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Apg 19- Emoções, afetividade e vontade

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Bruna Melnik Bellandi – 5º Período 
 
Apg 19- Emoções, afetividade e vontade 
Objetivos: 
1- Compreender os tipos de emoções e sua 
classificação; 
2- Entender os aspectos cerebrais e 
neuropsicológicos das emoções; 
3- Descrever a definição de afetividade e os tipos 
de vivências afetivas; 
4- Entender as definições básicas e as alterações 
psicopatológicas da vontade e do agir; 
5- Compreender as alterações psicopatológicas da 
afetividade, emoções e sentimentos 
Emoções 
As emoções podem ser definidas como reações 
afetivas momentâneas, agudas, desencadeadas por 
estímulos significativos. Assim, a emoção é um estado 
afetivo intenso, de curta duração, originado geralmente 
como reação do indivíduo a certas excitações internas 
ou externas, conscientes, não conscientes ou 
inconscientes. 
TIPOS E CLASSIFICAÇÕES DAS EMOÇÕES 
 Experiências afetivas negativas e positivas 
Uma primeira classificação das emoções se refere a 
uma polarização positiva ou negativa. Assim, emoções 
positivas seriam aquelas que promovem o bem-estar, 
favorecem a socialização e resultam geralmente de 
gratificações quando um desejo ou necessidade é 
satisfeito. Emoções negativas se relacionariam com as 
sensações de repulsa, raiva e agressividade, que, por 
sua vez, resultam ou interferem nas desavenças nas 
relações interpessoais. 
Cabe frisar que tal classificação é consideravelmente 
arbitrária e excessivamente relacionada a valores 
sociais, que podem ser questionados a todo momento. 
Uma forma contemporânea de agrupar experiências 
afetivas tem sido proposta pelo Research Domain 
Criteria (RDoC). 
Particularmente, no caso de sistemas com polaridade 
afetiva, o RDoC sugere que sejam organizados dois 
grandes grupos de construtos: os sistemas de valência 
negativa e os de valência positiva. 
Os sistemas de valência negativa incluem, por 
exemplo, respostas a situações aversivas, como 
resposta a ameaça aguda ou medo, reposta a ameaça 
potencial ou ansiedade, resposta a ameaça constante, 
experiências de perda e não recompensa frustrante. 
Os sistemas de valência positiva incluem respostas 
anímicas e comportamentais positivas, como 
motivação para a aproximação, avaliação de 
recompensas, aprendizado positivo de recompensas ou 
de hábitos que liberem outros recursos psíquicos, 
como, por exemplo, recursos cognitivos. 
Segundo sugestão do neurocientista António Damásio, 
os afetos e as emoções seriam divididos em três 
grandes grupos: emoções básicas, ou primárias; 
emoções secundárias; e emoções de fundo. Vejamos, a 
seguir, cada uma delas. 
 Emoções universais, primárias ou básicas 
Foi concluído que seriam seis as emoções humanas 
básicas e universais: alegria, tristeza, medo, raiva, nojo 
(aversão ou repugnância) e surpresa. 
Nos anos de 1990, Ekman reavaliou sua teoria das seis 
emoções universais, ampliando-as para onze: culpa, 
orgulho, vergonha, desprezo, contentamento, 
constrangimento, diversão ou divertimento 
(amusement), excitação, satisfação, prazer sensorial e 
alívio (Ekman, 1999). 
 Emoções secundárias ou sociais (não 
universais) 
Nesse grupo, está reunido um conjunto extenso de 
emoções, em geral mais complexas do ponto de vista 
psicológico e neuropsicológico, mais aprendidas 
socialmente e mais variáveis entre os subgrupos 
culturais. Elas seriam construídas com mesclas de 
emoções de fundo, emoções primárias e outras 
emoções sociais. 
Como exemplos de emoções sociais, ou secundárias, 
podem ser citados vergonha, culpa, remorso, simpatia, 
compaixão, embaraço, orgulho, ciúmes, inveja, 
gratidão, admiração, submissão, indignação e 
desprezo. 
 Emoções de fundo 
Segundo proposta de António Damásio (2012), 
emoções de fundo são estados basais (mais basais, 
inclusive, do que o humor, ou estado de ânimo) que 
constituem uma espécie de colorido do estado afetivo 
de uma pessoa. Sensações de bem ou de mal-estar, 
sensação de fadiga, lassidão, de ter mais ou menos 
energia, são citadas como emoções de fundo. De 
qualquer forma, é difícil notar as diferenças entre o 
construto “emoção de fundo” e o construto “humor”, 
ou “estado de ânimo” (utilizado neste livro). 
Cabe mencionar, por fim, que, contra a noção de que 
as emoções primárias são fenômenos biológicos, o 
filósofo Andrea Scarantino (2009) argumenta que não 
há base empírica suficiente para a separação entre 
emoções primárias, neurobiológicas, e secundárias, 
socioculturais. 
 Bruna Melnik Bellandi – 5º Período 
 
Outras perspectivas defendidas por muitos autores 
discordam da teoria das emoções universais, 
salientando a dimensão histórica e especificamente 
cultural das experiências emocionais. 
 Emoções não conscientes 
Emoções não conscientes (ENCs) são aquelas cujos 
processamentos incluem fenômenos automáticos, não 
controlados e ultrarrápidos que ocorrem sem que haja 
tomada de consciência pelo indivíduo que as 
experimenta. 
As ENCs ativam algumas regiões cerebrais 
semelhantes às das emoções conscientes, mas ativam 
com mais intensidade outras regiões, como a amígdala, 
os colículos superiores e o córtex do hemisfério 
direito. 
Assim, atualmente, existe uma base de estudos 
empíricos indicando que uma parte, possivelmente 
importante, de nossas experiências emocionais pode 
ocorrer de forma não consciente, e é possível que 
processos emocionais significativos ocorram 
totalmente à margem de nossa percepção consciente. 
Na parte final deste capítulo, veremos como as ENCs 
ocorrem e são processadas nos diversos transtornos 
mentais. 
Assim como o humor, as emoções são frequentemente 
acompanhadas de reações somáticas, corporais 
(neurovegetativas, motoras, hormonais, viscerais e 
vasomotoras), mais ou menos específicas. O humor e 
as emoções são, ao mesmo tempo, experiências 
psíquicas e somáticas e revelam sempre a unidade 
psicossomática básica do ser humano. 
ASPECTOS CEREBRAIS E 
NEUROPSICOLÓGICOS DAS EMOÇÕES 
 
 Amígdala 
A amígdala é considerada, atualmente, uma das 
principais estruturas neurais relacionadas às emoções. 
Situada na região temporal medial, juntamente com 
suas projeções aferentes (de chegada) e eferentes (de 
saída), ela tem grande importância nas reações 
de medo, particularmente no aprendizado do medo e 
no medo condicionado (fear conditioning), além de 
papel destacado na raiva e na resposta hormonal ao 
estresse. 
O pequenino tamanho da amígdala pode ser, 
à primeira vista, enganador, pois ela exerce 
grande influência nos processos 
neuroemocionais. Entretanto, o maior especialista na 
área, Joseph LeDoux, alerta que, sozinha, isolada, a 
amígdala não é nada, apenas um pedacinho de carne. O 
fundamental são suas conexões e as redes neurais nas 
quais participa, bem como o funcionamento global do 
sistema neuroemocional. 
A amígdala recebe muitas informações vindas do 
tálamo, das outras estruturas do sistema límbico e de 
áreas corticais sensoriais. Além de estímulos auditivos, 
também chegam à amígdala estímulos visuais 
(principalmente relacionados à expressão facial 
emocional, vindos do giro fusiforme 
occipitotemporal), olfativos e gustativos, informando 
sobre o ambiente, sobretudo a respeito de estímulos 
afetivamente relevantes e importantes para a 
sobrevivência. 
Após tais estímulos serem rapidamente processados no 
interior da amígdala, saem dela eferências para o 
córtex cerebral (que vão processar o significado das 
emoções), o hipotálamo, o tronco cerebral e os núcleos 
da estria terminal, produzindo respostas mentais, 
comportamentais, fisiológicas e hormonais 
relacionadas a fuga ou luta, compatíveis com o padrão 
de medo desencadeado. 
A amígdala é, sobretudo, um sistema de alerta 
(warning system) do organismo, com 12 núcleos 
sensíveis diferencialmente para atenção, aprendizagem 
e memória. Em algumas circunstâncias, ela emiteprojeções para o tronco cerebral (principalmente para a 
substância cinzenta periaquedutal), 
desencadeando reações de raiva e agressividade, ou 
reações de imobilidade e congelamento (freezing, tonic 
immobility), em mamíferos, similares à catatonia e ao 
estupor em humanos. 
Embora a amígdala esteja primordialmente relacionada 
à emoção do medo, estudos revelam que ela pode ser 
ativada por outros tipos de emoções, geralmente 
negativas. Além da função de alerta, sobretudo para 
mudanças ambientais, a amígdala tem um papel 
neuromodulador, integrativo de processos emocionais, 
atuando nas interfaces entre emoção e funções 
cognitivas, como em tomadas de decisão, aprendizado 
e atenção. 
A amígdala também está relacionada às funções 
sexuais. Lesões em sua porção lateral podem 
desencadear comportamento hipersexual. Quando 
estimulada com microelétrodos, pode-se observar 
reações como ereção, ejaculação e movimentos de 
cópula. Na amígdala se encontra expressiva quantidade 
de receptores de hormônios sexuais. Assim, emoções e 
sexualidade estão neuronalmente muito próximas, o 
 Bruna Melnik Bellandi – 5º Período 
 
que corresponde à proximidade psicológica dessas 
duas dimensões da vida. 
Lesões nessa estrutura se relacionam principalmente a 
perda ou diminuição das respostas de medo (a pessoa 
não se assusta com vozes, corpos ou faces 
assustadoras, não tem medo quando exposta a cobras e 
aranhas) e de agressão. 
A amígdala geralmente está hiperativada em condições 
clínicas psicopatológicas relacionadas a ansiedade, 
fobias e estresse crônico. Além disso, na depressão e 
no transtorno bipolar, ela também está hiperativada. 
Na depressão grave, há remodelação dendrítica e 
alterações da plasticidade sináptica na amígdala. 
Redução da conectividade dessa estrutura com o lobo 
frontal foi identificada na depressão grave, tanto em 
crianças como em adultos. 
Amígdala e respostas emocionais não conscientes 
A amígdala processa as informações de forma muito 
rápida, sendo “muito veloz para aprender, mas muito 
lenta para esquecer”. Nos últimos anos, estudos de 
psicologia experimental com seres humanos têm 
evidenciado que a amígdala é ativada por estímulos 
ambientais afetivos (geralmente relacionados a medo, 
perigo, raiva ou alegria) mesmo quando tais estímulos 
não são percebidos conscientemente. 
Assim, há um conjunto sólido de pesquisas empíricas 
que demonstram que muitos processos emocionais não 
conscientes importantes ocorrem e produzem reações 
físicas e psicológicas (geralmente associadas a medo e 
afetos negativos), que o indivíduo não percebe e não 
processa conscientemente. Nesses processos 
emocionais não conscientes, a ativação da amígdala 
parece ter um papel fundamental. 
 Lobos frontais e as emoções: córtex 
orbitofrontal e córtex frontal ventromedial 
Intimamente relacionadas às emoções, essas áreas se 
situam na parte dianteira dos lobos frontais, em 
posição acima e adjacente aos globos oculares (córtex 
orbitofrontal [COF]) e na porção medial e inferior 
(córtex frontal ventromedial [CVM]) dos lobos 
frontais. De modo geral, os lobos frontais utilizam 
informações oriundas da amígdala para monitorar o 
estado interno e afetivo do organismo e regular as 
respostas apropriadas. 
O COF exerce ação de modulação sobre a amígdala e 
está intimamente relacionado a respostas emocionais e 
aprendizado rápido (memória de trabalho) após 
estímulos emocionalmente carregados, como a visão 
de faces expressivas e a audição de vozes com 
tonalidades emocionalmente marcantes. 
Embora o COF seja uma grande estrutura, com 
funções neuropsicológicas complexas, experiências 
emocionais de raiva se relacionam, em 
estudos de neuroimagem funcional, com 
hiperativação do COF. Lesões nessa estrutura 
em primatas podem, por sua vez, reduzir a 
agressividade. 
Quando o COF é disfuncional ou lesado, o indivíduo 
passa a não identificar os estímulos de forma correta e 
tende a responder de modo socialmente inadequado a 
estímulos faciais e vozes, sobretudo quando envolvem 
frustração e evitação de comportamentos prejudiciais a 
si mesmo ou a terceiros. Pacientes com lesões 
importantes no COF podem apresentar impulsividade, 
agressividade e perda do tato social (inadequação em 
comportamentos sociais). 
O CVM também tem importância na modulação da 
amígdala. Ele é componente relevante no circuito das 
emoções. Essa área apresenta importantes eferências 
para a amígdala e as zonas do mesencéfalo. Além 
disso, é parte do sistema modulador cardiovascular e 
de respostas dopaminérgicas e de 
corticotrofina/corticosterona a estímulos aversivos. 
Lesões nas áreas do CVM dificultam o ajuste de 
respostas a estímulos afetivamente significativos, o 
que explica a resistência à extinção de determinados 
padrões comportamentais e emocionais em indivíduos 
com disfunções no CVM. Pacientes com lesões 
importantes nessa estrutura podem apresentar apatia, 
diminuição da iniciativa e prejuízo na motivação. 
 Ínsula 
A ínsula (do latim, ilha) é uma porção de córtex 
cerebral oculta, situada na base da fissura de Sylvius, 
separando os lobos temporal e frontal. Trata-se de uma 
estrutura relativamente recente na evolução 
filogenética, não existindo em animais não sociais. Ela 
teve grande expansão na evolução filogenética dos 
primatas e do ser humano. 
No passado, pensava-se, erroneamente, que essa 
pequena porção de córtex estava associada apenas a 
comportamento alimentar e sexual. Pesquisas 
revelaram que a ínsula é uma área fundamental que lê 
o estado fisiológico de todo o corpo, gerando 
sentimentos subjetivos-corporais desagradáveis e 
agradáveis. Quando uma pessoa percebe um cheiro de 
coisa podre, sentindo marcante nojo, a ínsula é ativada. 
Entretanto, experiências emocionais relacionadas a 
repugnância ou aversão (disgust) por uma situação ou 
por uma pessoa ativam a ínsula da mesma forma. 
A experiência unificada, mental e corporal, das 
emoções ocorre com ativação da ínsula, a qual também 
é importante para “colocar o corpo em uma atitude de 
expectativa”, quando um comportamento possa gerar 
consequências ruins. Também se correlacionou 
experiência emocional de alegria e ativação da ínsula. 
 Bruna Melnik Bellandi – 5º Período 
 
Enfim, essa estrutura parece estar intimamente 
relacionada a alguns aspectos daquilo que Fuchs e 
Koch (2014) apresentam com dimensão corporificada 
das emoções. 
Giro do cíngulo (sobretudo anterior) 
Essa porção de córtex, localizada longitudinalmente na 
porção medial dos lobos frontais, parietais e occipitais, 
logo acima do corpo caloso, está envolvida de modo 
importante no controle das emoções. Lesões no 
cíngulo anterior foram associadas a hipersensitividade 
e aumento da tendência a chorar em eventos tristes. 
A relação do cíngulo anterior com a experiência de 
tristeza surgiu da 
ativação dessa 
estrutura em filhotes 
quando separados das 
mães (Lindquist et al., 
2012). De toda forma, 
parece que o cíngulo 
anterior é uma 
estrutura importante 
nos comportamentos 
de cuidados (p. ex., 
cuidados parentais) e 
para a ressonância 
afetiva no contato 
interpessoal. As 
respostas afetivas de 
uma mãe humana a seu 
bebê podem ser muito 
prejudicadas por lesões 
no cíngulo anterior. 
Também a deterioração 
do cíngulo anterior 
pode reduzir a expressão emocional, a empatia e a 
motivação para comunicação. O cíngulo posterior, por 
sua vez, foi associado a experiência emocional de 
alegria em estudos de neuroimagem funcional. 
A estimulação com eletrodos do córtex do cíngulo 
anterior (sobretudo na sua porção subgenual) pode 
beneficiar pacientes com depressão refratária, 
melhorando a apatia e a anedonia. 
 Lobo parietal direito 
Pacientes com lesões nessa área apresentam agnosia do 
dimídio esquerdocom heminatenção visual à esquerda. 
Respondem com indiferença quando são constatados 
seus déficits (anosognosia) e podem apresentar 
também humor expansivo, alegre, em contraposição ao 
humor triste ou apático dos indivíduos com lesões nas 
áreas frontais anteriores esquerdas. 
O lobo parietal direito recebe projeções da amígdala, 
permitindo que os estímulos emocionais sejam 
integrados a aspectos objetivos da consciência e da 
memória declarativa (consciente). As lesões 
parietais à direita dificultam o processamento 
cortical multimodal dos estímulos 
proprioceptivos e exteroceptivos, gerando 
desconhecimento afetivo da situação. 
 Circuito septo-hipocampal 
Esse circuito tem sido implicado nas experiências de 
ansiedade. Também outros circuitos, que envolvem o 
hipotálamo, o tronco cerebral, o córtex rinal adjacente 
e o telencéfalo basal, têm sido apontados como 
relevantes para diferentes experiências emocionais. 
 
 
Afetividade 
A vida afetiva é a dimensão psíquica que dá cor, brilho 
e calor a todas as vivências humanas. Sem afetividade, 
a vida mental torna-se vazia, sem sabor. “Afetividade” 
é um termo genérico, que compreende várias 
modalidades de vivências afetivas, como o humor, as 
emoções e os sentimentos. 
Embora seja controversa a ordenação das experiências 
da vida afetiva, na tradição psicopatológica 
distinguem-se cinco tipos básicos de vivências 
afetivas: 
1.Humor ou estado de ânimo 
2.Emoções 
3.Sentimentos 
4.Afetos 
 Bruna Melnik Bellandi – 5º Período 
 
5.Paixões 
 Humor ou estado de ânimo 
O humor, ou estado de ânimo, é definido como o tônus 
afetivo do indivíduo, o estado emocional basal e difuso 
em que se encontra a pessoa em determinado 
momento. É a disposição afetiva de fundo que penetra 
toda a experiência psíquica, a lente afetiva que dá às 
vivências do sujeito, a cada momento, uma cor 
particular, ampliando ou reduzindo o impacto das 
experiências reais e, muitas vezes, modificando a 
natureza e o sentido das experiências vivenciadas. 
Segundo Paim, no estado de ânimo (ou humor) há 
confluência entre a vertente somática e a vertente 
psíquica, que se unem de maneira indissolúvel para 
fornecer um colorido especial à vida psíquica 
momentânea. Em boa parte, o humor é vivido 
corporalmente e relaciona-se de forma considerável às 
condições corporais, vegetativas, do organismo. 
Enfim, o humor, ou estado de ânimo, é um dos 
transfundos essenciais da vida psíquica. 
 Emoções 
As emoções podem ser definidas como reações 
afetivas momentâneas, agudas, desencadeadas por 
estímulos significativos. Assim, a emoção é um estado 
afetivo intenso, de curta duração, originado geralmente 
como reação do indivíduo a certas excitações internas 
ou externas, conscientes, não conscientes ou 
inconscientes. 
Assim como o humor, as emoções são frequentemente 
acompanhadas de reações somáticas, corporais 
(neurovegetativas, motoras, hormonais, viscerais e 
vasomotoras), mais ou menos específicas. O humor e 
as emoções são, ao mesmo tempo, experiências 
psíquicas e somáticas e revelam sempre a unidade 
psicossomática básica do ser humano. 
A emoção, segundo Mira y López, é uma alteração 
global da dinâmica pessoal, um movimento emergente, 
podendo representar uma tempestade anímica, que 
desconserta, comove e perturba o instável equilíbrio 
existencial. 
 Sentimentos 
Os sentimentos são estados e configurações afetivas 
estáveis; em relação às emoções, são mais atenuados 
em sua intensidade e menos reativos a estímulos 
passageiros. Os sentimentos estão comumente 
associados a conteúdos intelectuais, valores, 
representações e, em geral, não implicam 
concomitantes somáticos. Constituem fenômeno muito 
mais mental do que somático. 
Por serem associados a conteúdos intelectuais, os 
sentimentos (mas também o humor e as emoções) 
dependem da existência, na língua e na 
cultura de cada povo, de palavras que possam 
codificar este ou aquele estado afetivo. 
Assim, há grande variação de cultura para cultura, de 
um para outro universo semântico e linguístico, em 
relação aos diversos sentimentos que podem ser 
expressos e, portanto, ganhar existência própria. 
Pode-se, com certa arbitrariedade, classificar e ordenar 
os sentimentos em vários grupos. Os afetos e os 
sentimentos são vivenciados, de modo geral, em dois 
polos: agradável e desagradável, prazeroso e 
desprazível. A seguir, são apresentados alguns dos 
vários sentimentos existentes, de acordo com sua 
tonalidade afetiva: 
•Sentimentos da esfera da tristeza: melancolia, 
saudade, tristeza, nostalgia, vergonha, impotência, 
aflição, culpa, remorso, autodepreciação, autopiedade, 
sentimento de inferioridade, infelicidade, tédio, 
desesperança, etc. 
•Sentimentos da esfera da alegria: euforia, júbilo, 
contentamento, satisfação, confiança, gratificação, 
esperança, expectativa. 
•Sentimentos da esfera da agressividade: raiva, revolta, 
rancor, ciúme, ódio, ira, inveja, vingança, repúdio, 
nojo, desprezo. 
•Sentimentos relacionados à atração pelo outro: amor, 
atração, tesão, estima, carinho, gratidão, amizade, 
apego, apreço, respeito, consideração, admiração, etc. 
•Sentimentos associados ao perigo: medo, temor, 
receio, desamparo, abandono, rejeição. 
•Sentimentos de tipo narcísico: vaidade, orgulho, 
arrogância, onipotência, superioridade, empáfia, 
prepotência. 
 Afetos 
Define-se afeto como a qualidade e o tônus emocional 
que acompanham uma ideia ou representação mental. 
Os afetos acoplam-se a ideias, anexando a elas um 
colorido afetivo. Seriam, assim, o componente 
emocional de uma ideia. Em acepção mais ampla, usa-
se também o termo “afeto” para designar, de modo 
inespecífico, qualquer estado de humor, sentimento ou 
emoção. 
 Paixões 
A paixão é um estado afetivo extremamente intenso, 
que domina a atividade psíquica como um todo, 
captando e dirigindo a atenção e o interesse do 
indivíduo em uma só direção, inibindo os demais 
interesses. Nessa linha, para Pieron (1996), a paixão 
intensa impede o exercício de uma lógica imparcial. 
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS: 
 Bruna Melnik Bellandi – 5º Período 
 
Exaltação afetiva: Exaltação afetiva corresponde a um 
aumento da intensidade ou duração dos afetos, ou a 
uma reação afetiva desproporcional em relação à 
situação ou ao objeto que a motivou. Por exemplo, na 
mania há uma exaltação do humor alegre ou irritado, e, 
na depressão, do humor triste. 
Embotamento afetivo: Embotamento afetivo (ou 
distanciamento, empobrecimento, esmaecimento, 
esvaziamento, aplainamento afetivo) significa 
diminuição da intensidade e da excitabilidade dos 
afetos, sejam eles positivos ou negativos. Nos estados 
de diminuição da afetividade, o doente torna-se 
indiferente ao meio, às outras pessoas e, algumas 
vezes, a si próprio, sendo a expressão emocional 
bastante restrita. Pode ocorrer ainda anedonia, que é a 
perda da capacidade de sentir prazer. 
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS: 
As alterações qualitativas da afetividade podem ser 
divididas em distúrbios da modulação (ou regulação) 
afetiva e distúrbios do conteúdo dos afetos. Entre os 
distúrbios da modulação afetiva estão: a labilidade 
afetiva, a incontinência afetiva e a rigidez afetiva. 
Entre os distúrbios do conteúdo dos afetos estão: a 
paratimia, a ambitimia e a neotimia. 
Labilidade afetiva: A labilidade afetiva – também 
chamada de instabilidade ou volubilidade afetiva – 
constitui uma dificuldade no controle dos afetos. 
Incontinência afetiva: A incontinência afetiva 
consiste em um distúrbio da regulação afetiva mais 
grave que a labilidade. Há uma perda completa da 
capacidade de controle da expressão afetiva; existe 
uma falha de certos mecanismos frenadores, 
inibitórios, adquiridos na educação e no convívio 
social. 
Rigidez afetiva: A rigidezafetiva caracteriza-se por 
perda da capacidade de modular a resposta afetiva de 
acordo com a situação de cada momento. Em oposição 
ao que ocorre na labilidade e na incontinência afetiva, 
a expressão afetiva varia muito pouco, menos do que o 
normal, no decorrer do tempo. Assim, 
independentemente dos acontecimentos externos, o 
estado de humor do paciente será mais ou menos o 
mesmo. 
Paratimia: A paratimia caracteriza-se por uma 
inadequação do afeto: uma incongruência entre o afeto 
expresso e a situação vivenciada, ou entre o afeto 
expresso e aquilo que o indivíduo verbaliza. Por 
exemplo: o paciente, rindo, conta que foi torturado na 
noite anterior; ou então o doente afirma estar alegre, 
mas sua mímica é de tristeza. 
 Ambitimia: A ambitimia também é chamada de 
ambivalência afetiva, segundo a denominação de 
Bleuler, que a incluiu entre os seus quatro A’s. 
Representa a presença de sentimentos 
opostos ou contraditórios que são 
simultâneos e que se referem ao mesmo 
objeto, pessoa ou situação. Por exemplo: ao mesmo 
tempo amar e odiar a mesma pessoa. 
Neotimia: A neotimia consiste em uma vivência 
inteiramente nova, extravagante e inusitada. São afetos 
qualitativamente diferentes de todos os que o paciente 
havia experimentado em sua vida. 
Vontade 
Conação constitui o conjunto de atividades psíquicas 
direcionadas para a ação. Incluem-se, entre as funções 
conativas, os impulsos e a vontade. 
Impulsos- também chamado estado motivacional ou 
pulsão, representa um estado interno, uma vivência 
afetiva, que induz o indivíduo a atuar no sentido de 
satisfazer uma necessidade, basicamente uma 
necessidade corporal. 
Os impulsos não devem ser confundidos com os 
instintos. Estes consistem em predisposições inatas à 
realização de comportamentos complexos e 
estereotipados, compartilhados pelos animais de 
mesma espécie, e que servem à conservação da vida ou 
à perpetuação da espécie. 
Vontade - constitui um processo psíquico de escolha 
de uma entre várias possibilidades de ação, uma 
atividade consciente de direcionamento da ação. Trata-
se de uma elaboração cognitiva realizada a partir dos 
impulsos, sendo influenciada por fatores intelectivos e 
socioculturais. 
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS 
Hipobulia e abulia: Hipobulia e abulia significam, 
respectivamente, diminuição e abolição da atividade 
conativa. A hipobulia e a abulia caracterizam-se por 
uma sensação de indisposição, fraqueza, desânimo ou 
falta de energia; perda da iniciativa, da espontaneidade 
e do interesse pelo mundo externo; indecisão; 
dificuldade de transformar as decisões em ações; e 
inibição da psicomotricidade. 
Ocorrem na depressão, na esquizofrenia, no delirium 
sem psicose, em alguns casos de demência ou retardo 
mental e no uso crônico de neurolépticos. 
Enfraquecimento de impulsos específicos 
Distúrbios como a diminuição ou perda do apetite 
(anorexia), da sede e da libido, além de insônia, 
representam um enfraquecimento dos impulsos, um 
debilitamento das tendências naturais à satisfação das 
necessidades corporais. 
A anorexia é observada na depressão, na anorexia 
nervosa, em alguns quadros de ansiedade e em 
 Bruna Melnik Bellandi – 5º Período 
 
diversas condições médicas gerais. A anorexia deve ser 
distinguida da sitiofobia, na qual a recusa alimentar se 
deve a manifestações fóbicas ou delirantes, não 
havendo uma real redução do apetite. 
A insônia pode ser classificada em: inicial, quando há 
dificuldade para adormecer; intermediária, 
caracterizada por diversos despertares noturnos; e 
terminal, quando o paciente acorda muito cedo e não 
consegue voltar a dormir. A insônia aparece na 
depressão (podendo ser inicial ou terminal), nas 
síndromes de ansiedade (em geral, inicial ou 
intermediária), na mania, nos quadros de agitação 
psicomotora, nas intoxicações por psicoestimulantes 
(anfetamina, cocaína, cafeína, etc.) e em quadros de 
abstinência a algumas substâncias psicoativas 
(opiáceos, benzodiazepínicos, álcool etc.). 
A perda da libido é observada na depressão e no uso de 
substâncias antiandrogênicas, de neurolépticos e de 
alguns antidepressivos (especialmente os tricíclicos e 
os serotoninérgicos). 
Hiperbulia: A hiperbulia caracteriza-se por um 
sentimento subjetivo de força, de energia, de 
disposição; observa-se um aumento da iniciativa, da 
espontaneidade e do interesse em relação ao mundo 
externo; costuma haver desinibição e aumento da 
psicomotricidade. Ocorre principalmente na síndrome 
maníaca. 
Intensificação de impulsos específicosA bulimia (ou 
sitiomania, ou sitiofilia) consiste em um aumento 
patológico do apetite. Pode ocorrer em distúrbios 
hipotalâmicos, na síndrome de abstinência relacionada 
à anfetamina, em alguns casos de depressão, na 
bulimia nervosa, no transtorno disfórico pré-menstrual 
e em quadros de ansiedade. Está relacionada à 
hiperfagia – ingestão excessiva de alimentos – e à 
obesidade. 
A sede excessiva é denominada potomania; a ingestão 
exagerada de água, polidipsia. Esta é observada no 
diabetes melito, no diabetes insípido e na síndrome de 
ansiedade. 
Hipersonia (ou letargia) significa sono em excesso. Ela 
é observada em alguns deprimidos; pode ser um efeito 
colateral de medicamentos como benzodiazepínicos, 
antipsicóticos e antidepressivos; e ocorre de forma 
paroxística na narcolepsia. 
O desejo sexual patologicamente aumentado no 
homem é chamado satiríase e, na mulher, ninfomania. 
O aumento da libido é uma alteração típica da mania. 
Alterações qualitativas (disbulias ou parabulias) 
Atos impulsivos: Os atos impulsivos caracterizam-se 
por serem súbitos, incoercíveis e incontroláveis. São 
atos desprovidos de finalidade consciente. Os atos 
impulsivos tornam-se patológicos quando são 
empaticamente incompreensíveis para o 
observador. Alguns comportamentos 
heteroagressivos, autoagressivos e suicidas, a 
frangofilia, a piromania, a dromomania, a dipsomania 
e os ataques de hiperingestão alimentar (da bulimia 
nervosa) podem ter as características de um ato 
impulsivo. 
Atos compulsivos: Os atos compulsivos ou 
compulsões, que foram descritos por Esquirol, em 
1836, são atos que o indivíduo se sente compelido a 
realizar. Todavia, ao contrário do que ocorre nos atos 
impulsivos, a execução não se dá de imediato, e sim 
somente após alguma deliberação consciente, havendo, 
com frequência, luta ou resistência contra a sua 
execução 
Comportamentos desviantes em relação aos impulsos: 
comportamentos de automutilação e suicida, 
alotriofagia, parafilias. 
Ambitendência: A ambitendência também é 
denominada ambivalência volitiva. Consiste em uma 
incapacidade para decidir, em função da presença na 
consciência de tendências volitivas opostas. 
Negativismo: O negativismo, que foi descrito por 
Kahlbaum, consiste em uma resistência não deliberada, 
imotivada e incompreensível às solicitações externas. 
Reação do último momento: A reação do último 
momento consiste no desaparecimento súbito de uma 
conduta negativista justamente no momento em que o 
examinador desiste do seu empenho em fazer com que 
o paciente atenda à sua solicitação. 
Sugestionabilidade patológica: A sugestionabilidade 
patológica é um sintoma oposto ao negativismo. 
Consiste em uma tendência exagerada a atender às 
solicitações vindas do exterior. 
 Obediência automática: A obediência automática 
representa um exemplo extremo de sugestionabilidade 
patológica. Caracteriza-se pelo cumprimento passivo e 
imediato, sem qualquer reflexão ou elaboração, de 
quaisquer ordens ou solicitações, mesmo que a ação 
realizada seja perigosa ou danosa para o próprio 
paciente.

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