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Experimento da Lei de Hooke Alexssandro Oliveira de Matos CEFET/RJ – campus Nova Friburgo Resumo Esse experimento possui o objetivo de calcular a constante elástica da mola de maneira experimental usando os conceitos da lei de Hooke. Para a realização desse experimento foi utilizado um sistema massa-mola, na qual foi medida a deformação da mola para cinco corpos de massas diferentes. Após o tratamento dos dados, foi obtido uma constante elástica 𝑘 = (20,00 ± 0,13) , que se mostrou bem precisa após ser calculado o erro relativo. Palavras chave: Constante elástica. Lei de Hooke. Sistema massa-mola. Introdução A lei de Hooke é uma lei que afirma que a força aplicada em um objeto elástico é diretamente proporcional ao quanto esse objeto elástico esticou ou comprimiu. Essa constante de proporcionalidade é chamada de constante elástica, e ela é única para cada corpo, ou seja, cada objeto que sofre deformações devido a ação de forças possui uma constante elástica diferente. Essa característica nos permite utilizar materiais, geralmente molas, para a fabricação de ferramentas, brinquedos, amortecedores e freios para carros, dentre outros. Modelo teórico Para que o experimento fosse devidamente realizado foi utilizado um sistema massa-mola vertical, um conjunto de massas acopláveis e dois ganchos lastros, uma trena, duas balanças de cozinha com limites de 200 gramas e 2 quilogramas, papel milimetrado e lápis. Esses materiais são mostrados na figura a seguir. Além disso, temos que utilizar a lei de Hooke para encontrar a constante elástica: Observando a figura 4, podemos aplicar a segunda lei de Newton para o corpo, tendo em mente que o mesmo se encontra em equilíbrio. 𝑓(𝑡) = 𝑚 �⃗�(𝑡) → 𝑝 + 𝑓 ⃗ = 𝑚 �⃗�(𝑡) Figura 2: Duas balanças de cozinha. Figura do autor. Figura 1: Pesos de metal de variadas massas, alguns deles já estão acoplados no gancho. Figura do autor. Figura 3: sistema massa-mola. Figura do autor. Figura 4: um corpo de massa m presa a uma mola suspensa a uma base fixa. A direita temos o diagrama de corpo livre do corpo. Figura do autor. Já que o corpo se encontra em equilíbrio, temos que �⃗�(𝑡) = 0. Então: 𝑝 + 𝑓 ⃗ = 0 → −𝑝 + 𝑓 = 0 → 𝑓 = 𝑝 Sabemos que 𝑝 = 𝑚𝑔 representa a força peso e 𝑓 = 𝑘 ∆𝑥 representa a força elástica sofrida pelo corpo, sendo assim: 𝑘 ∆𝑥 = 𝑚𝑔 Onde 𝑚 é a massa do corpo, g é a aceleração da gravidade e ∆𝑥 é o quanto a mola esticou por conta do pesos de metal, mostrados na figura 1. A equação acima será de extrema importância para encontrarmos a constante elástica 𝑘 da mola usada no experimento. Podemos notar que essa equação é semelhante a uma equação do primeiro grau, na qual 𝑚𝑔 seria a variável dependente e ∆𝑥 seria uma variável independente. A constante elástica 𝑘 acompanha a variável independente ∆𝑥, sendo assim, 𝑘 representa o coeficiente angular da reta e pode ser obtido da seguinte forma: 𝑘 = 𝑚𝑔 − 𝑚𝑔 ∆𝑥 − ∆𝑥 Onde 𝐴 = (∆𝑥 , 𝑚𝑔 ) e 𝐵 = (∆𝑥 , 𝑚𝑔 ) são pontos arbitrários que pertencem a reta. Também precisaremos calcular a incerteza da medida de ∆𝑥 que pode ser expressa pela seguinte função: 𝜎∆ = 𝜕∆𝑥 𝜕𝐿 . 𝜎 + 𝜕∆𝑥 𝜕𝐿 . 𝜎 Por fim, também vamos calcular o erro relativo para termos ideia da precisão do valor que encontrarmos. 𝛿 = 𝜎 𝑘 𝑥 100 Procedimento experimental O experimento foi realizado no laboratório de mecânica, dispostos de todos os materiais mencionados no modelo teórico. Primeiramente, usamos a trena para medir o comprimento 𝐿 da barra de sustentação (base) até o final da mola, que está em seu estado de equilíbrio. Fazendo essas medidas, encontramos o valor 𝐿 = (12,65 ± 0,050)𝑐𝑚. Em seguida, colocamos alguns pesos de metal no gancho para obter cinco massas diferentes, sendo três delas menores que 200 gramas e duas maiores. Usamos a balança com limite de 200 gramas para medir as massas menores que 200 gramas pouco antes de pendura-las na mola. Fazemos o mesmo com as massas maiores que 200 gramas, com o auxílio da balança com limite de 2 quilogramas. É importante não soltar as massas quando for pendura-las na mola, para não termos um movimento oscilatório. Colocamos as massas 𝑚 , uma a uma, penduradas na mola e usamos a trena para medir o novo comprimento 𝐿 da mola. Os valores das massas e dos comprimentos obtidos, juntamente com os valores de ∆𝑥 = 𝐿 − 𝐿 são mostrados na tabela a seguir: Massa (𝑚 ) Comprimento (𝐿 ) ∆𝑥 = 𝐿 − 𝐿 𝑚 = 0𝑔 𝐿 = (12,65 ± 0,050)𝑐𝑚 ∆𝑥 = 0𝑐𝑚 𝑚 = 160,9𝑔 𝐿 = (20,50 ± 0,050)𝑐𝑚 ∆𝑥 = 7,85𝑐𝑚 𝑚 = 181,2𝑔 𝐿 = (21,50 ± 0,050)𝑐𝑚 ∆𝑥 = 8,85𝑐𝑚 𝑚 = 191,4𝑔 𝐿 = (22,00 ± 0,050)𝑐𝑚 ∆𝑥 = 9,35𝑐𝑚 𝑚 = 220,0𝑔 𝐿 = (23,40 ± 0,050)𝑐𝑚 ∆𝑥 = 10,75𝑐𝑚 𝑚 = 230,0𝑔 𝐿 = (24,00 ± 0,050)𝑐𝑚 ∆𝑥 = 11,35𝑐𝑚 Tabela 1: valores das massas, dos comprimentos da mola devido as massas e a diferença desses comprimentos para o comprimento inicial da mola. Tratamento de dados Antes de esboçarmos o gráfico do peso mg em função da variação de comprimento da mola ∆𝑥, precisamos encontrar os valores dos pesos referentes a cada massa. Para isso, consideramos a aceleração da gravidade 𝑔 = 9,81 . Os pesos são encontrados na tabela a seguir: Massa 0 0,1609 0,1812 0,1914 0,2200 0,2300 Peso(𝑚𝑔) 0 1,58 1,78 1,88 2,16 2,26 Tabela 2: valores das massas, em quilogramas com os seus respectivos pesos, medidos em Newtons. Com os valores do peso calculados na tabela 2 e suas respectivas variações de comprimento da mola ∆𝑥, esboçamos um gráfico que é mostrado na figura a seguir: Figura 4: gráfico que relaciona Δx, em centímetros, com a força peso, em Newtons. A escala na horizontal é de 1 quadrado para cada 1 centímetro. Na vertical, a escala é de 8 quadrados para cada 1 Newton. Figura do autor. Agora, podemos calcular o coeficiente angular da reta do gráfico da figura 4, utilizando quaisquer dois pontos pertencentes a reta. Usaremos os pontos 𝐴 = (9,95; 2,00) e 𝐵 = (10,6; 2,13). Antes de calcular o valor da constante elástica, devemos verificar se os valores dos pontos 𝐴 e 𝐵 estão de acordo com o sistema internacional de medidas (SI). Note que ∆𝑥 está representado em centímetros, sendo assim, ao transformá-los para metros obtemos: 𝐴 = (0,0995; 2,00) e 𝐵 = (0,106; 2,13) Agora, podemos realizar o cálculo da constante elástica k, que é definida como: 𝑘 = 𝑚𝑔 − 𝑚𝑔 ∆𝑥 − ∆𝑥 = 2,00 − 2,13 0,0995 − 0,106 = −0,13 −0,0065 = 20,00 𝑘𝑔 𝑠 Agora, calcularemos a incerteza da constante elástica k. Contudo, antes disso é necessário calcular a incerteza de Δx que é definida como: 𝜎∆ = 𝜕∆𝑥 𝜕𝐿 . 𝜎 + 𝜕∆𝑥 𝜕𝐿 . 𝜎 , 𝑐𝑜𝑚 ∆𝑥 = 𝐿 − 𝐿 Afim de simplificar as contas, podemos notar que as incertezas de 𝐿 e 𝐿 são iguais e as derivadas parciais ao quadrado são iguais a 1. Sendo assim, basta multiplicarmos 𝜎 por √2: 𝜎∆ = √2𝜎 = √2 0,050 = 0,071 𝑐𝑚 = 0,00071𝑚 Com a incerteza 𝜎∆ podemos calcular a incerteza de k, que pode ser encontrada com a mesma equação: 𝜎 = 𝜕𝑘 𝜕∆𝑥 . 𝜎∆ , 𝑐𝑜𝑚 𝑘 = 𝑚𝑔 ∆𝑥 𝜎 = − 𝑚𝑔 ∆𝑥 . 𝜎∆ = 0,00071 2,13 (0,106) = 0,13 𝑘𝑔 𝑠 Portanto, temos que: 𝑘 = (20,00 ± 0,13) . Resultados e Conclusão Após os resultados obtidos no tratamento de dados, encontramos o valor da constante elástica k que vale (20,00 ± 0,13) . Se calcularmos o erro relativo da medida da constante elástica, podemos ter noção do quão preciso foi esse valor. 𝛿 = 𝜎 𝑘 𝑥 100 = 0,13 20,00 𝑥 100 = 0,65% Já que o erro relativo é menor que 1%, considerado muito pequeno, podemos concluir que o valor da constante elástica é bastante preciso. Referências VUOLO, José Henrique. Fundamentos da teoria de erros. 2. ed. , rev. e amp. São Paulo: Blucher, c1996. 249 p., il. Inclui bibliografiae índice. ISBN 9788521200567 (broch.). TODA MATÉRIA. A Força Elástica e a Lei de Hooke. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/lei-de-hooke/>. Acesso em: 5 jul. 2022.
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