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Aula 1 - Texto Estado Moderno

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ESTADO MODERNO E 
CONTEMPORÂNEO 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Carlos Alberto Simioni 
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CONVERSA INICIAL 
O mundo contemporâneo é conduzido, principalmente, pela instituição do 
Estado, por meio de organizações burocráticas diversas, que coordenam a 
economia, assuntos militares, a comunicação, a cultura, a saúde, enfim, todos os 
aspectos das nossas vidas. Em um cenário globalizado, ao lado de empresas 
transnacionais e nacionais, organizações civis diversas, organismos internacionais 
e organizações não governamentais, o poder maior é dos Estados-nação, em 
especial as grandes potências. Nesse cenário, em todos os Estados nacionais 
(países), há um enorme aparato burocrático que estrutura o sistema de cada país. 
O poderoso mundo privado é regulado e fiscalizado por essa instituição maior, 
embora também possa influenciá-lo ou eventualmente controlá-lo. Dessa forma, 
gostemos ou não, o Estado burocrático representa o que Max Weber chamou de 
“dominação racional legal” (institucional), o grande administrador de nosso tempo, 
uma instituição que até aqui não tem equivalente. 
Nesta etapa, vamos analisar o conceito de Estado, e em seguida a origem 
remota do chamado Estado Nacional Moderno. Essa instituição, que germinou 
durante o período absolutista, teve seu marco inicial com a Revolução Francesa 
(1789), e sua efetiva instauração nos séculos 19 e 20, quando se alastrou pelo 
mundo com um modelo cada vez mais padronizado de organização estatal. O 
Absolutismo foi um período de transição entre o Feudalismo e o Capitalismo. 
Diferenciou-se do modelo feudal na medida em que se organizou a partir de uma 
forte centralização administrativa e política. Contudo, o Estado Absolutista ainda 
tinha fortes vínculos com a lógica de dominação feudal, de modo que se tornou 
uma espécie de Estado híbrido. 
Assim, em um lento processo, o Estado Nacional moderno (até a 2ª Guerra 
Mundial) e o Estado contemporâneo1 (pós 2ª Guerra) se tornaram uma das mais 
sólidas instituições da modernidade, a partir de sua aceitação (legitimidade) 
enquanto força militar específica, como ator por excelência do cenário 
internacional, e também a partir de sua estrutura burocrática, cada vez mais 
eficiente e poderosa. A análise do Estado Absolutista é fundamental para entender 
a atual lógica de dominação (administração racional burocrática), estrutura central 
das organizações modernas, em especial do Estado-nação. 
 
1 As designações Estado moderno e Estado contemporâneo podem variar em áreas específicas do 
conhecimento, ou segundo o entendimento de cada autor. 
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TEMA 1 – CONCEITO DE ESTADO E SEUS VÁRIOS SIGNIFICADOS 
Estado, um conceito aparentemente simples, na verdade é um tanto 
confuso, pois existem diferentes significados para o termo. Um dos significados 
refere-se ao Estado como ator internacional (Estado-nação); outro, à organização 
interna do Estado-nação. Esses dois aspectos nos importam mais, de modo que 
serão melhor analisados neste conteúdo e nos seguintes. Por ora, vamos 
considerar as possíveis confusões entre os termos Estado, país e nação. Existe 
também uma confusão entre os termos Estado e governo. 
1.1 Estado-nação 
Segundo Bresser Pereira (2008), no plano internacional, o Estado-nação “é 
a unidade político-territorial soberana”, determinado território, com população 
específica e soberana. E o autor arremata que, “em cada Estado-nação ou estado 
nacional existe uma nação ou uma sociedade civil, um estado, e um território”. 
Os primeiros passos de constituição do atual Estado-nação remontam ao 
século XVI. Em termos do que hoje definimos como “relações internacionais”, o 
cenário a partir de então se ampliava, com a formação de Estados nacionais (a 
unificação de cada Estado, como França, Inglaterra, Portugal e Espanha) e a 
colonização das terras então descobertas, que em muitos casos geravam conflitos 
por conta de posse, da busca de metais preciosos e do domínio de mercados. Até 
então, os mediadores no cenário internacional eram a Igreja Católica e o Sacro 
Império Romano2, que submetiam (direta ou indiretamente) os reinos europeus às 
suas decisões e normativas. Nesse momento, um novo ator internacional começa 
a emergir, o Estado-nação independente e soberano, com seus interesses políticos 
e econômicos específicos, além de fronteiras bem definidas e uma lógica própria 
de existência. E essa instituição tornava-se cada vez mais poderosa. 
1.1.1 Soberania 
Um fator conjuntural selará o fortalecimento desse novo ator: as guerras 
religiosas. Ao lado de outros fatores, o avanço do protestantismo acabou gerando 
uma das mais sangrentas guerras da história europeia, a Guerra dos 30 anos 
 
2 Não confundir com o Império Romano da antiguidade. O Sacro Império Romano foi uma tentativa 
medieval, a partir do século XI, de reviver aquele império, mas sem muito sucesso. No entanto, não 
deixou de ser uma instituição capaz de interferir nos assuntos internacionais e internos das nações 
europeias. Foi extinto por Napoleão Bonaparte. 
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(1618-1648). Não cabe aqui entrar em detalhes sobre esse conflito, mas importa 
saber que o Tratado de Westfalia (1648) marcou o seu fim, ficando conhecido como 
um ponto de virada (embora simbólico, naquele momento) nas relações 
internacionais. O tratado estabelecia que nenhum Estado poderia interferir em 
outro; mais que isso, que todo Estado é soberano, de modo que não está sujeito a 
nenhuma autoridade humana ou institucional. A partir desse tratado, o Estado-
nação tornou-se paulatinamente independente, na medida em que a Igreja foi 
perdendo o seu poder, primeiramente com o enfraquecimento do argumento do 
Direito Divino, até deixar de ser um árbitro internacional, o que possibilitou o 
surgimento de um sistema laico de relações internacionais, que prevalece até os 
dias atuais. 
1.1.2 Nação e povo 
Embora muitos usem o termo nação como sinônimo de país ou Estado- 
nação, eles são termos diferentes. Mesmo na literatura especializada, o termo 
muitas vezes é usado como sinônimo de Estado. A própria ONU, ainda que traga 
o termo nação em seu nome, refere-se a seus associados como Estados-
membros. Dallari (2015, p. 99) explica a origem dessa confusão: 
Surgido no século XVIII com a pretensão de ser a expressão do povo 
como unidade homogênea, o termo nação adquiriu grande prestígio 
durante a Revolução Francesa, sendo utilizado para externar tudo quanto 
se referisse ao povo. Assim, por exemplo, é que se falava em governo da 
nação ou soberania nacional. E foi por esse meio que se introduziu na 
terminologia jurídica o termo nacionalidade, indicando o membro de uma 
nação, mas tomando esta com o sentido de Estado. 
Nação é um conceito genérico, que designa as características culturais e 
históricas comuns de uma população ou grupo étnico (origem, língua, costumes), de 
forma que uma nação pode estar distribuída por vários Estados-nacionais, como 
os curdos no Oriente Médio, os ciganos em várias partes do mundo ou os índios 
guaranis na América do Sul. Uma nação também pode pertencer a um único Estado 
Nacional, como certos grupos indígenas australianos ou norte-americanos. 
Assim, em sua origem, séculos atrás, a ideia era unir Estado e nação, isto é, 
um território para determinada nacionalidade. Porém, isso rapidamente foi 
modificado, pois o processo de unificação de vários Estados resultou na 
incorporação de nações diversas (Dallari, 2015, p. 135), como acontece na Espanha 
(castelhanos, catalães, bascos e outros). 
Por fim, o conceito de povo remete antes de tudo aos nascidos em 
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determinado território, sem importar a etnia, como era na antiguidade. Na Grécia 
antiga e no Império Romano, por exemplo, só eram cidadãos (detentores de 
direitos políticos) os homens etnicamente gregos e romanos, respectivamente. 
Portanto, o
Estado nacional moderno é multiétnico, embora em certos casos a 
divisão de poder esteja atrelada a privilégios étnicos ou religiosos (como no Irã e 
na Arábia Saudita, por exemplo). Países da América são um ótimo exemplo de 
multinacionalidade. Além disso, um país pode aparentar ser homogêneo em termos 
étnicos, como o Japão ou a Suécia, porém também aí encontramos grupos étnicos 
diversos. 
1.2 Unidade federativa (entes federados) e país 
O termo estado também pode ter um sentido mais restrito, enquanto 
unidade federativa (como ocorre no Brasil, Índia e EUA), ou seja, estados enquanto 
atores políticos em um plano interno. Tais unidades federativas apresentam o seu 
próprio aparato estatal, a sua própria Constituição, com certo grau de autonomia, 
ainda que sejam dependentes do Estado-nacional e de sua Carta Magna. O termo 
diferencia-se da ideia de Estados unitários, cujas regiões e subdivisões são 
administradas por um poder central. 
Muito usado hoje, o termo país tem origem francesa, sendo bastante antigo3. 
No século 20, o termo popularizou-se, sendo ainda hoje usado nas línguas 
portuguesa e espanhola para designar cada Estado-nação. Em outras línguas, 
encontramos mais comumente o termo Estado. Por se tratar de um conceito 
popular, a ideia de país está sujeita a muitas imprecisões, devendo ser entendida 
de forma simples, como Estado-nação. 
1.3 Governo 
As sociedades modernas definiram como um de seus ideais a democracia, 
ou seja, a participação dos cidadãos nas decisões coletivas – no caso, do Estado 
Nação ou de suas subdivisões. Nessa perspectiva, o Estado burocrático deve ser 
conduzido pelos cidadãos, através de representantes, que por sua vez são 
definidos por concurso ou por eleições, embora também existam funções 
derivadas das escolhas provisórias de governantes do momento (cargos de livre 
 
3 Para mais detalhes, ver o conceito de pays e sua discussão na geografia francesa do XIX: 
<http://observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal13/Teoriaymetodo/Conceptuales/04.pdf>. 
 
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nomeação). De acordo com Pasquino (1998), tal participação cidadã depende do 
regime político em cada país, da maior ou menor liberdade, e do grau de 
participação. Enfim, em uma definição básica do autor, governo é o grupo que 
exerce o poder político, determinando “a orientação política de uma determinada 
sociedade. É preciso, porém, acrescentar que o poder de Governo, sendo 
habitualmente institucionalizado, sobretudo na sociedade moderna, está 
normalmente associado à noção de Estado”. 
A estrutura de Estado é permanente, mas os “governantes” são provisórios 
(presidentes, primeiros-ministros, partidos políticos), pois o ideal democrático 
resulta de alguns fatores, como alternância de poder, representação, divisão em 
três poderes, eleições constantes e livres e mediação por partidos políticos. Dessa 
forma, os governos mudam com bastante frequência, o que resulta em alternância, 
ainda que relativa, nos Poderes Legislativo e Executivo. Nas chamadas instituições 
de Estado, os funcionários apresentam cargos vitalícios, como no Poder Judiciário4 
e nas forças de segurança. 
TEMA 2 – ESTADO BUROCRÁTICO 
É comum que as pessoas utilizam os conceitos de Estado-nação e Estado 
burocrático de forma semelhante, ou ainda equivalentes. Apesar da proximidade e 
das semelhanças, cada conceito designa um aspecto. 
2.1 Estado como instituição social e administrativa 
À medida que as sociedades humanas crescem e se complexificam, passam 
a ter objetivos comuns. Ou ainda, procurando evitar conflitos, criam regras e 
normas. É um processo geral, lento, que vem desde a Antiguidade. As sociedades 
se associam ou se organizam por meio de instituições sociais, como família, 
estado, religião, educação e trabalho, estabelecendo normas e regras para o 
convívio social. Cada uma pode se estruturar com maior ou menor organização 
formal. Em cada época e local, as instituições apresentam características 
diferentes, com o predomínio de alguma delas ou o surgimento de outras. 
Na modernidade, a maioria das instituições sociais se transformou em um 
conjunto de organizações formais, geridas pela administração racional 
burocrática. Contudo, há muita confusão quanto ao significado de instituições. De 
 
4 Isso pode variar. Em alguns estados norte-americanos, são feitas eleições para xerife, para 
funções administrativas ou para certas funções do judiciário. 
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um lado, o sentido sociológico, mais genérico. Do outro, o sentido mais restrito, 
próximo do significado atual de organizações, que apresentam um aspecto mais 
específico, com regras sistematizadas, objetivos claros e uma determinada estrutura 
burocrática legal. Dessa forma, o Estado pode ser considerado sociologicamente 
uma instituição social, assim como (em sentido restrito) uma organização racional 
burocrática moderna. 
2.1.1 Estado racional burocrático 
O modelo predominante de Estado burocrático atual surgiu na Europa, 
séculos atrás. Corresponde à administração do Estado-nação, de uma unidade 
federativa ou um município, em órgãos de Estado (os diferentes Poderes, 
segurança, ministérios, secretarias, órgãos de arrecadação e fiscalização etc.). 
Apresenta ainda um ordenamento jurídico, ou seja, um conjunto de normas 
jurídicas e regras que regem o Estado. Forma uma unidade cujo conteúdo, “tendo 
como núcleo a Constituição, é integrado em grau descendente de hierarquia pelas 
leis, decretos, portarias, regulamentos, decisões administrativas e negócios 
jurídicos” (Câmara dos Deputados, 2023). 
A burocracia resulta em um novo tipo de dominação. Trata-se do domínio 
institucional e legal que a caracteriza, a dominação racional legal, tese apontada 
por Weber (2004). Portanto, enquanto administração pública, o Estado 
corresponde ao sistema político, às regras constitucionais e suas derivadas. De 
acordo com Bresser Pereira (2008, p. 3), em termos administrativos, o Estado “é o 
sistema constitucional-legal e a organização que o garante”. O autor ainda 
complementa que se trata do instrumento por excelência de ação coletiva do 
Estado nação ou da sociedade civil. 
2.2 Primórdios do moderno Estado burocrático 
As amplas transformações sociais e econômicas ocorridas a partir do século 
16 tiveram forte impacto sobre a organização política das sociedades europeias de 
então. Dessas transformações, algumas foram essenciais para que a instituição 
estatal fosse aos poucos sendo fortalecida, em especial para a condução da 
economia mercantilista e, posteriormente, da economia capitalista. 
O mercantilismo foi o modelo econômico predominante durante o 
Absolutismo europeu. Consistia basicamente em uma política de acúmulo de 
riquezas, em especial metais preciosos provenientes da América. A nobreza, 
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classe dominante daquele período (duques, condes, marqueses e barões), e a 
burguesia comercial, assim como o Estado, assumiam o papel de acúmulo. Nesse 
contexto, o Estado-nação funcionava como indutor e protetor do sistema. Porém, 
o poder estatal tinha interesses próprios, razão pela qual necessitava de um forte 
aparato capaz de proteger a produção, o território, os meios de transporte e os 
cidadãos. Internamente, deveria garantir a ordem social, em uma sociedade que 
passava por mudanças radicais. Na Europa, ao invés do trabalho servil, era mais 
comum encontrar trabalho assalariado. Nas colônias, predominava o trabalho 
escravo. O Estado torna-se, então, o agente de controle das massas camponesas, 
dos trabalhadores urbanos, dos escravos e dos povos conquistados. 
Outra característica é a centralização: todas as decisões passavam pelo 
monarca e seus conselheiros, a partir de uma rígida estrutura hierárquica. A 
principal ferramenta de centralização foi a arrecadação de impostos. Ao invés de 
cada nobre cobrar impostos, como ocorria
na Idade Média, no Absolutismo o Estado 
centraliza a arrecadação, o que o alimenta e o torna cada vez mais forte. Nesse 
contexto, os negócios do Estado se ampliam, de modo que surgem os primeiros 
rudimentos da organização burocrática moderna, com os chamados “juristas”, 
funcionários encarregados de redigir as leis. De acordo com Anderson (2004, p. 
28), tais indivíduos tinham formação em princípios do Direito Romano, retomado 
desde a Renascença. No entanto, tais princípios foram reformulados em um 
cenário muitas vezes contraditório, com a mistura de modernos instrumentos de 
administração e formas arcaicas, como o patrimonialismo, forma de organização 
estatal (e social) em que o público e o privado se confundem – ou, antes, em que o 
interesse público está submetido ao interesse privado. 
TEMA 3 – POR QUE UM ESTADO FORTE? 
A ideia moderna de Estado foi apresentada primeiramente por Maquiavel 
(1469-1527), que considera a existência de uma natureza própria, como ponto 
central da política moderna. Em sua época, a religião ainda era fundamental para 
analisar a política. Mesmo assim, Maquiavel desenvolve as primeiras razões 
específicas para as questões de Estado, buscando entender a melhor maneira 
(racionalidade) para atingir objetivos políticos. Na sequência, outros autores 
defenderam a necessidade de um Estado fortíssimo. 
Em sociedades em franca modificação, considerando ainda a descoberta de 
grandes riquezas em novas terras, era natural que surgissem temores, ameaças e 
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conflitos variados. O comércio internacional passou a crescer a partir da lógica do 
mercantilismo – ou seja, um comércio acima de tudo estatal, ainda que existissem 
companhias privadas, bancos e empreendedores individuais. O Estado era agora 
o grande protetor, responsável pela criação de exércitos nacionais, compostos por 
cidadãos e não mais por mercenários ou indivíduos de outras nacionalidades. 
A história do surgimento do Estado moderno é a história desta tensão: do 
sistema policêntrico e complexo dos senhorios de origem feudal se chega 
ao Estado territorial concentrado e unitário através da chamada 
racionalização da gestão do poder e da própria organização política 
imposta pela evolução das condições históricas materiais. (Schiera, 1998) 
O Estado Absolutista buscava manter a ordem social, impedindo um conflito 
entre as classes sociais, ou seja, entre a nobreza, o campesinato e a nascente 
burguesia. Foi um período com transformações amplas e profundas, que exigiram 
novas formas de interpretação e novas justificativas para a sua efetiva aceitação. 
Se antes a Igreja Católica era a principal criadora e disseminadora de teses para 
explicar a realidade, no período Renascentista e Absolutista outras explicações se 
tornaram necessárias. nesse contexto, como explicar o fortalecimento da 
instituição chamada Estado? 
Segundo Dallari (2015), existem três hipóteses: 
 Origem familiar: decorrência da complexificação das sociedades humanas, 
de forma que o Estado seria uma decorrência natural desse 
desenvolvimento. 
 Hipótese da violência: os grupos mais fortes sujeitaram os demais, através 
de um aparato próprio e do uso da força. 
 Hipótese econômica ou patrimonial: o Estado representaria as vantagens 
organizacionais, considerando ainda o domínio de uma classe social sobre 
outra, para garantir a posse privada dos meios de produção, em especial das 
terras. 
Um dos modelos mais conhecidos é o dos Contratualistas, autores que 
desde o século 17 tentaram justificar a formação de um Estado. Vejamos o exemplo 
de Hobbes, pensador que defendeu o Estado Absolutista a partir do argumento da 
segurança. 
3.1 Thomas Hobbes: Estado e segurança 
Atualmente, é impossível imaginar uma sociedade sem forças de 
segurança, em geral controladas pelo Estado. Mesmo as forças de segurança 
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privadas são fiscalizadas pelo aparato estatal, devendo respeitar seus 
regulamentos e normas. Até o período absolutista, as questões de segurança eram 
assuntos particulares. Cada nobre, com suas próprias forças, eventualmente se 
unia para combater um inimigo externo. Muitas tropas eram formadas por 
estrangeiros ou mercenários. Não havia polícia, no sentido moderno do termo. Foi 
o surgimento do Estado-nação que passou a exigir outra configuração. É nesse 
sentido que o inglês Thomas Hobbes (1588-1679) enfatiza a necessidade de uma 
instituição acima dos indivíduos, de seus interesses e conflitos, capaz de 
estabelecer a ordem e a paz dentro da sociedade. 
Hobbes é um dos principais defensores do Absolutismo monárquico, 
centrado em um Estado fortíssimo. Na obra “Leviatã” (de 1651, em referência ao 
monstro bíblico de mesmo nome), a partir de uma visão pessimista da natureza 
humana, o autor define o que seria a sociedade sem um Estado. Ela seria como 
um terrível estado de natureza (ausência de sociedade organizada), onde os 
indivíduos viveriam em constante ameaças e conflitos, pois o ser humano teria 
características egoístas e violentas – “o homem como lobo do homem”. Apesar 
disso, o ser humano é um ser racional, de modo que um pacto (acordo) pode evitar 
a violência e a guerra, a suposta “guerra de todos contra todos”. 
Nesse contexto, Hobbes defende a superação dessa condição através de 
um Estado que representa esse acordo, ou seja, um poder acima dos indivíduos, 
o mais forte possível, para evitar que, no plano interno, os cidadãos lutem entre si. 
No plano externo, a ideia é impedir que um inimigo invada o território ou fomente 
opressão. Assim, apenas o Estado daria segurança aos cidadãos, através da 
possibilidade do uso de violência (coerção). Pactos sem espada são palavras sem 
força, resume o autor (Hobbes, 1997). 
Aqui convém lembrar que, na Idade Média, o poder político europeu era 
diluído entre centenas de reinos e principados, com suas respectivas lideranças 
(nobres). Porém, com a nova lógica de unificação em Estados-nação, em um 
primeiro momento vingou a ideia de um indivíduo que representava a soberania. 
Assim, o Estado Absoluto, na figura do soberano, seria capaz de garantir a paz 
interna e a segurança externa. Hobbes não estabelecia uma diferença entre 
governo (soberano ou assembleia) e o Estado. Em nome da segurança, Estado ou 
soberano tudo podiam. 
 
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3.2 Nobreza, camponeses e burguesia 
O período em que Hobbes viveu foi bastante conturbado. De um lado, a 
guerra dos 30 anos. De outro, profundas mudanças sociais, políticas e 
econômicas. Mas o que motivou transformações tão profundas? Duas mudanças 
se iniciavam sem, no entanto, se aprofundar. Era o fim da servidão, aquela forma 
medieval de relação entre o nobre e o camponês. Por outro lado, o fortalecimento 
da classe burguesa. O Estado absolutista assumia uma função muito mais de 
proteção à nobreza do que de fortalecimento à burguesia ou aos camponeses. 
De acordo com Perry Anderson (2004), o Absolutismo não trouxe melhores 
condições de vida aos camponeses. Ao invés disso, o temor de uma revolta geral 
dessa classe, agora livre da servidão, fez com que a nascente burguesia fosse 
cooptada, juntamente com a nobreza, pelas monarquias absolutas. Essa aliança 
teria sido fundamental para pacificar a sociedade e garantir o apoio político 
daquelas classes sociais que, na verdade, tinham interesses opostos (a burguesia 
e a nobreza). Assim, o Estado absolutista, apesar de alguns traços modernos, foi 
na verdade um instrumento de domínio da nobreza: “o absolutismo era apenas isso. 
Um aparelho de dominação feudal recolocado e reforçado, destinado a sujeitar as 
massas camponesas. [...] Era a carapaça política de uma nobreza atemorizada” 
(Anderson, 2004, p. 18). 
O período ficou marcado por um intenso processo de urbanização, a partir de 
dois elementos: a expulsão dos camponeses, forçando-os a migrar para as 
cidades; e o nascimento da indústria moderna, ainda em seus primeiros passos, 
com novas formas
de produção (o tear mecânico é o principal exemplo). Some-se 
ainda o desenvolvimento técnico, em especial no que diz respeito à navegação, que 
possibilitou o domínio dos mares e, consequentemente, das novas terras então 
descobertas (América, África e Extremo Oriente). Tais fatores fomentaram uma 
nova mentalidade, em especial em relação ao comércio, que deixa de ser centrado 
em pequenas localidades e passa a se concentrar em amplos mercados, 
basicamente mercados europeus, com um sistema de produção já global (colônias 
espalhadas pelo mundo). É nesse contexto que a moderna ideia de Estado-nação 
começa a ser forjada. 
TEMA 4 – MODELOS DE ESTADO ABSOLUTISTA 
Embora a ideia de reino ou império seja conhecida desde a antiguidade, o 
conceito de Estado-nação, tal como o conhecemos hoje, é bem mais amplo. Até a 
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Idade Média, existiam alguns rudimentos de organização estatal entre os vários 
impérios e reinos espalhados pelo mundo. No entanto, eles não se equiparavam 
ao Estado Moderno. O termo Estado sequer era usado. Cidade-estado, por 
exemplo, é um conceito moderno, em referência a modelos de organização política 
da antiguidade e da Idade Média. Na antiga Grécia, pólis era o conceito usado para 
designar uma cidade independente e soberana. No Império Romano, república era 
o termo mais próximo do que hoje entendemos como Estado enquanto instituição 
representativa das coisas públicas (interesse comum). 
Contudo, nesses casos a abrangência do público era muito restrita, de 
forma que tanto na Grécia quanto em Roma apenas uma pequena elite se 
beneficiava da organização coletiva. Também o termo civitas, origem da palavra 
cidadania, abarca a ideia de que romanos pobres poderiam participar das decisões, 
mas o poder efetivo restringia-se à elite dominante, os patrícios. Somente nos dois 
últimos séculos do Império Romano é que a cidadania foi estendida a todos os 
povos conquistados (Dallari, 2015, p. 72). Nos reinos da antiguidade, não havia uma 
burocracia formal. Quando existia, o seu treinamento era uma mistura de 
especialização, arte e religião – Weber (2004) exemplifica essa dinâmica com a 
formação de funcionários públicos no antigo império chinês. Assim, aqueles 
Estados pouco tinham da racionalidade científica atual. As decisões eram feitas 
principalmente em consideração à vontade do soberano ou de clãs familiares, 
sempre com uma forte influência religiosa. Praticamente não havia separação 
entre esses campos5. 
Dallari (2015, p. 59) afirma que, só no século XVI, na Itália (então dividida), é 
que o termo Estado passou a ser usado, por exemplo, para designar cidades-
Estado, como o “Estado de Firenze”. Posteriormente, os analistas passaram a usar 
o termo em sentido amplo, tanto para se referir aos estados em processo de 
unificação quanto para explicar a organização política do mundo antigo. França, 
Inglaterra, Espanha, Rússia e os demais Estados europeus, ainda em processo de 
unificação, estruturaram as suas embrionárias organizações estatais, formando 
modelos diferentes de Estados absolutistas, ainda que todos compartilhassem as 
premissas principais. No Absolutismo, a soberania se confunde com o poder 
pessoal do rei, ideia celebrada pela famosa frase do regente francês Luís XIV: “O 
Estado sou eu’” Tal princípio é fundamentado pela ideia de direito divino, segundo 
a qual o poder seria uma concessão a determinados indivíduos, mas também na 
 
5 Sobre o Estado antigo e o feudal, ver Dallari, 2015, cap. 3. e Tragtenberg, 1971. 
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proposta laica de uma lógica própria para o Estado. 
A França foi o mais perfeito modelo de Estado Absolutista, principalmente 
no reinado de Luís XIV (1638-1715), que consolidou o mercantilismo e fomentou 
uma forte centralização política e administrativa. O maior teórico da época foi o 
Cardeal Richelieu (1585-1642), que criou a expressão “razão de Estado”, 
em referência o uso de ações ou leis ilegais, incluindo o autoritarismo e o uso da 
violência, no plano interno e externo, para salvaguardar supostos benefícios do 
Estado. Ele também propôs o uso da razão para conduzir as questões dessa 
instituição. A França controlou a influência dos nobres nas questões políticas e 
administrativas, fortalecendo os funcionários e criando uma forte burocracia 
controlada pelo rei. 
A Rússia, do início do século 18, começava a se transformar em um império, 
inicialmente fechado, mas posteriormente com um tipo de Estado absolutista mais 
aberto à modernização. Era o chamado despotismo esclarecido, com Pedro, o 
Grande (1672-1715), e Catarina II (1725-1796). Valores absolutistas conviveram 
com inovações, incluindo a ênfase à indústria, o aparelhamento da marinha e a 
abertura de portos, sempre com o pano de fundo da ciência. Muitas das ideias 
iluministas em vigor na Europa ocidental desse período passaram a ser mais 
amplamente aceitas. 
A Inglaterra foi um modelo mais moderado. Ainda no século XIII, bem antes 
do Absolutismo, os ingleses estabeleceram certos controles ao poder dos 
monarcas. Em 1688, a Revolução Gloriosa inaugurou, entre outras coisas, uma 
monarquia com poderes limitados pelo Parlamento, instituição que se dividia em 
dois partidos. Participava do governo o vencedor das eleições parlamentares. O 
parlamento tinha o poder, inclusive, de nomear os ministros. Enfim, a maior parte 
do sistema político britânico atual tem a sua origem neste período. A Revolução 
Inglesa foi uma revolução burguesa, a primeira da história, época em que o Estado 
incorporou uma série de exigências dessa classe social, dando mais abertura à 
ciência e ao desenvolvimento técnico, o que em outras nações só viria a acontecer 
dois séculos depois. 
Portugal e Espanha seguiram esse modelo, mas por vias diferentes. Eles 
foram profundamente influenciados pela Igreja Católica, enquanto as demais 
potências se distanciavam paulatinamente. Os portugueses se fecharam para os 
valores capitalistas burgueses, aceitando apenas o chamado capitalismo de 
Estado. Essa realidade acabou influenciando um tipo de Estado cheio de 
contradições, como constata Faoro (2001, p. 204), para quem o Estado colonial 
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português transformou os altos funcionários públicos em elementos praticamente 
da nobreza, sufocando a burguesia e privilegiando os funcionários de Estado. Em 
meados do século XVIII, em Portugal, ainda prevalecia uma organização estatal 
arcaica, cheia de superstições, com fraca hierarquia e excesso de funcionários. 
Nesse período, nem mesmo o “déspota esclarecido” Marquês de Pombal conseguiu 
modernizar o país efetivamente. 
4.1 Administração “policial” do Estado absolutista 
O Estado absolutista estendeu os seus poderes, criando uma administração 
que envolvia todos os aspectos do reino. Desse fato, surgiu no século XIX o 
conceito de Estado de polícia, para designar o poder estatal antes das noções 
modernas de estado de direito. Ou seja, a ação do Estado absolutista era, segundo 
Schiera, (2018), “o aspecto obsessivo e opressivo do intervencionismo estatal”. Foi 
no período absolutista que surgiu o conceito de polícia, na França renascentista e 
na Alemanha ainda não unificada. 
De acordo com Afonso (2018, p. 223), a palavra polícia se desenvolve 
simultaneamente à ideia de Estado. Inicialmente, tinha um sentido diferente do 
atual. Referia-se não tanto a questões de segurança ou ordem pública, mas à boa 
administração pública, um termo mais próximo de expressões atuais como política 
pública ou política de governo. “A polícia passou, assim, a ser vista e apreendida 
como a ciência de governar os homens, com vista à ordem pública em sentido 
amplo. Todos os objetos da polícia eram da responsabilidade dos homens de 
Estado, isto é, da política”. 
Dessa forma, temos um Estado cada vez mais forte, regulado por um direito 
racional, ainda que mesclado a fatores medievais, com atribuições cada
vez mais 
vastas ao Estado, conforme aponta Afonso (2018, p. 223) 
O direito de polícia atingia uma vasta área da Administração: a polícia e 
o governo económico da cidade, a polícia de enterros, a polícia sanitária, 
a polícia dos mercados, a polícia da iluminação pública, a polícia da 
edificação urbana, a polícia das vias de comunicação, a polícia das águas 
públicas, a polícia da mendicidade, a polícia dos vadios e ociosos, a 
polícia dos jogos e jogadores, a polícia dos costumes. 
A administração do Estado absolutista incluía uma forte centralização, 
baseada na força. Na tentativa de canalizar a resolução de problemas coletivos para 
o Estado, a ideia era racionalizar a nascente organização burocrática. Porém, o 
que ocorreu foi a criação de um modelo cheio de contradições. A título de exemplo, 
vejamos alguns aspectos da administração colonial portuguesa. 
15 
 
 
4.1.1 Administração no Brasil colônia 
De acordo com Costa (2008), Portugal transplantou para as colônias, 
incluindo o Brasil, as instituições existentes na metrópole. Contudo, a extensão do 
território, a população escassa, dentre outras dificuldades, criaram enormes 
obstáculos. Em todo caso, é possível observar as características e contradições do 
sistema. Conforme vimos anteriormente, o Estado absolutista era híbrido, 
contendo elementos modernos e arcaicos: 
A administração geral contemplava tanto a esfera propriamente 
administrativa quanto a judiciária, com sua complexa distribuição de 
encargos, sujeita a superposições e conflitos de competência. Os juízes 
tinham funções judiciais e administrativas, julgando e executando ao 
mesmo tempo. A administração geral às vezes se confundia com a 
administração local. As câmaras exerciam funções legislativas, executivas 
e judiciárias. Seu senado6 era presidido por um juiz letrado, ou juiz-de-
fora, ou por um juiz leigo, o juiz ordinário. Além do juiz, o senado era 
formado por três vereadores e um procurador, todos sem remuneração e 
reunindo-se duas vezes por semana em "vereança" ou "vereação". 
(Costa, 2008) 
O autor enfatiza ainda que existiam outras instâncias importantes, como 
órgãos para a arrecadação de impostos, gastos militares e gerenciamento dos 
gastos nas capitanias, além de órgãos para a administração dos indígenas e 
intendências. Esse aparato, porém, era ineficaz, autoritário e frágil. A 
administração eclesiástica tinha atribuições civis, como o registro de nascimentos, 
casamentos e mortes, além de ser responsável pelo ensino e pela assistência 
social. 
4.1.2 Segurança 
Como colônia, tropas de linha portuguesas foram evidentemente trazidas 
para o Brasil. No entanto, em termos do que hoje se entende como segurança 
pública, em sentido geral, os próprios cidadãos cuidavam desse aspecto, por meio 
de tropas civis ou mesmo individualmente. 
A administração militar estava dividida em tropa de linha, milícias e corpos 
de ordenança. A primeira era a tropa regular e profissional, formada por 
regimentos permanentemente armados. As milícias eram tropas 
auxiliares de cidadãos recrutados obrigatoriamente, sem remuneração, e 
organizadas em regimentos. As ordenanças constituíam a terceira linha, 
formada por toda a população masculina com idade entre 18 e 60 anos, 
não alistada na tropa regular ou nas milícias. (Costa, 2008) 
 
6 No período colonial, Senado era o nome dado às Câmaras Municipais. 
16 
 
 
TEMA 5 – CRISE E DECADÊNCIA DO ESTADO ABSOLUTISTA 
Ao final do século 18, o Estado absolutista era uma forma anacrônica de 
organização. A ascensão da burguesia resultou em mais espaço político e 
econômico e menos controle do Estado. O capitalismo superou de vez o 
mercantilismo e o Estado-nação tornou-se a principal instituição internacional. A 
ciência prosperava e a religião perdia o espaço que havia ocupado como ator 
político. É nesse cenário que as ideias Iluministas encontram terreno fértil para 
prosperar. Os pensamentos de Locke, Smith, Rousseau, Montesquieu e Kant 
circularam não apenas pela Europa, como também pelas colônias americanas. O 
ideal de liberdade individual ou nacional influenciaria processos de luta por 
independência em vários lugares, principalmente na América, culminando, poucas 
décadas depois, no surgimento de diversos países. 
Nesse ínterim, em 1789, explode aquele que é considerado o marco da 
passagem do Absolutismo para a modernidade: a Revolução Francesa. Mesmo 
considerando que a França só se tornou efetivamente republicana e capitalista, no 
sentido moderno do termo, quase 100 anos depois, aquela revolução mostrou ao 
mundo que mudanças estruturais estavam em movimento, inclusive induzindo que 
um novo tipo de Estado começasse a ser pensado e organizado, a partir de 
princípios distintos daqueles apregoados pelo Absolutismo. Além da França, outro 
processo revolucionário ocorria do outro lado do Atlântico, onde os ideais de 
modernização tinham mais liberdade para prosperar: a independência dos Estados 
Unidos da América, a primeira experiência mundial de um Estado formado a partir 
dos ideais iluministas. É o tópico da próxima etapa, com o chamado Estado Liberal. 
NA PRÁTICA 
Nem toda a Europa se transformou em Estado absolutista. A Holanda era 
uma República7 dominada pela burguesia comercial. A Suíça era uma República 
quase isolada, com muitas instituições democráticas. Itália e Alemanha ainda não 
estavam unificadas, encontrando-se divididas em vários estados com 
características distintas. Em termos globais, existiam outras forças políticas, como 
o Império Otomano e a China, cujos Estados eram muito parecidos com os 
modelos antigos ou os reinos medievais. 
 
7 A Holanda transformou-se em Monarquia Constitucional em 1815. 
17 
 
 
FINALIZANDO 
Estudamos alguns aspectos do conceito Estado avaliando como surgiu o 
Estado absolutista e a sua influência para a consolidação dos modernos Estados 
nacionais. Foram cerca de três séculos em que o atual Estado-nação germinou, ao 
longo dos quais o chamado Estado burocrático moderno encontrou um solo fértil 
para se desenvolver, seja do ponto de vista econômico e político, seja a partir de 
mudanças no plano ideológico. Porém, o Estado absolutista ainda era 
essencialmente feudal, garantindo o domínio da nobreza, fato que só seria 
superado com o Estado liberal. 
 
 
18 
 
 
REFERÊNCIAS 
AFONSO, J. J. R. Polícia: etimologia e evolução do conceito. Revista Brasileira 
de Ciências Policiais, Brasília, v. 9, n. 1, p. 213-260, jan./jul. 2018. 
ANDERSON, P. Linhagens do Estado Absolutista. São Paulo: Brasiliense, 2004. 
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Acesso em: 20 mar. 2023. 
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<http://www.bresserpereira.org.br/papers/2008/08.21.Nação.Estado.Estado-
Nação-Março18.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2023. 
COSTA, F. L. da. Brasil: 200 anos de Estado; 200 anos de administração pública; 
200 anos de reformas. Revista de Administração Pública, v. 42, n. 5, p. 829-874, 
2008. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0034-76122008000500003>. 
Acesso em: 20 mar. 2023. 
DALLARI, D. Elementos de teoria geral do Estado. São Paulo: Saraiva, 2015. 
FAORO, R. Os donos do poder. São Paulo: Ed. Globo, 2001. 
HOBBES, T. Leviatã. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1997. 
PASQUINO, G. S. Verbete “Governo”. In: BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; 
PASQUINO, G. Dicionário de Política. Brasília: Editora UnB, 1998. 
SCHIERA, P. Verbete “Estado Moderno”. In: BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; 
PASQUINO, G. Dicionário de Política. Brasília: Editora UnB, 1998. 
TRAGTENBERG, M. A teoria geral da administração é uma ideologia? Revista
de 
Administração de Empresas, v. 11, n. 4, p. 7-21, 1971. Disponível em: 
<https://www.scielo.br/j/rae/a/xrsJ3hw575JX9Rph7XvbfnR/?lang=pt#>. Acesso 
em: 20 mar. 2023. 
WEBER, M. Economia e Sociedade. Brasília: Editora UnB, 2004.

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