dos outros, que não deixa de ser mais escravo que eles (1965). Dialogando com a tradição da Filosofia Política, especial- mente com aquela filiada à concepção do pacto, Rousseau ressalta que a sociedade política até então instituída nada mais era que o fruto de uma história de dominação. Para o filósofo suíço, o pacto perde sua aura de hipótese da realidade política para se converter em argumento do domínio. A sociedade surge com a desigualdade Figura 4 Jean-Jaques Rousseau (1712-1778). Claretiano - Centro Universitário 75© U4 - Filosofia Política e a Teoria do Pacto Social e os discursos que pregavam a alienação dos direitos em função da associação e união de todos nada disfarçavam da sua intenção de submeter. Em Discurso sobre a origem e o fundamento da desigualda- de entre os homens, encontrado na obra O contrato social e outros escritos, o autor afirma: Bastou muito menos que o equivalente deste discurso para sedu- zir homens grosseiros, fáceis de convencer (...). Todos correram a submeter-se aos grilhões, crendo que se asseguravam a liberdade, porque, possuindo demasiadas razões para sentir as vantagens de uma formação política, não possuíam suficiente experiência para prever os seus perigos; os mais capazes de pressentir os abusos eram precisamente os que contavam tirar proveito disso; e mes- mo os mais talentosos compreenderam que era preciso decidir-se a sacrificar uma parte de sua liberdade a fim de conservar a outra, como um ferido que se faz cortar o braço com o intuito de salvar o restante do corpo. Tal foi ou deveu ser a origem da sociedade e das leis que criaram novas peias para o fraco e novas forças para o rico, destruíram sem possibilidade de retorno a liberdade natural, fixaram para sempre a ordem da propriedade e da desigualdade, que, de uma astuciosa usurpação, fizeram o direito irrevogável, e, para proveito de alguns ambiciosos, sujeitaram, daí por diante, todo o gênero humano ao trabalho, à servidão, à miséria (1965, p. 189-190). Rousseau concebe o contrato social enquanto projeto. Com o seu planejamento, o filósofo pretende estabelecer as condições de possibilidade de um pacto legítimo, em que a liberdade natural, se não pode ser recuperada integralmente, seja ao menos substi- tuída pela liberdade civil. Os homens precisam encontrar uma for- ma de associação que proteja a todos sem, contudo, constranger a liberdade de cada associado, um modo de associação em que cada um só tenha que obedecer a si mesmo. Como encontrar a solução que atenda aos requisitos do con- trato? Como respeitar plenamente a condição de igualdade dos contratantes e assegurar a liberdade antes e depois do contrato? Aí está a principal novidade proposta pelo filósofo suíço: o exercí- cio da soberania pelo povo. © Filosofia Política76 Numa sociedade assim constituída, haverá apenas uma úni- ca submissão: à vontade geral. Os indivíduos passam a integrar um sujeito coletivo dotado de uma vontade geral. Pela formação de uma vontade geral que extrapole as vontades individuais, ao povo será atribuída a soberania e somente ele será a parte ativa e passi- va na elaboração e obediência às leis. Ademais, o processo de legitimação do governo não se dá pontualmente e de uma vez por todas, ele perdura após a funda- ção do corpo político – todo poder governamental deve ser limi- tado pelo poder do povo, tendo em vista que a vontade geral não pode ser transmitida, a soberania é inalienável e indivisível. Se, por motivos operacionais, precisamos reconhecer a necessidade de representantes para o exercício do governo, esses representan- tes nunca serão titulares da soberania ou de seus cargos e devem ser trocados permanentemente. Do início do Livro II do Contrato social, temos a seguinte passagem: A primeira e mais importante conseqüência dos princípios acima estabelecidos está em que somente a vontade geral tem possibili- dade de dirigir as forças do Estado, segundo o fim de sua institui- ção, isto é, o bem comum; pois, se a oposição dos interesses parti- culares tornou necessário o estabelecimento das sociedades, foi a conciliação desses mesmos interesses que a tornou possível. (...) Digo, pois, que outra coisa não sendo a soberania senão o exer- cício da vontade geral, jamais se pode alienar, e que o soberano, que nada mais é senão um ser coletivo, não pode ser representado a não ser por si mesmo; é perfeitamente possível transmitir o po- der, não porém a vontade. (...) Pela mesma razão que a torna inalienável, a soberania é indivi- sível, porque a vontade é geral, ou não o é; é a vontade do corpo do povo, ou apenas de uma de suas partes (1965). Rousseau não é somente um pensador político de notável envergadura. O forte apelo revolucionário de seus textos viria a influenciar as insurreições francesas do final do século 18 e dar fôlego às aspirações democráticas do outro lado do oceano. Bem vinculadoao espírito da época, um parágrafo retirado do final do Livro II do Contrato social demonstra como filosofia e política ca- minhavam pela mesma vereda: Claretiano - Centro Universitário 77© U4 - Filosofia Política e a Teoria do Pacto Social Se se procura saber em que consiste precisamente o maior dos bens, que deve ser o objetivo de todo sistema de legislação, achar- -se-á que se reduz a estes dois objetos principais: a liberdade e a igualdade. A liberdade, porque toda independência particular é ou- tra tanta força subtraída a corpo do Estado; a igualdade, porque a liberdade não pode subsistir sem ela (1965). 9. textOs COMpleMentares Texto 1 - Thomas Hobbes –––––––––––––––––––––––––––––– Leviatã, capítulo XIII: Da condição natural da humanidade relativamente à sua felicidade e miséria A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito, embora por vezes se encontre um homem manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera tudo isso em conjunto, a diferença entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que qualquer um possa com base nela reclamar qualquer benefício a que outro não possa também aspirar, tal como ele. Porque quanto à força corporal o mais fraco tem for- ça suficiente para matar o mais forte, quer por secreta maquinação, quer aliando-se com outros que se encontrem ameaçados pelo mesmo perigo. (...) Desta igualdade quanto à capacidade deriva a igualdade quanto à espe- rança de atingirmos nossos fins. Portanto se dois homens desejam a mes- ma coisa, ao mesmo tempo que é impossível ela ser gozada por ambos, eles tornam-se inimigos. E no caminho para seu fim (que é principalmente sua própria conservação, e às vezes apenas seu deleite) esforçam-se por destruir ou subjugar um ao outro. (...) Tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem é inimigo de todo homem, o mesmo é válido também para o tempo durante o qual os homens vivem sem outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua própria força e sua própria invenção. Numa tal situação não há lugar para a indústria, pois seu fruto é incerto; conseqüentemente não há cultivo de terra, nem navegação, nem uso das mercadorias que podem ser importadas pelo mar; não há construções confortáveis, nem instrumentos para mover e remover as coisas que precisam de grande força; não há reconhecimento da face da Terra, nem cômputo do tempo, nem artes, nem letras; não há sociedade; e o que é pior do que tudo, um constante temor e perigo de morte violenta. (...) Desta guerra de todos os homens contra todos os homens também isto é conseqüência: que nada pode ser injusto. As noções de bem e de mal, de justiça e injustiça, não podem aí ter lugar. Onde não há poder comum não há lei, e onde não há lei não há injustiça. Na guerra, a força e a fraude são as duas virtudes cardeais. A justiça e a injustiça não fazem parte das faculdades do corpo ou do espírito. Se assim fosse, poderiam existir num homem que estivesse sozinho no mundo, do mesmo modo que seus senti- dos e paixões. São qualidades que pertencem aos homens em sociedade, © Filosofia Política78 não na solidão. Outra conseqüência da mesma condição é que não há propriedade, nem domínio, nem distinção entre o meu e o teu; só pertence a cada homem aquilo que é capaz de conseguir, e apenas enquanto for capaz de conservá-lo. É pois esta a miserável condição em que o homem realmente se encontra, por obra da simples natureza. Embora com uma possibilidade de escapar a ela, que em parte reside nas paixões, e em parte em sua razão. As paixões que fazem os homens tender para a paz são o medo da morte, o desejo daquelas coisas que são necessárias para uma vida confortável, e a esperança de consegui-las através do trabalho. E a razão sugere ade- quadas normas de paz, em torno das quais os homens podem chegar a acordo (1983). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Texto 2 - Thomas Jefferson –––––––––––––––––––––––––––– Escritos políticos Carta a George Washington, Paris, 2 de maio de 1788. Eu era um inimigo ferrenho de monarquias antes de minha vinda à Europa. Sou dez mil vezes mais desde que vi o que elas são. Não há, dificilmente, um mal que conheça nestes países, cuja origem não possa ser atribuída a seus reis, nem um bem que não derive das pequenas fibras de republi- canismo existente entre elas. Posso acrescentar, com segurança, que não há, na Europa, cabeça coroada cujo talento ou cujos méritos lhe dessem o direito a ser eleito, pelo povo, conselheiro de qualquer paróquia da Amé- rica. Opinião do Gabinete, 28 de abril de 1793. Considero o povo que constitui a sociedade ou nação como a fonte de toda a autoridade nessa nação; como sendo livre para conduzir seus interesses comuns através de quaisquer órgãos que julgue adequados; para modifi- car esses órgãos individualmente ou sua organização na forma ou função sempre que lhe apraz; que todos os atos praticados por esses órgãos sob a autoridade da nação constituem atos dela, são obrigatórios para o povo e em vigor seu uso, não podendo, de forma alguma, ser anulados ou afe- tados por quaisquer mudanças na forma do governo ou das pessoas que o administram. Carta a François d’Ivernois, Monticello, 6 de fevereiro de 1795. Suspeito que a doutrina de que somente pequenos Estados se acham ap- tos para ser repúblicas será arrasada pela experiência juntamente com outras brilhantes falácias apregoadas por Montesquieu e outros escritores políticos. Talvez se descobrirá que, para se conseguir uma república justa (e é para assegurar nossos justos direitos que recorremos de qualquer modo ao governo), é preciso que ela tenha tal amplitude de modo a que egoísmos locais jamais atinjam a maior parcela; que em cada questão par- ticular se encontre, em seus conselhos, uma maioria livre de interesses privados que dê, portanto, uma prevalência uniforme aos princípios de justiça. Carta a Adamantios Coray, Monticello, 31 de outubro de 1823. Claretiano - Centro Universitário 79© U4 - Filosofia Política e a Teoria do Pacto Social Por possuirmos combinadas as bênçãos de liberdade e ordem, desejamos o mesmo para outros países e para nenhum país mais que o vosso (Gré- cia), que foi a primeira das nações civilizadas a apresentar exemplos do que o homem deve ser. Na verdade, não que as formas de governo adap- tadas a sua época e seu país sejam praticáveis ou devam ser imitadas em nossos dias, embora preconceitos a seu favor fossem bastante naturais a nosso povo. As circunstâncias do mundo modificaram-se muito para isso. (...) A igualdade de direitos para o homem e a felicidade de cada indivíduo são agora reconhecidas como os únicos objetivos legítimos do governo. Os tempos modernos têm agora também esta vantagem evidente, a de ter descoberto o único processo pelo qual esses direitos podem ser assegu- rados, a saber: governo pelo povo, agindo não em pessoa, mas por meio de representantes eleitos pelo povo, isto é, por todo homem maduro e são de espírito que contribua, quer com sua bolsa, quer com sua pessoa, para suporte do país (1973). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 10. questões autOavaliativas Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Como pensar o conceito de política para Maquiavel? 2) Como pensar o conceito de política para Hobbes? 3) Seria o pacto social uma referência ficcional ou uma realidade histórica? 4) Como pensar o conceito de política para Locke? 5) Como pensar o conceito de política para Rousseau? 11. COnsiderações Nesta unidade, estudamos a teoria do pacto social. Na pró- xima unidade, estudaremos a Filosofia Política na Modernidade e conheceremos os pensamentos de Kant e Hegel a respeito da po- lítica. © Filosofia Política80 12. e-RefeRências lista de figuras figura 1 Nicolau Maquiavel (1469-1527). Disponível em: <http://www.kuniyoshi.name/blog/index.php/mental/.../27-maquiavel?..>. Acesso em: 26 jun. 2012. figura 2 Thomas Hobbes (1588-1679). Disponível em: <http://www.one-eternal-day. com/2010_07_01_archive.html>. Acesso em: 26 jun. 2012. figura 3 John Locke (1632-1704). Disponível em: <http://www.portalsophia.org/index. php/blog/john-locke-1632-1704-sintese-entre-empirismo-e-liberalismo.html>. Acesso em: 26 jun. 2012. figura 4 Jean-Jaques Rousseau (1712-1778). Disponível em: http://www.culturabrasil. pro.br/rousseau.htm. Acesso em: 26 jun. 2012. 13. RefeRências bibliogRáficas BOBBIO, N. Teoria geral da política: a filosofia política e as lições dos clássicos. Tradução de Daniela Beccaccia Versani. Rio de Janeiro: Campus, 2000. ______. 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