Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ESTADO MODERNO E CONTEMPORÂNEO AULA 4 Prof. Carlos Alberto Simioni 2 CONVERSA INICIAL Na segunda metade do século XX, consolidou-se nos países capitalistas desenvolvidos, principalmente na Europa, um determinado tipo de Estado conhecido como Welfare State (WS), ou Estado de bem-estar social. Sua característica principal, de acordo com Arretche (1995), era a ação do Estado em relação à “provisão de serviços sociais, abrangendo as mais variadas formas de risco da vida individual e coletiva”. Os países que radicalizaram esse modelo foram, principalmente, aqueles que tiveram governos social-democratas ou coalizões socialistas e liberais. Até hoje, Suécia e Finlândia, por exemplo, são conhecidos pelos excelentes e diversos serviços sociais, como saúde, educação e assistência na velhice, oferecidos a toda a população. Mas existem diferentes modelos de Welfare State, inclusive em países liberais. Embora a pobreza e a miséria sempre tenham feito parte da história europeia, houve uma intensificação a partir do surgimento e consolidação do capitalismo, como visto em conteúdos anteriores. Nas sociedades industriais do século 19, diversos problemas sociais estavam evidentes e concentrados nas grandes e médias cidades. Era a questão social (miséria, fome, analfabetismo, criminalidade, desemprego, falta de assistência hospitalar, população sem residência) colocando em xeque as promessas da sociedade capitalista e liberal. Foi então que atores sociais diversos (políticos, religiosos, trabalhadores, filantropos) começaram a propor ações para acabar ou diminuir tais problemas. Mas quem deveria agir? Antes vistos com resignação, a igreja e a filantropia (caridade, ajuda ao próximo, em sentido individual) é que cuidavam de tais temas, pelo menos, até onde podiam. As sociedades modernas, porém, possuíam novas noções de direitos, como os direitos civis (à vida, à liberdade, à propriedade privada e à igualdade perante a lei); e os direitos políticos (votar ou ser votado, participar do governo, fundar partidos e associações; participar ou organizar manifestações). Mas reivindicava-se uma nova gama de direitos sociais. Além disso, havia um grande temor de que aquela precária situação social resultasse em revolta popular, pois a Revolução Francesa ainda estava na memória dessas sociedades, além do movimento operário emergente e do socialismo. Assim, no final do século 19, alguns países iniciaram um processo em que o Estado se responsabilizava por 3 assistir à população, sendo o embrião do Welfare State, mas que só se consolidaria após a Segunda Guerra Mundial. Em alguns aspectos, ocorreu também no Brasil. É o que veremos a seguir. TEMA 1 – A QUESTÃO SOCIAL E O PAPEL DO ESTADO Embora o tema da questão social esteja inserido em um amplo debate teórico (se os problemas sociais são efeitos naturais da industrialização e urbanização; ou decorrentes de fatores individuais, como esforço e mérito; ou se são resultado da exploração de uma classe social sobre outra) e em um debate político (se é uma abordagem conservadora ou progressista), não é objetivo deste conteúdo entrar nesses debates teóricos. Antes, pretende-se refletir sobre como, nas sociedades modernas, o Estado foi progressivamente incumbido de agir nesse campo. É importante frisar que uma característica do Estado Moderno é justamente assumir funções que antes eram de esfera privada ou de certas instituições sociais, como a Igreja Católica na Europa. O Estado passa a se responsabilizar diretamente pela proteção interna e externa da nação e pela administração da justiça, bem como, direta ou indiretamente, pela educação, saúde, economia e ações de infraestrutura. Dessa forma, em relação à questão social, os países modernos iniciam um processo de discussão política, ou seja, um debate sobre os chamados novos direitos, incluindo os direitos sociais, e a partir desses direitos discute-se o que fazer, quem realiza as ações e de que forma. Esse debate já vinha ocorrendo séculos antes. A Inglaterra, berço da Revolução Industrial, foi um dos primeiros países a propor ações relacionadas aos chamados problemas sociais, típicos das grandes cidades que surgiram a partir do século 16. Em 1601, é promulgada a Lei dos Pobres, que propunha ações assistencialistas (baseadas na lógica da caridade) realizadas pela igreja e financiadas pelo Estado, entre outros fatores. Essa lei vigorou até o século 19, quando se tornaram frequentes as ações repressivas ou mesmo violentas por parte do Estado, no início das primeiras lutas trabalhistas e do movimento operário. Por outro lado, ao final daquele século — durante a Era Vitoriana (governo da Rainha Vitória) —, o Estado começa a interferir mais diretamente, porém de outra forma. De acordo com Arretche (1995), 4 [uma] Era de prosperidade e confiança, teria marcado o início da adoção de medidas de política social: leis de assistência aos indigentes, leis de proteção aos trabalhadores da indústria, medidas contra a pobreza etc. Em tais medidas, estaria o embrião daquilo que, mais tarde, após a Segunda Grande Guerra, seria conhecido como Welfare State. Neste período, a Alemanha recém-unificada também implantou medidas de assistência e seguro social. Mesmo os EUA, país com uma forte tradição liberal, implantaram medidas semelhantes após a crise econômica de 1929. De forma geral, as guerras mundiais, juntamente com a depressão econômica dos anos 30, levaram ao estabelecimento de políticas sociais que foram implementadas de maneira estruturada após 1945. No entanto, os tipos de Welfare State eram diferentes, conforme argumentação do dinamarquês Esping- Andersen, um especialista no assunto. TEMA 2 – WELFARE STATE SOCIAL-DEMOCRATA No meio do século 19, na Europa, surge o movimento operário, os sindicatos e os partidos políticos ligados ao marxismo, bem como um movimento socialista conhecido como social-democracia. Inicialmente, esse movimento tinha ideais revolucionários, apesar de participar da luta política institucional. No entanto, com as novas propostas do alemão Eduard Bernstein (1850-1932), a social-democracia dividiu os socialistas, pois se afastou de algumas das principais teses marxistas, especialmente aquelas que pressupunham a inevitabilidade de uma revolução, a progressiva empobrecimento da classe média e a deterioração das condições de trabalho do operariado1. Antes disso, Bernstein concluiu que uma série de reformas, dentro do sistema capitalista, permitiria a melhoria das condições de vida dos trabalhadores, a concessão de certos direitos e a ampliação do consumo. Essas ideias geraram duas opções políticas distintas: reforma ou revolução? A social-democracia optou, em 1918, pelas reformas, embora ainda pretendesse alcançar o objetivo marxista de uma sociedade mais equitativa, sem a exploração de uma classe social sobre a outra (Przeworsk, 1988). O Estado seria o principal agente para realizar as reformas necessárias. Logo após a Segunda Guerra Mundial, alguns países tiveram uma forte presença social- 1 No pós-guerra, inclusive, a social-democracia rejeitou a tese marxista da luta de classes. 5 democrata ou coalizões entre social-democratas, socialistas e liberais. Isso ocorreu especialmente nos países nórdicos (escandinavos). Arretche (1995), com base no trabalho de Esping-Andersen, aponta os países escandinavos como os principais modelos de Welfare State social-democrata. “Nestes (países), o movimento operário foi capaz de traduzir seus objetivos históricos em políticas sociais de um certo tipo, dado que foi capaz de expressar-se politicamente através de partidos sociais democratas, os quais mantiveram o controle parlamentar por significativos períodos de tempo.” No modelo social-democrata, o princípio básico é o da equidade, e não o do mérito(modelo liberal, em que quem contribui tem direito). Assim, os serviços sociais são amplos e universais, independentemente da contribuição ou do valor desta. Outro princípio importante é o de que tais políticas não são custos, mas investimentos, na medida em que a sociedade se beneficia com padrões mínimos de educação, saúde, habitação e renda, bem como com a erradicação da miséria. A Suécia é um exemplo do modelo social-democrata, que predominou no país entre 1932 e 1986, mesmo com a presença de governos liberais ou conservadores em certos períodos. Desde o início do século 20, o país vinha implementando políticas sociais, como pensões, seguros e leis de proteção ao trabalhador, com o Estado sendo o principal agente dessas políticas. Em 1932, o Partido Social-Democrata chegou ao poder e, fundamentado nas ideias de Gunnar Myrdal, iniciou um processo mais radical de políticas sociais, facilitando a predominância das teses reformistas da social-democracia no pós-guerra. TEMA 3 – WELFARE STATE CONSERVADOR E O LIBERAL Até o final do século 19, a Igreja Católica tinha pouca interferência na questão social, pelo menos em termos políticos. Não se faziam críticas às possíveis causas desses problemas nem se apontavam soluções. Certamente, a igreja atuava na lógica da caridade e da filantropia, por exemplo, mantendo orfanatos. Foi então que, em 1891, alarmado com o avanço do socialismo e do movimento operário, bem como com o modelo capitalista predominante, o Papa Leão XIII lançou uma encíclica2 chamada Rerum Novarum, em que se discutiam 2 Carta enviada a todos os bispos expondo um ponto de vista ou forma de ação da igreja, orientando a ação e a tomada de decisão em relação a fatos concretos da vida e da realidade. 6 as condições de trabalho dos operários. A partir daí, foi proposta uma busca de acordo entre as classes sociais (contrapondo-se à tese da luta de classes). O documento modificou a forma de atuação da igreja católica em relação aos problemas sociais e foi a base da chamada Doutrina Social da Igreja. Uma das consequências disso foram as propostas de ação do Estado, principalmente como condutor de processos de melhoria das condições de vida e de trabalho. A igreja seria mediadora, juntamente com os sindicatos, mas na lógica da cooperação e harmonia entre as classes sociais. Arretche (1995) afirma que essa posição da igreja favoreceu um determinado modelo de Welfare State, predominante na Europa católica, especialmente na Alemanha, Áustria, Itália e França, além de países onde o papel do Estado era forte, como o Japão. Seriam basicamente […] países nos quais a Igreja teve um poderoso papel nas reformas sociais e onde o absolutismo era forte sendo, portanto, lentamente abolido; países nos quais a revolução burguesa foi fraca, incompleta ou mesmo ausente. Marcado pela iniciativa estatal, este modelo favoreceu um ativo intervencionismo estatal destinado a promover lealdade e subordinação ao Estado e deter a marcha do socialismo e do capitalismo. Neste modelo, considerado por Esping-Andersen (1991) como corporativo ou Welfare State monárquico, estariam garantidos o bem-estar social e a “[…] harmonia entre as classes, lealdade e produtividade. Segundo este modelo, um sistema eficiente de produção não derivaria da competição, mas da disciplina. Um Estado autoritário seria muito superior ao caos dos mercados no sentido de harmonizar o bem do Estado, da comunidade e do indivíduo”. Os serviços sociais, então, não são tão amplos como nos países escandinavos, e os benefícios variam de acordo com a classe social do beneficiário. Por outro lado, a Alemanha investiu maciçamente em uma educação pública universal, fato que elevou o padrão dos trabalhadores e da própria indústria alemã desde o começo do século 20. 3.1 Welfare State liberal O Welfare State avançou mesmo nos países de tradição liberal, onde há resistência à interferência e à participação do Estado na economia ou em temas sociais. Nessa tradição, pressupõe-se que os indivíduos sejam os principais responsáveis por sua situação social — princípio do mérito. Em países como 7 EUA, Inglaterra, Austrália e Nova Zelândia, o papel do Estado é mínimo, e este incentiva o mercado a oferecer, por exemplo, planos privados de aposentadoria. De acordo com Esping-Andersen (1991), nesse modelo, a atuação do Estado se baseia em assistência “aos comprovadamente pobres, reduzidas transferências universais ou planos modestos de previdência social. Os benefícios atingem principalmente uma clientela de baixa renda, geralmente da classe trabalhadora ou dependentes do Estado”. Os EUA são um exemplo básico desse modelo, com o chamado New Deal (1933-1945), um programa governamental criado para amenizar os efeitos da crise econômica dos anos 30, quando foi criada a previdência social e “um sistema de seguro-desemprego; e fornecimento de auxílio financeiro às famílias menos abastadas e com filhos em idade de dependência” (Gomes, 2006). Ressalte-se ainda que, mesmo nesse modelo, há muita disparidade. A Inglaterra, por exemplo, possui serviços sociais bem mais amplos que os EUA. E no caso norte-americano, altamente descentralizado, há muita variedade de políticas sociais em cada estado da federação ou mesmo nos municípios. TEMA 4 – A MODERNIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO Até a redemocratização nos anos 80, o Brasil tentou modernizar seu aparato burocrático por meio de duas reformas amplas, a de 1938 e a de 1967. Ao mesmo tempo, o país procurou estruturar alguns serviços básicos, na ótica dos direitos sociais. A reforma mais abrangente foi realizada por Vargas. 4.1 As reformas do Estado de 1938 e de 1967 O Brasil dos anos 30, quando Getúlio Vargas assume a presidência, era um país rural, pobre e oligárquico. O Estado brasileiro, como visto em conteúdos anteriores, era dominado direta ou indiretamente pelas oligarquias estaduais, e sua estrutura tinha pouco de moderno. Com a Revolução de 30, havia condições objetivas para reformá-lo, procurando modernizar o aparato e delegar ao Estado uma série de atribuições, como o planejamento e a execução de projetos considerados prioritários, especialmente na área econômica, mas também em relação aos serviços sociais, com a criação dos correspondentes órgãos públicos. 8 As amplas reformas do Estado começaram timidamente a partir de 1930 e ganharam proporções maiores em 1938, já com o Estado Novo em vigor, período em que Vargas se tornou ditador (até 1945), concentrando todos os poderes no Executivo Federal. Essa estratégia estava baseada na lógica corporativista, semelhante ao fascismo italiano. A Constituição de 1937 tinha esse aspecto. Entre 1930 e 1934, foi o período do governo provisório, e Vargas governou sem garantias constitucionais efetivas. Entre 1934 e 1937, foi um curto período constitucional. Mas, em 19373, com a efetivação do Estado Novo, os corpos legislativos estaduais e municipais foram dissolvidos, e interventores foram nomeados para os governos estaduais, os quais, por sua vez, nomeavam os prefeitos. Com um regime político francamente autoritário, pôde-se implementar uma série de reformas, incluindo a administrativa. Essa reforma era uma combinação do modelo burocrático inglês com o autoritarismo vigente na época. O objetivo principal era criar as bases de uma burocracia racional, superando a lógica patrimonialista. Apesar de contraditório devido ao aspecto autoritário, procurou-se profissionalizar o aparato. Nas burocracias modernas, o princípio do Estado de Direito rege — ou deveria reger — a formatação e ação da administração pública (e a boa administração privada). Em termos práticos, uma administração moderna está vinculada a princípios como impessoalidade, liberdade de ação, contrato, concurso para o acesso a partir de qualificação profissional, carreira estável, com salário epromoções regulares. Bendix (1986, p. 229), baseado em Max Weber expõe os seguintes aspectos, Quando o domínio da lei prevalece, as organizações burocráticas são governadas pelos seguintes princípios: 1) Os negócios oficiais são conduzidos em bases contínuas. 2) São conduzidos, também, de acordo com regras estipuladas em um órgão administrativo, caracterizado por três atributos inter- relacionados: a) o dever de cada funcionário executar certos tipos de trabalho é delimitado em termos de critérios impessoais; b) é dada ao funcionário a autoridade necessária para exercer suas funções; c) os meios de coação à sua disposição são estritamente limitados e as condições em que seu emprego é legítimo são claramente definidas. 3) As responsabilidades e a autoridade de todo funcionário são parte de uma hierarquia de autoridade. São atribuídas tarefas de supervisão a cargos mais altos e, aos mais baixos, o direito de apelação. Contudo, o grau de supervisão e as condições de recurso legítimo podem variar. 4) Os funcionários e outros empregados administrativos não são donos dos recursos necessários para o desempenho de suas funções, mas 3 Posteriormente, Vargas foi eleito presidente e governou entre 1951 e 1954. 9 são responsáveis pelo uso desses recursos. Os negócios oficiais e os privados, a renda oficial e a privada são estritamente separados. 5) Os ocupantes dos cargos não podem se apropriar destes, no sentido de propriedade privada que pode ser vendida ou herdada. (Isso não exclui diversos direitos, como os de reivindicar pensão, condições regulamentadas de disciplina e demissão etc., mas tais direitos servem, ao menos em princípio, de incentivo ao melhor desempenho dos deveres. Não são direitos de propriedade. 6) Os assuntos oficiais são conduzidos através de documentos escritos. Na verdade, já havia um planejamento anterior, com a criação em 1936 do Conselho Federal do Serviço Público, cuja função era modernizar o Estado, o que só ocorreu com a criação do Dasp (Departamento de Administração do Setor Público) em 1938. Os principais objetivos do Dasp era a reforma administrativa que deveria, de acordo com Costa (2013), - Estabelecer mecanismos de controle da crise econômica, resultante dos efeitos da Grande Depressão, iniciada em 1929, e subsidiariamente promover uma alavancagem industrial; - Promover a racionalização burocrática do serviço público, por meio da padronização, normatização e implantação de mecanismos de controle, notadamente nas áreas de pessoal, material e finanças. As reformas no Estado, no entanto, eram muito mais amplas, objetivando torná-lo um indutor e executor do desenvolvimento nacional, o que se refletiu na criação de órgãos diversos, como apontado por Costa (2013). A partir de 1937, promoveu uma série de transformações no aparelho de Estado, tanto na morfologia, quanto na dinâmica de funcionamento. Nesse período foram criados inúmeros organismos especializados e empresas estatais. “Até 1939, haviam sido criadas 35 agências estatais; entre 1940 e 1945 surgiram 21 agências, englobando empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações” (Lima Júnior, 1998, p. 8). Até 1930 existiam no Brasil 12 empresas públicas; de 1930 a 1945, foram criadas 13 novas empresas, sendo 10 do setor produtivo, entre elas a Companhia Vale do Rio Doce, hoje uma gigante da mineração, e a Companhia Siderúrgica Nacional, ambas já privatizadas. Para a reforma administrativa, foram criados nos estados órgãos semelhantes ao Dasp, conhecidos como daspinhos. Também foi criado o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fornecendo dados sociais e econômicos para embasar as decisões. O objetivo do Dasp era “realizar um estudo global do sistema administrativo do país a fim de instituir mudanças em relação à sua economia e eficiência” (Campello de Souza, 1990, p. 96). O órgão, porém, tinha um duplo objetivo: um efetivamente técnico- administrativo e outro como instrumento de controle político. Em um ambiente 10 ditatorial, tornou-se um “superministério” (Campello de Souza, 1990, p. 96). A autora ainda indica que, nos estados, os daspinhos assumiram o papel que antes era do Poder Legislativo, já que estes estavam suspensos. Os prefeitos deveriam se submeter às suas orientações, assim como aos interventores. Apesar do uso político, em termos administrativos, os efeitos foram positivos A reforma administrativa do Estado Novo foi, portanto, o primeiro esforço sistemático de superação do patrimonialismo. Foi uma ação deliberada e ambiciosa no sentido da burocratização do Estado brasileiro, que buscava introduzir no aparelho administrativo do país a centralização, a impessoalidade, a hierarquia, o sistema de mérito, a separação entre o público e o privado. Visava constituir uma administração pública mais racional e eficiente. (Costa, 2013) Em 1967, o regime militar tentou modernizar o aparato burocrático, descentralizando muitos órgãos de Estado, especialmente por meio da administração indireta (autarquias mais autônomas, empresas públicas, fundações públicas, sociedades de economia mista). Uma das novidades foi a contratação de funcionários sem concurso, com base na legislação do setor privado. No entanto, Bresser-Pereira (1996) afirma que essa política distorceu o plano original, impedindo a profissionalização dos altos quadros do Estado e, nas unidades descentralizadas, “ao permitir a contratação de empregados sem concurso público, facilitou a sobrevivência de práticas patrimonialistas e fisiológicas”. Ainda que contraditórias e insuficientes, as reformas de 1938 e de 1967 resultaram na modernização do rudimentar aparato de Estado. No entanto, essas contradições fizeram com que a ideia de reformas fosse constante nas décadas seguintes, o que será melhor explorado nas próximas etapas. 4.2 Um Welfare State brasileiro? As primeiras medidas de proteção social Enquanto na Europa, no início do século XX, a estruturação do Estado facilitou a criação dos primeiros programas de proteção social e garantias para os trabalhadores, nos países pobres o drama social representava um enorme desafio. É certo que o Estado brasileiro nunca teve recursos semelhantes aos do Welfare State europeu. Por outro lado, é inegável que, a partir dos anos 40, o Estado implementou as primeiras medidas de amparo ao trabalhador e às populações vulneráveis, incorporando alguns elementos próximos do Welfare State conservador ou corporativista. 11 Como mencionado anteriormente, a característica básica desse modelo é a tentativa de harmonizar a sociedade, evitando o conflito de classes, concedendo certos benefícios e direitos aos trabalhadores, tudo mediado pelo Estado. Nesse sentido, o próprio sindicalismo é cooptado, como ocorreu na Itália fascista e na origem do sindicalismo brasileiro na era Vargas, o chamado sindicalismo pelego4 (atrelado aos interesses do governo ou dos patrões, um sindicalismo oficial). Em 1930, Vargas rompe com as oligarquias e tem como objetivo industrializar e modernizar o país. O mundo passava por uma devastadora crise econômica, e Vargas estava comprometido com a superação da secular questão social, como visto em conteúdos anteriores. Assim, no mesmo ano, criou o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, iniciando um processo que resultaria nas primeiras medidas de amparo aos trabalhadores. A Constituição de 1934 ampliou tais medidas, prevendo “salário mínimo, jornada de oito horas, proteção ao trabalho dos menores de 14 anos, férias anuais remuneradas, indenização ao trabalhador demitido e assistência médica e sanitária ao trabalhador” (Luz; Santin, 2010). No entanto, essas medidas só foram implementadas em 1943 com a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que unificou e padronizou a legislação trabalhista, antes desorganizada, inclusive com a carteira de trabalho. Em relaçãoà previdência social, ela existe desde antes do período Vargas, a partir de 1923. No entanto, sua estruturação ocorria por meio da associação entre empregadores e empregados, com a criação de Caixas de Amparo e Institutos específicos para cada categoria profissional. O Estado apenas normatizava. No período Vargas, o número desses institutos cresceu enormemente, sendo centralizados nos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs). Apesar da administração privada, o presidente do IAP era indicado pelo Estado. Dessa forma, longe de um Welfare State efetivo, foram tomadas as primeiras medidas concretas de amparo e proteção aos trabalhadores e às populações vulneráveis. O modelo conservador/corporativista tinha claros objetivos políticos, como evitar a tensão ou conflito de classes. No entanto, 4 Ver verbete pelego. Disponível em: <https://www18.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete- tematico/pelego>. Acesso em: 17 maio. 2023. 12 apenas algumas categorias profissionais tinham acesso a aposentadorias e serviços de saúde. Os trabalhadores rurais, que eram a maioria, não possuíam esses direitos. A eles restava a possibilidade de utilizar serviços particulares ou contar com a filantropia, principalmente através das Santas Casas ou instituições religiosas semelhantes. Somente com a posterior criação do Instituto Nacional de Aposentadoria e Pensões (1966) e o Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, é que algumas características do Welfare State foram adotadas. 4.3 A modernização do aparato de segurança O governo Vargas também implementou mudanças nas forças de segurança. O tema da Segurança Pública foi influenciado pela forte centralização e pelos projetos de modernização. Em termos políticos, a União passou a ser responsável por uma legislação que unificasse as normas gerais para as polícias estaduais, surgindo nesse momento o conceito de segurança nacional. 4.3.1 Forças Armadas Uma das características frequentemente não percebidas das Forças Armadas é que essa instituição, além da especialização militar, é uma organização burocrática, e seus oficiais são especialistas em diversas áreas (médicos, engenheiros, administradores etc.). Dessa forma, seus quadros podem ter competência para atuar em outras instâncias do Estado (como especialistas, não no sentido político). A Revolução de 1930 foi apoiada pelos militares, embora sem identificação total (Campello de Souza, 1990, p. 101), e Vargas governou até 1945 com o respaldo das forças armadas, apesar da tensão política daquele período. Segundo a autora, a centralização implementada por Vargas resultou no fim das milícias estaduais e na redução da autonomia das polícias, características típicas da Primeira República. Além disso, os quadros técnicos, especialmente do exército, “surgiram como formuladores de políticas, notadamente na formulação e implementação de decisões e planos relacionados ao desenvolvimento industrial, como no caso da siderurgia e do petróleo” (Campello de Souza, 1990, p. 101). 13 A modernização das forças armadas exigiu a criação da Aeronáutica como uma força militar específica, em 1941. Em termos constitucionais, as Constituições de 1934 e 1937 indicaram mudanças, atribuindo como uma de suas funções a garantia da lei e da ordem, função essa que seria utilizada (e às vezes abusada), a garantia da lei e da ordem. “A Constituição de 1934, em comparação à anterior, trouxe mudanças mais substanciais em relação às Forças Armadas, desenhando com clareza sua busca por autonomia: introduziu o conceito de segurança nacional, criou a Justiça Militar e ampliou a função militar com separação entre Lei e Ordem” (Mathias; Guzzi, 2010). A aliança entre os militares e Vargas permitiu a modernização da instituição militar, fato potencializado após a Segunda Guerra Mundial. Com mudanças sutis, que poderiam passar despercebidas, o legislador de 1937 contribuiu para a profissionalização militar, organizando as Forças Armadas como uma burocracia que, como tal, não é autônoma e nem fragmentada, não apoiando, pois, a formação de facções (partidos) no interior da corporação. (Mathias; Guzzi, 2010) Tal ideal, porém, não correspondeu aos fatos, como observado nas décadas de 50 e 60, com um constante intervencionismo militar na política. Nos anos 50, foi criada a Escola Superior de Guerra, ligada ao Estado Maior das Forças Armadas, o que ajudou a dar uniformidade a essas forças, mas também contribuiu para a repressão política em um ambiente típico da Guerra Fria, intensificando-se após o golpe militar de 1964. 4.3.2 Forças de Segurança Pública As Constituições de 1934 e 1937 influenciaram a estruturação das forças de Segurança Pública nas décadas seguintes, conforme expõem Lima et al. (2016), embora suas atribuições não estivessem muito claras. A Lei n. 192, de 17 de janeiro de 1936 (anterior à CF de 1937, portanto), regulava as atividades das polícias militares e as vinculava às unidades da federação, cabendo à União apenas um papel de supervisão e controle, por meio do Exército. Por essa lei, as polícias militares eram as responsáveis pela segurança “interna”, enquanto a CF de 1937 fala de segurança “pública”, atividade que formalmente não foi assumida por nenhuma instituição até a CF de 1988. Por outro lado, a centralização resultou na padronização em todo o território nacional na denominação das forças de segurança, sendo chamadas 14 de Polícia Militar, exceto no Rio Grande do Sul, onde ainda hoje são chamadas de Brigada Militar. Durante o regime militar (1964-1984), essas polícias passaram por uma militarização mais acentuada, com hierarquia semelhante, e foram utilizadas na repressão política. A polícia civil continuou sob o domínio dos estados. No entanto, considerando que o período analisado englobou duas ditaduras, é certo que essas polícias também foram utilizadas na repressão política, como constata Florindo (2013) ao analisar o caso específico da Delegacia de Ordem Política e Social ou DEOPS/São Paulo, entre 1923 e 1983, mais conhecida popularmente como Dops (Departamento de Ordem Política), o braço da repressão política5. Criado ainda na Primeira República, ligado à polícia civil, o Dops foi usado para reprimir o nascente movimento operário paulista. E com o advento do governo Vargas, especialmente durante o Estado Novo, teve um papel de destaque na organização burocrática moderna, embora a truculência tenha sido uma de suas características até os anos 80. O DEOPS/SP na Era Vargas foi um laboratório importante para a aplicação das modernas práticas de organização burocrática, as quais estavam na agenda dos novos “técnicos” da administração pública. As diretivas da burocracia racional legal e de seu sistema eficiente de operações seriam disseminadas para os demais órgãos do Estado, sobretudo após a formação do Dasp (Departamento Administrativo do Serviço Público) durante a ditadura do Estado Novo. TEMA 5 – A CRISE DO WELFARE STATE Nos anos 70, ocorreu uma forte crise financeira global, com inflação, estagnação econômica, juros altos e desemprego, problemas decorrentes, entre outros fatores, da crise do petróleo e de uma crise fiscal. Neste segundo aspecto, o Welfare State foi apontado pelos críticos neoliberais como um dos principais responsáveis, pois os gastos estatais eram enormes e a altíssima carga de impostos não conseguia atender à crescente demanda. Outros fatores intensificaram a crise, como a diminuição da taxa de natalidade e o aumento da expectativa de vida, ou seja, um número cada vez maior de aposentados e menos contribuintes para financiar o sistema. 5 Os demais estados tinham os seus respectivos Dops, como o Paraná. Disponível em: <http://www.jornal.uem.br/2011/index.php/edicoes-2004/39-jornal-06-marde-2004/215- pesquisa-revela-atua-do-dops-na-ditadura>. Acesso em: 17 maio 2023. 15 Aomesmo tempo, a teoria neoliberal se fortalece e aponta algumas hipóteses para as falhas do modelo, como indica Draibe (1984) em relação às críticas ao WS, em que os gastos sociais do Estado só aumentavam, gerando [um] desequilíbrio orçamentário, provocando déficits públicos recorrentes, que penalizam a atividade produtiva e provocam inflação e desemprego. [...] Em resumo, os gastos sociais e sua forma de financiamento são responsáveis pela inflação, declínio dos investimentos e, portanto, pelo desemprego. Outros pontos indicados pela crítica neoliberal eram o excessivo paternalismo, comodismo, pouca eficiência e produtividade, bem como uma ampla burocracia que inchava o Estado com muitos funcionários, aumentando seus gastos. Por outro lado, os chamados progressistas também faziam críticas, afirmando que o tradicional padrão de acordo entre as classes sociais, predominante após a Segunda Guerra Mundial, estava esgotado, forçando o conflito entre elas. Nessa perspectiva, o Welfare State teria sido apenas uma forma de amenizar o conflito entre as classes, contribuindo para manter a ordem social capitalista. Devido a essas críticas, principalmente as neoliberais, a partir dos anos 80, vários países passaram a rever seus programas sociais ou os gastos com eles, enfatizando soluções típicas de mercado, privatizando empresas e incentivando a previdência privada. Ainda assim, em termos comparativos, os programas sociais da maioria dos países europeus ocidentais são amplos e de boa qualidade, porém, os princípios são outros. Moser (2011) aponta uma nova geração de políticas e programas sociais na Europa unificada, definidas como políticas sociais ativas, em vez de passivas. Tais políticas fazem parte do processo de desestruturação de um modelo de provisão — o welfare — para a construção de um novo modelo de regulação estatal — o workfare — partidário de uma racionalidade de retribuição expressa na obrigatoriedade de participação dos cidadãos em medidas de ativação voltadas ao mercado de trabalho. Portanto, ao mesmo tempo em que há um questionamento da universalização dos programas sociais, por exemplo, se seria justo alguém ser beneficiário sem ter contribuído, atualmente as políticas sociais possuem outras características, fundamentadas em novas demandas, como a criação de empregos, a inserção dos imigrantes e a adaptação das economias nacionais aos padrões globais. 16 NA PRÁTICA Nos antigos países comunistas, foi estabelecido um amplo sistema de proteção social. Um Relatório do PNUD de 1999 comparava a situação desses países antes e após o fim do comunismo: “se a renda monetária era baixa, era estável e segura. […] O acesso à educação e à saúde era gratuito. A aposentadoria estava assegurada e as pessoas podiam desfrutar de outras formas de proteção social” (Realismo Político, 2014). De acordo com Esping- Andersen (1995), esses países tinham um modelo de serviços sociais parecido com o dos países escandinavos e se caracterizavam por três pilares básicos: pleno, e quase obrigatório, emprego; seguridade social ampla e universalista e um sistema de benefícios altamente desenvolvido, tipicamente baseado nas empresas e em salários indiretos. De fato, e de modo bastante semelhante à Escandinávia, a estratégia de maximização do emprego foi a condição sine qua non de equilíbrio do sistema, uma vez que minimizava a carga de dependência do Welfare State. Cuba é o modelo mais conhecido aqui no Brasil. Apesar da relativa pobreza, ainda hoje os serviços sociais e a assistência médica cubana possuem um padrão superior à maioria dos países latino-americanos. Contudo, é inegável que desde que a maioria desses países abandonou o regime comunista, muitas das políticas também cessaram, especialmente a do pleno emprego. Um exemplo: com a abertura chinesa nos anos 80 e a incorporação de alguns aspectos da economia de mercado, inicialmente cobrava-se por parte dos serviços de saúde e assistenciais. Recentemente, porém, conforme a moderna China cresceu economicamente, acabou por dar mais condições ao Estado em assistir à população, especialmente a mais carente, e foi criado o chamado Welfare State asiático. Nesse sentido, de acordo com (Nogueira, Bacil; Guimarães, 2020) “o caso chinês parece se aproximar mais do regime conservador-corporativista da tipologia de Esping-Andersen, que se caracteriza pela predominância dos seguros sociais como mecanismo primário de entrega de bem-estar”. FINALIZANDO Nesta etapa, foram expostos os principais aspectos do chamado Estado de bem-estar social — Welfare State —, um tipo de ação do Estado que 17 predominou na maioria das nações desenvolvidas entre o final da Segunda Guerra e o final dos anos 70. Os diversos problemas sociais intensificados pela industrialização e pelo capitalismo foram combatidos por ações pontuais na esfera da assistência social, da previdência e de serviços de saúde e educação. Três modelos básicos de Welfare State foram criados: o social-democrata, o conservador e o liberal, sendo que o grau de universalização e de participação do Estado era o principal diferencial entre eles. Mas a partir dos anos 70, uma grave crise internacional fez com que o modelo se esgotasse e tivesse que buscar alternativas de sobrevivência, permitindo que propostas típicas de mercado fossem incorporadas. Apesar disso, ainda hoje, a maioria das nações europeias possui serviços sociais públicos e gratuitos que atendem à maior parte da população. Vimos também o início do processo de modernização burocrática do Estado brasileiro durante o governo Vargas e durante o regime militar. 18 REFERÊNCIAS ARRETCHE, M. T. S. Emergência e Desenvolvimento do Welfare State: Teorias Explicativas. Boletim Informativo e Bibliográfico, Rio de Janeiro, n. 39, p. 3- 40, jan./jun. 1995. Disponível em: <http://docs11.minhateca.com.br/396431177,BR,0,0,Emerg%C3%AAncia-e- Desenvolvimento-do-Welfare-State---Teorias-Explicativas---Marta- Arretche.pdf>. Acesso em: 17 maio 2023. BENDIX, R. Max Weber: um perfil intelectual. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1986. BRESSER-PEREIRA, L. C. Crise Econômica e Reforma do Estado no Brasil. São Paulo: 34, 1996. Disponível em: <http://www.bresserpereira.org.br/papers/1996/96.ReformaDaAdministracaoPu blica.pdf>. Acesso em: 17 maio 2023. CAMPELLO DE SOUZA, M. do C. C. Estado e partidos políticos no Brasil (1930 a 1964). São Paulo: Alfa-Omega, 1990. COSTA, F. L. da. Brasil: 200 anos de Estado; 200 anos de administração pública; 200 anos de reformas. Revista de Administração Pública [on-line], v. 42, n. 5, p. 829-874, 2008. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0034- 76122008000500003>. Acesso em: 17 maio 2023. DRAIBE, S.; HENRIQUE, W. Welfare state, crise e gestão da crise: um balanço da literatura internacional. Revista Brasileira de Ciências sociais – ANPOCS, v. 3, n. 6, p. 5378, 1988. Disponível em: <http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_06/rbcs06_04.htm>. Acesso em: 17 maio 2023. ESPING-ANDERSEN, G. As três economias políticas do welfare state. Lua Nova [on-line], n. 24, p. 85-116, 1991. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 64451991000200006>. Acesso em: 17 maio 2023. _____. O futuro do welfare state na nova ordem mundial. Lua Nova [on-line], n. 35, p. 73-111, 1995. 19 FLORINDO, M. T. O DEOPS/SP NA ERA VARGAS: Crescimento institucional, administração burocrática e práticas tradicionais de atuação policial. Revista Aurora, Marilia, ano 5, n. 7, p. 124-139, jan. 2011. Disponível em: <https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:sR4VfC3bUe8J:htt ps://revistas.marilia.unesp.br/index.php/aurora/article/view/1250/1117&cd=1&hl =pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 17 maio 2023. GOMES, F. G. Conflito social e welfare state: Estado e desenvolvimentosocial no Brasil. Rev. Adm. Pública, v. 40, n. 2, p. 201-234, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034- 76122006000200003&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 17 maio 2023. LUZ, A. F. da; SANTIN, J. R. As relações de trabalho e sua regulamentação no Brasil a partir da revolução de 1930. História, São Paulo, v. 29, n. 2, dez. 2010. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/his/a/LXDGpSzFJkdChnYwq8bdkkL/?lang=pt#>. Acesso em: 17 maio 2023. MATHIAS, S. K.; GUZZI, A. C. Autonomia na lei: as forças armadas nas constituições nacionais. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 25, n. 73, p. 41-57, 2010. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102- 69092010000200003>. Acesso em: 17 maio 2023. MOSER, L. A nova geração de políticas sociais no contexto europeu: workfare e medidas de ativação. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 68-77, maio 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rk/v14n1/v14n1a08.pdf>. Acesso em: 17 maio 2023. NOGUEIRA, I.; BACIL, F.; GUIMARÃES, J. V. A caminho de um Estado de bem- estar social na China? Uma análise a partir dos sistemas de saúde e de educação. Economia e Sociedade [on-line], v. 29, n. 2, p. 669-692, 2020. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1982-3533.2020v29n2art12>. Acesso em: 17 maio 2023. PRZEWORSKI, A. A social-democracia como fenômeno histórico. Lua Nova, n. 15, 1988. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 64451988000200004>. Acesso em: 17 maio 2023.
Compartilhar