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Experimento com pêndulo balístico Alexssandro Oliveira de Matos CEFET/RJ – campus Nova Friburgo Resumo Esse experimento tem como objetivo obter a velocidade de um projétil que colide com um pêndulo balístico. Para obter essa velocidade, aproveitamos o fato de a velocidade ter uma dependência linear com o ângulo do pêndulo, com a vertical, formado após a colisão inelástica com o projétil. Depois de obtermos os pontos e realizarmos os cálculos, encontramos 𝑣(𝜃) = 0,11 𝜃 + 0,14 , que é a equação da reta que corresponde velocidade do projétil em função do ângulo. Palavras-chave: Velocidade. Pêndulo balístico. Projétil. Introdução Um pêndulo balístico é um dispositivo na qual utilizamos para calcular a velocidade de projéteis. Esse pêndulo é um sistema de massa M e comprimento L que possui uma extremidade fixa e a outra extremidade possui uma caixa aberta que se permite acoplar um projétil. O projétil, que geralmente é uma bolinha metálica de massa m, é atirado na direção da caixa por um gatilho. Após ser atirado pelo projétil, a bolinha sofre uma colisão inelástica com o pêndulo, caracterizada pela conservação de momento linear e pela não conservação de energia cinética. Depois da colisão, o pêndulo sofre uma variação de ângulo 𝜃 e de altura ℎ em relação ao seu estado inicial de repouso. Com isso, há a conservação de energia mecânica, porém não se tem a conservação de momento linear, devida a ação da aceleração da gravidade. Através da conservação de energia mecânica, onde a energia cinética se converte em energia potencial, e da conservação de momento linear podemos encontrar a velocidade do projetil. Modelo teórico Para realizar o estudo do pêndulo balístico, temos que separar o experimento em três momentos. Esses momentos são representados na figura a seguir: Figura 1: os três momentos do experimento. Essa separação será importante para analisarmos aonde ocorre conservações de momento linear e energia cinética. Figura do autor. No momento 1, a bolinha (projétil) de massa 𝑚 e velocidade 𝑣 vai em direção ao pêndulo de massa 𝑀, que está em repouso. No momento 2 ocorre a colisão, que é perfeitamente inelástica. Já que a bolinha é acoplada no pêndulo, podemos considera-los como um corpo só de massa 𝑚 + 𝑀 e velocidade 𝑉. No momento 3 é o instante em que o pêndulo balístico atinge sua altura máxima. Sabendo que no processo de 1 para 2 temos uma colisão inelástica, usaremos o conceito de conservação de momento linear. ∆𝑝 = 0 → 𝑝 = 𝑝 → 𝑚𝑣 + 𝑀. 0 = (𝑚 + 𝑀)𝑉 → 𝑉 = 𝑚𝑣 (𝑚 + 𝑀) Onde 𝑉 é a velocidade do pêndulo balístico no momento 2. A partir do momento 2 até o momento 3, o pêndulo adquire uma velocidade 𝑉 e com isso atinge uma altura ℎ, formando um ângulo 𝜃 com a vertical. Nesse processo ocorre a conservação de energia mecânica, visto que toda a energia cinética do pêndulo é transformada em energia potencial gravitacional. 𝐸𝑀 = 𝐸𝑀 → 𝐸 + 𝐸 = 𝐸 + 𝐸 → 1 2 (𝑚 + 𝑀)𝑉 = (𝑚 + 𝑀). 𝑔. ℎ Podemos substituir o valor de 𝑉 na equação acima para encontramos a velocidade inicial 𝑣 da bolinha. 1 2 (𝑚 + 𝑀) 𝑚 𝑣 (𝑚 + 𝑀) = (𝑚 + 𝑀). 𝑔. ℎ → 𝑣 = (𝑚 + 𝑀) 𝑚 2. 𝑔. ℎ Podemos reescrever ℎ em termos do comprimento do pêndulo e do ângulo 𝜃. Figura 2: momento 3, que representa o instante em que o pêndulo atinge sua altura máxima. Figura do autor. De acordo com a figura acima temos que: 𝐿 = 𝑥 + ℎ , 𝑐𝑜𝑚 𝑥 = 𝐿 cos 𝜃 ∴ 𝐿 = 𝐿 cos 𝜃 + ℎ Isolando ℎ vamos obter: ℎ = 𝐿 − 𝐿 cos 𝜃 ∴ ℎ = 𝐿(1 − cos 𝜃) Substituindo o valor de ℎ na equação da velocidade, obtemos: 𝑣 = (𝑚 + 𝑀) 𝑚 2. 𝑔. 𝐿(1 − cos 𝜃) Com essa equação, podemos calcular a velocidade do projétil com base no ângulo formado pelo pêndulo. Também vamos calcular as incertezas das velocidades, definida como: 𝜎 = 𝜕𝑣 𝜕𝑚 . 𝜎 + 𝜕𝑣 𝜕𝑀 . 𝜎 + 𝜕𝑣 𝜕𝐿 . 𝜎 + 𝜕𝑣 𝜕𝜃 . 𝜎 Tendo em mentes as ideias vistas anteriormente podemos realizar o experimento. Para isso, vamos precisar de um pêndulo balístico, um gatilho, uma bolinha que servirá como um projétil, uma balança de cozinha e uma trena. Procedimento experimental Primeiramente, com auxílio da balança de cozinha, obtemos 𝑚 = (0,028 ± 0,001)𝑘𝑔 para a massa da bolinha e 𝑀 = (0,093 ± 0,001)𝑘𝑔 para a massa do pêndulo. Em seguida obtemos, com o auxílio da trena, 𝐿 = (0,24 ± 0,0005)𝑚 para o comprimento do pêndulo. O pêndulo está fixado em um quarto de círculo que possui marcações de ângulos. Ao lado do pêndulo está fixado o gatilho, que possui três níveis de disparos. Pegamos a bolinha de metal, colocamos no gatilho e disparamos três vezes para cada nível de disparo. A bolinha de metal vai de encontro ao pêndulo promovendo uma colisão inelástica, na qual a bolinha se aloja no pêndulo. Após a colisão, o pêndulo sofre uma variação de altura ℎ e com isso, forma um ângulo 𝜃 com a vertical. Os ângulos obtidos para cada nível de disparo (do nível 1 ao 3) são respectivamente: 𝜃 = (34,00 ± 0,50)°, 𝜃 = (48,00 ± 0,50)° e 𝜃 = (63,00 ± 0,50)°. Tratamento de dados Com os valores dos ângulos, podemos calcular as velocidades 𝑣 , 𝑣 e 𝑣 . 𝑣 = (0,028 + 0,093) 0,028 2(9,81)(0,24)(1 − cos(34°)) = 3,88 𝑚 𝑠 𝑣 = (0,028 + 0,093) 0,028 2(9,81)(0,24)(1 − cos(48°)) = 5,39 𝑚 𝑠 𝑣 = (0,028 + 0,093) 0,028 2(9,81)(0,24)(1 − cos(63°)) = 6,93 𝑚 𝑠 Agora, também podemos calcular as incertezas de cada velocidade. Para que os cálculos não fiquem muito extensos, vamos simplificar as equações e substituir os valores constantes. 𝜎 = 𝜕𝑣 𝜕𝑚 . 𝜎 + 𝜕𝑣 𝜕𝑀 . 𝜎 + 𝜕𝑣 𝜕𝐿 . 𝜎 + 𝜕𝑣 𝜕𝜃 . 𝜎 Vamos calcular cada derivada parcial separadamente. Sabemos que apenas a variável 𝜃 vai mudar, dependendo de qual velocidade estaremos calculando a sua incerteza. 𝜕𝑣 𝜕𝑚 𝜎 = − 𝑀 𝑚 2. 𝑔. 𝐿(1 − cos 𝜃) 𝜎 = (66256,133(1 − cos 𝜃))(0,000001) 𝜕𝑣 𝜕𝑀 𝜎 = 1 𝑚 2. 𝑔. 𝐿(1 − cos 𝜃) 𝜎 = (6004,68(1 − cos 𝜃))(0,000001) 𝜕𝑣 𝜕𝐿 𝜎 = (1 + 𝑀 𝑚 ) 2𝑔(1 − cos 𝜃) 2√𝐿 𝜎 = (88,3104(1 − cos 𝜃))(0,00000025) 𝜕𝑣 𝜕𝜃 𝜎 = (1 + 𝑀 𝑚 ) sin 𝜃 2𝑔𝐿 2 (1 − cos 𝜃) 𝜎 = (5,0866(1 + cos 𝜃))(0,25) Para calcular a incerteza agora, basta substituir o ângulo correspondente a cada velocidade em cada termo, soma-los e obter a raiz quadrada. 𝜎 = 0,0113273 + 0,00102657 + 0,0000037744 + 2,325933 = 1,53 𝑚 𝑠 𝜎 = 0,0219221 + 0,00198676 + 0,0000120545 + 1,041703 = 1,07 𝑚 𝑠 𝜎 = 0,03617797 + 0,00327940 + 0,0000073048 + 1,848968 = 1,37 𝑚 𝑠 Depois de obter essas velocidades, vamos esboçar um gráfico da velocidade em função do ângulo. A tabela a seguir contém os pontos a serem usados: Ângulo (°) Velocidade (𝑚 𝑠 ) (34,00 ± 0,50)° (3,88 ± 1,53)𝑚 𝑠 (48,00 ± 0,50)° (5,39 ± 1,07)𝑚 𝑠 (63,00 ± 0,50)° (6,93 ± 1,37)𝑚 𝑠 Figura 3: pontos que serão utilizados para o esboço do gráfico. Com esses valores, construímos um gráfico que está representado na figura seguir. Figura 4: gráfico da velocidade em função do angulo. Na horizontal, a escala é de 4 quadrados para cada 15°. Na vertical, a escala é de 2 metros por segundo para cada 5 quadrados. Através desse gráfico podemos observar a dependência linear entre a velocidade e o ângulo. Sendo assim, podemos encontrar a equação da reta que possui forma 𝑣(𝜃) = 𝑎. 𝜃 + 𝑏. Pegando dois pontos arbitrários pertencentes a reta, podemos obter o coeficiente angular 𝑎. Depois disso, basta substituir os valores para obter o valor de 𝑏. Para o cálculo do coeficiente angular, pegamos os pontos 𝐴 = (35,63; 4,00) e 𝐵 = (60,00; 6,70). 𝑎 = 𝑣 (𝜃) − 𝑣 (𝜃) 𝜃 − 𝜃 = 4,00 − 6,70 35,63 − 60,00 ≅ 0,11 Agora, vamos obter o valor de 𝑏 substituindo o ponto (34,00; 3,88) na função. Vale ressaltar que o ponto foi escolhido de maneira aleatória. 𝑣(𝜃) = 𝑎. 𝜃 + 𝑏 → 3,88 = 0,11(34,00) + 𝑏 → 𝑏 = 3,88 − 3,74 = 0,14 Por fim, obtemos a seguinte função: 𝑣(𝜃) = 0,11. 𝜃 + 0,14 Conclusão Com base na análise do estudo do pêndulo balístico e nos conceitos de conservação de energia mecânica e momento linear, podemos encontrar a velocidade do projétil com base no ângulo formado pelo pêndulo. Vale ressaltar que utilizamos conceitos relativos ao pêndulo simples para o estudo do pêndulo balístico. Portanto, os valores encontrados para a velocidade do projétil são baseados em aproximações, sendo assim a velocidade encontrada pode ser um pouco diferente da velocidade real do projétil. Também temos que considerar a ação de forças dissipativas que influenciam no experimento. Referencias DE, C. Péndulo balístico. Disponível em: <https://es.wikipedia.org/wiki/P%C3%A9ndulo_bal%C3%ADstico>. Acesso em: 31 jul. 2022. FREDERICO. Pêndulo balístico. Dispositivo pêndulo balístico. Disponível em: <https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/pendulo-balistico.htm>. Acesso em: 31 jul. 2022.
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