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13 aula 06

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ESTADO MODERNO E 
CONTEMPORÂNEO 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Carlos Alberto Simioni 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
No mundo contemporâneo, a maioria dos Estados está configurada a 
partir de fundamentos neoliberais, ou pelo menos a partir de alguns de seus 
aspectos, ou então, de modelos moldados em algum grau por princípios sociais 
democratas ou socialistas, ainda que neste último caso em reduzido número. Por 
outro lado, há uma multiplicidade de formas de Estado que, em tese, 
fundamentam-se em algum desses modelos, mas incorporando outros aspectos 
que podem inclusive se tornar sua característica principal. É o caso de países 
nos quais a religião mantém forte laço com a política, em especial no Irã e no 
Afeganistão durante o Regime Talibã ou, ainda, a tentativa recente de 
estabelecer, na Síria e Iraque, o “Estado Islâmico” (Daesh), com sua proposta 
radical de teocracia. 
Além da religião, outras variáveis podem interferir na conformação de um 
Estado, como, por exemplo, a influência do populismo. Embora o populismo seja 
um fenômeno muito amplo e diverso, é inegável que, nos países em que é forte, 
como na Venezuela e nas Filipinas, o Estado assume feições diferenciadas. Há 
ainda outras variáveis, como o autoritarismo – ou mesmo o totalitarismo: um 
Estado antidemocrático e com poder exercido de forma extremamente autoritária 
e violenta, como, por exemplo, na Coreia do Norte ou em pequenos e exóticos 
países, como a Suazilândia. 
O fator geográfico pode dar uma característica diferente a certos países 
e influenciar a autonomia de certos Estados: por exemplo, o fato de ser um 
pequeno território com escassa população, ser uma ilha ou ser um território 
afastado. Em tais casos, há sempre algum tipo de dependência em relação a um 
país mais forte ou organização, como os países atrelados à Comunidade 
Britânica de Nações ou países antes colonizadores. Outros Estados são 
exóticos, possuindo funções diferenciadas, como o Vaticano. Finalmente, há na 
atualidade situações marcadas pela ausência ou desintegração do Estado, em 
especial em zonas de guerra civil. 
TEMA 1 – ESTADO NEOPOPULISTA 
A democracia típica do século XIX era elitista, com reduzida participação 
popular e, em muitos casos, como na América Latina, baseada em dominação 
de oligarquias regionais. Nos anos de 1930, no entanto, surgiram novos modos 
 
 
3 
de exercer o poder, em especial na relação entre governantes e povo. Não se 
tratava mais de uma política restrita à elite. É o caso do populismo. Tratava-se 
de uma forma de poder baseada na visão unitária do Estado, entendido como 
uma comunidade de interesses solidários no qual o líder faz a mediação entre 
as distintas classes sociais, com amplo apoio da classe trabalhadora, mas 
também da classe média, com relativa repressão à oposição (Ianni, 1975). O 
populismo pode ser democrático ou ditatorial. O líder populista possui 
peculiaridades: sua imagem se confunde com a do Estado, pois se enfatiza a 
identidade, que Ianni denomina de Estado-chefe-povo. Tal identidade é criada 
através do carisma pessoal do líder, de sua habilidade em se relacionar com o 
povo utilizando temas e formas de discursos típicos das massas, colocando-se 
de forma paternalista e heroica, como protetor do povo. 
O populismo prevaleceu na América Latina até os anos de 1950, mas 
voltou a aparecer nas últimas décadas com novas roupagens. De acordo com 
Fausto (2006), “as novas lideranças populistas se caracterizam pelo 
personalismo, pela difusão da crença no herói salvador, pelas práticas 
autoritárias”, mas também pelo discurso voltado aos efeitos da globalização e a 
problemas da Modernidade, tais como exclusão social, desemprego, combate à 
criminalidade e ao narcotráfico. O novo populismo possui uma base de apoio 
quase que somente de base popular, não caracterizada pela classe 
trabalhadora, mas pelas massas marginalizadas (id.). Atualmente, são exemplos 
deste processo a Venezuela e as Filipinas. 
1.1 Venezuela 
O discurso populista pode ter características mais à esquerda ou mais à 
direita no espectro político. A Venezuela representa o primeiro caso, desde que 
o líder Hugo Chaves assumiu o poder em 1992 quando, paulatinamente, 
estabeleceu uma nova política de Estado mais intervencionista, centralizadora e 
nacionalista e também as conhecidas características baseadas no enaltecimento 
do líder e o apelo ou um discurso orientado para temas populares. A simbologia 
bolivariana (relativa ao herói da independência, Simon Bolívar) é um exemplo 
disso, ao reforçar a ideia do heroísmo quase mítico do presidente. Há no regime 
venezuelano uma boa dose de autoritarismo, em especial na repressão à 
oposição, fato já conhecido no velho populismo. “A democracia populista tem a 
singularidade de excluir, de modo nítido, as forças não populistas. Isto é, esta 
 
 
4 
democracia não abre a todas as classes e grupos da sociedade nacional as 
mesmas oportunidades de acesso ao poder” (Ianni, 1975). 
Na Venezuela, este fato é notório. Tanto Chávez como seu sucessor, 
Nicolas Maduro, possuem atributos considerados como neopopulistas, com a 
oposição sendo excluída direta ou indiretamente do acesso ao poder. 
Certamente, não é uma situação fácil de analisar, pois parte desta oposição tem 
profundas relações com a chamada economia transnacional e fortes imbricações 
com o discurso neoliberal predominante, além da influência norte-americana, 
inegável de observar no apoio à oposição venezuelana. 
1.2 Filipinas 
Apesar de o populismo consistir em um fenômeno majoritariamente latino-
americano, não é raro encontrar pelo mundo líderes com tais características, 
como, por exemplo, algumas lideranças de partidos de direita na Europa ou o 
ex-mandatário italiano Silvio Berlusconi. As Filipinas caracterizam um caso novo 
e curioso de populismo, considerada uma República Constitucionalista, na qual 
o presidente é chefe de governo e chefe de Estado; o Legislativo é bicameral. 
No entanto, o país viveu décadas de ditadura sob Ferdinand Marcos, que 
governou entre 1965 e 1986. Posteriormente, cinco outros presidentes 
governaram até que, em 2016, Rodrigo Duterte assumiu o poder. Trata-se de um 
político com características nítidas do populismo. Excelente na comunicação, 
usa um discurso popular voltado ao combate ao narcotráfico. Recursos e 
instituições de Estado são usados neste combate. Os discursos do presidente 
muitas vezes são considerados grosseiros, entremeados de palavrões, como 
quando afirma que vai matar ou prender os traficantes e viciados, xingando-os. 
Contudo, tal discurso cativa grande parte da população, e os índices de 
aprovação do presidente são maiores que 70%1. 
TEMA 2 – ESTADOS TEOCRÁTICOS 
No mundo antigo e medieval, era praxe considerar que um soberano 
possuía origem divina, e o Estado se confundia com aquele líder. A Modernidade 
trouxe a concepção de Estado Laico, separando religião e política. Ainda assim, 
 
1 Ver Filipinas: reino do terror, política antidrogas já levou à execução de mais de 10 mil 
pessoas: <https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/03/eps/1499089617_332439.html> e 
<http://pt.euronews.com/2016/05/10/filipinas-populismo-leva-duterte-a-presidencia>. 
 
 
5 
é inegável que a religião exerça forte influência sobre o mundo moderno, mesmo 
no país mais poderoso, os EUA, ainda que de forma indireta. Um Estado 
Teocrático é aquele que possui leis e, por vezes, a própria organização 
submetida a uma doutrina religiosa considerada oficial. Contudo, não 
necessariamente tal relação indica um Estado Teocrático. Emalguns casos, 
como em muitos países islâmicos ou católicos, há leis cuja raiz está em certas 
leituras do livro considerado sagrado, o Alcorão ou a Bíblia, fundamentando 
alguns tipos de punições por crimes ou a proibição do aborto, mas nem por isso 
se pode dizer que o Estado naqueles países não possui fortes elementos da 
organização burocrática moderna. 
Um Estado efetivamente teocrático é aquele organizado na crença de que 
o faz de acordo com a vontade divina, submetendo as decisões, direta ou 
indiretamente, a clérigos da religião oficial. Há graus diferentes de influência 
religiosa. Ela pode ser extrema, como nos casos em que a Constituição é criada 
de acordo com determinada interpretação do livro sagrado (por exemplo: 
Afeganistão Talibã, em que se defendia a aplicação da Sharia, a lei islâmica). 
Em tais países, membros de outras religiões não possuem todos os direitos civis 
nem acesso aos melhores cargos de Estado. Os líderes políticos são também 
líderes religiosos, e há casos de países em que há grande influência religiosa, 
contudo, adaptada aos elementos do mundo moderno (como no Irã, onde há 
lideranças laicas, mas altamente influenciadas pelas lideranças religiosas). 
2.1 Afeganistão “Talibã” 
Na década de 1990, este país foi dominado por um grupo islâmico 
denominado “Talibã”. Décadas antes, o país, apesar de pobre, procurava se 
adequar ao modelo ocidental de Estado. A Guerra Fria, contudo, o colocou entre 
as duas poderosas potências mundiais, EUA e URSS, como aponta Tariq Ali 
(2002). Para combater a invasão soviética em 1979, os norte-americanos 
financiaram grupos de religiosos radicais, até então muito pequenos em número, 
mas extremamente aguerridos – Osama Bin Laden é um exemplo. O resultado 
foi o famoso “Vietnã dos russos”, que durou até 1989. Com o fim da URSS, o 
Afeganistão foi esquecido, facilitando o domínio daqueles grupos radicais. 
O Talibã foi um movimento religioso extremamente radical que dominou 
o Afeganistão após a turbulenta guerra civil pós-Guerra Fria, quando este grupo 
tomou conta do Estado Afegão, entre 1996 e 2001. Foi liderado pelo Mulá Omar. 
 
 
6 
“Mulá” é a designação local dada aos especialistas na interpretação do Corão. 
O objetivo político era de que o país voltasse aos bons tempos do profeta 
Maomé, no século VII de nossa era. As regras sociais deveriam estar 
estritamente ligadas à interpretação literal do islã. Neste momento, o mundo 
conheceu, por exemplo, o rigoroso tratamento dado às mulheres e a perseguição 
a outras religiões, simbolizada pela destruição das milenares estátuas de Buda 
em função do combate à idolatria. Tudo com amparo ou ação direta do Estado. 
2.2 Irã 
Em 1979, o Irã passa por uma revolução comandada por grupos religiosos 
Xiitas – Xiitas e Sunitas são variações do islamismo, tal qual protestantismo e 
catolicismo no cristianismo. A partir daí, o país implanta um regime teocrático, 
um pouco mais brando que o do Afeganistão. No Irã, há uma espécie de Poder 
Moderador que, entre outros poderes, controla as forças armadas e indica os 
responsáveis pelos veículos da mídia: o Chefe de Estado é um Aiatolá, um 
clérigo xiita escolhido por outros clérigos; estes, por sua vez, escolhidos por voto 
popular – para concorrerem, devem ter a permissão do Conselho dos Guardiões 
da Constituição, algo como uma Suprema Corte em democracias tradicionais. 
Tal órgão é composto de forma paritária por clérigos e juristas, e também possui 
a atribuição de verificar se as leis estão adequadas à Constituição e às leis 
islâmicas, além de ser responsável pela aprovação da lista de candidatos em 
eleições, excetuando-se as locais (Milani, 2009). 
Mas há também um presidente eleito pelo povo, responsável pelo Poder 
Executivo. Para concorrer, deve ser aprovado pelo Conselho de Guardiões e ser 
xiita. O poder legislativo segue as mesmas regras, excetuando-se que algumas 
minorias étnicas e religiosas têm direito a alguns poucos assentos no Parlamento 
(Souza, s.d.)2. Atualmente, o parlamento é dominado por reformistas, embora 
quem domine efetivamente o país sejam os conservadores. Há vários partidos 
políticos de cada tendência, mas, ainda assim, a diferença básica está no grau 
de influência religiosa sobre o Estado, e não na sua separação. 
 
 
2 Ver ainda: Entenda o sistema político iraniano: 
<http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2001/010528_poderes.shtml>. 
 
 
7 
TEMA 3 – ESTADOS TOTALITÁRIOS E AUTORITÁRIOS 
O conceito de Estado (ou Regime) Totalitário possui divergências, 
principalmente na diferenciação com o Estado Autoritário. De acordo com o 
sociólogo Juan Linz, totalitarismo se diferencia de autoritarismo no que tange ao 
grau de repressão e de controle não democrático de uma sociedade. Seria uma 
dominação total, amparada pelas leis e pela força bruta. As principais 
características seriam: ideologia oficial, muitas vezes com aspectos místicos ou 
milenaristas (por exemplo, o líder visto como um grande herói, quase divino); um 
só partido político, propagador da ideologia; controle completo dos meios de 
comunicação e das forças armadas; controle policial de todos – criminosos, 
adversários ou simples cidadãos (Linz, 1979). Já o Estado Autoritário possui um 
pluralismo controlado, sufocado, que permite certas associações e alguma 
oposição. As leis e os demais poderes podem, eventualmente, interferir no 
combate ao arbítrio, como nas várias ditaduras latino-americanas nos anos de 
1970. 
3.1 Coreia do Norte 
A Coreia do Norte é um país fechado, com poucas informações sobre o 
que realmente ocorre3, fato que reforça a tese de que este é um regime totalitário, 
mas isso ainda não é uma prova cabal. Acima de tudo, é anti-imperialista, o que 
explica o antagonismo atual em relação aos EUA. No Ocidente, pouco se 
conhece sobre a magnitude da destruição gerada durante a Guerra da Coreia 
(1950-1953) e sua reconstrução praticamente por meios próprios. Em todo caso, 
algumas características podem ser elencadas no sentido de indicar um grau 
máximo de autoritarismo. 
A Coreia do Norte é governada por uma mesma família desde os anos de 
1950, quando se tornou comunista. Há intensa propaganda oficial com o objetivo 
de reforçar o culto à personalidade, isto é, uma forte propaganda na forma de 
exaltação do líder máximo, atribuindo-lhe virtudes extraordinárias, como a 
realização de grandes façanhas na guerra ou na política, além de inteligência e 
bondade acimas da média, dentre outros fatores. Há uma Ideologia de Estado, 
 
3 As principais fontes de informação sobre o país provêm de desertores, de diplomatas e de 
funcionários de agências internacionais que ali viveram por um tempo, além de profissionais que 
foram chamados a trabalhar, professores ou médicos, por exemplo, ou alguns jornalistas. 
 
 
8 
o socialismo Juche, criada pelo líder revolucionário Kim Il Sung, baseada em um 
forte nacionalismo, acompanhada de um ideal de não dependência de outros 
países, nem mesmo dos socialistas (Silva & Andrade, 2017). Os meios de 
comunicação são totalmente controlados, incluindo a internet e a telefonia, 
conforme relatório da Anistia Internacional (Fang, 2016), sendo 
uma arma fundamental nos esforços das autoridades para ocultar os 
detalhes sobre a terrível situação dos direitos humanos no país. Os 
norte-coreanos não são apenas privados da oportunidade de saber o 
que acontece no mundo, eles são impedidos de falar ao mundo sobre 
sua situação de privação quase total dos direitos humanos. 
3.2 Suazilândia 
Suazilândia, um país pobre encravado entre África do Sul e Moçambique, 
éconsiderado como a última monarquia absolutista do planeta. Lá o Rei controla 
o Poder Executivo, interfere no Judiciário, nomeia o Primeiro Ministro, os juízes, 
indica parte dos membros do Legislativo, além de ter poder de veto sobre as leis. 
A família real controla os melhores negócios do país. Todas as terras pertencem 
ao Rei Mswati III, no poder desde 1986 (Santana, 2010)4. Além disso, a 
repressão e a violência fazem parte da rotina diária dos cidadãos. 
"O silêncio é parte da nossa cultura", descreve N. Twala, que trabalha 
num cassino on-line para clientes na África do Sul, onde o jogo é 
proibido. "Aprendemos na escola que temos de amar e respeitar o rei, 
assim como amamos nossos pais e respeitamos os mais velhos", 
explica Nqobizwe Shipanga, de 25 anos, que estuda Relações 
Públicas. Os trabalhos escolares incluem poesias de louvor ao rei, e 
ensina-se que seu poder emana de Deus, como ocorria com Luís XIV, 
o "Rei Sol" da França. (Id.) 
Não há quase nenhum espaço para a oposição. Zanini (2010) afirma que 
os partidos políticos são proibidos e, nas eleições, só concorrem os 
independentes, 
e correm o risco perene de o mandato ser cassado pelo monarca com 
uma canetada. Entidades que buscam autonomia são perseguidas 
com dureza. A última demonstração de força veio no Dia do Trabalho, 
quando um ativista de um partido banido foi preso por usar uma 
camiseta da agremiação. Dias depois, apareceu morto na cela. 
Suicídio, segundo a polícia. [...] A crítica ao soberano é punida 
severamente. 
 
 
4 Ver também: <http://www.pordentrodaafrica.com/noticias/suazilandia-os-desafios-da-politica-
na-ultima-monarquia-absolutista-da-africa>. 
 
 
9 
TEMA 4 – MICROESTADOS 
Há países espalhados pelo globo cujos territórios e população equivalem 
a um pequeno ou médio município brasileiro. Apesar disso, podem possuir as 
mesmas prerrogativas dos demais países, inclusive com assento na ONU e 
direito de voto na Assembleia Geral, o órgão deliberativo desta instituição. Há 
diversas especificidades em cada um destes países, podendo variar o grau de 
autonomia, a forma de governo e o papel do Estado. 
4.1 Estados Federados da Micronésia 
Consiste em um conjunto de mais de 600 ilhas distribuídas em um 
território oceânico de mais de 2.900 km contíguos (ou cerca de 2,5 milhões de 
km² de oceano), mas com área efetiva de terras de pouco mais de 700 km². A 
população é de mais de 104 mil habitantes (2017). Trata-se de um Estado 
soberano, independente desde 1979, associado aos EUA, responsável por sua 
defesa. A Micronésia é dividida em 4 territórios autônomos, Chuuk, Kosrae, 
Pohnpei e Yap. É uma República Presidencialista, com parlamento unicameral, 
mas o governo central tem pouco poder efetivo. De acordo como o Departamento 
de Estado norte-americano, os EUA, além de protetores, são o principal parceiro 
comercial, tendo vários acordos bilaterais, inclusive no que tange ao direito de 
os cidadãos micronésios viverem ou estudarem nos EUA sem vistos5. Em 
contrapartida, os norte-americanos possuem bases navais na região. 
4.3 Liechtenstein 
Pequeno país europeu com território pouco maior que 160 km² (a cidade 
de São Paulo tem 1.521 km²) e população de cerca de 35 mil habitantes. É 
considerado um principado, ou seja, quase uma cidade-estado cujo governo é 
exercido por um príncipe (Monarquia Constitucional), com parlamento e 
representação. Contudo, com população tão pequena, é comum que os 
cidadãos exerçam formas de democracia direta, tendo grandes poderes de 
destituir políticos ou de vetar ou aprovar leis. Principados não possuem 
 
5 Departamento de Estado. Relações dos EUA com os Estados Federados da Micronésia. 
<https://www.state.gov/r/pa/ei/bgn/1839.htm>. 
 
 
10 
soberania total6. De acordo com um instituto propagador das ideias neoliberais, 
o principado se caracteriza por ser o país que mais se adequa aos princípios 
desta teoria (Instituto Von Mises, S.d.). O Príncipe Regente Hans Adam II é um 
disseminador dessas ideias, em especial as relativas ao risco de um excessivo 
crescimento do Estado. 
TEMA 5 – ESTADOS EXÓTICOS 
Alguns Estados fogem aos modelos tradicionais, seja porque têm uma 
finalidade distinta de outros Estados, seja porque são, digamos assim, semi- 
independentes. Um Estado Autônomo é aquele que, embora pertença a um país, 
possui grande autonomia política e econômica. Pode ser cultural e 
geograficamente distinto do país a que pertence, como é o caso de algumas ilhas 
caribenhas, mas também pode estar encravado no território nacional, como a 
Catalunha, na Espanha. Não é raro que fatores étnicos e religiosos resultem na 
maior autonomia de certas regiões (por exemplo, o Curdistão iraquiano e a ilha 
filipina de Mindanao (muçulmana)). Vejamos alguns outros exemplos. 
5.1 Antilhas Holandesas 
Até 2010, este território holandês formado por cinco ilhas no Caribe, com 
cerca de 800 km² e população próxima de 200 mil habitantes, possuía grande 
autonomia, inclusive com Constituição própria, parlamento e governo local 
centralizado, além de governos específicos em cada ilha. O Reino dos Países 
Baixos (Holanda) tinha a responsabilidade de proteção. A partir daquele ano 
ocorreu a dissolução das Antilhas Holandesas. “As ilhas de Curaçao e São 
Martinho tornaram-se territórios autônomos do Reino dos Países Baixos. Aruba 
já tinha tal status desde 1986. Bonaire, Santo Eustáquio e Saba tornaram-se 
municípios especiais dos Países Baixos” (Paho, 2012). 
5.2 Vaticano 
É considerado o menor país do mundo, com 0,44 km², encravado em 
Roma. Na realidade, é curioso que seja considerado um país. Sua população de 
 
6 Andorra, por exemplo, é uma diarquia, isto é, possui dois chefes de Estado, o presidente 
francês e o bispo da comarca catalã de Urgel (Espanha). A França e a Espanha são protetoras 
de Andorra. 
 
 
11 
cerca de 800 habitantes é composta por religiosos e pela guarda suíça, 
tradicionais guardiães do Vaticano, os quais mantêm sua nacionalidade original. 
A quantidade de turistas é muito maior que a de residentes. A Santa Sé é 
responsável pelos assuntos eclesiásticos e o Estado do Vaticano é a sede 
temporal da Igreja Católica, tornando-se independente em 1929. Mas lembremos 
que, até o período absolutista, o papado interferia diretamente nos assuntos 
internacionais, sendo um mediador e, em certos casos, um ator internacional 
reconhecido. O Estado é chefiado pelo papa, um cargo vitalício, e o pontífice 
nomeia os auxiliares que exercerão funções administrativas e diplomáticas. 
NA PRÁTICA 
Situações de guerra civil geraram em alguns países contextos inusitados, 
como o fim ou quase ausência do Estado. É o caso da Somália, da República 
Democrática do Congo (antigo Zaire) e da Líbia, após a morte do ditador Khadafi. 
Em tais casos, diferentes grupos com distintas características políticas, étnicas 
e religiosas tentam assumir o poder, mas nenhum com efetivo poder de 
prevalecer sobre os demais. O caso mais notório é o da Somália, onde por 
alguns anos os chamados Senhores da Guerra, líderes de clãs locais, 
governaram pequenos territórios dentro do país. Nessas situações, há 
intervenção direta e indireta de países vizinhos, assim como das Nações Unidas 
(Missões de Paz) e de órgãos regionais, como a OUA (Organização da Unidade 
Africana). 
FINALIZANDO 
Vimos nesta aula que, no mundo contemporâneo, há outras variáveis para 
analisar o Estado, e não apenas os critérios ideológicos ou econômicos – liberal, 
comunista, socialdemocrata ou neoliberal. Fatores como o neopopulismo,a 
religião, as características geográficas e históricas, democracia ou autoritarismo 
e fatores geográficos interferem direta ou indiretamente no modelo de Estado 
assumido – ou mesmo a fragilização do Estado em alguns casos específicos. 
 
 
 
12 
REFERÊNCIAS 
ALI, T. Confronto de fundamentalismos. São Paulo: Record, 2002. 
CONTROLE absoluto do governo sobre comunicações com o resto do mundo 
deixa famílias desoladas. Anistia Internacional Brasil, 9 mar. 2016. Disponível 
em: <https://anistia.org.br/noticias/coreia-norte-controles-mais-rigorosos-sobre-
comunicacao-com-o-mundo-exterior-deixam-familias-desoladas/>. Acesso: 5 
jun. 2018. 
FAUSTO, B. O neopopulismo na América Latina. Folha de São Paulo, 17 fev. 
2006. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1702200609.
htm>. Acesso: 5 jun. 2018. 
IANNI, O. A formação do Estado populista na América Latina. Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 1975. 
INSTITUTO VON MISES. Liberdade e economia austríaca no principado de 
Liechtenstein. Disponível em: <http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1890>. 
Acesso: 5 jun. 2018. 
LINZ, J. Um regime autoritário: Espanha. In: CARDOSO, F. H. & MARTINS, 
C. E. Política e Sociedade. São Paulo: Nacional, 1979. 
MILANI, A. Iran: A Coup In Three Steps. Forbes, 15 jun. 2009. Disponível em: 
<https://www.forbes.com/2009/06/15/iran-elections-khamenei-mousavi-
ahmadinejad-opinions-contributors-milani.html>. Acesso: 5 jun. 2018. 
PAHO – Pan American Health Organization. Saúde nas Américas, ed. 2012, v. 
regional. Disponível em: <http://www.paho.org/salud-en-las-americas-
2012/index.php?option=com_docman&view=download&category_slug=sna-
2012-capitulos-pais-28&alias=239-antilhas-holandesas-
239&Itemid=231&lang=pt>. Acesso: 5 jun. 2018. 
SANTANA, L. Absolutismo resiste na Suazilândia. O Estado de S.Paulo. 
Disponível em: <http://esportes.estadao.com.br/noticias/geral,absolutismo-
resiste-na-suazilandia-imp-,574541>. Acesso: 5 jun. 2018. 
SILVA, D. L. S. & ANDRADE, C. A. O. Sobre a Coreia do Norte no ciberespaço: 
o Juche e o Grande Líder nas páginas do solidariedade à Coreia Popular. 
Boletim Historiar, n. 20, jul./set. 2017. Disponível em: 
 
 
13 
<https://seer.ufs.br/index.php/historiar/article/viewFile/7391/5948>. Acesso: 5 
jun. 2018. 
SOUSA, R. G. Sistema político iraniano. Disponível em: 
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