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UNIDADE 2

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LINGUAGENS PICTÓRICASLINGUAGENS PICTÓRICAS
LUZ E SOMBRA COMOLUZ E SOMBRA COMO
ELEMENTOS DA PINTURAELEMENTOS DA PINTURA
Autor: Drª. Katia Maria de Souza
Revisor : Luc iara Bruno
IN IC IAR
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introdução
Introdução
Nesta unidade, iremos tratar dos efeitos que ajudam a construir  uma pintura,
mas antes, será preciso entender como os artistas construíram, ou melhor
desenvolveram estes efeitos ao longo da história.
É importante também compreender que todo o desenvolvimento da pintura se
deve à luta da classe artística por reconhecimento de que detinham um saber
especí�co que era fruto de muito estudo e treinamento.   Este reconhecimento
ajudou no sentido de uma busca por temáticas que lhes interessavam, fazendo
com que avançassem nas pesquisas por novas formas de representar e
consequentemente no domínio de técnicas e materiais que lhes permitiram criar
uma gestualidade singular no campo das artes.
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A pintura foi por muitos séculos vista como um mero ofício para atender a uma
demanda  pré-de�nida pelo cliente.
Somente a partir do Renascimento, lá por volta de 1300 é que os artistas
começaram a imprimir um caráter pessoal à obra de arte e, mesmo que ainda
atendessem às encomendas de clientes e instituições, eles conseguiram fazer
com que seu trabalho fosse reconhecido como arte e ele como um artista e não
um mero artesão.
A contribuição para o reconhecimento da pintura como arte se deve ao
desenvolvimento de técnicas, estudos e materiais. A descoberta de novos
materiais e técnicas �zeram com que os artistas se estabelecessem em
sociedade como pro�ssionais e mostrassem a genialidade de cada um e isso se
deve ao interesse pela observação e estudo.
Segundo Gombrich (2012), já no século XIII, ou seja, por volta de 1250, no
período que chamamos de Gótico, os mestres daquela época iniciaram os
estudos para uma nova forma de representar, que apesar de ainda obedecer aos
cânones da época mostravam o domínio da representação humana.
Luz e Sombra –Luz e Sombra –
História e FunçãoHistória e Função
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No século XIII os artistas abandonaram ocasionalmente seus livros de
modelos a �m de representarem algo que lhes interessava
pessoalmente. É difícil, hoje, imaginar o que isso signi�cou. Pensamos
geralmente o artista como uma pessoa munida de um livro de
esboços, a qual, sempre que se sente inclinada a isso, prepara-se e faz
um desenho baseado no que vê na vida real. Sabemos, entretanto,
que o treinamento e a formação do artista medieval era muito
diferente. Começava por ser aprendiz de um mestre, a quem ajudava
seguindo instruções e preenchendo partes relativamente secundárias
de uma pintura. Aprendia gradualmente à representar um apóstolo e
como desenhar a Santa Virgem. Aprendia a copiar e reagrupar cenas
de velhos livros, e a ajustá-las a diferentes contextos; �nalmente,
adquiria su�ciente desenvoltura para poder até ilustrar uma cena
para a qual não conhecia nenhum modelo. Mas, em sua carreira,
jamais se defrontaria com a necessidade de apanhar um livro de
esboços e desenhar algo a partir da vida real. Mesmo quando
solicitado a representar determinada pessoa, o rei ou um bispo, ele
não havia retratos, tal como entendemos hoje. Tudo o que os artistas
faziam era desenhar uma �gura convencional e dar-lhe as insígnias
do cargo - coroa e cetro para rei, mitra e báculo para o bispo - e
talvez escrever por baixo o nome da personalidade representada,
para que não houvesse mal-entendido (GOMBRICH, 2012, p.146).
A pintura do início do século XIV passou a buscar um espaço pictórico que
representasse a ilusão, ainda sem dominar totalmente a perspectiva, os artistas
souberam trabalhar o plano pictórico no sentido da profundidade, como na
pintura de Duccio, Cristo entrando em Jerusalém (1308-11), e assim criar um
espaço em profundidade que, com o acréscimo de elementos arquitetônicos, �ca
evidente. A ilusão de profundidade é ainda reforçada pela distribuição das
�guras a partir do primeiro plano no espaço pictórico, recurso este comum no
ilusionismo helenístico-romano.
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Mas foi com Giotto que a pintura ganhou formas e volumes, sua composição traz
as �guras para próximo do observador, como se �zessem parte ou
compartilhassem o espaço real, ele passou a usar de efeitos pictóricos que
simulavam luz e sombra, reforçando e criando impressão de realidade nas
vestes. Ainda que a luz e a sombra não sejam usadas em sua máxima potência,
com Giotto elas contribuíram bastante para efeitos reais e quase escultóricos das
�guras.
Figura 2.1 - Duccio. “Cristo entrado em Jerusalém”,” 1308-11. Painel. 1,03 x 0,53
m. Museu da Catedral, Siena, Itália
Fonte: Duccio di Buoninsegna /  Wikimedia commons.
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Deste modo, a luz e a sombra passaram a ser elementos importantes para a
construção pictórica que �cou ainda mais evidente com o desenvolvimento da
perspectiva geométrica.
Durante todo esse período, que compreende o �m do Gótico e início do
Renascimento, foi um momento de grandes avanços nas técnicas e percepções
do modo de pintar dos painéis, afrescos e até da pintura em tela.  Vimos uma
gama de soluções e uma busca por uma nova forma de representação na qual o
domínio e o controle das massas pictóricas foram fundamentais.
A luz e a sombra provocam impressões de volume e profundidade o que
contribui para que as imagens se tornem mais realistas e ao longo do século XV,
principalmente com o uso e o domínio da pintura à óleo, técnica empregada pela
primeira vez pelos artistas �amengos, que se destacaram pela aplicação
sistemática de impactos coloridos feitos à base de óleo quente e resina.
Esse material contribuiu para que os artistas pudessem então aplicar manchas
produzindo os efeitos de luz e sombra tão importantes para conferir maior
Figura 2.2 - Giotto. Entrada de cristo em Jerusalém,1305-6. Afresco. 200 x 185 cm.
Capela de Arena, Pádua, Itália
Fonte: Giotto di Bondone / Wikimedia commons.
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naturalismo as suas obras.
praticar
Vamos Praticar
Comentamos nesta unidade que os artistas passaram por um longo processo de
desenvolvimento e reconhecimento do seu próprio trabalho uma vez que eles
atendiam a uma encomenda e eram vistos como simples artesãos. Essa condição se
deve ao fato de que toda e qualquer produção de arte implica em algum tipo de
resíduo que se espalha tanto pelo ambiente, quanto nas mãos e vestes do artista. Todo
este resíduo deixava o artista com aspecto de um trabalhador simplesmente braçal,
sem considerar que por trás daquela “sujeira” havia uma re�exão, um pensamento, um
espírito criador e é isso que diferencia um artesão de um artista.
Em que momento eles ganharam reconhecimento como artistas?
a) Na Idade Média.
b) No Gótico.
c) No Renascimento.
d) No Barroco.
e) No Impressionismo.
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O naturalismo é uma característica da pinturaque se manifesta no Renascimento
e busca imprimir na tela uma aparência de �delidade ao mundo real.
Importante entender que o termo “naturalismo” aqui será tratado como uma
forma de pintar e não como um movimento ou “estilo” artístico. Essa forma
naturalista já vinha se manifestando no �nal do Gótico, especialmente nas
esculturas que ornam as catedrais góticas, sobre a �gura reproduzida a seguir,
Gombrich comenta:
O nosso artista mostra-se orgulhoso, de fato, da sua habilidade em
dominar essa técnica. O modo como os pés e as mãos da Virgem e a
mão do Cristo transparecem sob o tecido mostra-nos que esses
escultores góticos já não estavam apenas interessados no que tinham
que representar, mas também nos problemas de como representá-lo.
Uma vez mais, tal como no tempo do grande despertar na Grécia,
começaram a observar a natureza, não tanto para copiá-la quanto,
sobretudo, para aprender com ela como fazer uma �gura adquirir um
aspecto convincente (GOMBRICH, 2012, p. 144).
Naturalismo da ArteNaturalismo da Arte
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Sendo assim, este olhar para a natureza ou sobre o que é natural foi um caminho
buscado pelos artistas desde o século XIII, e mesmo que no Renascimento ainda
houvesse uma grande idealização da forma, o “naturalismo” é uma forma de
representação que foi sendo retomada ao longo da história, sempre que se
desejou um representação que primasse pela �delidade ao mundo real.
A Perspectiva e o Espaço
A introdução da perspectiva geométrica ajudou a criar a ilusão de espaço real,
assim como o perfeito emprego da luz e sombra ajudaram a criar texturas, brilho
e volume. A incidência da luz numa pintura provoca um naturalismo tão
verdadeiro que, muitas vezes, temos a intenção de passar a mão nos tecidos
para sentir a sua textura.
As pinturas de Jan Van Eyck, artista �amengo do século XV, nos levam a acreditar
que os tecidos são reais. Uma  das pinturas na qual ele une a ilusão perspectiva
Figura 2.3 - A morte da Virgem. “Circa 1230”, “Pórtico do transepto sul da
catedral de Estrasburgo”
Fonte: Gombrich (2013, p.144).
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do espaço com o uso de luz e sombra para criar as texturas e volumes é o
quadro O Casal Arnol�ni , pintado em 1434.
Nesta pintura de retrato, Van Eyck apresenta um comerciante abastado com sua
esposa em uma postura quase fotográ�ca, que foi capturada naquele instante.
Os detalhes, luzes e texturas são tão impactantes que até os dias de hoje ele
chama a atenção pelo apuro e cuidado com o naturalismo.
Essa forma aparece na construção perfeita do espaço em perspectiva e das
�guras ricamente vestidas, muito provavelmente para contrair matrimônio. Os
símbolos que representam esse momento foram cuidadosamente inseridos,
como o cão aos pés do casal, representa a �delidade conjugal. O artista escreveu
“Jan Van Eyck esteve presente” acima do espelho o que passou a ser entendido
como testemunho da união o próprio espelho, que re�ete o casal de costas e
onde podemos perceber uma mancha que seria o próprio pintor de frente ao
casal e por �m uma única vela acessa no candelabro sinaliza a presença divina.
Todos estes recursos além de demonstrar a genialidade de Jan Van Eyck, só
foram possíveis devido ao pleno domínio do uso da luz e sombra.
Figura 2.4 - Jan van Eyck. O casal Arnol�ni, 1434. “Óleo sobre madeira. 81,8 x
59,7 cm”. National Gallery. Londres, Inglaterra
Fonte: Jan Van Eyck / Wikimedia commons.
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O Naturalismo na Natureza-Morta e
Paisagem
Este naturalismo, presente nas obras do início da renascença, fez com que nos
anos seguintes a pintura de paisagem e de natureza-morta viessem a se
expandir. A natureza morta era vista como um tipo inferior de pintura, porém,
ela foi o tipo de  composição na arte que muitos artistas buscaram experimentar
o lugar em que poderiam estudar os efeitos das manchas, a inserção da luz e os
brilhos da luz.
O interesse pelas composições de natureza-morta ou de paisagem demonstram
a vontade do artista numa época em que eles estavam começando a manifestar
o seu próprio desejo de pintar temas de seu interesse. Segundo Gombrich:
A natureza re�etida na arte reproduz sempre o próprio espírito do
artista, suas predileções, seus prazeres e, portanto, seu estado de
ânimo. É esse fato, sobretudo, que torna o mais “especializado” ramo
da pintura holandesa tão interessante: o ramo conhecido por
natureza-morta. Usualmente, essas naturezas-mortas exibem belos
vasos cheios de vinho e frutas apetitosas, ou outras iguarias
convidativamente dispostas em requintadas porcelanas. Tais quadros
se harmonizavam bem com uma sala de jantar e não faltavam, por
certo, os compradores. Contudo, são mais do que meros lembretes
dos prazeres à mesa. Os artistas podiam escolher livremente, nessas
naturezas-mortas, quaisquer objetos que lhes aprouvessem pintar e
dispô-los sobre uma mesa segundo a sua fantasia. Assim, tornaram-
se um estupendo campo de experimentos para certos problemas
especiais dos pintores (GOMBRICH, 2012, p.  339).
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Nesta pintura, o artista demonstrou todo o seu virtuosismo ao tratar o fundo
sombreado composto por  manchas dispostas em torno de centro iluminado em
contraste com o tecido alvo e fortemente iluminado que acolhe os elementos da
composição.
O mesmo podemos perceber nas pinturas de paisagem, especialmente dos
artistas holandeses, que se apropriaram desse tipo de representação para
trabalhar temas que vão dos estudos que exploram a emoção em composições
que unem ruínas medievais e um atmosfera tensa a composições que, ao
contrário dos temas melancólicos, trabalham os estudos de luz, como os
impressionistas.
Figura 2.5 - “Willem Heda”,“Natureza morta com taça dourada.” 1640,  “Óleo
sobre painel. 88 x 113 cm.” Museu Rijk, Amsterdam
Fonte: Willem Heda / Wikimedia commons.
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Observe os efeitos das manchas que criam as nuvens e as ruínas arquitetônicas
reforçando o tom melancólico do quadro. As manchas são portanto efeitos
fundamentais para a composição artística.
praticar
Vamos Praticar
Leia o trecho a seguir.
“O Naturalismo é a representação do mundo com o mínimo de abstração ou de
distorção estilística. É caracterizado por efeitos convincentes e pela evocação de
Figura 2.6 - “Jacob van Ruisdael, O cemitério”, 1655, “ óleo sobre tela, 142,2 x
189,2 cm”,  Instituto de Artes de Detroit
Fonte: Jacob van Ruisdael / Wikimedia commons.
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sentimentos e humores. Voltou a surgir como tendência dominante e fulcral nas artes
ocidentais durante a renascença”.
LITTLE, Stephen. Ismos - entender a arte. Lisboa: Lisma, 2006. p. 36.
A partir do que foi estudado neste tópico, especialmente em relação à “Natureza
Morta”, crie uma composição com objetos, frutas, legumes, doces, o que tiver
disponível. Procure posicionar a composição em uma mesa ou cadeira, qualquer apoio
de forma que �que perpendicular a uma entrada de luz, preferencialmente uma janela
por onde entre luz natural. Fotografe a sua composição e depois trans�ra a imagem
para um software tipo powerpoint. Em seguida, assinale os efeitos que a luz natural
provocou na composição e depois salve como imagem, extensão jpg.
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O emprego das manchas na pintura é uma solução de grande criatividade e que
permite ao artista expressar desde emoções até demonstrar a sua presteza e
domínio de uma determinada técnica. A força da expressão pictórica é dada
pelos contrastes entre luz e sombra numa gestualidade que identi�ca o trabalho
de cada artista.
Essa expressão pode ser conferida em trabalhos dos artistas do período Barroco,
momento da História da Arte em que as emoções eram re�etidas na pintura.
Tomemos Caravaggio como exemplo, pintor italiano que viveu entre 1571 e 1610,
ele é considerado um dos primeiros pintores que leva o naturalismo ao extremo,
pois não camu�a ou esconde o feio, para ele as coisas devem ser apresentadas
como são. Sua pintura é caracterizada pela utilização original da luz, com ele a
luz não é um simples re�exo da luz solar, Caravaggio cria a luz e a emprega para
captar e conduzir o olhar do observador.
Manchas -Manchas -
Gestualidade eGestualidade e
Tonalidade, Teoria eTonalidade, Teoria e
PráticaPrática
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Nesta obra, a luz que ilumina a cena não vem da janela, é na verdade um feixe de
luz que vem da direita e conduz o nosso olhar até a �gura de São Mateus e faz
com que retornamos o olhar até alcançar a mão do Cristo que aponta para
Mateus nos prendendo neste jogo de vai e vem de luz e sombra.
Uma outra obra em que o naturalismo de Caravaggio é pulsante, com destaque
para o seu gesto criativo, é Tomé O Incrédulo , sobre esta obra Gombrich fala:
O “naturalismo” de Caravaggio, ou seja, a sua intenção de copiar
�elmente a natureza, quer a considerasse feia ou bela, talvez fosse
mais devoto do que a ênfase de Carracci sobre a beleza. Caravaggio
deve ter lido repetidamente a Bíblia e meditado sobre suas palavras.
Foi um dos grandes artistas, como Giotto e Dürer antes dele, que quis
ver os eventos sagrados com os próprios olhos, como se estivessem
acontecendo na casa do vizinho. E fez todo possível para que as
�guras dos textos antigos parecessem muito reais e tangíveis. Até a
sua maneira de tratar a luz e a sombra reforçava essa �nalidade. A
luz não faz o corpo parecer gracioso e macio; é áspera e quase
ofuscante no contraste com as sombras profundas. Faz toda a
Figura 2.7 - Caravaggio. “A vocação de São Mateus”,  1596-98, “Óleo sobre tela,
322 x 340 cm”, Capela Contarelli - Roma
Fonte: Caravaggio /  Wikimedia commons.
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estranha cena destacar-se com a honestidade intransigente que
poucos de seus contemporâneos souberam apreciar, mas que iria ter
um efeito decisivo sobre artistas subsequentes (GOMBRICH, 2012, p.
307).
A gestualidade se manifesta na tela; essa é uma característica do próprio artista,
ao longo da história, observamos isso em trabalhos de artistas como Velásquez,
Rubens e nos chamados impressionistas, pós-impressionistas e expressionistas.
Nestes dois últimos, a força gestual agora não se faz apenas pelos contrastes de
luz e sombra, mas também pelos efeitos dos emplastos de tinta, pela força da
pincelada, na qual muitas vezes podemos perceber a mão do artista no exato
momento em que aplicou a tinta.
As pinturas de Van Gogh mostram a sua força gestual, ele aplicava a tinta direto
do tudo na tela, formando camadas grossas que são claramente visíveis. Pintava
muito rapidamente chegando a concluir um quadro em um único dia. Seu
contato com as obras dos artistas parisienses do �nal do século XIX fez com ele
buscasse um caminho próprio, segundo Jason:
Figura 2.8 - “Van Gogh”, “Noite estrelada”, 1889, “Óleo sobre tela, 73 x 92 cm”,
MOMA, Nova York
Fonte: Van Gogh / Wikimedia commons.
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Paris tinha aberto seus olhos para a beleza sensual do mundo visível e
ensinara-lhe a linguagem pictórica da mancha de cor, mas pintar
continuou sendo um receptáculo de suas emoções pessoais.[...] O
dinamismo que existe em cada pincelada transforma cada uma delas
não apenas em um sedimento de cor, mas em um incisivo movimento
grá�co (JANSON, 2009, p. 345-346).
Toda essa expressividade se dá também pelo emprego da tinta à óleo, que
permite uma variedade signi�cativa de resultados, que vão desde a gama de
cores a espessura da tinta. Na tinta à óleo, as cores se diluem criando uma
transparência em que os esmaltes podem ser aplicados de forma a aumentar a
profundidade de uma imagem conferindo a ela ricos detalhes.
O domínio dos materiais pelo artista aliado a sua técnica foi a grande
contribuição que os mestres do renascimento legaram às gerações futuras e que
também foram exploradas pelos artistas do �nal do século XIX, como o caso do
pastel seco nos desenhos de Degas que iremos tratar no tópico seguinte.
saibamais
Saiba mais
A força gestual muitas vezes é percebida na
própria obra de arte, de tal forma que
praticamente nos sentimos no exato momento
em que o artista produziu aquela peça. Essa
força gestual �ca perceptível nas pinceladas de
artistas como Vincent Van Gogh. Visite o
endereço abaixo. Ali podemos observar os
emplastros impressos nas telas e até o
craquelê provocado pelo excesso de tinta.
ACESSAR
https://artsandculture.google.com/asset/the-starry-night/bgEuwDxel93-Pg?hl=pt-BR
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praticar
Vamos Praticar
Gestualidade é um termo muito empregado do campo das artes, e neste caso não
apenas as artes visuais, mas também nas artes cênicas ou qualquer outro tipo de
expressão que indique uma ação no sentido de manifestar uma emoção e/ou uma
assinatura pessoal. A gestualidade é algo explorado por alguns artistas, constituindo
inclusive uma característica própria e que pode se manifestar de diferentes formas na
obra de arte.
Assinale a alternativa que apresenta a principal característica gestual na obra de Van
Gogh após sua passagem por Paris.
a) O uso de claro e escuro.
b) O uso de luz e sombra.
c) O uso de pintura extremamente naturalista.
d) O uso de tinta a óleo aplicada em emplastos.
e) O uso de um plano pictórico geométrico.
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O pastel, originalmente, é um material feito de pó de pigmentos naturais
misturados a água e substâncias aglutinantes tais como a cola ou a goma
arábica. O suporte ideal para o pastel é um tipo de papel grosso que garanta
uma boa conservação, uma vez que em um papel com uma gramatura maior o
pó do giz penetra com mais facilidade. No entanto, por ser um material
constituído basicamente de um pó pigmentado, é necessário aplicar algum
�xador evitando que o desenho se apague.
Os pastéis devem ser aplicados sobre o suporte com uma leve pressão da mão e
o seu sombreamento pode ser feito com a ponta dos dedos ou com uma
ferramenta chamada esfuminho. As cores podem ser sobrepostas ou aplicadas
uma ao lado da outra e depois são espalhadas com pequenos golpes com os
dedos ou com o esfuminho. Ainda é possível usar um diluente para espalhar o
pó, mas os efeitos do pastel seco funcionam melhor com os esfuminhos.
No domínio do pastel, Edgar Degas é um nome importante. As bailarinas que
observava e pintava em séries, são exemplares do uso do pastel seco e dos
efeitos que as manchas de cor podem fazer para criar o espaço pictórico.
O Pastel Seco -O Pastel Seco -
Técnicas e EfeitosTécnicas e Efeitos
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Ele absorveu todos os ensinamentos dos mestres do passado e criou a sua
própria linguagem, tanto pela temático, como pelo uso perfeito do material,
criando os volumes necessários para as suas obras.
Para Degas, importava o jogo de luz e sombra sobre os corpos das bailarinas em
seus movimentos de dança e esta foi a sua pesquisa estética. O pastel funcionava
muito bem para uma construção pictórica que pretendia captar um momento
rápido, um movimento de dança, um jogo de corpo.
A cor é a grande motivação para se optar pelo uso do pastel, com ele é possível
criar sutilezas pictóricas em que a luz acentua os efeitos cromáticos sobre o
suporte criando uma perfeita composição.
Podemos observar na �gura abaixo como Edgar Degas empregou o pastel
criando manchas que nos dão a impressão de profundidade. Ele alterna as cores
claras e escuras acentuando a ilusão e trabalha a �gura em primeiro plano com
traços precisos e manchas de fundo que enfatizam o movimento da bailarina.
reflita
Re�ita
“O Pastel, uma técnica intermediária
entre desenho e pintura, é um material
totalmente artesanal.
Os tons frios, mas delicados, do pastel
combinam bem com o gracioso e
elegante estilo rococó e foram usados
especialmente em retratos.” Foi este
mesmo material o preferido por Edgar
Degas no �nal do século XIX para pintar
as suas bailarinas. Por que será?
Fonte: Fuga (2006, p. 39).
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Percebemos aqui como o talento e o domínio da técnica pelo artista faz uma
obra de arte.
O interessante na produção destes artistas, especialmente os do �nal do século
XIX, é como eles lançam mão das manchas para criar os efeitos desejados. Este
tipo de arte não foi feito para olhar de perto, é a distância que faz com os nossos
olhos percebam a sutileza e a criatividade destes artistas.
praticar
Vamos Praticar
Figura 2.9 - Edgar Degas, “Ballet - l'étoile”,1878, “Pastel seco sobre papel, 58 x 42
cm”, Museu D’Orsay, Paris
Fonte: Edgar Degas / Wikimedia commons.
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O pastel seco é uma das ferramentas empregadas pelos artistas para criar suas
representações, especialmente quando necessitam ter um material que seja fácil de
transportar. O Pastel na maioria das vezes pode ser acondicionado em pequenas caixas
o que permite seu transporte, isso ajuda neste processo de representação para artistas
que buscam trabalhar ou representar um momento ou um instante como costumava
fazer Edgar Degas e assim trabalhar os efeitos que desejavam. O uso do pastel seco por
artistas como Edgar Degas se deve ao fato de que o pastel permite alguns efeitos.
Assinale a alternativa que indica o efeito usado por Edgar Degas.
a) Explorar a mancha de cor
b) Explorar a linha.
c) Explorar a temática.
d) Explorar o suporte.
e) Explorar o diluente.
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indicações
Material
Complementar
FILME
No Portal da Eternidade
Ano : 2019
Comentário : O �lme No Portal da Eternidade é a
produção mais recente sobre a vida de Vincent Van Gogh,
mostra a sua trajetória e principalmente a genialidade e a
angústia contida no artista. Como vimos nos exemplos
dados na unidade, Vincent Van Gogh foi um artista que
explorou os materiais usados na pintura para expressar
suas emoções, sendo estas mesmas emoções a principal
ferramenta empregada pelo artista.
Para conhecer mais sobre o �lme, acesse o trailer a
seguir.
TRA ILER
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LIVRO
Manual de Técnicas de Pintura
Editora : Martins Fontes
Hazel Harrison e Elizabeth Tate
ISBN : 9788578277376
Comentário : Como o próprio título já informa, o livro é
um manual que apresenta de forma bem ilustrativa as
principais técnicas de pintura de tinta à óleo, passando
pelo pastel e aquarela. É uma boa fonte de informação
para quem deseja desenvolver, ou se dedicar a uma das
técnicas apresentadas no livro.
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conclusão
Conclusão
Nesta unidade, estudamos como os artistas ao longo da história desenvolveram
suas próprias habilidades para produzir uma arte com características pessoais.
O domínio dos artistas sobre os materiais aliado a sua técnica foi a grande
contribuição que os mestres do renascimento legaram às gerações futuras.
Essas, por sua vez, buscaram novas formas de representar, para marcar a sua
própria  identidade.
Do estudo da perspectiva ao emprego do gesto que marca a tela, a construção
de uma identidade pictórica foi fundamental.
referências
Referências
Bibliográ�cas
FUGA, A. Artist’s techniques and materials . Los Angeles: Getty Publications,
2006.
GOMBRICH, E. H. A história da arte . Tradução de Cristiana de Assis Serra. Rio
de Janeiro: LTC, 2013.
JANSON. H. W. Iniciação à história da arte . São Paulo: Martins Fontes, 2009.
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