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ESTADO MODERNO E CONTEMPORÂNEO AULA 3 Prof. Carlos Alberto Simioni 2 CONVERSA INICIAL Dentre os pensadores modernos, o primeiro a criticar os fundamentos do liberalismo foi Rousseau, em 1754, quando afirmou que a origem da desigualdade era a posse da propriedade (Rousseau, 2008). Para os liberais, inversamente, a propriedade privada era o principal fundamento de liberdade, e o Estado seria o seu guardião. Esse debate se tornaria, posteriormente, um dos principais contrapontos entre liberalismo e socialismo. No final do século 18, o conde Saint- Simon (1760-1825) também fez críticas ao emergente capitalismo, sendo o primeiro a usar o termo socialismo. Era o início da Revolução Industrial e do capitalismo. As primeiras indústrias (no sentido moderno do termo) iniciaram um processo de exploração do trabalho que hoje seria considerado desumano ou análogo à escravidão: jornadas de trabalho de 14 horas ou mais; fábricas com ambientes insalubres; baixíssimos salários; ausência de legislação trabalhista; e uma multidão de desempregados, expulsos do campo e prontos a substituir quem não aceitasse aquelas condições. O discurso de liberdade, igualdade e fraternidade, na prática, não acontecia para a maioria – antes, a desigualdade e o sofrimento eram muito maiores do que no período feudal. É nesse contexto que surgiram as primeiras ideias socialistas. Inicialmente, as propostas nesse sentido eram experimentos individuais, e não revoluções ou reformulações do Estado. Tais propostas foram chamadas posteriormente de socialismo utópico. Porém, em meados do século 19, impelidos pelo avanço da mentalidade científica, os alemães K. Marx (1818-1883) e F. Engels (1820-1895) propuseram um projeto político revolucionário, o comunismo. A teoria de Marx e de Engels, assim como de vários de seus seguidores, recebeu o nome de marxismo, uma proposta de mudança radical da sociedade. A classe trabalhadora tomaria o poder, incluindo o Estado burguês, e eliminaria o capitalismo e a divisão da sociedade em classes sociais. O projeto aconteceria pela ação de organizações modernas, como partidos políticos e sindicatos, e pelo uso da violência, em um processo revolucionário. Depois, seria construída uma nova sociedade e um novo tipo de Estado (ou teríamos a extinção do Estado da época). Assim, há um debate não apenas em relação ao tipo de sociedade (capitalista ou comunista), mas também, em uma suposta sociedade comunista, ao tipo de Estado que deveria existir. 3 Aqui, vamos estudar as críticas marxistas ao Estado capitalista (liberal) e as primeiras experiências de Estados comunistas, a partir da Revolução Russa de 1917. TEMA 1 – CRÍTICA AO ESTADO LIBERAL CAPITALISTA Qualquer abordagem marxista parte de um princípio básico: todas as sociedades, em todas as épocas, sempre estiveram divididas em classes sociais diferentes, a dominante e a(s) explorada(s). Ao longo da história, em um processo lento e natural, elas entram em conflito. Na sociedade capitalista não é diferente. Outras teorias, como a das elites ou mesmo o liberalismo, concordam com este pressuposto (divisão entre classes), mas avaliam que se trata de uma divisão normal. O marxismo, porém, considera que essa divisão é injusta e passível de ser mudada cientificamente, desde que um processo revolucionário, conduzido pela classe explorada, construa uma sociedade sem a opressão de uma classe sobre a outra – opressão conduzida também pelo Estado. 1.1 Ação do estado No século 19, o capitalismo, com sua forma específica de relação de trabalho (assalariado), estava se consolidando na Europa. A Inglaterra era o país onde o processo estava mais avançado. Abrigava centenas de fábricas e milhares de operários. As condições de trabalho, no entanto, eram precárias. No livro “O Capital”, escrito em meados daquele século, Marx analisa como as próprias instituições britânicas, ao longo de décadas, criaram uma legislação trabalhista, na visão do autor, insuficiente. O parlamento inglês, por exemplo, paulatinamente reduziu a jornada de trabalho, após várias denúncias de médicos, religiosos, jornais e comissões do próprio Parlamento (Marx, 1987, p. 315). Nesse contexto, qual era o papel do Estado? É importante lembrar que o Estado Britânico se fundamentava em princípios liberais, procurando interferir minimamente em assuntos privados. No entanto, no início do século 19, surgiram as primeiras revoltas dos trabalhadores, por exemplo o Ludismo (1819, revolta contra a substituição de homens por máquinas, na qual os trabalhadores quebraram e destruíram as fábricas). Diversas revoltas ocorreram pela Europa durante aquele século; em geral, os governos tomavam o partido da classe burguesa (proprietários), enviando a polícia e o exército para conter os operários. Procurar o governo (Poder Executivo) não surtia efeito, pois este era composto, muitas vezes, pelos próprios burgueses ou por seus representantes. 4 Esta é a razão que levou Marx e Engels a afirmarem, em “O Manifesto Comunista”, publicado em 1848, que “a burguesia, desde o estabelecimento da grande indústria e do mercado mundial, conquistou, finalmente, a soberania política exclusiva no Estado representativo moderno. O governo moderno não é senão um comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa” (Marx; Engels, 1986). Essa análise não pode ser interpretada literalmente. Afinal, trata-se de um manifesto e não de uma obra acadêmica mais elaborada. Na obra de Marx, é possível verificar outras abordagens sobre o Estado, como veremos a seguir. TEMA 2 – ANÁLISE ESTRUTURAL E CONJUNTURAL DO ESTADO A teoria marxista é considerada estruturalista, ou seja, parte do princípio de que, independentemente do período histórico, em todas as sociedades encontramos estruturas, ou fatores que sustentam aquela sociedade. Seria o caso do fator econômico ou a maneira como os homens, na luta pela sobrevivência, se organizam, geram e distribuem bens e riquezas. Todas as instituições sociais estariam condicionadas, em última instância, por esse fator. Com o Estado e as suas variações ao longo da história, não é diferente. A ideia que vimos anteriormente, do Estado como gerente da burguesia, está atrelada a esse princípio. Ao lado das estruturas existem fatores conjunturais, ou seja, fatores ou acontecimentos que, em um dado momento, podem não estar ligados à estrutura, pois podem ser explicados por variáveis diferentes e múltiplas. Ainda assim, no conjunto, podem sustentar determinadas situações e aparentar uma organização estrutural. No marxismo, essa diferença é definida como infra e superestrutura. A política e o Estado seriam elementos da superestrutura, isto é, aparecem em primeiro plano, mas são condicionados pela economia (mercado, produção e distribuição da riqueza). Assim, a superestrutura é importante, como argumentam Codato e Perissinoto (2001). O próprio Marx analisou determinadas conjunturas políticas em suas relativamente pouco conhecidas obras históricas. Nessas obras, seria possível observar a visão do pensador sobre o Estado, mais do que no “Manifesto”. 2.1 Análise de Marx sobre o Estado enquanto instituição política Muitos criticam a visão estrutural de Estado, por impedir uma análise de “sua configuração interna, seus níveis decisórios e as funções que os diversos centros de poder cumprem, seja como produtores de decisões, seja como organizadores 5 políticos dos interesses das classes e frações dominantes” (Codato; Perissinotto, 2001, p. 10). No entanto, os autores argumentam que nem o próprio Marx menosprezou esse fato, exemplificando como analisou os fatores conjunturais do Estado durante os tumultuados anos entre 1848 e 1851 na França, quando diversas crises políticas culminaram no golpe de Estado de Luís Bonaparte (sobrinho de N. Bonaparte). Nessecontexto, o Estado foi disputado por diferentes classes ou frações de classe (diferentes tipos de burguesia: comercial, industrial, financeira etc.). Outro ponto analisado é a diferença entre aparelho de Estado e poder de Estado. A pergunta central é: nas sociedades modernas o Estado é efetivamente controlado pela classe dominante? Em sentido geral, os autores afirmam que Marx percebe o Estado como atrelado ao fator da classe social. Mas em certas ocasiões a instituição é mais autônoma. Teríamos uma diferença básica entre grupos economicamente dominantes (frações da classe burguesa) e grupos politicamente dominantes, que poderiam ser uma daquelas frações, ou mesmo um período de dominação política por uma classe subalterna, sem, no entanto, interferência no domínio da classe economicamente dominante. Esta seria a diferença básica entre aparelho de Estado, que pode ser governado por diferentes grupos, classes ou frações de classe; e poder de Estado, em referência ao poder da classe que domina os meios de produção (infraestrutura). Portanto, mesmo que em certo momento uma classe subalterna comande o Estado, na verdade ela se ilude, pois não tem o poder real daquela sociedade. O aparelho de Estado apresenta diferentes instâncias de poder. Considerando exemplos atuais, uma coisa é controlar, vamos supor, o Ministério da Fazenda ou de Infraestrutura, outra coisa é dominar o Ministério da Cultura. Segundo Codato e Perissinoto (2001, p. 20), somente alguns ramos de Estado apresentam poder efetivo: o poder político concentra-se em núcleos específicos do aparelho do Estado; estes, por sua vez, podem ser ocupados diretamente (ou controlados, ou influenciados) por diferentes classes sociais; nesse caso, o poder relativo de cada uma delas será determinado pela proximidade ou distância que mantiver em relação ao centro decisório mais importante. Assim Marx entendeu a complexidade do Estado, com suas diferentes esferas de poder, sendo dirigido por diferentes classes sociais. A partir de certo limite, o poder real está nas mãos da classe que controla os principais centros de poder, a mesma classe que controla os meios de produção. 6 TEMA 3 – MODELOS DE ESTADO COMUNISTA: URSS O primeiro Estado Comunista surgiu após a Revolução Russa, em 1917. Com a criação da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), era preciso considerar a melhor forma de gerir aquele imenso país com um novo sistema econômico, a partir de princípios políticos diferentes daqueles que regiam o império russo ou o Estado Liberal. Contudo, essa estrutura não iria diferir muito dos princípios do Estado Nação e daqueles elencados por Weber (segurança, administração moderna e burocracia). Os novos princípios eram abolição da propriedade privada, substituição do capitalismo como modo de produção e erradicação da miséria, pela socialização (distribuindo) dos meios de produção. Que papel teria o Estado nesse processo, se ele era anteriormente visto como instrumento de opressão das classes dominantes? É certo que, após a Segunda Guerra Mundial, progressivamente as condições de vida melhoraram na URSS, em especial com a erradicação da miséria e com a universalização de serviços de saúde e educação. Mas não havia consumo em massa como no ocidente. Se não havia miséria, a população também não tinha acesso aos pequenos luxos da classe média capitalista. No plano político, o Estado soviético se transformou em um dos maiores e mais poderosos da modernidade. Mas, internamente, a lógica do Estado não diferia muito dos demais países. 3.1 Estrutura política A URSS tinha um sistema político baseado em soviets, conselhos de representação de operários e camponeses, na verdade instituídos em 1905, mas sem muito poder. Com a Revolução, pelo menos na teoria, tais conselhos seriam a base do poder político (Reed, 2009). Posteriormente, a URSS implantou o regime de partido único, o Partido Comunista (PC), formando um complexo sistema de representação popular, semelhante ao parlamentarismo ocidental. Na prática, contudo, a URSS era um país autoritário e o poder era altamente centralizado pelo Poder Executivo (Presidium), atrelado ao Politburo, Comitê Central do PC, que decidia os principais temas tratados. O parlamento nacional, o Soviet Supremo, era liderado pelo Secretário Geral, o Chefe de Estado. Na prática, ele ratificava as decisões do PC, principalmente nos períodos de maior autoritarismo, como no governo de J. Stalin (Stalinismo, 1924-1953). 7 3.2 Administração e economia A URSS também apresentava administração burocrática moderna, conhecida como nomenklatura, formada principalmente pelos altos dirigentes do PC e por trabalhadores de vários setores, em grande parte pertencentes ao partido. É interessante lembrar que a URSS, ainda nos anos 20, implantou um sistema de produção baseado no fordismo, procurando equiparar-se à alta produtividade dos países ocidentais. Com o tempo, porém, o Estado transformou-se em um imenso aparato repressivo, o que para muitos comunistas foi um desvirtuamento da Revolução, com a substituição do poder dos soviets pela burocracia. A economia soviética era altamente planificada, ou seja, era planejada em detalhes pelo Estado. Desde os anos 30, foram implantados vários planos de metas. A cada 5 anos, determinados setores eram priorizados. Não havia mercado financeiro. O comércio e o trabalho eram controlados minuciosamente. A burocracia e o partido eram as figuras que efetivamente controlavam a economia. Tragtenberg (1971) ressalta o que ficou definido como “transformação da URSS em Capitalismo de Estado”, expressão usada por Lênin: O capitalismo de Estado, ou melhor, o processo de modernização levado a efeito por uma elite, industrializante sob a direção de um partido único, implica nos seus inícios, já na burocracia [...]. O monopólio do poder, pelo partido único, é o elemento que assegura a seleção da elite dirigente. [...] Nesse contexto, o administrador de empresa cumpre a função de realizar no nível de microempresa os objetivos do plano. Se ele atinge as cifras do plano recebe bonificação. Tal modelo de direção empresarial, altamente centralizado e burocrático, geridos pelos respectivos PCs, se espalhou pelos países satélites, como Hungria, Tchecoslováquia, Romênia, Iugoslávia, Polônia, Albânia e Bulgária. Mas tal característica mesclava-se ao modo de produção asiático, um conceito marxista usado para se referir aos onipotentes Estados dos grandes impérios da antiguidade. Criou-se, assim, um modelo híbrido, conforme aponta Tragtenberg (1971): “É o ressurgimento do modo asiático de produção, aliado ao alto nível de tecnificação com o monopólio do poder pelo partido único”. 3.3 Forças de segurança Em linhas gerais, as forças armadas e as forças de segurança pública soviética seguiram o modelo ocidental de organização e finalidades. As forças armadas se transformaram em uma das mais poderosas do mundo. As forças de 8 segurança foram reorganizadas após a revolução de 1917. De acordo com o cientista político francês Gilles Favarel-Guarrigues, havia uma polícia ostensiva, a milícia; uma polícia judiciária (investigativa); e a BKhSS (serviços de crimes econômicos), com agentes especializados no combate à criminalidade dessa natureza, basicamente os atentados contra o patrimônio do Estado, os delitos contra as regras da atividade econômica (especulação ou realização de uma atividade comercial privada) e ofensas de escritório (por exemplo, suborno) (Favarell-Garrigue, 2015). Contudo, em se tratando de regimes autoritários, fossem liberais ou comunistas, a finalidade dessas organizações era desvirtuada, servindo para a repressão política. Na URSS, como aconteceu na maioria dos países comunistas, foi criado um grande aparato repressivo, por exemplo, a Tcheka: A polícia secreta bolchevique, chamadade Comissão Extraordinária de Toda a Rússia para o Combate à Contrarrevolução e a Sabotagem — ou simplesmente "Tcheka" — perseguia e prendia qualquer pessoa que apoiasse um ato "contrarrevolucionário" ou que não simpatizasse com o regime marxista que se instalou em 1917. (Como operava..., 2022) Posteriormente, em 1922, ela mudou de nome e outras agências de informação foram criadas. Porém, a finalidade e as práticas eram idênticas, com a criação de um imenso aparato de vigilância e informações sobre a população. A famosa KGB (Comitê de Segurança do Estado) foi criada em 1954, substituindo o NKVD (Comissariado do Povo para Assuntos Internos), o terrível órgão de repressão durante o stalinismo. A KGB seguiu os mesmos passos das instituições anteriores, tanto no plano interno quanto externo. TEMA 4 – MODELOS DE ESTADO COMUNISTA: CHINA E CUBA Não muito diferentes do Estado soviético, outros países comunistas procuraram caminhos próprios. Vejamos dois exemplos, China e Cuba, países que tiveram uma história revolucionária própria e contextos diferentes de formação do Estado, ainda que não fossem muito diferentes entre si. 4.1 China Em 1949, a Revolução comandada por Mao Tse Tung (1893-1976) reforçou o poderio do bloco soviético, condicionado àquela altura pela Guerra Fria. As primeiras medidas foram centralizar a economia, nacionalizar a indústria (ainda pequena) e dar início à reforma agrária, com um sistema de cooperativas no 9 campo. Politicamente, a China tinha um sistema de partido único, o Comunista (PC), que realmente comandava o país, nas mãos de Mao até a sua morte, em 1976. Com base no Maoísmo (doutrina criada por Mao), a meta política inicial era formar uma sociedade camponesa igualitária. O Estado comandou a chamada Revolução Cultural no final dos anos 60, perseguindo supostos inimigos ou reacionários. A China, porém, passou por grandes dificuldades até o final dos anos 70, quando ainda era um país pobre e quase fechado para o comércio mundial. 4.1.1 Modelo chinês moderno A partir da morte da Mao, em 1976, uma nova orientação do PC permitiu maior abertura econômica e certos princípios capitalistas, culminando na China que hoje conhecemos. Ou seja, em pouco tempo a China tornou-se um poderoso ator internacional, além de grande produtor e consumidor de mercadorias, em um sistema econômico que pouco tem de comunista, pois desde então aderiu à economia de mercado. Por outro lado, o Estado chinês, altamente centralizador, controla as terras e, direta ou indiretamente, estabelece metas para as empresas. Muitos empresários são filiados ao PC. Analistas divergem na definição do modelo, que pode ser chamado de capitalismo de Estado, socialismo de mercado ou, simplesmente, modelo chinês. Os chineses o definem como um caminho próprio “denominado socialismo com características chinesas, que tem como elemento fundamental a liderança do partido em todos os aspectos. O país se apresenta como capitalista na economia e socialista na política e nas questões sociais” (Petit, 2020). Nas últimas três décadas, a China apresentou grande crescimento econômico, com melhorias das condições de vida da população, ainda que exista desigualdade. O processo foi conduzido pelo Estado, apesar de ter sido posto em prática também pelo setor privado. Sobre o tema, Guimarães (2012) analisa: Deve-se destacar o amplo esforço do Estado chinês em promover o desenvolvimento industrial. A proteção ao mercado interno, a oferta de financiamento e o estímulo ao desenvolvimento tecnológico, entre outras medidas, auxiliaram as empresas chinesas a projetar-se no mercado e a ampliar as chances de enfrentar a competição estrangeira. Mais recentemente, acompanhando o seu impressionante crescimento, tivemos a internacionalização do capital chinês, estatal e privado, com financiamento e implementação de megaprojetos em setores variados (energia, 10 construção civil, agricultura, dentre outros) em várias partes do globo, em especial no sudeste asiático, área de especial interesse para os chineses, mas também em países africanos e da América Latina. As indústrias chinesas fornecem muitos equipamentos e peças essenciais a setores fundamentais do mundo moderno, como a indústria eletroeletrônica. Por outro lado, o fato de a China ser uma grande importadora de matérias-primas faz com que seja o principal parceiro comercial de muitos países. O Brasil é um exemplo, em especial o nosso agronegócio. Também encontramos várias empresas chinesas instaladas no Brasil. 4.1.2 Educação, saúde e assistência social A revolução comunista chinesa ocorreu logo após a Segunda Guerra mundial. O país, que já era pobre antes, estava agora devastado por décadas de conflitos. Além disso, as principais medidas econômicas durante o período maoísta não surtiram muitos efeitos, ainda que tivessem impulsionado melhorias nas condições de vida e de serviços sociais. Os recursos eram poucos e a repressão política impedia muitos projetos. Havia uma grande diferença entre os programas para a população rural e a urbana, esta mais beneficiada, apesar de em menor número. Com a mudança de curso, em direção à abertura econômica, inicialmente não foi dada muita atenção às questões sociais. Nogueira, Bacil e Guimarães (2020) afirmam que, entre 1980 e 2000, a desigualdade social aumentou e ocorreu “uma violenta redução dos seus programas de proteção social na saúde e educação”. À medida em que a economia se agigantava, o Estado chinês, bastante descentralizado em termos de execução e financiamento, a partir do poder municipal ou regional, mas dirigidos pelo poder federal, passou a criar o que alguns analistas definem como modelo de Welfare State chinês. O sistema de proteção social foi reestruturado, com a criação de seguros sociais de saúde, reforma no setor de Previdência e intervenção na política de salários, com regulação do salário-mínimo. A educação passou a receber metas de universalização, com a extinção de taxas e mensalidades e a distribuição de livros didáticos gratuitos. O ensino superior, porém, cobra mensalidade ou anuidade. A descentralização acabou por gerar diferenças entre as várias regiões do país (Nogueira; Bacil; Guimarães, 2020). 4.1.3 Controle e repressão pelo Estado 11 Se em termos econômicos há bastante liberdade, em matéria de política e direitos civis a China é um modelo autoritário. Não há oposição, nem por partidos nem por grupos da sociedade civil organizada. Protestos políticos ou apelos por mais liberdade são reprimidos. O massacre na Praça da Paz Celestial em 1989 é um exemplo mais drástico, mas a mídia internacional apresenta constantemente pequenos exemplos de tentativas de protesto com a repressão correspondente. É o caso dos protestos contra a política de isolamento devido à epidemia de Covid, em 2022. Ou ainda os protestos por mais liberdade em Hong Kong, desde que o território foi incorporado pela China. Portanto, entre essas gigantescas forças, economia e política, há certos riscos de colisão. É importante frisar que o Estado chinês é fortemente influenciado, senão direcionado, pelo PC, fator que pode tensionar o sistema, na medida em que outros atores sociais desejam mais poder. Segundo Guimarães (2012), em algum momento o clamor por mais reformas pode bater de frente com os interesses do Partido, que pode se recusar a perder poder: Inicialmente, deve-se destacar que o contexto institucional chinês não é o mais favorável para o funcionamento de uma economia de mercado. Não existem bons direitos de propriedade, o poder Executivo é muito autônomo, não há um sistema de "checks and balances", o poder Legislativo tem pouco poder e o poder Judiciário não é independente. Os meios de comunicação são controlados, de modo que não podem fazer críticas ao sistema ou ao governo. Quando feitas, servem apenas para reforçar queo governo já está atuando para resolver determinado problema (Prazeres, 2022). Na verdade, os meios de comunicação formam um dos principais recursos de controle da sociedade chinesa, conforme cita o texto final do Plano Aprofundado da Reforma Institucional e do Estado, apresentado no 19º Congresso do Partido Comunista Chinês, em 2018. Dos 60 itens destacados no Plano: quatro dizem respeito diretamente às medidas a serem adotadas no âmbito das mídias tradicionais e da internet, “a fim de fortalecer a liderança centralizada e unificada do partido sobre o trabalho da opinião pública” e “manter a segurança e os interesses do ciberespaço nacional”. Nesse sentido, faz-se necessário compreender a importância “do trabalho ideológico e entender plenamente o papel da mídia de rádio e televisão como porta-voz do partido” e “promover a integração multimídia e fortalecer a internacionalização para contar e espalhar a história chinesa. (Petit, 2020, p 179-180) Além de jornais e demais veículos da mídia tradicional controlados, a China também tem o controle das modernas mídias, como via internet. Dessa forma, o modelo chinês é bastante contraditório, principalmente em comparação com países democráticos. De um lado, uma pujante economia; de outro, autoritarismo. 12 4.2 Cuba Cuba, após a Revolução de 1959, organizou a sua economia e o Estado de acordo com o padrão comunista mundial: partido único (PC); economia planificada, a partir da burocracia que centraliza as principais decisões; e sistema representativo unicameral, com eleição dos representantes, que na verdade cumprem as decisões do poder centralizado, pelo menos quanto aos temas mais importantes (Coelho, 2013). Na prática, o Poder Executivo comandou o país, liderado por Fidel Castro, que governou Cuba por mais de 40 anos. No contexto da Guerra Fria, Cuba foi transformada em vitrine pela URSS, de forma que, além das novas orientações dadas pelo Estado cubano, os soviéticos financiaram, direta ou indiretamente, excelentes serviços de saúde, educação e esportes (dentre outras mudanças), criando condições de vida melhores, ainda que modestas, em comparação à maioria dos países latino-americanos (Alonso, 2011). Nos últimos anos, os cubanos tentaram uma maior abertura econômica, mas devido a dois fatores essa abertura foi tímida. Conseguiram uma maior abertura para o turismo e a possibilidade de pequenos empreendimentos privados, dentre outras medidas. Silva (2018) aponta, além de reformas administrativas, outras reformas (até 2016), que podem surpreender pela sua simplicidade, foram aprofundadas ou adotadas, gradualmente, uma série de medidas econômicas e políticas, dentre as quais podemos destacar: entrega e usufruto de terras, com a entrega de terras ociosas do estado, por contrato, a indivíduos e cooperativas, pois embora conte com 6,6 milhões de hectares de terras cultiváveis apenas 50% estavam sendo utilizadas anteriormente; compra e venda de imóveis, fornecendo autorização para tais ações pelos residentes no país, proibidas desde a década de 60 do século passado, o que promoveu a criação de um mercado imobiliário (2011); compra e venda de automóveis (2011); demissões no setor estatal e expansão do emprego privado, com a demissão de funcionários ociosos e a permissão para o desenvolvimento de inúmeras atividades privadas, tendo os paladares (pequenos restaurantes que hoje somam aproximadamente 1500 empreendimentos) e os pequenos serviços como um dos principais espaços de atuação, em que atuam cerca de 330 mil autônomos (2010); flexibilização das viagens internacionais e migração, eliminando ou diminuindo os entraves burocráticos para as viagens de cubanos ao exterior (em 2015). O efeito de tais mudanças ainda é tênue. De um lado, temos a recusa do PC cubano de aceitar mudanças econômicas mais drásticas, como ocorreu na China. De outro lado, o bloqueio econômico norte-americano sufoca essas tentativas, ao impedir um comércio mais pujante com outros países. O resultado é dificuldade para a produção de produtos primários e o desenvolvimento de uma indústria de base. A população não vive na miséria, pois conta com bons serviços 13 sociais. Por outro lado, não tem pequenos luxos ou o mínimo do consumismo, cenário tão comum em países capitalistas, mesmo os países pobres. TEMA 5 – CRISE DO ESTADO COMUNISTA Os Estados comunistas tiveram um padrão comum de formação e funcionamento. Esse modelo de Estado foi muito criticado pelos países capitalistas, basicamente por ser burocrático demais, pouco produtivo e antidemocrático. O fato de a URSS, no contexto da Guerra Fria, ter influenciado a tomada do poder pelos comunistas, fez com que quase todos aqueles países tivessem pouca autonomia. Eram considerados satélites da URSS, política e economicamente. Assim, quando a URSS colapsou ao final dos anos 80, praticamente todo o bloco comunista seguiu o mesmo rumo, com exceção de China, Vietnã, Coréia do Norte, Laos e Cuba. Nicarágua e Venezuela se autodenominam socialistas, mas dificilmente podem ser enquadrados como países comunistas – na verdade, seriam populistas de esquerda. O Estado soviético colapsou por outras razões complementares. A economia russa como um todo não conseguiu acompanhar o altíssimo custo da Guerra Fria, que exigia constante inovação e enormes gastos com a indústria militar. A administração não era eficiente, sendo burocrática demais, pouco inovadora e sem liberdade. O Estado comunista era altamente repressor, cerceando as liberdades mínimas. Cada país poderia ter maior ou menor grau de repressão interna, mas as diferenças não eram tão grandes. A consequência é que a população desses países estava insatisfeita. Desse modo, a partir de 1989, o modelo de Estado comunista começou a ruir. Atualmente, os poucos países assumidamente comunistas apresentam caraterísticas um tanto distintas. A China incorporou vários aspectos do modelo capitalista, incluindo mercado relativamente aberto, propriedade privada dos meios de produção e mercado financeiro, ainda que este receba certo controle do Estado. Por outro lado, apesar da pujança econômica, a China é criticada por seu autoritarismo, domínio de um único partido e perseguição aos opositores. Dessa forma, o Estado chinês de um lado é indutor da economia de mercado, mas de outro é instrumento de controle e de autoritarismo. Em termos administrativos, é tão burocrático quanto qualquer outro. O Vietnã é considerado um dos novos tigres asiáticos, expressão que designa países do extremo oriente que apresentavam economia agrária, mas que 14 passaram por um rápido processo de industrialização a partir dos anos 80, em especial nas modernas cadeias produtivas de bens e equipamentos, inclusive com capital estrangeiro e aceitação de empresas multinacionais em seu território. Tal aceitação é comum em países capitalistas, a maioria dos tigres. Mas é uma novidade para um país comunista. Trata-se de uma situação análoga à da China, com a abertura de mercados e comando do Estado. Os vietnamitas definem o processo como renovação ou economia socialista de mercado. O Laos, no sudeste asiático, é ainda um país pobre e agrário, com reduzida industrialização; porém, nas últimas décadas, tem sofrido maior abertura econômica, em especial com a China, de modo que pode se transformar em mais um tigre. Cuba, após o fim da URSS, tem passado por muitas dificuldades econômicas. Além disso, como vimos, persiste o bloqueio econômico norte- americano sobre o país. Muitos cubanos migram ou fogem do país, fenômeno comum a muitos países latino-americanos. Em termos políticos, o autoritarismo ainda vinga. Não há possibilidade de oposição consistente. Embora parte da população eventualmente proteste, são eventos relativamente raros e na maioria reprimidos de alguma forma. O desafio, portanto, é maior que o chinês, poisalém de mudanças políticas, certamente Cuba deverá passar, mais cedo ou mais tarde, por mudanças econômicas profundas. A Coréia do Norte é um país fechado, de modo que o mundo tem poucas informações sobre o que realmente ocorre nesse território1. Esse fato reforça a tese de que se trata de um regime totalitário. Acima de tudo, é anti-imperialista, o que explica o antagonismo atual em relação aos EUA, ainda que no ocidente pouco se conheça sobre a magnitude da destruição da Guerra da Coreia (1950-53, contra os EUA) e a reconstrução do país, praticamente por meios próprios. Em todo caso, algumas características ajudam a indicar um grau máximo de autoritarismo. A Coreia do Norte é governada por uma mesma família desde os anos 50, quando se tornou comunista. Há intensa propaganda oficial, com o objetivo de reforçar o culto à personalidade, isto é, uma forte propaganda na forma de exaltação do líder máximo, atribuindo-lhe virtudes extraordinárias, como a realização de grandes façanhas na guerra ou na política, inteligência e bondade acima da média, dentre outros fatores. Há uma Ideologia de Estado, o socialismo 1 As principais fontes de informação sobre o país proveem de desertores, de diplomatas e funcionários de agências internacionais que ali viveram por um tempo, e de profissionais que foram chamados para trabalhar no país, como professores, médicos e alguns jornalistas. 15 Juche, criada pelo líder revolucionário Kim Il Sung (1912-1994), baseada em forte nacionalismo e no ideal de não dependência de outros países, nem mesmo dos comunistas. Os meios de comunicação são totalmente controlados, incluindo a internet e a telefonia, sendo uma arma fundamental nos esforços das autoridades para ocultar os detalhes sobre a terrível situação dos direitos humanos no país. Os norte-coreanos não são apenas privados da oportunidade de saber o que acontece no mundo, eles são impedidos de falar ao mundo sobre a sua situação de privação quase total de direitos humanos. A economia é totalmente controlada pelo Estado, que por sua vez é controlado pelo PC, muito influenciado pelo grande líder, atualmente o neto do fundador do país. A lógica do modelo Juche é a autossuficiência, de forma que a política econômica é direcionada por esse princípio. Trata-se de uma situação análoga ao período de domínio de Mao na China. Contudo, algumas reformas ocorreram nos últimos anos. Além de mudanças econômicas mais gerais, em 2005 “foi encorajado certo empreendedorismo e foram oficializados os pequenos mercados onde os agricultores vendiam sua produção excedente, ainda que o governo procurasse manter certo controle sobre os bens vendidos e fixando limites para as variações de preços” (Vizentini; Pereira, 2014). Mas tais mudanças acabaram por ser refreadas ou suspensas. Em conjunto com o bloqueio econômico comandado pelos EUA, a economia passa por grandes dificuldades e não há muitas perspectivas de mudanças, ao pensar em reformas, seria improvável que a Coreia do Norte decidisse seguir o caminho chinês, por exemplo (Vizentini; Pereira, 2014). Em termos internacionais, a Coreia do Norte está atualmente isolada, com poucos parceiros econômicos (China, Rússia, Irã e alguns outros). Em termos políticos, exerce uma política agressiva, em especial em relação aos EUA e à vizinha Coreia do Sul, que resulta em uma política militarista, semelhante ao período da Guerra Fria, com amplos gastos militares, ainda que a população padeça de inúmeros problemas básicos. Em resumo, os países que hoje se definem como comunistas ou socialistas apresentam desafios comuns a muitos outros países. Porém, certos problemas são típicos do modelo escolhido, a partir do direcionamento dos respectivos PCs. NA PRÁTICA O Bloco Comunista, durante a Guerra Fria, abrigava membros rebeldes. Além da China, que se distanciou da URSS já nos anos 50, dois outros países 16 escolheram modelos de Estado um tanto alternativos. Albânia e Iugoslávia, cada qual da sua forma, enfrentaram o poderoso Estado Soviético, pelo menos até certo ponto. No plano geral, eram aliados, mas em termos de modelo de Estado e de economia eles se distanciavam. A Albânia, um dos países mais pobres da Europa, permaneceu como nação stalinista, mesmo após a morte de Stalin em 1953, que acarretou uma série de mudanças na URSS (como a inserção no mercado internacional, o capitalismo de Estado). A Albânia permaneceu controlada de forma autoritária, com uma economia extremamente fechada, liderada na lógica do culto à personalidade por Enver Hoxha, o grande líder, algo semelhante ao que ocorre atualmente na Coréia do Norte. Já a Iugoslávia (hoje dividida em 6 países, nos Balcãs) escolheu um modelo mais tênue, com um certo distanciamento dos soviéticos e a tentativa de criar um modelo cooperativo de economia, com a criação de empresas geridas pelos trabalhadores e não pelo Estado. Tal modelo ficou conhecido como autogestão iugoslava. FINALIZANDO Estudamos as críticas marxistas ao Estado Moderno (Liberal). Propusemos ainda um debate em relação à concepção de Estado na teoria marxista, considerando infraestrutura econômica e a autonomia relativa – isto é, domínio por uma classe social não detentora dos meios de produção. Analisamos ainda as primeiras experiências históricas de Estados comunistas, inicialmente com a URSS. Tais experiências foram marcadas por transformações sociais de vulto, mas também por forte centralização e burocratização, conformando um Estado autoritário e repressivo, até o colapso da URSS, de modo que restam, hoje poucos países com um Estado efetivamente comunista, que enfrentam desafios enormes. Alguns, como China e Vietnã, têm alcançado grande sucesso econômico, a despeito de seus modelos políticos autoritários. 17 REFERÊNCIAS ALONSO, A. Cuba: a sociedade após meio século de mudanças, conquistas e contratempos. Estudos Avançados, v. 25, n. 72, p. 7-18, 2011. CODATO, A. N.; PERISSINOTTO, R. M. O Estado como instituição: uma leitura das obras históricas de Marx. Crítica Marxista, n. 13, 2001. COELHO, T. Representação política em Cuba: um Estado dos trabalhadores? Leviathan, n. 6, p. 114-126, 2013. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/leviathan/article/view/132325/128467>. Acesso em: 10 abr. 2023. 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