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Febre Aguda na Infância

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Febre Aguda na Infância- Manejo
- Lucas Ferraz
Professor Universitário/ Mestrando em Tecnologia em Saúde/ Pediatra
 
1. DEFINIÇÃO: A febre é a elevação da temperatura corpórea que ultrapassa a variação diária normal, em resposta a uma variedade de estímulos controlados pelo SNC. A medida da temperatura corpórea mais confiável é por via oral (38ºC) ou retal (38,3ºC). A medida da temperatura corpórea mais utilizada é a axilar (37,8ºC).
 
1. FISIOPATOLOGIA:
1. O processo de febre acontece a partir de um Pirógeno, que podem ser divididos:
0. Pirógenos exógenos infecciosos: Vírus, bactéria, fungo.
0. Pirógenos exógenos não infecciosos: Ex. uma Leucemia, onde não tem processo inflamatório, mas pode acontecer a febre.
1. Quando os pirógenos exógenos entram em contato com os macrófagos teciduais, induzem a produção dos pirógenos endógenos (IL-1, IL-6 e TNF-α).
1. Os pirógenos endógenos ganham a corrente sanguínea e se dirigem ao SNC, onde ativam o centro termorregulador do hipotálamo.
1. O hipotálamo produz a prostaglandina E2 (PgE2), responsável pela elevação do ponto de termorregulação.
 
1. PAPEL DA FEBRE:
1. É um sinal clínico que estimula a diapedese de células imunes.
1. Alerta o organismo para fazer uma contenção para aquela determinada infecção 
1. através das células de defesa.
1. A febre é considerada um sinal e não uma doença
	
	
	
 
 
1. FEBRE SEM SINAIS LOCALIZATÓRIOS:
1. Febre com menos de 7 dias sem identificação de causa após avaliação médica;
1. A maioria dos casos estão associados a uma doença viral benigna autolimitada;
1. 20% dos casos de febre não se identificam um foco;
1. FSSL não é sinônimo de criança com febre e exame físico normal, pois a elucidação da febre pode estar implícita no exame físico, como por exemplo uma criança que apresenta diarréia com febre.
 
1. AVALIAÇÃO DA CRIANÇA FEBRIL:
1. Anamnese detalhada + exame físico completo;
1. Investigar e estacar a presença ou ausência de sintomas e sinais que possam ser utilizados para prever o grau de risco;
1. História clínica e exame físico:
13. Buscar a história, a frequência e intervalo da febre
13. Graduar a temperatura mais alta;
13. Analisar presença de sintomas associados; história com contactante; medicações; vacinação; outras comorbidades associadas.
1. DOENÇAS BACTERIANAS GRAVES:
1. I.T.U:
14. 80 % dos casos de doença bacteriana grave.
14. Mais comum em meninos não postectomizados, brancos e com temperatura acima de 39º, sem foco possível após avaliação, e em meninas abaixo de 1 ano com temperatura maior que 39º com duração maior que 48h sem foco provável.
o O diagnóstico é feito com o sumario de urina e urocultura – não é necessário esperar o resultado da urocultura para tratar.
1. Bacteremia Oculta:
15. Presença de bactéria em hemocultura, em uma criança febril, sem infecção localizada e com pouco ou nenhum achado clínico na anamnese e exame físico.
15. Embora a maioria dos episódios de bacteremia oculta tenha resolução espontânea, às vezes podem ocorrer complicações sérias, como pneumonia, meningite, artrite séptica, osteomielite, sepse e morte.
1. Meningite:
16. Pode levar a óbito em 24h (Houve uma redução da meningite C com a vacinação)
16. Indicação de liquor: pacientes com sintomas neurológicos; recém-nascidos; pacientes de 29 dias a 3 meses que sejam de alto risco; e pacientes toxemiados
16. O liquor normal tem poucos leucócitos e predomínio de linfócitos, glicose acima de 50 ou 75% da glicemia sérica e pouca proteína.
16. Na meningite bacteriana vai ter o aumento de leucócitos com predomínio de neutrófilos, redução da glicose e aumento de proteína.
16. É possível ter sinais de meningite em crianças com fontanela fechada, com a fontanela aberta não vai ser feito a rigidez de nuca e sim o abaulamento de fontanela com a palpação mais rígida.
1. Pneumonia oculta:
17. Na investigação não tem achados respiratórios sugestivos de pneumonia.
17. diagnostico radiológico revela uma imagem compatível com a pneumonia.
17. representa menos que 3% das doenças bacterianas graves nas FSSL.
 
1. EXAMES COMPLEMENTARES:
1. Hemograma
1. Exame parcial de urina e urocultura;
1. Proteína C reativa: para fase aguda.
1. Procalcitonina: para fase aguda
1. Raio x de tórax
1. Punção lombar
1. Hemocultura
 
1. FLUXOGRAMA:
	
	
	
TRATAMENTO
1. O resfriamento com água fria é recomendado apenas quando a febre ultrapassa 40ºC (hiperpirexia) e acompanhada de sintomas neurológicos. Caso contrário, o controle dessa febre é feito despindo a criança para que ela troque calor com o ar ambiente.
1. NÃO deve cobrir a criança com lençóis, edredons.
1. Antipiréticos:
27. O tratamento da febre é antipirético, mas ele não pode ser utilizado de maneira indiscriminada.
27. Introduz antipirético se a criança estiver incomodada pela febre (irritada, prostrada, acamada) e não por causa de determinada temperatura.
27. No Brasil existem três antipiréticos autorizados para uso pediátricos:
2. Dipirona
2. Ibuprofeno
2. Paracetamol
 
27. O uso incorreto das doses leva a crença que uma medicação age melhor que outra. Deve ser calculada:
3. Paracetamol – tem 10/15mg por kg a gota do mesmo, tem 18mg. Único liberado para recém- nascido.
3. Dipirona – considerado uma dose antipirética é até 20mg/ kg, passando disso é considerado uma dose analgésica. Recomendado que uso acima de 3 meses.
3. Ibuprofeno – Usado a partir dos 6 meses, por ter uma característica mais anti-inflamatórios que antipirética.
27. Não se utiliza mais Aspirina, porque não é mais considerado antipirético.
1. Antibióticos:
28. 1-3 meses – Internados: normalmente usa espectro maior (Ceftriaxona 3ª geração);
28. 3- 36 meses- Internados: Pode usar a Ceftriaxona ou a Penicilina que tem uma boa cobertura;
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
 
1. Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria, 5ª edição, Barueri, SP: Manole, 2021.
1. Manejo do paciente com diarreia (cartaz) — Ministério da Saúde. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt- br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/dda/publicacoes/manejo-do-paciente-com-diarreia-cartaz/view>.
1. Sociedade Brasileira de Pediatria. Guia Prático de Atualização: Diarreia aguda – Diagnóstico e Tratamento. Nº 1, março de 2017.
1. Sociedade Brasileira de Pediatria. Guia Prático de Atualização: Dor abdominal crônica na infância e adolescência. Nº 6, janeiro de 2019.
1. Sociedade Brasileira de Pediatria. Guia Prático de Atualização: Alergia Alimentar não-IgE mediada – Formas leves e moderadas. Nº 9, janeiro de 2022.
1. Alergia	à	Proteína	do	Leite	de	Vaca	(APLV)	
1. KLIEGMAN, R. et al. Nelson. Tratado de Pediatriia. [s.l.] Elsevier, 2020.
1. Guia prático da APLV mediada pela IgE- ASBAI & SBAN Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 35. N° 6, 2012.
1. Sociedade Brasileira de Pediatria. Documento Científico – Departamentos Científicos de Pediatria Ambulatorial e de Infectologia (2019 – 2021): Manejo da Febre Aguda. 05 de outubro de 2021.
1. Sociedade Brasileira de Pediatria. Documento Científico - Infecção do Trato Urinário em Pediatria – Existe consenso entre os consensos?. Atualização 2021.
1. ANDRÉA, Maria. Linfadenomegalias: Como Avaliar. Sociedade Brasileira de Pediatria.
1. SILVA, Denise. Linfonodomegalia periférica na criança e no adolescente: Quando pensar em câncer.
1. Departamento Científico de Oncologia- Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019.

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