Buscar

Resumo da Aula 4 de Estado Moderno e Contemporâneo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ESTADO MODERNO E 
CONTEMPORÂNEO 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Carlos Alberto Simioni 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Na segunda metade do século XX, consolidou-se nos países capitalistas 
desenvolvidos, principalmente na Europa, um determinado tipo de Estado, 
conhecido como Welfare State, ou Estado do Bem-Estar Social. Sua 
característica principal, de acordo com Arretche, era a ação do Estado no tocante 
à “provisão de serviços sociais, cobrindo as mais variadas formas de risco da 
vida individual e coletiva” (1995). As nações que radicalizaram tal modelo foram, 
principalmente, as que tiveram governos socialdemocratas ou coalizões 
socialistas e liberais. Até hoje, Suécia e Finlândia, por exemplo, são países 
conhecidos pelos excelentes e diversos serviços sociais, como saúde, educação 
e assistência na velhice, oferecidos a toda a população. Mas existem diferentes 
modelos de Welfare State, inclusive em países liberais. 
Embora a pobreza e a miséria sempre fizessem parte da história europeia, 
houve uma intensificação a partir do surgimento e consolidação do capitalismo, 
conforme vimos na Aula 3. Nas sociedades industriais do século XIX, diversos 
problemas sociais estavam em evidência, concentrados nas grandes e médias 
cidades, conhecidos como a questão social – miséria, fome, analfabetismo, 
criminalidade, desemprego, falta de assistência hospitalar, população sem 
residência, tudo isso colocou em xeque as promessas que a sociedade 
capitalista e liberal apregoava. Foi então que atores sociais diversos (políticos, 
religiosos, trabalhadores, filantropos) começaram a propor ações para acabar 
com tais problemas, ou menos diminui-los. Mas quem deveria agir? 
Antes vistas com resignação, a igreja e a filantropia (caridade, ajuda ao 
próximo, em sentido individual) é que cuidavam de tais temas, pelo menos até 
onde podiam. No entanto, as sociedades modernas possuíam novas noções de 
direitos, como os direitos civis (à vida, à liberdade, à propriedade privada e à 
igualdade perante a lei) e os direitos políticos (votar ou ser votado, participar do 
governo, fundar partidos e associações; participar ou organizar manifestações). 
Contudo, reivindicava-se uma nova gama de direitos sociais. Além disso, havia 
um grande temor de que aquela precária situação social resultasse em revolta 
popular, pois a Revolução Francesa ainda estava na memória daquelas 
sociedades. Dessa forma, no final do século XIX e início do século XX, algumas 
nações iniciaram um processo em que o Estado assumia a responsabilidade de 
assistir à população, sendo o embrião do Welafare State – mas isso apenas se 
consolidaria após a II Guerra mundial. É o que veremos a seguir. 
 
 
3 
TEMA 1 – A QUESTÃO SOCIAL E O PAPEL DO ESTADO 
Embora o tema questão social esteja inserido em um amplo debate teórico 
(se os problemas sociais são efeitos naturais da industrialização e urbanização 
ou de fatores individuais, ou se são decorrência da exploração de uma classe 
social sobre outra) e político (se é uma abordagem conservadora ou 
progressista), não é objetivo desta aula entrar nestes debates. Antes, pretende-
se pensar sobre como, nas sociedades modernas, o Estado foi 
progressivamente incumbido de agir neste campo. 
É importante frisar que uma característica do Estado Moderno é 
justamente a de assumir funções que antes eram de esfera privada ou de certas 
instituições sociais, como a Igreja Católica na Europa. O Estado Moderno passa 
a se responsabilizar diretamente pela proteção interna e externa da nação, pela 
justiça e, direta ou indiretamente, por educação, saúde, economia e ações de 
infraestrutura. Dessa forma, em relação à questão social, as nações modernas 
iniciam um processo de discussão política, ou seja, um debate sobre os 
chamados “novos direitos”, incluindo os direitos sociais. A partir disso, pensa-se 
o que fazer, quem realiza as ações e de que forma. 
Tal debate já vinha acontecendo séculos antes. A Inglaterra, berço da 
Revolução Industrial, foi um dos primeiros países a propor ações relativas aos 
chamados “problemas sociais”, típicos das grandes cidades que se formaram a 
partir do século XVI. Em 1601, é promulgada a Lei dos Pobres que, entre outros, 
propunha ações assistencialistas (na lógica da caridade) realizadas pela Igreja 
e com financiamento do Estado. Tal lei perdurou até o século XIX, quando foi 
substituída por ações repressivas, ou mesmo violentas, no início das primeiras 
lutas trabalhistas e do movimento operário. Por outro lado, ao final daquele 
século – Era Vitoriana (Governo da Rainha Vitória) – o Estado começou a 
interferir mais diretamente, com outra forma de ação. De acordo com Arretche 
(1995), 
Era de prosperidade e confiança, teria marcado o início da adoção de 
medidas de política social: leis de assistência aos indigentes, leis de 
proteção aos trabalhadores da indústria, medidas contra a pobreza etc. 
Em tais medidas, estaria o embrião daquilo que, mais tarde, após a 
Segunda Grande Guerra, seria conhecido como Welfare State. 
 
 
 
4 
Neste mesmo período, a Alemanha também implantou medidas de 
assistência e de seguro social. Mesmo os EUA, país de forte tradição liberal, 
implantou, após a crise econômica de 1929, medidas de proteção e assistência 
social. No entanto, as duas grandes guerras, além da depressão econômica dos 
anos de 1930, forçaram o estabelecimento de políticas sociais, levadas a cabo 
após 1945. 
TEMA 2 – WELFARE STATE SOCIALDEMOCRATA 
Em meados do século XIX, na Europa, surgem o movimento operário, os 
sindicatos, os partidos políticos ligados ao marxismo e um movimento socialista 
denominado Socialdemocracia – incialmente com ideais revolucionários, apesar 
de participar da luta política institucional. No entanto, com novas propostas do 
alemão Eduard Bernstein (1850-1932), a socialdemocracia dividiu os socialistas, 
pois se afastou de algumas das principais teses marxistas, em especial aquelas 
que pressupunham a inevitabilidade de uma revolução, a progressiva 
pauperização das classes médias e a piora das condições de trabalho do 
operariado1. Antes disso, Bernstein afirmava que uma série de reformas, dentro 
do sistema capitalista, permitiu a melhoria das condições de vida dos 
trabalhadores, a concessão de certos direitos e a ampliação do consumo. 
Tais ideias geraram duas distintas opções políticas: Reforma ou 
revolução? A social democracia optou em 1918 pelas reformas, embora ainda 
pretendesse atingir o objetivo marxista de uma sociedade mais equitativa e sem 
exploração de uma classe social sobre outra (Przeworsk, 1988). O Estado seria 
o grande agente para realizar as reformas necessárias. Logo após a II Guerra 
Mundial, alguns países tiveram um amplo domínio socialdemocrata ou coalizões 
destes com socialistas e liberais. É o caso dos países nórdicos (escandinavos). 
Arrecthe (1995), baseada na obra de Esping Andersen, aponta os países 
escandinavos como os principais modelos de Welfare State socialdemocrata. 
Nestes [países], o movimento operário foi capaz de traduzir seus 
objetivos históricos em políticas sociais de um certo tipo, dado que foi 
capaz de expressar-se politicamente através de partidos sociais 
democratas, os quais mantiveram o controle parlamentar por 
significativos períodos de tempo. 
 
1 No pós-guerra, inclusive, a socialdemocracia rejeitou a tese marxista da luta de classes. 
 
 
5 
Neste modelo, o princípio básico é o da equidade, e não o do mérito 
(modelo liberal, do tipo quem contribui tem direito). Assim, os serviços sociais 
são amplos e universais, independentementede contribuição ou do valor da 
contribuição. Outro princípio importante é o de que tais políticas não são custos, 
mas investimentos, na medida em que a sociedade é beneficiada com padrões 
mínimos de educação, saúde, habitação, renda e erradicação da miséria. 
A Suécia é um exemplo do modelo socialdemocrata, o qual foi 
preponderante no país entre 1932 e 1986, mesmo que liberais ou conservadores 
estivessem no governo em certos períodos. Desde o início do século XX, a nação 
vinha implantando políticas sociais, como pensões, seguros e leis de proteção 
ao trabalhador. O Estado era o principal agente dessas políticas. Em 1932, o 
Partido Socialdemocrata chega ao poder e, embasado nas ideias de Gunnar 
Myrdal, inicia um processo mais radical de políticas sociais, o que facilitou o 
predomínio das teses reformistas da social democracia no pós-guerra. 
TEMA 3 – WELFARE STATE CONSERVADOR 
Até o final do século XIX, a Igreja Católica pouco interferia na questão 
social, pelo menos em termos políticos. Não se fazia críticas às possíveis causas 
de tais problemas, nem se apontava as soluções. Certamente, a Igreja agia na 
lógica da caridade e da filantropia – como, por exemplo, mantendo orfanatos. 
Foi então que, em 1891, alarmado com o avanço do socialismo, do movimento 
operário e do modelo capitalista predominante, o Papa Leão XIII lançou uma 
Encíclica2 na qual discute situação e condições de trabalho dos operários. A 
partir daí, é lançada uma proposta de acordo entre as classes sociais 
(contrapondo-se à tese da luta de classes). O documento modificou a forma de 
ação católica em relação aos problemas sociais e foi a base da chamada 
Doutrina Social da Igreja. Uma das consequências desse fato foram as propostas 
de ação do Estado, principalmente como condutor de processos de melhoria das 
condições de vida e de trabalho. A igreja seria mediadora, junto aos sindicatos, 
mas na lógica da cooperação e harmonia entre as classes sociais. 
Arretche (1995) afirma que este posicionamento da igreja favoreceu um 
determinado modelo de Welfare State, predominante na Europa católica, em 
 
2 Carta enviada a todos os bispos expondo um ponto de vista ou forma de ação da Igreja, 
orientando a ação e a tomada de decisão em relação a fatos concretos da vida e da realidade. 
 
 
6 
especial na Alemanha, Áustria, Itália e França, além de países onde o papel do 
Estado era forte, como o caso do Japão. Seriam basicamente 
países nos quais a Igreja teve um poderoso papel nas reformas sociais 
e onde o absolutismo era forte, sendo, portanto, lentamente abolido; 
países nos quais a revolução burguesa foi fraca, incompleta ou mesmo 
ausente. Marcado pela iniciativa estatal, este modelo favoreceu um 
ativo intervencionismo estatal destinado a promover lealdade e 
subordinação ao Estado e deter a marcha do socialismo e do 
capitalismo. 
Neste modelo, considerado por Esping Andersen (1991) como corporativo 
ou Welafare state monárquico, estaria garantido o bem-estar social e a 
harmonia entre as classes, lealdade e produtividade. Segundo este 
modelo, um sistema eficiente de produção não derivaria da 
competição, mas da disciplina. Um Estado autoritário seria muito 
superior ao caos dos mercados no sentido de harmonizar o bem do 
Estado, da comunidade e do indivíduo. 
Os serviços sociais, então, não são tão amplos como nos países 
escandinavos, e os benefícios variam de acordo com a classe social do 
beneficiário. Por outro lado, a Alemanha investiu maciçamente em uma 
educação pública universal, fato que elevou o padrão dos trabalhadores e da 
própria indústria alemã, desde o começo do século XX. 
TEMA 4 – WELFARE STATE LIBERAL 
O Welfare State avançou mesmo nos países de tradição liberal, onde há 
resistência à interferência e à participação do Estado na economia ou em temas 
sociais. Em tal tradição, pressupõe-se que os indivíduos seriam os maiores 
responsáveis pela sua situação social – princípio do mérito. Em países como os 
anglo-saxões (EUA, Inglaterra, Austrália, Nova Zelândia), o papel do Estado é 
mínimo, e este incentiva o mercado a oferecer, por exemplo, planos privados de 
aposentadorias. De acordo com Esping Andersen (1991), neste modelo, a 
atuação do Estado se baseia em assistência “aos comprovadamente pobres, 
reduzidas transferências universais ou planos modestos de previdência social. 
Os benefícios atingem principalmente uma clientela de baixa renda, em geral da 
classe trabalhadora ou dependentes do Estado”. 
Os EUA formam um exemplo básico deste modelo com o chamado New 
Deal (1933-1945), programa governamental criado para amenizar os efeitos da 
crise econômica dos anos de 1930, quando foi criada a Previdência Social e “um 
sistema de seguro-desemprego, além de fornecimento de auxílio financeiro às 
 
 
7 
famílias menos abastadas e com filhos em idade de dependência” (Gomes, 
2006). Ressalte-se ainda que, mesmo neste modelo, há muita disparidade. A 
Inglaterra, por exemplo, possui serviços sociais bem mais amplos que os EUA. 
No caso norte-americano, altamente descentralizado, há muita variedade de 
políticas sociais em cada Estado da federação, ou mesmo nos municípios. 
 TEMA 5 – A CRISE DO WELFARE STATE 
Nos anos de 1970, ocorreu uma forte crise financeira global: inflação, 
estagnação econômica, juros altos, desemprego – problemas decorrentes, 
dentre outros fatores, da crise do petróleo e de uma crise fiscal. Neste segundo 
aspecto, o Welfare State foi apontado pelos críticos neoliberais como um dos 
principais responsáveis da crise, na medida em que os gastos estatais eram 
enormes e a altíssima carga de impostos não dava conta de atender à crescente 
demanda. 
Outros fatores intensificaram a crise, como, por exemplo, a diminuição da 
taxa de natalidade e o aumento da expectativa de vida, ou seja, o número de 
aposentados cada vez maior e, o de contribuintes para financiar o sistema, cada 
vez menor. 
Ao mesmo tempo, a Teoria Neoliberal se fortalece e aponta algumas 
hipóteses para as falhas do modelo, conforme indica Draibe (1984) a respeito 
das críticas ao Welfare State, quando os gastos sociais do Estado só 
aumentavam, gerando. 
desequilíbrio orçamentário, provocando deficits públicos recorrentes, 
que penalizam a atividade produtiva e provocam inflação e 
desemprego. [...] Em resumo, os gastos sociais e sua forma de 
financiamento são responsáveis pela inflação, declínio dos 
investimentos e, portanto, pelo desemprego. 
Outros pontos indicados pela crítica neoliberal eram o excessivo 
paternalismo, o comodismo, a pouca eficiência/produtividade, além de uma 
ampla burocracia, inchando o Estado com muitos funcionários, aumentando os 
gastos. Por outro lado, os chamados progressistas também faziam críticas, 
afirmando que o tradicional padrão de acordo entre classes sociais predominante 
após a II Guerra estaria esgotado, forçando o conflito entre elas. Nessa 
perspectiva, o Welfare State teria sido apenas uma forma de amenizar o conflito 
entre classes, contribuindo para manter a ordem social capitalista. 
 
 
8 
Em função dessas críticas, principalmente a dos neoliberais, a partir dos 
anos de 1980 vários países passaram a rever seus programas sociais, ou os 
gastos com eles, e a enfatizar soluções típicas de mercado, privatizando 
empresas e fomentando a previdência privada. Ainda assim, em termos 
comparativos, os programas sociais da maioria das nações europeias ocidentais 
são amplos e de boa qualidade, porém, os princípios são outros. Moser (2011) 
aponta uma nova geração de políticas e programas sociais na Europa unificada, 
definidas como políticas sociais ativas, ao invés de passivas 
Taispolíticas fazem parte do processo de desestruturação de um 
modelo de provisão – o welfare – para a construção de um novo modelo 
de regulação estatal – o workfare – partidário de uma racionalidade de 
retribuição expressa na obrigatoriedade de participação dos cidadãos 
em medidas de ativação voltadas ao mercado de trabalho. 
Portanto, ao mesmo tempo em que há um questionamento da 
universalização dos programas sociais (por exemplo, se seria justo alguém ser 
beneficiário sem ter contribuído), atualmente as políticas sociais possuem outras 
características, fundamentadas em novas demandas, como a criação de 
empregos, inserção dos migrantes e adaptação das economias nacionais aos 
padrões globais. 
NA PRÁTICA 
Nos antigos países comunistas, foi estabelecido um amplo sistema de 
proteção social. Um Relatório do Programa das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento (Pnud) de 1999 comparava a situação de tais países antes e 
após o fim do comunismo: “Se a renda monetária era baixa, era estável e 
segura. [...] O acesso à educação e à saúde era gratuito. A aposentadoria estava 
assegurada e as pessoas podiam desfrutar de outras formas de proteção social” 
(apud Realismo Político, 2014). De acordo com Esping Andersen (1995), tais 
nações tinham um modelo de serviços sociais parecido com o dos países 
escandinavos, e se caracterizava por três pilares básicos: 
[...] pleno, e quase obrigatório, emprego; seguridade social ampla e 
universalista e um sistema de benefícios altamente desenvolvido, 
tipicamente baseado nas empresas e em salários indiretos. De fato, e 
de modo bastante semelhante à Escandinávia, a estratégia de 
maximização do emprego foi a condição sine qua non de equilíbrio do 
sistema, uma vez que minimizava a carga de dependência do welfare 
state. 
 
 
9 
Cuba é o modelo mais conhecido aqui no Brasil. Apesar da relativa 
pobreza, ainda hoje os serviços sociais e a assistência médica cubana possuem 
um padrão superior à maioria dos países latino-americanos. Contudo, é inegável 
que, desde que a maioria daquelas nações abandonou o regime comunista, 
muitas das políticas também cessaram, em especial a do pleno emprego. 
FINALIZANDO 
Nesta aula foram expostos os principais aspectos do chamado “Estado do 
Bem-Estar Social” – Welfare State -, um tipo de ação do Estado que predominou 
na maioria das nações desenvolvidas entre o final da II Guerra e o final dos anos 
de 1970. Os diversos problemas sociais intensificados pela industrialização e 
pelo capitalismo foram combatidos por ações pontuais na esfera da assistência 
social, da previdência e de serviços de saúde e educação. Três modelos básicos 
de Welfare State foram criados. O Socialdemocrata, o Conservador e o Liberal 
– com grau de universalização e de participação do Estado como principal 
diferencial entre eles. A partir dos anos de 1970, uma grave crise internacional 
fez com que o modelo se esgotasse, impulsionando uma busca por alternativas 
de sobrevivência, permitindo que propostas típicas de mercado fossem 
incorporadas. Apesar disso, ainda hoje a maioria das nações europeias possui 
serviços sociais públicos e gratuitos, que atendem a maior parte da população. 
 
 
 
10 
REFERÊNCIAS 
ARRETCHE, M. T. S. Emergência e desenvolvimento do Welfare State: 
teorias explicativas. In: Boletim informativo e bibliográfico. Rio de Janeiro, n. 39, 
1º semestre, p. 3-40. Disponível em: 
<http://docs11.minhateca.com.br/396431177,BR,0,0,Emerg%C3%AAncia-e-
Desenvolvimento-do-Welfare-State---Teorias-Explicativas---Marta-
Arretche.pdf>. Acesso: 17 jan. 2018. 
DRAIBE, S. & HENRIQUE, W. Welfare state, crise e gestão da crise: um balanço 
da literatura internacional. Revista Brasileira de Ciências Sociais – ANPOCS, 
v. 3, n. 6, p. 5.378, 1988. Disponível em: 
<http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_06/rbcs06_04.htm>. 
Acesso: 17 jan. 2018. 
ESPING-ANDERSEN, G. As três economias políticas do Welfare State. Lua 
Nova, 1991, n. 24, p. 85-116. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
64451991000200006>. Acesso: 17 jan. 2018. 
______. O futuro do Welfare State na nova ordem mundial. Lua Nova, 1995, n. 
35, p. 73-111. 
GOMES, F. G. Conflito social e Welfare State: Estado e desenvolvimento social 
no Brasil. Rev. Adm. Pública, 2006, v. 40, n. 2, p. 201-234. Disponível em 
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-
76122006000200003&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso: 17 jan. 2018. 
MOSER, L. A nova geração de políticas sociais no contexto europeu: workfare e 
medidas de ativação. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 68-77, 
maio/2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rk/v14n1/v14n1a08.pdf>. 
Acesso: 17 jan. 2018. 
PRZEWORSKI, A. A socialdemocracia como fenômeno histórico. Lua 
Nova,1988, n. 15. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
64451988000200004>. Acesso: 17 jan. 2018.

Continue navegando