Buscar

Todos - impressao

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 165 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 165 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 165 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CONTABILIDADE DE 
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Paula Pontes de Campos Rasera 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
O objetivo desta aula é introduzir o aluno aos conhecimentos da 
contabilidade de instituições financeiras em seus aspectos gerais e 
organizacional das operações financeiras. Esse conhecimento é fundamental 
para a formação do contador, que atuará no mercado das instituições financeiras 
e em finanças de empresas. Desenvolvendo, desse modo, conhecimento em 
operações com instrumentos financeiros para análise de viabilidade financeira. 
Iniciaremos pelos aspectos conceituais do Sistema Financeiro Nacional, 
discorrendo sobre suas estruturas. O Tema 2 deste material versa sobre juros e 
spread bancário. Em seguida, o Tema 3 irá descrever os produtos financeiros. O 
Tema 4 discorrerá sobre os riscos das instituições financeiras. Por fim, o Tema 
5 explicará a estrutura e o funcionamento do Plano Contábil das Intituições 
Financeiras (Cosif). 
CONTEXTUALIZANDO 
Por meio do Sistema Financeiro Nacional (SFN) viabiliza-se a relação 
entre agentes carentes de recursos para investimento e agentes capazes de 
gerar poupança e, consequentemente, em condições de financiar o crescimento 
da economia. Por agentes carentes de recursos entende-se aqueles que 
assumem uma posição de tomadores no mercado, isto é, que despendem de 
consumo e investimento com valores mais altos que suas rendas. Em 
contraponto, os agentes superavitários são aqueles capazes de gastar em 
consumo e investimento menos do que a renda auferida, formando um 
excedente de poupança. 
Por intermédio do Sistema Financeiro Nacional, a relação entre agentes 
econômicos deficitários e agentes superavitários torna-se viável e, assim, tais 
circunstâncias propiciam o desenvolvimento da economia. Entende-se como 
agentes deficitários aqueles indivíduos carentes de recursos para investimento, 
assumindo uma posição de tomadores de crédito no mercado, ou seja, 
consomem e investem montantes superiores à sua renda. Em contraponto, os 
agentes superavitários, aqueles com capacidade de poupar, consomem e 
investem valores inferiores à sua renda, gerando desse modo um superávit, 
aquilo que excede a poupança (Assaf Neto, 2018). 
 
 
3 
TEMA 1 – SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 
Neste primeiro Tema apresentaremos a estrutura do Sistema Financeiro 
Nacional (SFN) e as principais características das instituições financeiras que o 
compõem. Pode-se definir um Sistema Financeiro como um conjunto de 
instituições que são responsáveis pela intermediação do fluxo monetário 
entre os que poupam e os que investem. 
A origem começa em 1920 com a criação da Inspetoria Geral de Bancos, 
responsável pela fiscalização das instituições financeiras; em 1945, passa a 
existir um controle monetário com a fundação da Superintendência da Moeda e 
do Crédito (Sumoc); em 1952 constitui-se o Banco Nacional de Desenvolvimento 
Econômico e Social (BNDES); até que, em 1964, ocorre a Reforma do Sistema 
Financeiro Nacional por meio da Lei n. 4.595/1964, com as seguintes 
disposições: 
a. Criação do órgão normativo: Conselho Monetário Nacional (CMN); 
b. Transformação da Sumoc no Banco Central do Brasil (Bacen); 
c. Composição do SFN: Conselho Monetário Nacional (CMN), Banco Central 
do Brasil (Bacen), Banco do Brasil S/A, BNDES e demais instituições 
públicas e privadas. 
O Sistema Financeiro Nacional divide-se em dois subsistemas: 
1. Subsistema Normativo; 
2. Subsistema de Intermediação financeira (operativo). 
O subsistema normativo tem como função editar normas que definam os 
parâmetros para a transferência de recursos dos poupadores para os tomadores 
e supervisionar o funcionamento das instituições e entidades que exercem 
atividades de intermediação financeira. O subsistema normativo, conforme 
descrito por Filgueiras (2013) tem como atribuição publicar normas que definam 
os critérios para a transferência de recursos dos poupadores aos investidores e 
monitorar o desempenho das instituições e entidades que exercem operações 
de intermediação financeira. Sua estrutura é composta pelas instituições 
normativas: Conselho Monetário Nacional (CMN), Banco Central (Bacen), 
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e outras instituições classificadas como 
especiais: Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e 
Social (BNDES) e Caixa Econômica Federal (CEF). Ao passo que a função do 
 
 
4 
subsistema de intermediação financeira é operacionalizar a transferência de 
recursos do poupador para o tomador, de acordo com as regras estabelecidas 
pelas entidades que integram o sistema normativo. A composição do subsistema 
de intermediação financeira (operativo) é formada pelas instituições financeiras 
bancárias e não bancárias, instituições que compõem o Sistema Brasileiro de 
Poupança e Empréstimo, e outras instituições. 
1.1 Órgãos do Subsistema Normativo 
1.1.1 Conselho Monetário Nacional (CMN) 
Como órgão normativo e sem desempenhar atividade executiva, o 
Conselho Monetário Nacional (CMN) determina as funções e procedimentos de 
controle para o sistema financeiro nacional, além do exercício legislativo para as 
instituições financeiras públicas e privadas. As atribuições do CMN referem-se à 
concepção da política monetária e do crédito, delineando os interesses 
econômicos e sociais do país. Segundo a Lei n. 9.069/1995, o CMN é composto 
pelo Ministro do Estado da Fazenda, na qualidade de Presidente, Ministro do 
Estado de Orçamento e Gestão e o Presidente do Banco Central do Brasil. 
 
 
 
5 
Figura 1 – Estrutura do Sistema Nacional 
 
Fonte: Assaf Neto, 2018. 
Os atos normativos ocorrem por meio de deliberações por maioria de 
votos, denominando-se resoluções, publicados no Diário Oficial e divulgados 
pelo Banco Central do Brasil (Bacen). Conforme prescrito nos arts. 3° e 4° da Lei 
n. 4.595/1964, as principais atribuições da CMN são: 
 
 
6 
 Adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da 
economia nacional e seu processo de desenvolvimento; 
 Regular os valores interno e externo da moeda e o equilíbrio no balanço 
de pagamento do país; e, orientar a aplicação dos recursos das 
instituições financeiras; 
 Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos 
financeiros; e, zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras; 
 Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da 
dívida pública, interna e externa; e, fixar as diretrizes e normas da política 
cambial; 
 Disciplinar o crédito em todas as suas modalidades e as operações 
creditícias em todas as suas formas; e, regular a constituição, 
funcionamento e fiscalização dos que exercerem atividades subordinadas 
a Lei n. 4.595/1964, bem como as penalidades previstas; 
 Expedir normas gerais de contabilidade e estatística a serem observadas 
pelas instituições financeiras; 
 Determinar recolhimento de até 60% (sessenta por cento) do total dos 
depósitos e/ou outros títulos contábeis das instituições financeiras, seja 
na forma de subscrição de letras ou obrigações do tesouro nacional ou 
compra de títulos da dívida pública federal; e, disciplinar as atividades das 
bolsas de valores e dos corretores de fundos públicos. 
1.1.2 Banco Central do Brasil (BCB ou Bacen) 
O Banco Central é uma autarquia federal integrante do Sistema 
Financeiro Nacional (SFN), criado em 1964 por intermédio da Lei n. 4.595, atua 
como agente responsável do controle da oferta da moeda e do crédito, além da 
função de executor da política monetária e cambial do país. Define-se também 
como um banco fiscalizador, banco de penalidades e gestor do SFN. Fiscalizador 
do mercado financeiro ao estabelecer regras, limites e condutas das instituições. 
De penalidades ao facultar pela legislação, a intervenção e a liquidação 
extrajudicial em instituições financeiras. E, por fim,gestor do SFN ao enviar 
normas e autorizações, fomentando o controle das instituições financeiras e de 
suas operações. 
Destacam-se como principais atribuições de competência do Bacen: 
 
 
7 
 Fiscalizar as instituições financeiras, e quando necessário, aplicar as 
penalidades previstas em lei; e, conceder autorização às instituições 
financeiras para seu funcionamento; 
 Realizar e controlar as operações de redesconto e as de empréstimos 
dentro do âmbito das instituições financeiras bancárias; 
 Executar a emissão do dinheiro e controlar a liquidez do mercado – no 
brasil, a cunhagem (impressão) da moeda é realizada com exclusividade 
pela casa da moeda, e a emissão da moeda (entrega do numerário ao 
sistema bancário) é de responsabilidade do banco central; 
 Efetuar o controle do crédito, de capitais estrangeiros e receber os 
depósitos compulsórios dos bancos; e, efetuar operações de compra e 
venda de títulos públicos federais. 
1.1.3 Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi criada pela Lei n. 6.385/1976 
e tem a função de regular, controlar e disciplinar a emissão e a distribuição de 
valores mobiliários, tal como as atividades de instituições e empresas do 
mercado de capitais. A CVM é uma autarquia vinculada ao Ministério da 
Fazenda, atua sob a orientação do Conselho Monetário Nacional e seu quadro 
administrativo é composto por um presidente e quatro diretores, todos nomeados 
pelo Presidente da República. 
Como atribuições da Comissão de Valores Mobiliários destacam-se, entre 
outras: disciplinar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários; regulamentar, 
com observância da política definida pelo CMN, os dispositivos das Leis n. 
6.385/1976; 6.404/1976 e 10.303/2002; administrar registros instituídos pela Lei 
n. 6.385/1976; fixar limites máximos de preços e comissões cobradas pelos 
intermediários; fiscalizar companhias abertas (prioridade para aquelas que não 
distribuem dividendos); suspender negociação de determinado valor mobiliário; 
divulgar informações para orientar os participantes do mercado e conceder 
registro para negociação em bolsa e no mercado de balcão. 
 
 
 
8 
1.1.4 Agentes especiais 
1.1.4.1 Banco do Brasil (BB) 
O Banco do Brasil é uma sociedade anônima de capital misto, cujo 
controle acionário é exercido pela União, sendo o principal agente financeiro do 
Governo Federal. Assaf Neto (2018) argumenta que o Banco do Brasil é uma 
sociedade anônima de capital misto, de qual o controle acionário pertence à 
União Federal, constituindo-se como principal agente financeiro do governo. Em 
suas atividades, o Banco do Brasil desenvolve as seguintes funções: 
a. Agente Financeiro do Governo Federal – recebimento de tributos e 
rendas federais, realização de pagamentos do orçamento da União, 
recebimento de depósitos compulsórios e voluntários das instituições 
financeiras, efetivação de redescontos bancários e execução da política 
dos preços mínimos de produtos agropecuários; 
b. Banco Comercial – exercício das atividades próprias (contas correntes 
de pessoas físicas e jurídicas, caderneta de poupança, concessão de 
créditos de curto prazo, execução de operações de descontos etc.); 
c. Banco de Investimento e Desenvolvimento – operações com créditos 
de médio e longo prazo em algumas modalidades visando fortalecer o 
setor empresarial e rural do país. 
1. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) 
Fundado em 1952, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e 
Social (BNDES) teve seu início como uma autarquia federal, com personalidade 
jurídica própria e autonomia administrativa. Atualmente o BNDES subordina-se 
aos Ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, por meio da 
Lei n. 5.662/1971, em seu art. 1°, e se enquadra na categoria de empresa 
pública, dotada de personalidade jurídica de direito privado e patrimônio próprio. 
BNDES é uma empresa pública federal vinculada ao Ministério do 
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, tem um papel fundamental na 
execução da política de financiamento (médio e longo prazo) do Governo 
Federal, em áreas da indústria, comércio e agricultura. Geralmente, o BNDES 
atua por meio de agentes credenciados, embora algumas vezes opera de forma 
direta. Os agentes credenciados recebem uma comissão (del credere) pela 
 
 
9 
intermediação entre a instituição e o financiamento, responsabilizando-se 
solidariamente pela liquidação da dívida junto ao BNDES. 
O objetivo principal do BNDES é fomentar, por meio de várias linhas de 
crédito voltadas para os setores industrial e social, as empresas consideradas 
de interesse ao desenvolvimento do país. Os custos financeiros com operações 
diretas com BNDES são: TJLP + remuneração do BNDES + taxa de risco de 
crédito; e para as operações indiretas (agentes credenciados): TJLP + 
remuneração do BNDES + taxa de Intermediação Financeiras + remuneração da 
Instituição Financeira Credenciada. 
O objetivo principal do BNDES é estimular o desenvolvimento, 
disponibilizando linhas de crédito às empresas dos setores social e industrial. 
Assaf Neto (2018) explica os custos financeiros envolvidos em operações diretas 
com BNDES, por meio do seguinte modelo: taxa de juros de longo prazo (TJLP) 
+ provento do BNDES + taxa de risco de crédito; ao passo que para as operações 
indiretas, por meio de agentes credenciados, o cálculo segue este modelo: taxa 
de juros de longo prazo (TJLP) + provento do BNDES + taxa de intermediação 
financeira + provento do agente credenciado (IF). 
1.1.4.2 Caixa Econômica Federal (CEF) 
A Caixa Econômica Federal (CEF) é instituição financeira pública com 
objetivo social, atuando como órgão auxiliar do Governo Federal no cumprimento 
de sua política creditícia. A CEF, além de suas características de bancos 
comerciais e múltiplos, constitui-se como principal agente do SFH (Sistema 
Financeiro de Habitação) operando no financiamento da casa própria, 
especialmente no segmento de baixa renda. A origem dos recursos para o SFH 
é do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), poupança e fundos 
próprios dos agentes financeiros. 
Entre outros objetivos, as disposições de seus estatutos estão previstas 
funções, como: 
1. Administrar, com exclusividade, os serviços das loterias federais; 
2. Constituir-se no principal arrecadador do Fundo de Garantia do Tempo de 
Serviço (FGTS); 
3. Ter o monopólio das operações de penhor. 
 
 
 
10 
1.2 Instituições do Subsistema de Intermediações 
1.2.1 Instituições financeiras bancárias 
Compreendem os Bancos Comerciais, Bancos Múltiplos e Caixas 
Econômicas. Bancos comerciais são instituições financeiras sob a forma de 
sociedades anônimas, especializados em operações de crédito a curto e médio 
prazos que oferecem capital de giro para o comércio, indústria, agricultura, 
prestadoras de serviços e pessoas físicas. O atributo relevante dos bancos 
comerciais é a capacidade de criação de moeda determinada pelos depósitos à 
vista captados no mercado. 
As operações autorizadas se dividem em: ativas, especiais, acessórias e 
prestação de serviços. As principais operações ativas são disponibilizadas em 
créditos na forma de empréstimos pessoais, limite especial em conta corrente, 
descontos ou adiantamentos sob títulos comerciais, empréstimos para 
trabalhador rural etc., concessão de créditos por meio de descontos de títulos, 
crédito pessoal, crédito rural, adiantamentos sob caução de títulos comerciais, 
cheques especiais etc. Os recursos dessas instituições são provenientes, 
principalmente, dos depósitos à vista e a prazo (operações passivas), operações 
de redesconto bancário (operação ativa) e assistência financeira (operação 
acessória) e operações de câmbio (operação especial). 
Os bancos múltiplos emergem como reflexo da evolução dos bancos 
comerciais e crescimento do mercado. A propensão para se formaremconglomerados financeiros no mercado surgiu do empenho das Instituições 
Financeiras (IFs) em fomentar colaboração para suas operações, permitindo, 
dessa maneira, que outra instituição concluísse sua atividade de intermediação. 
Era também consequência do interesse dos bancos em promover uma 
cooperação em suas operações, possibilitando que uma instituição completasse 
sua atividade de intermediação. Sucessivamente, as autoridades monetárias 
regulamentaram o funcionamento dos bancos múltiplos, no qual é previsto uma 
formação com base em pelo menos duas atividades como banco comercial, 
banco de investimento e desenvolvimento, sociedade de crédito, financiamento 
e investimento e sociedade de crédito imobiliário (uma delas deve ser de banco 
comercial ou de banco de investimento). 
A tendência de se formarem conglomerados financeiros no mercado, 
conforme foi anteriormente discutido, era também consequência do interesse 
 
 
11 
dos bancos em promover sinergia em suas operações, permitindo que uma 
instituição completasse sua atividade de intermediação. A convivência da 
intermediação financeira com outras operações ativas dos bancos apresentava-
se como estratégica às pretensões de crescimento. 
1.2.2 Instituições financeiras não bancárias 
As instituições não bancárias não possuem, como os bancos comerciais, 
capacidade para emitir moeda ou meios de pagamento. Isto é, são instituições 
não habilitadas a obter recursos por intermédio de depósitos à vista. Incluem-se 
como instituições financeiras não bancárias: 
 Bancos de investimento – grandes detentores de crédito de médio e 
longo prazos no mercado, efetuam operações de maior escala: repasses 
de recursos oficiais de crédito e captados no exterior, operações de 
subscrição pública de valores mobiliários (ações e debêntures), lease-
back, financiamentos de bens de produção e operações de fusões e 
aquisições; 
 Bancos estaduais de desenvolvimento – instituições públicas estaduais 
que visam promover o desenvolvimento econômico e social da região em 
que atuam. Efetuam operações de empréstimos e financiamentos, 
arrendamento mercantil, garantias, entre outras; 
 Sociedades de arrendamento mercantil – operações de arrendamento 
mercantil (leasing) de bens nacionais, adquiridos de terceiros e 
destinados ao uso de empresas arrendatárias. Realizam operações de 
arrendamento (leasing) de bens móveis e imóveis nacionais comprados 
de terceiros, segundo as determinações do cliente (arrendatário), com a 
finalidade para o próprio uso do bem negociado; 
 Sociedades de crédito, financiamento e investimento – identificadas 
por financeiras, destinam-se ao financiamento de bens duráveis às 
pessoas físicas por meio do crédito direto ao consumidor (CDC). Realizam 
repasses de recursos governamentais, financiamento à profissionais 
autônomos e concessão de crédito pessoal. 
 Companhias hipotecárias – criada pela Resolução n. 2.122/1994, as 
CHs têm como objeto social a concessão de financiamentos imobiliários, 
de empréstimos e financiamentos, garantidos por hipoteca ou pela 
 
 
12 
alienação fiduciária, a administração de fundos de investimento 
imobiliário, repasses de recursos destinados ao financiamento imobiliário 
(art. 3° da Resolução n. 2.122/1994), financiamentos imobiliários 
residenciais ou comerciais, empréstimos garantidos por hipotecas ou 
alienação fiduciária de imóveis e repasses de recursos relacionados a 
programas imobiliários, além da administração de fundos de investimento 
imobiliário. 
 Bancos múltiplos sem carteira comercial ou de crédito imobiliário – 
concentram-se em financiamento de operações imobiliárias, prestam 
suporte financeiro para vendas de loteamentos, incorporações de prédios 
etc. Arrecadam recursos necessários por meio de letras imobiliárias e 
poupança; 
 Cooperativas de crédito – são instituições financeiras, autorizadas e 
supervisionadas pelo Baco Central, dedicadas a oferecer crédito e prestar 
serviços financeiros a seus associados. O papel de proprietários e clientes 
da cooperativa é exercido, ao mesmo tempo, pelos associados que 
colaboram na gestão e igualmente utilizam seus serviços e produtos. Os 
cooperados são, ao mesmo tempo, donos e usuários da cooperativa, 
participam da gestão e utilizam seus produtos e serviços. Os recursos são 
captados dos associados por meio de depósitos à vista e a prazo, e 
também de empréstimos, repasses e refinanciamentos de outras 
instituições financeiras. Classificam-se em cooperativas singulares, 
cooperativas centrais e confederações. Apesar de classificadas como 
instituições financeiras, as cooperativas de crédito possuem alguns 
aspectos diferentes: 
a. Sem finalidades lucrativas e não estão sujeitas a falência; 
b. Orientadas aos associados; 
c. Captação de depósitos à vista dos associados e não sujeitos a 
recolhimentos compulsórios no Banco Central. Classifica-se como 
instituição financeira não bancária devido a suas diversas 
características próprias. 
 Associações de Poupança e Empréstimo (APEs) – Instituições 
financeiras que favorecem a aquisição da casa própria aos associados 
(depositantes), além de obter, estimular e distribuir a poupança. 
Instituições financeiras criadas para facilitar aos associados a compra da 
 
 
13 
casa própria, bem como captar, incentivar e disseminar a poupança. Os 
depositantes se tornam associados da instituição; 
 Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) – O sistema 
financeiro de habitação é constituído pelas instituições integrantes do 
SBPE: Caixa Econômica Federal, sociedades de crédito imobiliário, 
associações de poupança e empréstimos e bancos múltiplos com carteira 
de crédito imobiliário. A captação de recursos (funding) dessas 
instituições é identificada principalmente pelas poupanças e pelo FGTS. 
1.2.3 Instituições auxiliares 
Estas instituições promovem a relação entre poupadores e investidores, 
facilitando o acesso destes àqueles: bolsas de valores (mercado à vista, 
mercados a termo, opções e futuros, mercado de balcão e caixas de liquidação), 
sociedades corretoras, sociedades distribuidoras e agentes autônomos de 
investimentos. 
1.2.4 Instituições não financeiras 
As sociedades de fomento comercial (factoring) são empresas comerciais 
(não financeiras) que operam por meio de aquisições de duplicatas como uma 
operação de desconto bancário. A diferença fundamental é que o risco do título 
negociado passa a ser de exclusiva competência da empresa de factoring, 
isentando a empresa-cliente da responsabilidade de recebimento. Para tanto, 
são cobrados juros da empresa-cliente que recebe o valor líquido pela operação. 
O propósito central de uma agência de fomento são operações como o 
financiamento do capital de giro e do capital fixo para negócios em projetos de 
desenvolvimento. Agência de fomento tem como objetivo principal o 
financiamento do capital fixo e de giro para empreendimentos previstos em 
programas de desenvolvimento, na unidade da Federação em que estiver 
sediada. 
1.2.5 Fintechs 
Fintechs são empresas que introduzem inovações nos mercados 
financeiros por meio do uso intenso de tecnologia, com potencial para criar novos 
modelos de negócios. Atuam por meio de plataformas online e oferecem serviços 
 
 
14 
digitais inovadores relacionados ao setor. No Brasil, há várias categorias de 
fintechs: de crédito, de pagamento, gestão financeira, empréstimo, investimento, 
financiamento, seguro, negociação de dívidas, câmbio e multisserviços. 
Podem ser autorizadas a funcionar no país dois tipos de fintechs de 
crédito para intermediação entre credores e devedores por meio de negociações 
realizadas em meio eletrônico: a Sociedade de Crédito Direto (SDC) e a 
Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP), cujas operações constarão do 
Sistema de Informações de Créditos (SCR). 
Os benefícios das fintechs são o aumento da eficiência e concorrênciano 
mercado de crédito, a rapidez e celeridade nas transações, a diminuição da 
burocracia no acesso ao crédito, a criação de condições para redução do custo 
do crédito, a inovação, e o acesso ao Sistema Financeiro Nacional. 
Conforme definição apresentada pelo BCB (2019), fintechs são empresas 
inovadoras em mercados financeiros por intermédio da utilização intensa de 
tecnologia, com capacidade em promover novos modelos de negócios. Operam 
por meio de plataformas online, disponibilizando serviços digitais 
transformadores para este setor. 
Esse tipo de empresa se distribuí em várias categorias: de crédito, de 
pagamento, gestão financeira, empréstimo, investimento, financiamento, seguro, 
negociação de dívidas, câmbio e multisserviços. No Brasil, estão autorizadas a 
funcionar dois tipos de fintechs: a Sociedade de Crédito Direto (SDC) e a 
Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP). 
Como benefícios pode-se citar o crescimento da eficiência e concorrência 
no mercado de crédito, velocidade nas transações, redução da burocracia para 
acessar o crédito, geração de condições para diminuição do custo do crédito, 
inovação e acesso ao Sistema Financeiro Nacional (BCB, 2019). 
TEMA 2 – JUROS E SPREAD BANCÁRIO 
Taxa de juros pode ser identificada como o custo do dinheiro. Em um 
empréstimo, os juros são remunerações pagas pelo tomador (captador) ao 
doador (aplicador) de recursos. Os fatores determinantes que afetam os juros 
são: 
1. A inflação; 
2. O risco da operação; 
 
 
15 
3. A liquidez de mercado; 
4. Risco do cenário econômico. No mercado financeiro, os efeitos dos juros 
exercem influência sobre os investimentos e financiamentos, no curto e a 
longo prazos. Em circunstâncias de juros elevados, investimentos são 
feitos em títulos de renda fixa devido a remuneração maior esperada, ao 
passo que em momentos de baixa, a remuneração maior para 
investimento são as ações (renda variável). Por meio dos instrumentos da 
política monetária, o governo pode intervir no mercado estabelecendo a 
fixação da taxa de juros. No brasil, o Sistema Especial de Liquidação e de 
Custódia (SELIC) representa a taxa básica de juros. 
2.1 Formação dos juros 
Entende-se como taxa de juros o preço do crédito em dimensão temporal. 
Os juros são a remuneração pela alocação de capital e corresponde ao preço 
pago pelo sacrifício de poupar. Isto é, o juro é a remuneração exigida por um 
agente econômico (poupador) ao optar pela prorrogação do consumo, pois 
transfere seus recursos a outro agente (tomador). É uma relação entre o poder 
de compra futuro e o poder de compra presente, por conseguinte o valor da taxa 
de juros é determinado pelas livres operações exercidas no mercado, e não 
prescrito por questões alheias ao seu domínio. Consequentemente, pode-se 
dizer que a taxa de juros é o resultado das interações das ações praticadas pelos 
agentes econômicos, equilibrando as decisões entre consumo e poupança. 
Segundo Keynes, a taxa de juros é a recompensa da renúncia à liquidez, 
é uma medida de relutância dos que possuem dinheiro alienar o seu direito de 
dispor deste. Portanto, corresponde a uma taxa de referência do processo de 
tomada de decisão. Esta decisão será atraente quando o retorno esperado da 
aplicação supere a taxa de juros do dinheiro utilizado. Nesse contexto, explica-
se a preferência por investimentos empresariais em momentos de baixos juros, 
enquanto cenários de elevadas taxas inibem investimentos em produtividade, 
criando uma distância entre a atividade econômica e o pleno emprego. 
Substancialmente, a noção básica de taxa de juros está relacionada ao 
entendimento da opção em termos temporais dos agentes econômicos 
envolvidos. Se um agente econômico aceitar receber R$ 100 hoje ou R$ 110 no 
final de 12 meses, significa que a sua taxa de preferência temporal é de 10%, ao 
passo que para outro agente esta taxa pode ser diferente segundo sua escolha 
 
 
16 
preferencial. Admitindo-se um mercado livre, a taxa de juros é a variável de 
ajuste que promove o equilíbrio entre a oferta e a demanda de moeda: M = L (r). 
Igualmente, pode ser observado a correspondência da taxa de juros com 
a expectativa do desempenho da economia. Nota-se a elevação da taxa no 
cenário de instabilidade econômica, devido ao reflexo natural da incerteza 
provocada nos agentes. O governo procura um equilíbrio no percentual de juros 
para a economia. Este nível ótimo se distingue pela redução da dívida pública 
ao menor custo da dívida, estimulando o crescimento econômico e 
recompensando os investidores com uma taxa real. Os juros exercem diversas 
consequências na economia: no curto prazo, age sobre a demanda e a inflação, 
e no longo prazo, influencia a poupança e a taxa de investimento. Ao reduzir os 
juros, retoma-se o crescimento e investimento da economia, do mesmo modo 
que ao elevar a taxa de juros para controlar a inflação pode proporcionar uma 
situação de recessão na economia. 
2.2 Spread bancário 
A função das Instituições Financeiras é a compra de dinheiro a 
determinado preço (taxa de captação) e o empréstimo deste ao preço maior que 
a compra (taxa de aplicação). Este ganho obtido pela compra/venda denomina-
se spread. O spread bancário é o resultado calculado pela diferença entre a taxa 
de empréstimo (custo do empréstimo) e a taxa paga ao poupador e entre o custo 
de um empréstimo e a remuneração paga ao poupador. Há inúmeros fatores que 
definem o spread bancário, destacando-se principalmente a liquidez, risco da 
operação e garantias oferecidas e maturidade. 
Segundo Assaf Neto (2018), o spread bancário é composto pelos 
seguintes fatores: taxa de captação, impostos indiretos e contribuições, 
despesas administrativas e judiciais, inadimplência, impostos sobre lucros e 
lucro da Instituição Financeira. 
Os fatores que compõem o spread bancário são apresentados a seguir: 
 Taxa de captação (incluindo custo do depósito compulsório sobre 
captação); 
 Impostos indiretos e contribuições (como PIS, COFINS e IOF); 
 Despesas administrativas e judiciais (cada unidade de crédito concedido); 
 
 
17 
 Inadimplência (relação provisão devedores duvidosos e crédito 
concedido); 
 Impostos sobre lucros (IR e CSLL); 
 Lucro do banco (formado pelas condições de negócios do mercado e risco 
de crédito concedido. 
TEMA 3 – PRODUTOS FINANCEIROS 
Os principais produtos financeiros (ativos e passivos) disponíveis no 
mercado financeiro são: certificado e recibo de depósito bancário (CDB/RDB), 
certificado de depósito interfinanceiro (CDI), hot money, desconto de duplicatas 
e notas promissórias, factoring, commercial papers, caderneta de poupança, 
crédito direto ao consumidor (CDC), recolhimentos compulsórios, custo da 
captação bancária, warrants, títulos conversíveis, export notes e títulos públicos. 
 Certificado/Recibo de Depósito Bancário (CDB/RDB) – títulos de renda 
fixa, representativos de depósitos a prazo realizados por pessoas físicas 
e pessoas jurídicas, e emitidos pelos Bancos Comerciais/Múltiplos, 
Bancos de Investimentos e Caixas Econômicas. A principal diferença 
entre CDB e RDB é a possibilidade de transferir o CDB a qualquer 
momento a outros investidores por endosso nominativo, enquanto o RDB 
é um título inegociável e intransferível antes de seu vencimento. A 
remuneração destes títulos se baseia em: 
a. Taxa prefixada; 
b. Taxa pós-fixada; 
c. Taxa flutuante, vinculada à variação de algum índice (exemplo: CDI). 
 Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI) – títulos que lastreiam as 
operações realizadas entre os bancos no mercado financeiro. As 
operações com CDI são geralmente realizadas por um dia, podendo ainda 
ocorrer transações por prazos maiores. Os CDIs negociados por um dia 
são conhecidos no mercado por Depósitos Interfinanceiros e, além disso, 
funcionam como uma taxa de referência diária para o mercado, o DI over. 
Esta taxa é conhecidano mercado por Taxa DI. Isentos de impostos e os 
juros são definidos pela denominada taxa over. 
 Hot Money – operações de curtíssimo prazo (um dia), visando atender às 
necessidades imediatas de caixa das empresas. Tem como referencial a 
 
 
18 
taxa CDI, acrescida de um spread cobrado pela instituição 
intermediadora. Incorre também em IOF calculado sobre a renegociação 
diária da taxa de juro. 
 Desconto de duplicatas e notas promissórias – operações bancárias de 
desconto são feitas sob o conceito de desconto simples por fora, no qual 
o juro incide sobre o montante da dívida, e não sobre o principal. Além do 
juro antecipado, e o imposto sobre operações financeiras (IOF), cobra-se 
uma taxa de abertura de crédito (TAC) para as despesas operacionais dos 
bancos. 
 Factoring – na operação factoring, os direitos creditórios resultantes das 
vendas mercantis a prazo são adquiridos da empresa-cliente. Dado que a 
empresa de factoring não é uma instituição financeira, não possui 
autorização para concessão de crédito. Esse tipo de operação adquire (e 
não desconta) os títulos de crédito procedentes da atividade empresarial 
de forma definitiva, assumindo o risco inerente ao crédito concedido pela 
empresa vendedora. O lucro da operação é obtido pela diferença entre o 
valor nominal dos créditos mercantis adquiridos e o preço pago pela 
compra desses títulos. 
 O factoring tradicional envolve a aquisição à vista de direitos creditórios 
provenientes de vendas a prazo realizadas por uma empresa-cliente. O 
factoring também é praticado pela intermediação na compra de matérias-
primas para empresas-clientes. Outra modalidade desta operação inclui 
um adiantamento de recursos por conta de vendas ainda não realizadas, 
obrigando a empresa-cliente a resgatar a operação junto à casa de 
factoring em data futura (efetiva comercialização). O valor de aquisição 
dos títulos de crédito é calculado pela aplicação de um fator. Neste fator 
estão incluídos os custos incorridos pela empresa de factoring como as 
despesas operacionais, impostos, custo de oportunidade do capital 
investido e margem de lucro esperada. 
 Commercial Papers – títulos de crédito que objetivam a captação pública 
de recursos para o capital de giro das empresas. Títulos de crédito de 
curto prazo, também conhecidos como Nota Promissória comercial, os 
quais são emitidos pelas empresas de capital aberto com a finalidade de 
captar recursos para financiar as necessidades de capital de giro. Este 
título tem baixo custo financeiro e é negociado no mercado, além de ser 
 
 
19 
um importante mecanismo de financiamento para as companhias de 
capital aberto alternativamente ao sistema bancário. Além dos juros 
pagos, a empresa emitente dos títulos incorre também em despesas de 
emissão, tais como registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), 
publicações etc. Commercial papers são negociados no mercado por um 
valor descontado (deságio), sendo recomprados pela empresa emitente 
pelo seu valor de face (valor nominal). As Notas Promissórias comerciais 
são intermediadas no mercado pelo valor com deságio aplicado, isto é, 
seu valor descontado, para depois serem adquiridos pela entidade 
emissora por seu valor nominal. Normalmente, os commercial papers 
apresentam boa liquidez, devido à possibilidade de recompra pela própria 
empresa emitente ou dealers. 
 Caderneta de poupança – aplicação mais popular do mercado financeiro 
brasileiro. Pode ser aplicado qualquer valor, tem liquidez imediata para o 
depositante, isenção de Imposto de Renda (IR) para pessoas físicas e 
baixo risco. A poupança tem uma “data de aniversário”, que é o dia em 
que foi efetuado o depósito (aplicação). Em caso de retiradas antes da 
data de aniversário, a poupança não paga nenhum rendimento sobre o 
valor sacado. A remuneração atual da caderneta de poupança é a Taxa 
Referencial (TR) mais 0,5% ao mês. Caso a taxa Selic seja igual ou menor 
que 8,5% a.a., os rendimentos da Poupança serão calculados em 70% da 
taxa Selic mais a variação da TR (taxa referencial de juros). 
 Crédito Direto ao Consumidor (CDC) – operação de financiamento 
direcionada para aquisição de bens e serviços pelo consumidor ou usuário 
final. Os encargos de uma operação de CDC são basicamente juros e a 
cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). 
 Recolhimentos compulsórios – são determinados pelo Banco Central do 
Brasil e incide, atualmente, sobre os depósitos à vista, depósitos a prazo 
(poupança), fundos de investimento e recursos em trânsito. O 
recolhimento compulsório sobre os depósitos a prazo corresponde a uma 
porcentagem das captações efetuadas pelas instituições financeiras por 
meio de CDB/RDB e letras de câmbio. Se o depósito no Banco Central for 
sem remuneração, há uma redução na rentabilidade apurada pelo fundo 
equivalente ao percentual do recolhimento. Os depósitos à vista nos 
 
 
20 
bancos comerciais e múltiplos têm aplicações compulsórias bastante 
rígidas, restando poucos recursos para aplicações livres. 
 Custo da captação bancária – no custo da captação o banco considera as 
alternativas de aplicações dos recursos e as taxas de juros de mercado. 
 Warrants – opção de compra, dentro de um prazo preestabelecido, de 
certa quantia de ações a determinado preço, definida por preço de 
exercício. 
 Títulos de garantia, emitidos pela empresa responsável pela proteção e 
cura das mercadorias. Estes títulos podem ser negociados ou vendidos 
assegurando ao seu portador a propriedade do objeto (mercadoria) em 
custódia. 
 Títulos conversíveis – forma de opção do investidor em adquirir ações da 
empresa emitente a um preço e quantidade previamente definidos. A 
empresa assume o compromisso de resgatar o título ao final do prazo de 
emissão pelo seu valor de face, desde que não tenha sido convertido em 
ações. 
 Os títulos conversíveis representam uma opção ao investidor para a 
compra de ações a determinado preço e quantidade previamente 
estabelecidos. A empresa emissora destes títulos compromete-se a 
resgatar, no final do prazo, o título pelo valor nominal, caso a conversão 
em ações não tenha ainda ocorrido. 
 Export note – título representativo de uma operação de cessão de créditos 
de exportação, sendo lastreado em negociações de vendas a 
importadores estrangeiros. Igualmente denominado notas de exportação 
corresponde à cessão de créditos de exportação, ou seja, são títulos 
representados por contratos para financiar as vendas dos exportadores 
ao exterior. Assim, nestes contratos ocorre a cessão dos direitos de venda 
aos investidores oriundos dos acordos de exportação, recebendo em 
troca pagamento em moeda local. Empresas com moeda estrangeira no 
passivo podem fazer hedge cambial adquirindo export notes, protegendo-
se contra as variações cambiais. 
 Títulos públicos – a emissão de títulos públicos apresenta dois grandes 
objetivos: financiar os déficits orçamentários do Governo e também servir 
como instrumentos de execução da política monetária. Ao vender títulos 
públicos no mercado, o Banco Central retira dinheiro de circulação, 
 
 
21 
reduzindo a liquidez da economia. Na recompra desses títulos o efeito é 
inverso: a autoridade monetária eleva os meios de pagamento. 
TEMA 4 – RISCOS DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS 
O risco no mercado financeiro pode ser entendido como a probabilidade 
de perda em razão de uma exposição ao mercado. As perdas no mercado 
financeiro decorrem principalmente de eventos relacionados às variações nas 
taxas de juros e nos preços de mercado. Assaf Neto (2018) relata a relevância 
em adotar políticas para a redução do risco, ressaltando que é fundamental aos 
bancos uma eficiente gestão do risco, dado que alavanca seu grau 
competitividade no mercado além de estabelecer estratégias de atuação. O autor 
considera que a gestão de risco é relevante para reconhecer a exposiçãoda 
entidade ao risco e sua fragilidade; reduzir as perdas financeiras; proteger o 
capital da entidade. Para as instituições financeiras, os riscos são provenientes 
de suas operações e demais atividades, como a concessão de créditos, 
obtenção de recursos, variações do mercado (taxas de juros), erros internos, 
falhas de controle etc. Uma vez que o risco não possa ser eliminado, é essencial 
que sejam adotadas medidas para minimizá-lo. Uma eficiente gestão de risco é 
essencial para a competitividade dos bancos e estabelecimento de suas 
estratégias de atuação. Assim, a gestão de risco é fundamental para: 
1. Identificar a exposição da empresa ao risco e identificar seus aspectos 
mais frágeis; 
2. Minimizar perdas financeiras; 
3. Imunizar o capital da empresa. Os riscos financeiros de um banco podem 
se originar de suas diversas atividades operacionais, tais como créditos 
concedidos, captações, variações das taxas de juros de mercado, falhas 
internas e controle, entre outras. 
A existência da assimetria de informações no mercado financeiro reflete 
no funcionamento de todo o sistema, causando transtornos na atividade 
econômica. Assimetria informacional refere-se às situações em que os agentes 
participantes de uma transação possuem informações diferentes, em volume e 
qualidade. Essa assimetria limita a competição do mercado, dificultando a 
formação eficiente dos preços dos ativos. Em outros termos, a assimetria 
impossibilita que todos os agentes detenham as mesmas informações. A título 
 
 
22 
de exemplificação, o agente que requere crédito possui mais informações sobre 
sua verdadeira capacidade de pagamento e alocação que fará do capital 
emprestado que o credor. Percebe-se que em toda transação financeira sempre 
existirá uma questão relacionada a assimetria de informações. 
A assimetria informacional promove uma precificação incorreta dos bens 
negociados no mercado. O desequilíbrio das informações ocasiona divergência 
na precificação dos ativos comercializados no mercado. A falta de informações 
com relação à transação e comportamento dos agentes eleva a incerteza da 
transação financeira realizada e gera custos. Sem o acesso às informações 
necessárias para uma adequada avaliação da operação, a assimetria 
informacional ocasiona dessa maneira o encarecimento do dinheiro. As taxas de 
juros cobradas são mais altas, pois não há condições de identificar a real 
qualidade do devedor. Assim, bons pagadores são penalizados ao pagar 
encargos financeiros acima do nível adequado para a operação, e os maus 
pagadores terminam por obter ganhos visto que estariam dispostos a pagar juros 
mais altos para conseguirem o empréstimo. No mercado financeiro, a assimetria 
informacional traz ineficiência para a atividade econômica por meio de dois 
problemas: (1) risco moral (moral hazard) e (2) seleção adversa. 
O risco moral (moral hazard) se refere à possibilidade do tomador de 
recursos, após a transação efetuada, alterar sua capacidade de pagamento por 
mudanças inapropriadas em seu comportamento. O risco moral é explicado pela 
assimetria de informações em uma operação de crédito, quando o agente 
financeiro possui mais informações sobre sua capacidade de pagamento que a 
outra parte. Efetivamente, o risco moral emerge após a realização do negócio, 
pois não há como o principal (instituição doadora de recursos) acompanhar 
exatamente as ações (comportamento) do agente tomador. Exemplo de risco 
moral: as companhias de seguro gostariam de saber dos seus segurados sobre 
os cuidados que tomam para evitarem acidentes com seus veículos segurados. 
Seleção adversa, também originada pela assimetria de informações, 
ocorre em uma transação entre as partes em que não há uma concordância 
sobre a efetiva qualidade do bem objeto da transação, ocasionando uma queda 
no preço, ao elevar a taxa de desconto do título, ou reduzir o interesse no ativo. 
Por conseguinte, devido à seleção adversa, ativos de diferentes qualidades 
serão negociados no mercado pelo mesmo preço, criando uma ineficiência nas 
transações. Exemplo de seleção adversa: no momento da compra de ativos, os 
 
 
23 
investidores esperam saber o retorno dos ativos. No mercado financeiro, as 
consequências da seleção adversa se refletem na dificuldade em distinguir os 
bons (baixo risco) e maus pagadores (alto risco) previamente em uma operação 
de financiamento. A teoria da sinalização pode ser utilizada para reduzir (ou 
eliminar) os problemas gerados pela seleção adversa, desde que a informação 
(sinal) transmitida seja verdadeira e acurada. A sinalização é efetuada pela parte 
melhor informada e direcionada para a parte menos informada, visando resolver 
um conflito de assimetria de informações. 
Em relação aos riscos financeiros que as instituições financeiras 
enfrentam atualmente classificam-se em: 
a. Risco de Variação das Taxas de Juros – exposição da instituição 
financeira ao risco de variação de taxas de juros quando os prazos entre 
seus ativos (aplicações) e passivos (captações) são trabalhados de forma 
desunida; 
b. Risco de Crédito – possibilidade de inadimplência dos valores a receber 
(principal e rendimentos e juros) em sua carteira de ativos recebíveis; 
c. Risco de Mercado – as perdas decorrentes de comportamentos adversos 
nos índices de inflação, taxas de juros, taxa de câmbio, indicadores de 
bolsas de valores, preços de commodities, derivativos etc.; 
d. Risco Operacional – risco de perdas (diretas ou indiretas) determinadas 
por erros humanos, falhas nos sistemas de informações e computadores, 
fraudes, eventos externos, entre outras; probabilidade da circunstância de 
perdas consequentes de eventos externos ou de falha, deficiência ou 
inadequação de processos internos, pessoas ou sistemas (Resolução n. 
4.557/2017, art. 32); 
e. Risco de Câmbio ou Risco de Variação Cambial – em caso de aplicação 
no exterior pode ocorrer a tendência da moeda se desvalorizar em relação 
à moeda de sua economia, determinando um retorno menor na operação; 
f. Risco Soberano – em caso de operações em outros países, pode ocorrer 
restrições pelo país estrangeiro ao impor fluxos de pagamentos externos; 
g. Risco de Liquidez – disponibilidade imediata de caixa diante demandas 
dos depositantes e tomadores (titulares de passivos) de uma instituição 
financeira; e probabilidade da instituição não cumprir com suas 
obrigações esperadas e inesperadas, correntes e futuras, incluindo as 
decorrentes de vinculação de garantias, sem afetar suas operações 
 
 
24 
diárias e sem incorrer em perdas significativas (Resolução n. 4.557/2017, 
art. 37); 
h. Risco Legal – falta de legislação atualizada e eficiente em relação ao 
mercado financeiro ou eventual nível de desconhecimento jurídico na 
realização dos negócios. 
Com fundamento de que, muitas vezes, não é possível eliminar totalmente 
o risco, é essencial um eficaz planejamento por parte das instituições financeiras 
para administrar os riscos, avaliar a potencial perda por um evento (alteração de 
preços, taxas de mercado etc.) e respectiva probabilidade de ocorrência. 
TEMA 5 – ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA COSIF 
A competência para emissão de normas gerais de contabilidade a serem 
observadas pelas instituições financeiras é do Conselho Monetário Nacional, 
sendo que as normas específicas são elaboradas pelo Banco Central do Brasil, 
por meio do Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional 
(Cosif), cujos objetivos são: 
 Possibilitar o acompanhamento do Sistema Financeiro; 
 Estabelecer regras, critérios e procedimentos necessários à obtenção e 
divulgação de dados; 
 Racionalizar a utilização de contas; 
 Uniformizar os registros contábeis dos atos e fatos. 
As normas e procedimentos, bem como as demonstrações padronizadas 
previstas no Cosif, são de uso obrigatório para: 
Quadro 1 – Usos obrigatórios das normas e procedimentos do Cosif1. Bancos múltiplos; 
2. Bancos comerciais; 
3. Bancos de desenvolvimento; 
4. Caixas econômicas; 
5. Bancos de investimento; 
6. Bancos de câmbio; 
7. Sociedades de créditos, financiamento 
e investimento; 
8. Sociedades de crédito ao 
microempreendedor; 
9. Sociedade de crédito imobiliário e 
associações de poupanças e 
empréstimos; 
10. Sociedades de arrendamento mercantil; 
11. Sociedades corretoras de títulos e 
valores mobiliários e câmbio; 
12. Sociedades distribuidoras de títulos e 
valores mobiliários; 
13. Cooperativas de crédito; 
14. Fundos de investimento; 
15. Companhias hipotecárias; 
16. Agências de fomento; 
17. Administradoras de consórcio; 
18. Empresas em liquidação extrajudicial. 
 
 
25 
Conforme estabelecido pelo BCB, as normas, procedimentos e 
demonstrações determinadas no COSIF são obrigatórios para os bancos 
múltiplos, comerciais, de desenvolvimento, caixas econômicas, bancos de 
investimento, de câmbio, sociedades de créditos, financiamento e investimento, 
de crédito ao microempreendedor, de crédito imobiliário e associações de 
poupanças e empréstimos, de arrendamento mercantil, corretoras de títulos e 
valore mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, 
cooperativas de crédito, fundos de investimento, companhias hipotecárias, 
agências de fomento, administradoras de consórcio e empresas em liquidação 
extrajudicial (BCB, 2019). 
Por intermédio da Circular n. 1.273, emitida em 29 de dezembro de 1987, 
estabelece-se que a estrutura do COSIF se divide em quatro partes: 
 Capítulo 1: Normas básicas – neste capítulo apresentam-se os princípios, 
normas, critérios e procedimentos contábeis a serem utilizados pelas 
instituições que fazem parte do Sistema Financeiro Nacional (SFN). 
 Capítulo 2: Elenco de Contas – neste capítulo estão indicadas as contas 
contábeis do COSIF bem como a função de cada conta apresentada. 
 Capítulo 3: Documentos – neste capítulo apresentam-se os modelos 
contábeis a serem preparados pelas instituições que fazem parte do SFN 
para sucessiva remessa ao Bacen ou publicados pelas Instituições 
Financeiras (IFs). 
 Capítulo 4: Anexos – apresentação das normas editadas por outros 
organismos (CPC, Ibracon etc.) que foram recepcionadas para aplicação 
às instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar 
pelo Banco Central do Brasil. 
A escrituração deve ser completa, mantendo-se em registros 
permanentes todos os atos e fatos administrativos que modifiquem ou venham 
a modificar, imediatamente ou não, sua composição patrimonial. O simples 
registro contábil não constitui elemento suficientemente comprobatório, devendo 
a escrituração ser fundamentada em comprovantes hábeis para a perfeita 
validade dos atos e fatos administrativos. No caso de lançamentos via 
processamento de dados, tais como: saques em caixa eletrônico, operações 
"online" e lançamentos fita a fita, a comprovação faz-se mediante listagens 
extraídas dos registros em arquivos magnéticos. 
 
 
26 
Segundo o item 3, da subseção 2. Escrituração, o COSIF estabelece que 
a escrituração deve ser completa, mantendo-se em registros permanentes todos 
os atos e fatos administrativos que modifiquem ou venham a modificar, 
imediatamente ou não, sua composição patrimonial. O item 4 da mesma 
subseção prescreve que o simples registro contábil não constitui elemento 
suficientemente comprobatório, devendo a escrituração ser fundamentada em 
comprovantes hábeis para a perfeita validade dos atos e fatos administrativos. 
No caso de lançamentos via processamento de dados, tais como: saques em 
caixa eletrônico, operações on-line e lançamentos fita a fita, a comprovação faz-
se mediante listagens extraídas dos registros em arquivos magnéticos.1 
Conforme disposições legais e exigências regulamentares específicas 
atinentes à escrituração, observam-se, ainda, os princípios fundamentais de 
contabilidade, cabendo à instituição: 
1. Adotar métodos e critérios uniformes no tempo. As modificações 
relevantes devem ser evidenciadas em notas explicativas, quantificando-
se os efeitos nas demonstrações financeiras; 
2. Registrar as receitas e despesas no período em que elas ocorrem e não 
na data do efetivo ingresso ou desembolso, em respeito ao regime de 
competência; 
3. Fazer a apropriação mensal das rendas, inclusive mora, receitas, ganhos, 
lucros, despesas, perdas e prejuízos, independentemente da apuração de 
resultado a cada seis meses; 
4. Apurar os resultados em períodos fixos de tempo, observando os períodos 
de 1º de janeiro a 30 de junho e 1º de julho a 31 de dezembro; 
5. Proceder às devidas conciliações dos títulos contábeis com os respectivos 
controles analíticos e mantê-las atualizadas, conforme determinado nas 
seções próprias deste Plano, devendo a respectiva documentação ser 
arquivada por, pelo menos, um ano. 
Quanto aos princípios fundamentais de contabilidade referentes à 
escrituração, conforme disposto no item 5, da subseção 2. Escrituração, cabe à 
instituição:2 
 
1 BCB – Banco Central do Brasil. Plano contábil das instituições do Sistema Financeiro Nacional – 
COSIF. Disponível em: <https://www3.bcb.gov.br/aplica/cosif/completo>. Acesso em: 15 out. 2019. 
2 Op. cit. 
 
 
27 
1. Adotar métodos e critérios uniformes no tempo. As modificações 
relevantes devem ser evidenciadas em notas explicativas, quantificando-
se os efeitos nas demonstrações financeiras; 
2. Registrar as receitas e despesas no período em que elas ocorrem e não 
na data do efetivo ingresso ou desembolso, em respeito ao regime de 
competência; 
3. Fazer a apropriação mensal das rendas, inclusive mora, receitas, ganhos, 
lucros, despesas, perdas e prejuízos, independentemente da apuração de 
resultado a cada seis meses; 
4. Apurar os resultados em períodos fixos de tempo, observando os períodos 
de 1º de janeiro a 30 de junho e 1º de julho a 31 de dezembro; 
5. Proceder às devidas conciliações dos títulos contábeis com os respectivos 
controles analíticos e mantê-las atualizadas, conforme determinado nas 
seções próprias deste Plano, devendo a respectiva documentação ser 
arquivada por, pelo menos, um ano. 
A forma de classificação contábil de quaisquer bens, direitos e obrigações 
não altera, de forma alguma, as suas características para efeitos fiscais e 
tributários, que se regem por regulamentação própria. 
O fornecimento de informações inexatas, a falta ou atraso de conciliações 
contábeis e a escrituração mantida em atraso por período superior a 15 (quinze) 
dias, subsequentes ao encerramento de cada mês, ou processados em 
desacordo com as normas consubstanciadas no Cosif, colocam a instituição, 
seus administradores, gerentes, membros do conselho de administração, fiscal 
e semelhantes, sujeitos a penalidades cabíveis, nos termos da lei (Sugiro dar 
uma lida na Lei n. 13.506/2017). 
O profissional habilitado, responsável pela contabilidade, deve conduzir a 
escrituração dentro dos padrões exigidos, com observância dos princípios 
fundamentais de contabilidade, atentando, inclusive, à ética profissional e ao 
sigilo bancário, cabendo ao Banco Central providenciar comunicação ao órgão 
competente (sejam os Conselhos de Classe ou a Comissão de Valores 
Mobiliários), sempre que forem comprovadas irregularidades, para que sejam 
aplicadas as medidas cabíveis. 
Eventuais consultas quanto à interpretação de normas e procedimentos 
previstos no Cosif, bem assim a adequação a situações específicas, devem ser 
dirigidas ao Banco Central/Departamento de Normas do Sistema Financeiro 
 
 
28 
(Denor), com trânsito, para instrução, pela Delegacia Regional sob cuja 
jurisdição encontra-se a sede da instituição, obrigatoriamente firmadas pelo 
diretor e pelo profissional habilitado responsável pela contabilidade. 
A existência de eventuais consultas sobre a interpretaçãode normas 
regulamentares vigentes ou até mesmo sugestões para o reexame de 
determinado assunto não exime a instituição interessada do seu cumprimento. 
Quanto à classificação, o item 6 da subseção 2. Escrituração descreve 
que a forma de classificação contábil de quaisquer bens, direitos e obrigações 
não altera, de forma alguma, as suas características para efeitos fiscais e 
tributários, que se regem por regulamentação própria3. 
No item 7 da subseção 2. Escrituração explanam a sujeição à penalidades 
quando do fornecimento de informações inexatas, a falta ou atraso de 
conciliações contábeis e a escrituração mantida em atraso por período superior 
a 15 (quinze) dias, subsequentes ao encerramento de cada mês, ou processados 
em desacordo com as normas consubstanciadas no Cosif, colocam a instituição, 
seus administradores, gerentes, membros do conselho de administração, fiscal 
e semelhantes, sujeitos a penalidades cabíveis, nos termos da lei (Sugiro dar 
uma lida na Lei n. 13.506/2017)4. 
A responsabilidade da escrituração contábil está descrita no item 8 da 
subseção 2. Escrituração: 
O profissional habilitado, responsável pela contabilidade, deve 
conduzir a escrituração dentro dos padrões exigidos, com observância 
dos princípios fundamentais de contabilidade, atentando, inclusive, à 
ética profissional e ao sigilo bancário, cabendo ao Banco Central 
providenciar comunicação ao órgão competente (sejam os Conselhos 
de Classe ou a Comissão de Valores Mobiliários), sempre que forem 
comprovadas irregularidades, para que sejam aplicadas as medidas 
cabíveis. 
Para interpretação de normas e procedimentos contábeis do Cosif, 
segundo o item 9 da subseção 2. Escrituração, a instituição financeira deve se 
dirigir ao Banco Central/Departamento de Normas do Sistema Financeiro 
(Denor)5. 
Por fim o item 10 da subseção 2. Escrituração explica que a existência de 
eventuais consultas sobre a interpretação de normas ou sugestões para o 
 
3 Op. cit. 
4 Op. cit. 
5 Op. cit. 
 
 
29 
reexame de determinado assunto não exime a instituição interessada do seu 
cumprimento.6 
A Lei n. 11.941/2009 determina que as instituições financeiras e demais 
entidades autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil devem observar 
as disposições da Lei n. 4.595/1964, e os atos normativos dela decorrentes. O 
ato normativo que rege a contabilização dessas instituições decorrente da Lei n. 
4.595/1964 cuja competência inicial era do Conselho Monetário Nacional (CMN) 
e delegada ao Banco Central (BACEN) foi o próprio Cosif. Assim, percebe-se 
que a classificação das contas do Cosif é diferente da classificação das contas 
da Contabilidade Societária. 
TROCANDO IDEIAS 
Para consolidar os conhecimentos adquiridos nesta aula, vamos realizar 
uma atividade de fórum. Você deverá articular as estruturas e conceitos 
aprendidos nesta aula introdutória sobre as principais estruturas do sistema 
financeiro nacional: a estrutura do SFN, juros e spread bancário, produtos 
financeiros, riscos das instituições financeiras e estrutura e funcionamento da 
COSIF. Para tanto, elabore uma opinião, expondo as principais estruturas, 
produtos e riscos supracitados do SFN e instituições financeiras no fórum, no 
qual o objetivo é debater com seus colegas. Essa atividade auxiliará na fixação 
dos conteúdos estudados. 
NA PRÁTICA 
Caro aluno, chegamos à última tarefa de nossa aula. Essa atividade tem 
cunho prático, para que você possa desenvolver essas habilidades durante o 
curso. Embora tenhamos aqui envolvido basicamente questões conceituais, 
iremos sempre fazer exercícios de abstração e reflexão de questões do mundo 
econômico. 
Pense, reflita, aplique os conceitos estudados sobre os riscos das 
instituições financeiras nesta aula e elabore uma resposta para a seguinte 
questão: qual seria uma das consequências que prejudicam o mercado 
financeiro e por quê? 
 
6 Op. cit. 
 
 
30 
Ao negociar as duplicatas com o banco, o gerente percebe a dificuldade 
em aceitar o valor do desconto oferecido pela instituição financeira devido ao 
valor da cobrança pelos juros antecipado do título ser muito elevado. Isso 
significa que, para conseguir a liquidez necessária ao capital de giro da empresa 
deverá insistir na negociação sinalizando o bom negócio da empresa. 
A sugestão de resolução encontra-se ao final deste documento. 
FINALIZANDO 
Esta aula tratou dos aspectos teóricos e estruturais do Sistema Financeiro 
Nacional que impactam diretamente as instituições financeiras. A estrutura do 
Sistema Financeiro Nacional tem fundamentos normativos e executivos para a 
formação das instituições financeiras, bem como regras e normas contábeis 
dentro do mercado financeiro. Como vimos nesta aula, a teoria econômica e a 
contabilidade das instituições são mecanismos fundamentais para a diminuição 
da assimetria de informação e dos riscos inerentes às instituições financeiras. 
No primeiro Tema desta aula, foram apresentados os principais conceitos 
e a estrutura do Sistema Financeiro Nacional, em especial sua composição e a 
descrição de cada entidade financeira. Após compreender sua estrutura, os 
Temas 2, 3, 4 e 5 trataram dos juros e spread bancário, produtos financeiros, 
riscos das instituições financeiras e estrutura e funcionamento da COSIF que 
estabelece os procedimentos de contabilização das instituições financeiras. 
O Tema 2 versou sobre as bases fundamentais, a formação dos juros e 
do spread bancário. O Tema 3 discorreu sobre os produtos financeiros presentes 
no mercado. O Tema 4 explicitou os riscos das instituições financeiras. Por fim, 
o Tema 5 concluiu esta aula demonstrando o papel da contabilidade dentro 
desse cenário do Sistema Financeiro Nacional, como um mecanismo de 
diminuição da assimetria informacional entre os agentes econômicos. 
 
 
 
 
31 
REFERÊNCIAS 
ASSAF NETO, A. A. Mercado financeiro. São Paulo: Atlas, 2018. 
BCB – Banco Central do Brasil. Sistema Financeiro Nacional (SFN). Disponível 
em: <https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/sfn>. Acesso em: 26 set. 
2019. 
FERREIRA, R. J. Contabilidade de instituições financeiras: teoria e questões 
comentadas. Rio de Janeiro: Ferreira, 2013. 
FILGUEIRAS, C. Manual de contabilidade bancária. Rio de Janeiro: Elsevier 
Brasil, 2013. 
LIMA, I. S.; LIMA, G. A. S. F.; PIMENTEL, R. C. Curso de mercado financeiro: 
tópicos especiais. São Paulo: Atlas, 2017. 
LOPES, A. B.; GALDI, F. C.; LIMA, I. S. Manual de contabilidade e tributação 
de instrumentos financeiros e derivativos (CPC 38, CPC 39, CPC 40, OCPC 
3, IAS 39, IAS 32, IFRS 7, normas da Comissão de Valores Mobiliários, do Banco 
Central do Brasil e da Receita Federal do Brasil). São Paulo: Atlas, 2011. 
NIYAMA, J. K.; GOMES, A. L. O. Contabilidade de instituições financeiras. 
São Paulo: Atlas, 2012. 
 
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/sfn
 
 
32 
RESPOSTA 
Esta aula tratou das consequências da assimetria informacional no risco 
das instituições financeiras. O aluno deverá relacionar uma das consequências 
provocadas pela assimetria informacional, risco moral e seleção adversa. Nesse 
caso prático, tratamos do clássico problema em que um agente econômico 
possui mais informações que o outro e essa assimetria de informação entre os 
diferentes agentes econômicos gera um efeito denominado seleção adversa. 
Assim, podemos explicar por que o valor dos juros antecipados cobrados pela 
instituição financeira ao gerente da empresa possui o valor da taxa de juros muito 
elevada quando poderia ser cobrado um menor valor. 
No caso prático apresentado, a consequência provocada pela assimetria 
informacional é a seleção adversa. Quando as partes de uma transação, neste 
caso o banco e a empresa (tomador) não alcançam um acordo sobre a efetiva 
qualidade da duplicataem transação, promovendo uma elevação da taxa de 
desconto do título. Dessa maneira, a seleção adversa faz com que ativos de 
diferentes qualidades sejam negociados no mercado pelo mesmo preço, criando 
uma ineficiência nas transações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTABILIDADE DE 
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Paula Pontes de Campos Rasera 
 
 
CONVERSA INICIAL 
O objetivo desta aula é apresentar a estrutura conceitual do arrendamento 
mercantil desde a ótica do arrendatário até a visão do arrendador. Entre outros 
assuntos, discorreremos sobre a última norma internacional publicada, IFRS 16 
(CPC 06 R2), referente ao processo de contabilização das duas classificações 
de arrendamento mercantil: financeiro e operacional. A legislação brasileira, por 
meio da Lei 6099/74, alterada pela Lei 7132/83, define o arrendamento mercantil 
da seguinte forma: 
Considera-se arrendamento mercantil, para os efeitos desta Lei, o negócio 
jurídico realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa 
física ou jurídica, na qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o 
arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora, segundo especificações da 
arrendatária e para uso próprio desta. 
Anteriormente à publicação da IFRS 16 (CPC 06 R2), diversas críticas 
foram colocadas pela contabilização do arrendamento mercantil, em específico 
aquele operacional, pois não apresentava disposições ao registro no balanço 
patrimonial da empresa arrendatária. Com o advento da nova norma, esta 
situação foi alterada conduzindo ao mesmo tratamento de contabilização ao 
arrendamento operacional e financeiro. 
Iniciaremos por arrendamentos mercantis na visão do arrendatário, 
discorrendo sobre os conceitos e avaliações. Em seguida, versaremos sobre a 
tomada de decisão em arrendamento mercantil, bem como suas características 
e impactos fiscais e operacionais nas empresas. Após, retomaremos o tópico 
arrendamentos mercantis, porém na visão do arrendador mediante suas análises 
para a operação de leasing. Explicaremos a superveniência e insuficiência de 
depreciação e, por fim, abordaremos os tópicos das mudanças à vista: o IFRS 
16 – arrendamentos. 
CONTEXTUALIZANDO 
O arrendamento mercantil tem sido objeto de estudo, reflexão e análise 
na literatura contábil e financeira. Um dos pontos mais controversos é responder 
à questão: quais os efeitos do arrendamento mercantil e do financiamento da 
dívida na estrutura de capital das empresas? Durante as discussões que serão 
abordadas nesta aula, desenvolveremos aprendizado sobre as operações de 
leasing (arrendamento mercantil) e habilidades cognitivas para a decisão desta 
 
 
3 
questão dicotômica financeira entre a imobilização do ativo por meio da 
aquisição ou direito de uso do bem pela operação de arrendamento mercantil. 
Vamos tratar de diversos aspectos do arrendamento mercantil, iniciando 
pela particularidade contratual entre três partes (arrendador, arrendatário e 
fornecedor), daremos enfoque à visão do arrendatário e à visão do arrendatário, 
discutiremos os pontos essenciais da tomada de decisão neste tipo de operação 
e outros aspectos importantes operacionais, contábeis e normativos. 
Diante disso, sugerimos a reflexão sobre os seguintes pontos no decorrer 
do texto: quais são os diferenciais relevantes que tornam a operação de 
arrendamento atraente sob a ótica do arrendatário e do arrendador? Quais riscos 
são reduzidos em uma companhia aérea que possui em sua frota aeronaves 
arrendadas? Qual a relação entre o leasing e a flexibilidade operacional? A 
seguir, daremos início aos nossos estudos para responder a todas essas 
questões. 
TEMA 1 – ARRENDAMENTOS MERCANTIS NA VISÃO DO ARRENDATÁRIO 
O arrendamento mercantil, também conhecido como leasing, é uma 
operação de financiamento que viabiliza o acesso do empresário (arrendatário) 
a bens de uso necessário ao funcionamento de sua empresa, sem ter que 
adquiri-los imediatamente. Esta operação é representada por um contrato no 
qual uma empresa (arrendadora) cede a terceiros (arrendatários) o direito de 
usar bens de sua propriedade durante um período determinado, o que pode ser 
visto como uma forma especial de financiamento. Estes bens de uso podem ser 
imóveis, automóveis, máquinas, equipamentos etc. 
Essencialmente, nessa modalidade, o arrendatário escolhe o bem 
conforme suas necessidades e, ao celebrar o contrato de arrendamento 
mercantil, solicita a compra à arrendadora. Assim, a propriedade do bem é da 
sociedade arrendadora, enquanto o uso, da empresa arrendatária. Ao final do 
prazo estabelecido contratualmente, a arrendatária pode solicitar uma 
prorrogação, devolver o bem à arrendadora ou adquiri-lo pelo preço determinado 
no contrato de arrendamento. 
Essas operações são classificadas em leasing financeiro e leasing 
operacional. A primeira operação tem como característica essencial o 
financiamento, com a possibilidade de transferência do bem para o arrendatário 
no final do prazo do contrato, ao passo que a característica da segunda operação 
 
 
4 
é a locação do bem e a devolução deste à arrendadora ao final do prazo 
contratado, possibilitando que o bem seja novamente arrendado. Ademais, no 
leasing operacional, as contraprestações da locação não podem ultrapassar 
75% do valor do bem, sendo de responsabilidade da arrendadora todas as 
despesas de manutenção. 
As operações de arrendamento mercantil são avaliadas por ambas as 
partes, arrendatário e arrendador. O arrendatário determinará se o arrendamento 
de um ativo é menos oneroso do que a aquisição, ao passo que o arrendador 
avaliará se os pagamentos pelo arrendamento proporcionam um retorno 
esperado sobre o capital investido no ativo arrendado. 
Nesse contexto, apesar da existência de um grau de incerteza sobre as 
decisões de arrendamento versus aquisição, podemos considerar a avaliação 
efetiva de um arrendamento por meio de uma simples análise, conforme 
sequência descrita a seguir: 
 A tomada de decisão da empresa pela aquisição de um imóvel ou 
equipamento ocorre por meio de procedimentos regulares do orçamento 
de capital. O enfoque da análise de arrendamento não está relacionado à 
decisão em adquirir ou não o ativo em questão, mas, sim, à obtenção do 
uso da máquina por meio de arrendamento ou compra. Desse modo, 
entende-se que para o arrendatário, a decisão de arrendamento é apenas 
uma decisão de financiamento. No entanto, se o custo efetivo do capital 
obtido pelo arrendamento for substancialmente menor do que o custo da 
dívida, significa que o custo de capital utilizado na decisão do orçamento 
de capital teria que ser recalculado e, provavelmente, projetos antes não 
autorizados pudessem ser aprovados. 
 Os recursos para obtenção do uso do ativo podem ser obtidos a partir do 
fluxo de caixa gerado internamente, por empréstimos ou pela venda de 
outros patrimônios. Alternativamente, o ativo pode ser arrendado. Devido 
à contabilização prevista para as operações de arrendamento, o leasing 
possui o mesmo efeito na estrutura de capital como empréstimo. 
 As contraprestações pagas periodicamente em uma operação de 
arrendamento também são efetuadas na operação de financiamento, 
sendo que o risco de inadimplência no cumprimento de tais obrigações 
em ambas as operações pode resultar em um processo de falência. Em 
caso de limite pré-fixado pela empresa para sua estrutura de capital, uma 
 
 
5 
vez estabelecido o valor do leasing, este valor será transferido do 
orçamento previsto para o financiamento da dívida. Assim, a comparação 
adequada ao arrendamento mercantil é o financiamento por dívida. Por 
conseguinte, a análise deve comparar o custo do arrendamento com o 
custo do financiamento da dívida, independentemente da maneira em que 
a compra do ativo é financiada realmente. Igualmente, o ativo pode ser 
adquirido com adisponibilidade em caixa ou com a disponibilidade pela 
emissão de novas ações. Contudo, visto que o arrendamento possui o 
mesmo efeito na estrutura de capital que o financiamento da dívida, a 
verificação apropriada para fins de avaliação de custos deve ser realizada 
com o financiamento da dívida. 
Outro ponto a considerar na visão do arrendatário é o mecanismo de 
geração da receita. Ora, a geração de receita nas empresas ocorre mediante o 
emprego de bens físicos, sejam tangíveis ou intangíveis, e não pela propriedade 
destes. Portanto, é oportuno que a avaliação seja realizada pela operação de 
arrendamento que financia o uso, sem a necessidade de financiar a compra 
desse ativo. Ademais, as despesas de depreciação e aluguel se verificam 
somente com o uso dos bens na geração de produtos e/ou serviços. 
Nesse contexto, observa-se como risco adicional da imobilização de bens 
tangíveis a provável obsolescência antecipada. Este seria outro motivo para 
considerar a operação de leasing, uma vez que os ajustes ao prazo para 
produção de receitas são realizados conforme avaliações de marketing, e não 
sob a vida útil do ativo. Devido a tais arranjos contratuais, a operação de 
arrendamento conduz a riscos menores, e consequentemente a custos 
esperados inferiores, como custo de capital. 
Igualmente, há uma vantagem financeira devido à aceleração automática 
da conversão do valor do bem em despesa, isto é, a transformação da despesa 
de depreciação em despesa de aluguel. Do mesmo modo, há uma vantagem 
fiscal, pois em consequência dos prazos menores contratados em relação à vida 
útil e ao fluxo de caixa do projeto, a despesa se mantém adequadamente 
vinculada à receita. 
Ainda nessa perspectiva, pode-se observar que a operação de 
arrendamento realiza o financiamento do ativo pelo seu valor total, incluindo as 
despesas necessárias ao seu funcionamento, enquanto na operação de 
financiamento de dívida, geralmente os bancos realizam o empréstimo limitando 
 
 
6 
a uma porcentagem do valor do bem. Por fim, as condições de pagamento são 
condizentes à utilização do bem, e não aos recursos disponibilizados pelo 
arrendador, otimizando a gestão de tesouraria das empresas arrendatárias. 
Como contabilização do arrendamento mercantil, o arrendatário deve 
reconhecer o ativo de direito de uso e o passivo de arrendamento na data de 
início do contrato. Para a mensuração inicial do valor de arrendamento, nesta 
data de início, o arrendatário deve mensurar o ativo de direito de uso ao custo, 
o qual deve compreender: (i) o valor da mensuração inicial do passivo de 
arrendamento; (ii) pagamentos de arrendamento efetuados até a data de início, 
menos incentivos de arrendamento recebidos; (iii) custos diretos iniciais 
incorridos pelo arrendatário; e (iv) a estimativa de custos a serem incorridos pelo 
arrendatário na desmontagem e remoção do ativo subjacente. Ao passo que, no 
passivo, o arrendatário deve mensurar o arrendamento ao valor presente dos 
pagamentos do arrendamento que não são efetuados nessa data de início. 
Em relação aos pagamentos efetuados pelo arrendamento, estes devem 
ser descontados usando a taxa de juros implícita no arrendamento. Se essa taxa 
não puder ser determinada imediatamente, o arrendatário deve utilizar a taxa 
incremental sobre empréstimo do arrendatário. 
Serão incluídos para a mensuração do passivo de arrendamento os 
seguintes pagamentos ainda não efetuados até a data do início: pagamentos 
fixos menos incentivos; pagamentos variáveis que dependem de índice e/ou 
taxa; garantias de valores residuais; o preço de exercício da opção de compra; 
e multas por opção de rescindir o arrendamento. 
Na mensuração subsequente do ativo, o arrendatário deve mensurá-lo 
aplicando o método de custo: menos qualquer depreciação acumulada e 
quaisquer perdas acumuladas por redução ao valor recuperável; e corrigido por 
qualquer remensuração do passivo de arrendamento. 
Em caso de transferência da propriedade do ativo subjacente ao fim do 
arrendamento ou no exercício da opção de compra, a depreciação do ativo 
deverá ser efetuada pelo arrendatário desde a data de início até o fim de sua 
vida útil. De outro modo, a depreciação deverá ser mensurada desde a data de 
início até a primeira ocorrência, o fim da vida útil do ativo ou o fim do prazo de 
arrendamento. 
Já na mensuração subsequente do passivo de arrendamento, o 
arrendatário deve mensurá-lo: aumentando o valor contábil para refletir os juros; 
 
 
7 
reduzindo o valor contábil para refletir os pagamentos do arrendamento 
efetuados; e remensurando o valor contábil para refletir qualquer reavaliação, 
sejam modificações do arrendamento ou para refletir pagamentos fixos na 
essência revisados. Em relação aos juros sobre o passivo de arrendamento em 
cada período, estes correspondem ao valor da taxa de juros periódica constante 
sobre o saldo remanescente do passivo de arrendamento, sendo que o 
arrendatário deve reconhecê-los no resultado, salvo se já incluídos em outro 
ativo. 
Retomando a questão sobre as principais vantagens do arrendamento 
mercantil para uma empresa arrendatária, em síntese podemos considerar que 
a operação de leasing: 
 possibilita a renovação cíclica dos equipamentos em uso pela 
arrendatária, atendendo às mudanças econômicas, ao mercado e às 
exigências de novas tecnologias; 
 reduz o risco da empresa arrendatária, abstendo-se dos custos e das 
dificuldades do processo de imobilização; 
 proporciona flexibilidade operacional e dinamismo aos recursos 
financeiros da empresa arrendatária, permitindo que estes sejam 
disponibilizados para outros investimentos e/ou gestão do capital de giro; 
 possibilita benefício fiscal para as empresas arrendatárias em lucro real, 
em consequência da dedução das contraprestações do contrato de 
arrendamento para efeitos de cálculo da provisão para o imposto de 
renda. 
Embora a operação de arrendamento mercantil apresente todas essas 
vantagens ao arrendatário, é importante considerar o leasing como uma opção 
de financiamento além de outras à disposição das empresas arrendatárias, que 
requerem sempre uma análise criteriosa de suas condições de utilização. 
Analisaremos essa questão com mais profundidade no próximo tema, sobre a 
tomada de decisão em arrendamento mercantil. 
TEMA 2 – TOMADA DE DECISÃO EM ARRENDAMENTO MERCANTIL 
Um dos pontos relevantes para a tomada de decisão em arrendamento 
mercantil são os cálculos a realizar para a conferência e validação da operação. 
No leasing financeiro, o valor residual garantido (VRG) atende aos requisitos 
 
 
8 
necessários para determinar todos os ativos financeiros envolvidos nessa 
operação. Para determinar o valor residual garantido (VRG), utiliza-se o cálculo 
do valor residual ótimo (VRO) a fim de verificar os impactos fiscais na 
arrendadora. Isto é, caso VRG  VRO, significa que existem impactos fiscais na 
arrendadora, ocasionando custos na operação de arrendamento ao cliente. 
Detalhadamente, podemos explicar que a recuperação do preço à vista 
numa operação de arrendamento ocorre devido ao recebimento das 
contraprestações e do preço de opção de compra, mensurado pelo valor residual 
garantido (VRG). Portanto, uma vez encontrada alguma diferença entre o valor 
residual ótimo (VRO) e o valor residual garantido (VRG), isso indica que a 
recuperação será inferior ou superior ao valor do bem arrendado. 
Na circunstância em que o valor residual garantido (VRG) estiver acima 
do valor residual ótimo (VRO), a recuperação do valor do bem pelas 
contraprestações será menor. Por conseguinte, o pagamento do imposto de 
renda será diferido pela arrendadora, ao passo que, para a arrendatária, o ganho 
fiscal será menor devido à redução na despesa, exigindo, assim, menor taxa de 
juros à arrendadora. 
Em contraponto, se o valor residual garantido (VRG) estiver abaixo do 
valor residual ótimo (VRO),

Continue navegando