Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 A PRESTAÇÃO DE CONTAS COMO UM DEVER MÓDULO 8 SAULO BRAGA RealizaçãoApoio Controle Social das Contas Públicas FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidente Luciana Dummar Diretor Administrativo-Financeiro André Avelino de Azevedo Gerente-Geral Marcos Tardin Gerente Editorial Lia Leite Gerente de Marketing e Design Andréa Araújo Gerente de Audiovisual Chico Marinho Gerente de Criação de Projetos Raymundo Netto Analistas de Projetos Aurelino Freitas e Fabrícia Góis Analista de Contas Narcez Bessa UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE) Gerente Educacional Deglaucy Jorge Coordenadora Pedagógica Jôsy Braga Cavalcante Coordenadora de Cursos e Secretária Escolar Marisa Ferreira Desenvolvedora Front-End Isabela Marques TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO CEARÁ (TCE) Presidente José Valdomiro Távora de Castro Júnior Vice-Presidente Edilberto Carlos Pontes Lima Corregedora Patrícia Lúcia Mendes Saboya Ouvidor Ernesto Saboia de Figueiredo Júnior Conselheiros Luís Alexandre Albuquerque Figueiredo de Paula Pessoa Soraia Thomaz Dias Victor Rholden Botelho de Queiroz Conselheiros Substitutos Itacir Todero Paulo César de Souza David Santos Matos Fernando Antônio Costa Lima Uchôa Júnior Manassés Pedrosa Cavalcante Ministério Público junto ao TCE/CE Procurador-Geral de Contas Leilyanne Brandão Feitosa Procuradores de Contas Gleydson Antônio Pinheiro Alexandre Eduardo de Sousa Lemos José Aécio Vasconcelos Filho Júlio César Rola Saraiva Cláudia Patrícia Rodrigues Alves Cristino Diretor-presidente do Instituto Plácido Castelo Ernesto Saboia de Figueiredo Júnior Diretor Geral do Instituto Plácido Castelo Luis Eduardo de Menezes Lima TCE - Educação e Cidadania Concepção e Coordenador Geral Cliff Villar Coordenadora de Operações Vanessa Fugi Coordenadora de Projetos e Relacionamento Larissa Viegas Coordenador de Conteúdo Daniel Oiticica Coordenadora Editorial Lia Leite Revisora May Freitas Projeto Gráfico e Editora de Design Andréa Araújo Designer Gráfico Welton Travassos Ilustrador Carlus Campos Analista de Marketing Henri Dias Analista de Projetos Hérica Paula Morais Social Media Letícia Frota T249 TCE Educação e Cidadania / vários autores ; ilustrado por Carlus Campos. - Fortaleza : Fundação Demócrito Rocha, 2023. 372 p. : il. ; 1080px x 1920px. – (TCE Educação e Cidadania ; 10 v.) Inclui índice e bibliografia. ISBN: 978-65-5383-092-9 1. Administração pública. 2. Prestação de contas. 3. Orçamento público. I. Campos, Carlus. II. Título. III. Série. CDD 350 2023-2807 CDU 35 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410 Índice para catálogo sistemático: 1. Administração pública 350 2. Administração pública 35 5 SUMÁRIO 1. Introdução .................................................................6 2. Entendendo o que é prestação de contas .... 7 3. Para que serve a prestação de contas pública? ................................................................... 12 4. Quem está sujeito à obrigação de prestar contas ...................................................................... 16 5. O que pode ocorrer em caso de omissão da prestação de contas ........................................... 19 6. Prestações de contas que os gestores públicos são obrigados a cumprir .................. 21 7. Periodicidade das prestações de contas .... 23 Perfil do autor ......................................................40 Bibliografia ............................................................. 41 Glossário ................................................................ 44 6 1. INTRODUÇÃO Ao longo deste curso você aprendeu diversos assuntos relacionados às contas públicas. Foram abordados conceitos de orçamentos públicos e instrumentos de planejamentos e transparência. Você conheceu a Lei de Acesso à Informação, assim como o papel dos órgãos de controle e a participação do cidadão nesse processo. Você também entendeu a importância da gestão pública na busca do equilíbrio socioambiental, com responsabilidade fiscal, e a promoção de bem-estar social. Neste módulo, você vai entender o que é e para que serve a Prestação de Contas Pública. Vai saber quem está obrigado a realizá-la e aprender como ela deve ser feita. Que essa jornada para conhecer um pouco mais sobre o controle social das contas públicas seja enriquecedora rumo ao aprimoramento da gestão pública e à construção de uma relação sólida e confiável entre os gestores e a sociedade que eles servem. Boa leitura! 7 2. ENTENDENDO O QUE É PRESTAÇÃO DE CONTAS As prestações de contas públicas, no sentido amplo, estão diretamente relacionadas a todo esse contexto. DEFINIÇÕES O conceito de Prestação de Conta Podemos conceituar de forma simples que a prestação de contas pode ser definida como uma demonstração do que foi feito com os recursos públicos, desde o planejamento orçamentário, à arrecadação das receitas até a execução das despesas. De forma mais completa, o Tribunal de Contas da União (TCU) conceitua a Prestação de Contas como: “consiste em informações e análises quantitativas e qualitativas dos resultados da gestão orçamentária, financeira, operacional e patrimonial do exercício, com vistas ao controle social e ao controle institucional previsto nos artigos 70, 71 e 74 da Constituição Federal”. 8 Aprofundando mais o próprio conceito acima, a Prestação de Contas é um dever estabelecido na Constituição. Ela é obrigatória tanto ao Presidente da República, governadores e prefeitos, quanto para os administradores de órgãos e entidades do setor público. A prestação de contas anual do chefe do poder executivo é denominada contas de governo, enquanto as contas dos demais administradores do setor público são chamadas de contas de gestão. Apesar de não serem citados governadores e prefeitos nos artigos 70, 71 e 74 da Constituição Federal de 1988, o artigo 75 estabelece que as regras definidas sobre a fiscalização contábil, financeira e orçamentária, seção IX, “aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios”. O Parágrafo único determina que as Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete conselheiros. Até aqui, você aprendeu os conceitos amplos de prestações de contas. No entanto, em sentido mais restrito, podemos ter casos em que sua aplicabilidade pode ser vista de forma mais limitada. Como assim? Veja este exemplo: um gestor público recebe um suprimento de fundos como adiantamento de recursos para executar pequenas despesas em um determinado período. Neste caso, este gestor terá que realizar uma prestação de contas destes recursos recebidos, conforme previsto na legislação. 9 Outro exemplo clássico: um ente público recebe recursos de convênio para execução de um projeto de interesse comum entre o concedente (quem cede os recursos) e o convenente (quem executa as despesas com os recursos recebidos). Ao final do convênio celebrado, o referido ente deverá apresentar uma prestação de contas dos recursos utilizados, de acordo com a finalidade do objeto celebrado nos termos do convênio. Para uma melhor compreensão sobre o tema, é importante você saber que iremos adotar o conceito mais amplo de prestação de contas. Aquele que trata das obrigatórias, por período, tanto para os tribunais de contas quanto para Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Conceitualmente iremos enfatizar as contas anuais de governo e de gestão. 10 PARA ENTENDER MELHOR Contas de governo e Contas de gestão Na análise das contas de governo, o Tribunal de Contas exerce sua missão constitucional de auxiliar o Poder Legislativo na fiscalização orçamentária, financeira, contábil, operacional e patrimonial,por meio do controle externo. Cabe ao Poder Legislativo julgar as contas de governo. O TCE auxilia realizando uma análise técnica da atuação governamental, de acordo com as contas apresentadas pelos chefes dos Poderes Executivos. Essa análise subsidia a elaboração de parecer prévio, que opinará pela aprovação ou rejeição das contas de governo, subsidiando o Legislativo no exercício do controle externo, a quem cabe o julgamento final. No âmbito municipal, o parecer prévio emitido pelo TCE somente deixará de prevalecer por decisão de no mínimo dois terços da Câmara dos Vereadores. 11 No Legislativo Estadual não existe limite mínimo de votos de parlamentares necessários para que o julgamento das contas do governador pelo Legislativo contrarie o parecer prévio emitido pelo TCE. As contas de gestão se referem às contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração, bem como as contas daqueles que gerarem perda, extravio ou outra irregularidade que resulte em prejuízo ao erário público. O erário é o conjunto dos recursos financeiros públicos, os dinheiros e bens do Estado. Em caso de irregularidades verificadas nas contas de gestão ou ainda nas auditorias e inspeções realizadas pelo TCE nos atos e contratos elaborados pelos jurisdicionados, o TCE poderá sustar a execução do ato. Em caso de danos ao erário, o TCE deve exigir o ressarcimento pelos danos causados pelo agente aos cofres públicos e ainda aplicar multa. A multa pode ser aplicada mesmo nas hipóteses em que não se verificar um dano ao erário, mas quando ocorra uma grave infração à legislação financeira, administrativa ou contábil. 12 3. PARA QUE SERVE A PRESTAÇÃO DE CONTAS PÚBLICA? Segundo o Tribunal de Contas da União (2023), o propósito da prestação de contas é assegurar a transparência e a responsabilidade na administração pública. Ela também serve para dar suporte às decisões de alocação de recursos, promover a defesa do patrimônio público e, sobretudo, informar aos cidadãos. Afinal, somos nós os usuários dos bens e serviços produzidos pela administração pública e principais provedores dos recursos para o seu funcionamento. Para o Tribunal de Contas do Estado do Ceará (2005), o processo de contas deve ser visto como uma modalidade de controle que reúne todas as informações pertinentes à gestão que se pretende certificar, selecionando aqueles gestores que devem prestar contas ao Tribunal, as informações representativas a serem reunidas e como analisá-las, em razão do risco, da materialidade e da relevância. Para a sociedade, a Prestação de Contas pode ser um instrumento indispensável para fortalecer a democracia participativa no país, favorecendo a construção de um sistema de governança social. 13 DEFINIÇÕES Governança Social É o direito do cidadão de participar de todo o processo de construção das políticas públicas, desde a sua concepção, passando pela definição das diretrizes orçamentárias, o controle sobre a execução do Orçamento, até a avaliação dos resultados alcançados e a adoção dos ajustes e correções necessárias ao início de um novo ciclo. É muito importante você entender que a Prestação de Contas é uma etapa fundamental do processo de accountability da ação governamental. Ela atende a sociedade no seu justo anseio por transparência e correção na gestão dos recursos públicos. Essa palavrinha, accountability você aprendeu nos módulos anteriores. Vamos relembrar? Accountability, no contexto das contas públicas, é a responsabilidade dos agentes públicos em prestar contas de suas ações e decisões, garantindo transparência e responsabilização. O conceito também tem um entendimento mais amplo, sendo muitas vezes utilizado como sinônimo de controle, responsabilidade, transparência e fiscalização. Podemos concluir que a prestação de contas pode ter vários objetivos, dentre eles, a transparência, responsabilização, tomada de decisão, controle, confiabilidade e evolução no processo de melhoria dos serviços públicos, que seja capaz de promover o bem- estar social. 14 Transparência também é um termo bastante recorrente no nosso curso, não é mesmo? Vamos relembrar. Promover a transparência permite que as partes interessadas, sociedade, órgãos de controle, acionistas, investidores, fornecedores etc. entendam como os recursos públicos foram e estão sendo utilizados. É preciso identificar os gestores que administram os recursos para que possam ser responsabilizados por suas ações. Isso significa que é necessário prestar contas e explicar as decisões financeiras mostrando a comprovação de gastos. Afinal, os recursos públicos costumam ser provenientes dos impostos pagos pela sociedade ou por meio de empréstimos e outras fontes de rendas de interesses de financiadores etc. Sendo assim, é preciso que todos os interessados tenham conhecimento do destino dos recursos investidos, desempenho financeiro e resultados alcançados. Todas essas informações são essenciais e podem ser expressas na LDO, LOA, Notas Explicativas e nos próprios relatórios financeiros, e servem para tomadas de decisões mais embasadas. Então, ao analisar esses dados, as partes interessadas podem avaliar o desempenho de uma gestão pública, propor melhorias e tomar decisões estratégicas. 15 DICA DE ESTUDO Para saber mais sobre a LDO e a LOA estude o Módulo 1 (Os diferentes orçamentos públicos). As entidades públicas são obrigadas, por lei, a prestarem contas de suas atividades financeiras e operacionais. Então, a prestação de contas garante o cumprimento das regulamentações e normas. A prestação de contas ajuda a manter confiança e credibilidade entre os envolvidos, que devem entender com clareza e precisão como os recursos são utilizados pelas entidades. Isso porque a transparência demonstra um compromisso do governo com a honestidade, a ética e a responsabilidade. Dessa forma, é mais fácil atrair contribuintes mais conscientes, investidores e parcerias importantes, impulsionando o crescimento e o sucesso da gestão pública. Por fim, a prestação de contas permite a análise dos resultados alcançados comparados com os objetivos estabelecidos. Com isso, é possível definir estratégias mais embasadas para melhorar o desempenho futuro e corrigir os erros. 16 4. QUEM ESTÁ SUJEITO À OBRIGAÇÃO DE PRESTAR CONTAS De acordo com Furtado (2007), não existe responsabilidade por administração de recurso alheio sem o respectivo dever de prestar contas, assim como não há o dever de prestar contas sem a correlativa responsabilidade por gerência de recurso alheio. Como são institutos jurídicos absolutamente dependentes um do outro, indissociáveis, correlatos, é fácil concluir que o agente que gerencia interesses de terceiros – o responsável – será sempre o mesmo que estará obrigado a prestar contas. Ou seja, o titular da prestação de contas. São aspectos distintos, porém resultantes do mesmo fato gerador, qual seja a gerência de bens de terceiros. Como você já aprendeu nesta aula, a Prestação de Contas é um dever tanto do Presidente da República, governadores e prefeitos quanto dos administradores de órgãos e entidades do setor público. Vamos apresentar um esquema que simplifica o parágrafo único do artigo 70 da Constituição Federal de 1988. 17 Fonte: Tribunal de Contas da União (2007). Este esquema evidencia que a prestação de contas pode ser exigida de pessoa física ou jurídica, dependendo de como é constituída a relação jurídica entre devedor e credor da obrigação de prestar contas. Furtado (2007) ressalta que o dever de prestar contas é intransferível. Mas existe uma exceção. É aquela que atribui a responsabilidade por reparação de dano patrimonial (responsabilidade civil) aos sucessores hereditários do gestor público, até o limite do da herança transferida. Não se esqueça. Apesar de o texto da Constituição Federal referir-se à administração de recursosda União, consideramos que deve ser aplicado aos demais entes da federação, conforme seu artigo. As normas brasileiras de contabilidade definem que uma entidade do setor público pode ser representada por: órgãos, fundos e pessoas jurídicas de direito público ou que, possuindo personalidade jurídica de direito privado, recebam, guardem, movimentem, gerenciem ou apliquem dinheiros, bens e valores públicos, na execução de suas atividades. Equiparam-se, para efeito contábil, as pessoas físicas que recebam subvenção, benefício, ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público. Portanto, todas essas 18 entidades são obrigadas a prestar contas de forma parcial ou imparcial. O quadro a seguir destaca quem é obrigado a observar as Normas de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (NCASP). Integralmente Entidades governamentais (integrantes do Orçamento Fiscal - OF e do Orçamento da Seguridade Social – OSS) Serviços sociais Conselhos profissionais Parcialmente (demais entidades de setor público) Personalidade jurídica de direito privado (inclusive integrantes do Orçamento de Investimento - OI) que recebam, guardem, movimentem, gerenciem ou apliquem recursos públicos, na execução de suas atividades. Pessoas físicas que recebam subvenção, benefício, ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público. 19 5. O QUE PODE OCORRER EM CASO DE OMISSÃO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS Na ordem jurídica brasileira existem vários dispositivos que incidem no caso de não apresentação de contas pelo gestor público. No artigo publicado pelo TCU, Furtado (2007) indica as várias prescrições para a hipótese de inadimplência de prefeitos, por exemplo: a. É ato de improbidade administrativa, ficando o responsável sujeito às seguintes sanções: ressarcimento integral do dano, se houver; perda da função pública; suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos; pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente; e proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, pelo prazo de três anos (Lei nº 8.429/92, arts. 11, VI, e 12, III); b. É crime comum, sujeito ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara de Vereadores, estando o inadimplente passível de pena de detenção de três meses a três anos, além da perda do cargo e a inabilitação, pelo prazo de 20 cinco anos, para o exercício de cargo ou função pública, eletivo ou de nomeação, sem prejuízo da reparação civil do dano causado ao patrimônio público ou particular (Decreto-Lei nº 201/67, art. 1º, VI, § 1º e 2º); c. É fato gerador de inelegibilidade (Lei Complementar nº 64/90, art. 1º, I, g); d. Será instaurada a respectiva tomada de contas especial pelo órgão competente; e. Haverá intervenção do Estado no município (CF, art. 35, II). O pedido de intervenção do Estado no município tem-se revelado a providência mais eficaz para compelir os prefeitos a cumprirem o princípio da prestação de contas. 21 6. PRESTAÇÕES DE CONTAS QUE OS GESTORES PÚBLICOS SÃO OBRIGADOS A CUMPRIR Em primeiro lugar, você deve entender que existem várias formas de prestação de contas a serem efetuadas durante um ano civil. Cada ente público e/ou gestor tem suas particularidades no momento de prestarem contas. As prestações de contas devem ser realizadas tanto na mesma esfera, poder legislativo e tribunais de contas, quanto à Secretaria do Tesouro Nacional (STN), órgão responsável em Promover o acompanhamento, a sistematização e a padronização da execução contábil de toda a administração pública. A STN também tem a obrigação de avaliar o cumprimento dos compromissos fiscais dos municípios que firmaram contrato de refinanciamento de dívida com a União. Além disso, devem verificar o cumprimento dos limites das operações de crédito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Para facilitar a sua compreensão, iremos abordar quais prestações de contas e como estas devem ser realizadas de acordos com prazos e entidades públicas, nas três esferas de governo (municipal, estadual e federal), ao longo do ano. 22 Existem obrigações de prestação de contas que devem ser feitas diariamente (em tempo real), mensal, bimestral, quadrimestral, semestral e anual. A transparência sob o enfoque da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), alterada e complementada pela Lei Complementar nº 131/09, formaliza o conceito de transparência na gestão fiscal e orçamentária no Brasil, contendo um capítulo inteiro, o de número IX, “Da transparência, controle e fiscalização”. Estude aqui o artigo 48 da LRF. DICA DE ESTUDO Para saber mais sobre a LRF, estude o Módulo 9 (Responsabilidade Fiscal e Socioambiental). Agora você vai aprender as obrigações de prestação de contas de acordo com cada periodicidade. https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11238936/artigo-48-lc-n-101-de-04-de-maio-de-2000 23 7. PERIODICIDADE DAS PRESTAÇÕES DE CONTAS Prestações de Contas realizadas diariamente (tempo real) De acordo com a LRF, todos os entes da federação deverão disponibilizar, em tempo real, as informações da execução de despesas, arrecadação de receita e, quando for o caso, o procedimento licitatório realizado. Essas informações são disponibilizadas nos portais de transparências de cada ente, caso você tenha interesse em conhecer um pouco mais sobre essas plataformas, visite o portal da União, portal do Governo do Estado do Ceará e portal da Prefeitura Municipal de Fortaleza. Prestações de Contas realizadas mensalmente Os prefeitos municipais, os agentes responsáveis por dinheiro, bens e valores públicos da Administração Municipal Indireta, incluídas as Fundações e Sociedades instituídas pelo Poder Público, bem como os Presidentes das Câmaras Municipais, deverão prestar contas mensalmente, conforme o artigo 42 da Constituição do Estado do Ceará de 1989. http://tranparencia.gov.br http://transparencia.ce.gov.br http://transparencia.fortaleza.ce.gov.br http://transparencia.fortaleza.ce.gov.br https://www.tjce.jus.br/wp-content/uploads/2015/07/Constituicao_Estadual.pdf 24 Os municípios do Estado do Ceará e os Consórcios Públicos deverão efetuar suas prestações de contas mensais, por meio do Sistema de Informação Municipal (SIM), conforme orientações estabelecidas pela Instrução Normativa TCE-CE nº 04, de 17 de dezembro de 2019. IMPORTANTE SABER O que é o SIM O SIM permitirá a remessa ao TCE pelos jurisdicionados das prestações de contas mensais e demais informações necessárias à fiscalização financeira, orçamentária, contábil, operacional e patrimonial dos municípios cearenses e consórcios públicos. Você deve estar se perguntando... Em que formato estas informações de prestações de contas devem ser disponibilizadas? A Portaria STN nº 642 de 2019 introduziu a Matriz de Saldos Contábeis (MSC). Esta matriz corresponde a uma estrutura padronizada para o recebimento de informações contábeis e fiscais dos entes da Federação. Seus objetivos são a consolidação das contas nacionais, a geração de estatísticas fiscais, em conformidade com acordos internacionais firmados pelo Brasil, e a elaboração das declarações do setor público (Demonstrações Contábeis e Demonstrativos Fiscais). O principal objetivo do recebimento de dados e informações por meio da MSC é automatizar a elaboração das declarações, facilitando seu trabalho de confecção e envio à Secretaria do Tesouro Nacional pelos entes federados. 25 Permite também o compartilhamento desses dados com outros órgãos e entidades. Além disso, por se tratar de um conjunto detalhado de dados de finanças públicas, a MSC contribui para melhorar a qualidade da informação disponibilizada à sociedade. Representa um instrumento de aprimoramento da transparência. A Matriz de Saldos Contábeis é baseada no padrão XBRL, acrônimo de eXtensible Business Reporting Language. Este sistema correspondea uma derivação do padrão XML otimizado para a apresentação de informações financeiras. Porém, por ser relativamente novo no Brasil, o padrão XBRL ainda não foi totalmente assimilado pelos entes públicos. A MSC é composta por uma relação de contas contábeis associadas a um conjunto de informações complementares para permitir a disponibilização de informações detalhadas sobre a contabilidade dos entes da federação. É capaz de gerar tanto as demonstrações contábeis quanto os demonstrativos fiscais exigidos pela LRF. A MSC será transmitida via Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi). Neste sistema o usuário entra na Área Restrita e depois no módulo Declaração e MSC/Elaborar MSC. Prestações de Contas realizadas bimestralmente (RREO) A Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988, em seu artigo 165, parágrafo 3º, exige que o Poder Executivo publique, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, o Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO). http://www.siconfi.tesouro.gov.br http://www.siconfi.tesouro.gov.br https://www.jusbrasil.com.br/doutrina/secao/art-165-secao-ii-dos-orcamentos-constituicao-federal-comentada/1196976714?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=doutrina_dsa&utm_term=&utm_content=capitulos&campaign=true&gclid=CjwKCAjw9-6oBhBaEiwAHv1QvNstfm7XQlejvIQ74lqUjUzxSNox62tlhEsblhK9N9_Fe0UFLDX3SRoCcBgQAvD_BwE 26 O objetivo dessa periodicidade é permitir que, cada vez mais, a sociedade, por meio dos diversos órgãos de controle, conheça, acompanhe e analise o desempenho da execução orçamentária dos governos federal, estadual e municipal. É a Lei de Responsabilidade Fiscal que estabelece as normas para elaboração e publicação do RREO. O RREO e seus demonstrativos abrangerão os órgãos da Administração Direta e entidades da Administração Indireta, de todos os Poderes, constituídos pelas autarquias, fundações, fundos especiais, e as empresas públicas e sociedades de economia mista que recebem recursos dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social (empresas estatais dependentes), inclusive sob a forma de subvenções para pagamento de pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária. O RREO será elaborado pelo Poder Executivo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Caso a publicação desse relatório seja feita por meio da disponibilização das informações e dados contábeis, orçamentários e fiscais conforme periodicidade, formato e sistema estabelecidos pelo órgão central de contabilidade da União, o relatório publicado no Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi) deverá conter a assinatura digital de todos os responsáveis. O RREO deverá ser assinado pelo Chefe do Poder Executivo que estiver no exercício do mandato na data da publicação do relatório (em Diário Oficial) ou por pessoa a quem ele tenha legalmente delegado essa competência. Qualquer dos dois deve fazê-lo em conjunto com 27 o profissional de contabilidade responsável pela elaboração do relatório. O Siconfi, mais uma vez, é o sistema utilizado. O usuário deverá entrar na Área Restrita, no módulo Declaração e MSC/Gerir Declaração, preencher os dados, finalizar, assinar e homologar o RREO do bimestre de referência. Prestações de Contas realizadas quadrimestralmente (RGF) A Lei de Responsabilidade Fiscal dispõe que, ao final de cada quadrimestre, os titulares de Poderes e órgãos emitirão Relatório de Gestão Fiscal (RGF) que deverá ser publicado e disponibilizado ao acesso público, inclusive em meios eletrônicos, até trinta dias após o encerramento do período a que corresponder. O prazo para o primeiro quadrimestre encerra-se em 30 de maio; para o segundo quadrimestre em 30 de setembro; e para o terceiro quadrimestre em 30 de janeiro do ano subsequente ao de referência. O objetivo do Relatório é dar transparência à gestão fiscal do titular do Poder/órgão realizada no período, principalmente por meio da verificação do cumprimento dos limites. Estão obrigados a emitir o Relatório de Gestão Fiscal a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, estando compreendido: a) na esfera federal: o Poder Legislativo (incluído o Tribunal de Contas da União), o Poder Judiciário (incluindo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal), o Poder Executivo e o Ministério Público da União (incluindo o Ministério Público do Distrito Federal); http://www.siconfi.tesouro.gov.br 28 b) na esfera distrital: o Poder Legislativo (incluído o Tribunal de Contas do Distrito Federal) e o Poder Executivo; c) na esfera estadual: o Poder Legislativo (incluído o Tribunal de Contas do Estado), o Poder Judiciário, o Poder Executivo, o Ministério Público Estadual; d) na esfera municipal: o Poder Legislativo (incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver) e o Poder Executivo. Para fins de emissão do Relatório de Gestão Fiscal, entende-se como órgão: a) o Ministério Público; b) as respectivas Casas do Poder Legislativo Federal; c) o Tribunal de Contas da União; d) a Assembleia Legislativa e os Tribunais de Contas do Poder Legislativo Estadual; e) a Câmara Legislativa e o Tribunal de Contas do Distrito Federal; f) a Câmara de Vereadores e o Tribunal de Contas do Município, quando houver; g) o Supremo Tribunal Federal; h) o Conselho Nacional de Justiça; i) o Superior Tribunal de Justiça; j) os Tribunais Regionais Federais; k) os Tribunais do Trabalho; l) os Tribunais Eleitorais; m) os Tribunais Militares; n) os Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios e outros, quando houver; o) as defensorias públicas, da União e dos estados. O relatório será emitido pelos titulares dos Poderes e órgãos e assinado pelo: 29 a) Chefe do Poder Executivo; b) Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Legislativo; c) Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de Administração ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Judiciário; d) Chefe do Ministério Público, da União e dos estados; e) Chefe da Defensoria Pública, da União e dos estados. O Siconfi também é o sistema utilizado. O usuário deverá entrar na Área Restrita, no módulo Declaração e MSC/Gerir Declaração, preencher os dados, finalizar, assinar e homologar o RGF do quadrimestre de referência. Um detalhe importante. Os municípios de até 50 mil habitantes não têm a obrigação de realizar a prestação de contas mensal, bimestral e quadrimestral, podendo fazer como mínimo a semestral. Prestações de Contas realizadas semestralmente (Sequencialidade) Aqui, as obrigações são as mesmas. Lembrando que as obrigaçõe se acumulam. Por exemplo, nesta prestação semestral devem ser informadas todas as prestações anteriores. A nova lei das licitações e contratos administrativos, a Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021, em seu artigo 141 obriga que os pagamentos realizados pela Administração, observe a ordem cronológica para cada fonte http://www.siconfi.tesouro.gov.br 30 diferenciada de recursos, subdividida nas categorias de contratos: I - fornecimento de bens; II - locações; III - prestação de serviços; IV - realização de obras. A intenção do legislador com essa norma foi evitar que o poder público favoreça alguns fornecedores em detrimentos de outros. A lógica é que cada obrigação seja paga respeitando uma fila de entrega de produtos, serviços, obras e algumas especificidades previstas em lei. No caso do Ceará, O Tribunal de Contas do Estado do Ceará disponibiliza em seu portal de serviços o Sistema de Análise de Ordens de Pagamentos (SAOP) para os jurisdicionadas efetuarem suas prestações de contas ao final de cada semestre. Prestações de contas realizadas anualmente No contextoda esfera federal, as contas prestadas pelo Presidente da República consistem no Balanço Geral da União e no relatório do órgão central do sistema de controle interno do Poder Executivo sobre a execução dos orçamentos da União. Estão referidos no § 5º do artigo 165 da Constituição Federal. A análise feita pelo Tribunal deve exprimir se o Balanço Geral da União representa adequadamente as posições financeira, orçamentária, contábil e patrimonial do ente federado no encerramento do exercício. https://www.jusbrasil.com.br/doutrina/secao/art-165-secao-ii-dos-orcamentos-constituicao-federal-comentada/1196976714?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=doutrina_dsa&utm_term=&utm_content=capitulos&campaign=true&gclid=CjwKCAjw9-6oBhBaEiwAHv1QvPS3gdUnoMJE-wmMYdUl6J1Be6k_SNyZwNZYl_f8XAgnBNgfTj2r6hoCzz8QAvD_BwE 31 Também deve resolver se a gestão dos recursos públicos observou os princípios e as normas constitucionais e legais que regem a administração pública federal. O exame e o julgamento de Tomada e Prestação de Contas Anuais são a expressão máxima do poder controlador do Tribunal de Contas do Estado do Ceará. É exercido em auxílio ao Poder Legislativo, pois lhe permite realizar juízo sobre a gestão dos responsáveis pelos recursos públicos e lhe possibilita fazer determinações e impor sanções. Você vai aprender com uma abordagem exemplificativa com as prestações de contas, de governo e de gestão, realizadas pelo estado e os municípios cearenses junto ao Tribunal de Contas do Estado do Ceará. Na gestão da conselheira Soraia Thomaz Dias Victor, presidente do TCE em 2005, foi apresentado o Manual de Instrução de Processos de Tomada e Prestação de Contas Anuais, elaborado com base em manuais de outros Tribunais, especialmente do Tribunal de Contas da União. O objetivo foi o de uniformizar os procedimentos e orientar os técnicos do próprio Tribunal. Eles são os responsáveis pelos processos de Tomada e Prestação de Contas Anuais dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos das unidades dos Poderes do Estado e das entidades da administração indireta. Incluem-se aí as fundações, sociedades de economia mista e empresas públicas instituídas e mantidas pelo Poder Público. 32 Sobre os prazos As contas de governo dos municípios deverão ser enviadas até o dia 31 de janeiro do ano subsequente às suas respectivas Câmaras de Vereadores. A norma determina que após um prazo de 60 dias, período em que as contas ficam à disposição de qualquer contribuinte, até o dia 10 de abril deverá ser encaminhada ao Tribunal de Contas do Estado do Ceará. É importante saber que, em julho de 2017, a Assembleia Legislativa do Ceará aprovou a Emenda Constitucional nº 92, de 16 de agosto de 2017, que extinguiu o tribunal de contas dos municípios. Suas atribuições foram transferidas para o tribunal de contas estadual. As contas de governo do estado, prestadas pelo governador, deverão ser realizadas até sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, conforme determina o inciso XVI do art. 49 da Constituição do Estado do Ceará 1989. Já as contas de gestão dos órgãos da administração estadual deverão ser apresentadas ao Tribunal de Contas do Estado no prazo de 180 dias, contados da data do encerramento do correspondente exercício financeiro, conforme art. 8º, § 6º, da Lei Estadual nº 12.509 de 1995 que dispõe sobre a Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado. O que deve compor em uma prestação de contas? No âmbito da esfera estadual, o governo deve observar as Constituições Federal e Estadual, a Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado do Ceará e ficar atento às Instruções Normativas publicadas pelo 33 TCE que orientam como deverão ser elaboradas as Prestações de contas de governo e de gestão. Agora você vai aprender a entender a diferença da forma de prestação de contas entre as Contas de Governo e as Contas de Gestão. Contas de Governo A Prestação de Contas, seja ela do governo federal ou estadual, distrital ou municipal deverá conter seu respectivo Balanço Geral com as posições financeira, orçamentária, contábil e patrimonial no encerramento do exercício, o relatório do controle interno e outras obrigações acessórias exigidas pelas legislações específicas de cada ente federado. As contas de governo são efetuadas tanto para as casas legislativas como para os tribunais de contas. Contas do Governo do Estado No caso do Governo do Estado do Ceará, por exemplo, as contas são protocoladas no site da Assembleia Legislativa e peticionadas no site do TCE. https://www.al.ce.gov.br/ https://www.al.ce.gov.br/ https://www.tce.ce.gov.br/ 34 Contas dos Governos Municipais As contas prestadas anualmente pelo prefeito à respectiva Câmara Municipal devem ser prestadas pelo Sistema e-Contas Municipal, conforme disposto na Instrução Normativa n° 02/2013, de 19 de dezembro de 2013, que dispõe sobre as Prestações de Contas de Governo (PCG). Este sistema tem como finalidade a recepção eletrônica de prestações de contas relacionadas aos municípios e é dividido em dois módulos distintos: o “e-Contas de Gestão e o e-Contas de Governo”. O Acesso aos módulos está disponível no Portal de Serviços do TCE Ceará. A Prestação de Contas de Governo (PCG) possui dois passos a serem realizados no sistema. O primeiro é o cadastramento da PCG no módulo de e-Contas de Governo, prestadas anualmente pelo prefeito de cada cidade do estado do Ceará. Esta etapa deve ser realizada até 31 de janeiro do ano subsequente. O segundo passo consiste no encaminhamento da PCG ao TCE Ceará, que também é realizada no módulo de e-Contas de Governo pelo presidente da Câmara. Esta etapa deve ser realizada até 10 de abril de cada ano. Contas de Gestão Contas de Gestão Estadual As contas de gestão elaboradas pelos Poderes Legislativos e Judiciário, Ministério Público do Estado, Secretarias, Defensoria Pública do Estado, Procuradoria Geral do Estado, Autarquias, Fundos Estaduais, Empresas e Sociedades de Economia Mista enquadradas como dependentes e independentes deverão obedecer às determinações exigidas pela Instrução Normativa nº 03, https://portalservicos.tce.ce.gov.br/ https://portalservicos.tce.ce.gov.br/ 35 de 28 de maio de 2019. A Prestação de Contas desses entes deverá conter o Rol dos responsáveis de cada área, dentre eles, o Dirigente Máximo, Ordenador de Despesas, responsáveis pelos setores Financeiro, Almoxarifado, Patrimônio, Contábil, Pessoal e pelas Licitações. As prestações de contas dos órgãos estaduais devem ser realizadas exclusivamente por meio eletrônico no Sistema Ágora do próprio TCE. O sistema possui 15 módulos, em que estão segregadas as peças processuais ou informações que compõem a prestação de contas. Dentro de cada módulo a inserção das informações estará distribuída em telas de acordo com sua natureza. O Sistema Ágora pode ser acessado no Portal de Serviços do TCE. Para exemplificar, é importante que você entenda o que deve compor em cada módulo do sistema nas prestações de contas. Observe o quadro a seguir: https://servicoseletronicos.tce.ce.gov.br/ 36 Módulo do Sistema Peças Processuais Responsável Forma de envio Contabilidade Balanço Orçamentário Contador responsável Setor XML e PDF Demonstrativos dos Restos a Pagar (Anexos 1 e 2 do BO) Balanço Financeiro Balanço Patrimonial Demonstrativo do Superávit Apurado no Balanço Patrimonial Demonstração das Variações Patrimoniais Demonstração do Fluxo de Caixa Demonstrativo da Dívida Flutuante Balancete Contábil com todos os grupos de contas Notas Explicativas das Demonstrações Contábeis Extratos bancário das contas correntes e aplicações Formulário do cadastro das contas correntes Relatório de Auditoria Externa do Fundo de Previdências Relatório do Cálculo Atuarial do Fundo de Previdência 37 Contratos Cópia digital dos contratos e aditivos Resp. Contratos PDF ControlesInternos Relatório de Auditoria do Controle Interno Responsável pelo Controle Interno PDF Formulário de Avaliação do Controle Interno Ágora Certificado de Auditoria do Controle Interno PDF Parecer do Dirigente Máximo do Órgão do Controle Interno PDF Pronunciamento Expresso do Dirigente Máximo Resp. Inf. PDF Dados Gerais Dados Gerais Resp. Inf. Ágora Gestão de Materiais e Patrimônio Atos de Nomeações da Comissão Inventariante Responsável pelo Patrimônio PDF Inventário Sintático de Material de Consumo, Bens Patrimoniais Móveis e Imóveis e Bens Intangíveis Ágora ou XML Alienações Patrimoniais de Bens Móveis e Imóveis Ágora ou XML Baixa de Bens por Doação Ágora ou XML Licitações Parecer Técnico ou Jurídico em caso de Dispensa ou inexigibilidade Responsável pela Licitação PDF Ratificação de Dispensa ou inexigibilidade Publicação no Diário Oficial da decisão ratificadora para as dispensas e inexigibilidade. Cópia digital do Projeto Básico em caso de Obras 38 Monitoramento das Decisões Determinações e recomendações expedidas Resp. Inf. Ágora Orçamento Demonstração dos Ingressos e Dispêndios por Categoria Econômica Contador responsável pelo Setor XML e PDF Resumo de Despesa Empenhada por Item Relatório do Espelho do Monitoramento das Iniciativas Peças Processuais Relatório de Desempenho de Gestão Resp. Inf. PDF Pessoal Composição do Quadro de Pessoal Responsável pelo Setor Pessoal Ágora ou XML Quantitativo do Quadro de Pessoal Relação de Pessoal Termo de Referência dos Contratos de Terceirização Rol dos Responsáveis Rol dos Responsáveis Resp. Inf. Ágora ou XML Tomada de Contas Especiais Relação das Tomadas de Contas Especiais no exercício Responsável pela Informação Ágora Casos de Dispensa de Tomadas de Contas Especiais no exercício Ágora Relatório Final da Comissão PDF Transferências Voluntárias Relação dos Convênio/ Ajustes Congêneres Celebrados no exercício Responsável pelo Setor Financeiro Ágora Plano de Trabalho dos Convênios vigentes durante o exercício PDF O sistema executa uma série de algoritmos em cada módulo e fornece para os analistas do TCE possíveis achados nas informações fornecidas, possibilitando maior agilidade na análise da conta. 39 Contas de Gestão Municipal As prestações de contas deverão observar as determinações da Instrução Normativa TCM nº 03/2013, de 19 de dezembro de 2013 e demais legislações correlatas. O módulo e-Contas de Gestão – Prestação de Contas Municipal (PCS) foi desenvolvido no site do TCE Ceará para recepcionar as prestações de contas de gestão dos responsáveis legais. A Prestação de Contas, portanto, se constitui como um instrumento que permite à sociedade e aos órgãos de gestão e controle o acompanhamento e análise do desempenho da execução orçamentária, financeira, contábil, patrimonial, legal e operacional dos governos em seus diversos aspectos, seja por esfera, poder e nas mais diversas entidades relacionadas ao setor público. 40 PERFIL DO AUTOR Saulo Braga é servidor público, auditor fiscal contábil financeiro da Receita Estadual, atual Contador Geral do Estado do Ceará. Mestre em Controladoria pela Universidade Federal do Ceará e doutorando em Administração Pública pela Universidade de Lisboa. Atua na área contábil do Tesouro do Estado do Ceará. 41 BIBLIOGRAFIA BRASIL. Planalto. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. BRASIL. Emenda Constitucional nº 45, de 30 de dezembro de 2004. (DOU 31/12/2004). BRASIL. Emenda Constitucional nº 74, de 06 de agosto de 2013, que altera o art. 134 da Constituição Federal. (DOU 07/08/2013). BRASIL. Lei de Responsabilidade Fiscal - Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000, que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. (DOU 05/05/2000) BRASIL. Lei de Responsabilidade Fiscal - Lei Complementar nº 131, de 27 de maio de 2009, que acrescenta dispositivos à Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, a fim de determinar a disponibilização, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (DOU 28/05/2009). BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021, licitações e contratos administrativos, Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. (DOU 01/04/2021). BRASIL. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, que estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. (DOU 05/05/1964). 42 CFC. Normas Brasileiras de Contabilidade - NBC TSP Estrutura Conceitual, de 23 de setembro de 2016, para Elaboração e Divulgação de Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do Setor Público. Conselho Federal de Contabilidade. Brasília, 2016. CEARÁ. Constituição do Estado do Ceará, 1989. Fortaleza: INESP, 2014. CEARÁ. Emenda Constitucional nº 92, de 16 de agosto de 2017, que extinguiu o tribunal de contas dos municípios. (DOE 21/08/2017). FURTADO, José de Ribamar Caldas. Os regimes de contas públicas: contas de governo e contas de gestão. Revista do TCU (2007), Disponível em: https:// revista.tcu.gov.br/ojs/index.php/RTCU/article/view/438. Acesso em: 22/08/2023. STN/MPOG. Portaria Interministerial nº 163, de 04 de maio de 2000 - Dispõe sobre normas gerais de consolidação das Contas Públicas no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, e dá outras providências. (DOU 07/05/2001) STN. Portaria nº 285, de 14 de junho de 2018 - Aprova o Regimento Interno da Secretaria do Tesouro Nacional. Disponível em: https://www.gov.br/tesouronacional/pt- br/acesso-a-informacao/institucional/base-juridica-da- estrutura-organizacional-e-das-competencias. Acesso em: outubro.2023. STN. Portaria STN nº 642, de 20 de setembro 2019. Matriz de Saldos Contábeis: Regras Gerais – 2022. Ministério da Economia e Secretaria do Tesouro Nacional, (2021). https://revista.tcu.gov.br/ojs/index.php/RTCU/article/view/438 https://revista.tcu.gov.br/ojs/index.php/RTCU/article/view/438 https://www.gov.br/tesouronacional/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/base-juridica-da-estrutura-organizacional-e-das-competencias https://www.gov.br/tesouronacional/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/base-juridica-da-estrutura-organizacional-e-das-competencias https://www.gov.br/tesouronacional/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/base-juridica-da-estrutura-organizacional-e-das-competencias 43 TCE. Lei nº 12.509, de 06 de dezembro de 1995 - Dispõe sobre a Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado e dá outras providências, (DOE 06/12/1995). TCE. Instrução Normativa TCE-CE nº 01, de 20 de março de 2018 – Dispõe sobre o envio ao Tribunal de Contas do Estado do Ceará, por meio do Sistema Ágora, das prestações de contas anuais dos administradores e demais responsáveis por órgãos e entidades pertencentes à administração pública estadual. (DOE 26/03/2018) TCE. Instrução Normativa TCE-CE n° 02, de 19 de dezembro de 2013, que dispõe sobre as Prestações de Contas de Governo (PCG). (DOE 23/12/2013) TCE. Instrução Normativa TCE-CE nº 03, de 28 de maio de 2019 – Dispõe sobre alterações da Instrução Normativa TCE-CE nº 01/2018. (DOE 07/06/2019) TCE. Instrução Normativa TCE-CE nº 04, de 17 de dezembro de 2019 – Aprova o Manual do Sistema de Informações Municipais (SIM), versão 2020. (DOE 23/12/2019). TCE. Manual de Instrução de Processos de Tomada e Prestação de Contas Anuais – Coletânea 70 Anos. Fortaleza, 2005. TCM. Instrução Normativa TCE-CE n° 03, de 19 de dezembro de 2013, que dispõe sobre as Prestações de Contas de Governo (PCG). (DOE 23/12/2013) 44 GLOSSÁRIO Accountability: termo inglês que consiste no dever que um órgão e/ou instituição tem de prestar contas, em decorrência das responsabilidades oriundas de uma delegação de poder. Ágora: sistema doTribunal de Contas do Estado do Ceará que tem por finalidade a automatização dos procedimentos de recebimento dos dados e peças processuais que integram os processos de prestação de contas anuais dos administradores e demais responsáveis por órgãos e entidades da Administração Pública Estadual. Consórcios Públicos: instrumento pelo qual devem ser constituídas e reguladas as obrigações entre entes da federação. Contas Anuais: dever estabelecido na Constituição que obriga tanto aos chefes do poder executivo quanto os administradores de órgãos e entidades do setor público. Contas de Gestão: contas anuais que evidenciam os atos de administração e gerência de recursos públicos praticados pelos chefes e demais responsáveis de órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive das fundações públicas. Contas de Governo: também chamadas de contas anuais, referem-se aos resultados gerais do exercício financeiro-orçamentário do chefe do poder executivo. Contas Públicas: contabilidade dos gastos e das receitas internas de um governo ou ente público. 45 eXtensible Business Reporting Language: tecnologia XBRL que transforma as informações contábeis que estão disponibilizadas em outro formato, como papel, em arquivos eletrônicos. Governança Social: sistema composto por mecanismos e princípios que as instituições possuem para auxiliar as tomadas de decisões e para administrar as relações com a sociedade, alinhado às boas práticas de gestão e às normas éticas, com foco em objetivos coletivos. Improbidade Administrativa: ato ilegal ou contrário aos princípios básicos da Administração Pública no Brasil, cometido por agente público, durante o exercício de função pública ou decorrente desta. Matriz de Saldos Contábeis: estrutura padronizada para o recebimento de informações contábeis e fiscais dos entes da Federação para fins da consolidação das contas nacionais, da geração de estatísticas fiscais e da elaboração das declarações do setor público. Prestação de Contas: demonstração do que foi feito com os recursos públicos. Siconfi: ferramenta da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) destinada ao recebimento e análise de informações contábeis, financeiras e orçamentárias dos governos públicos. Socioambiental: refere-se aos problemas e processos sociais, tendo em conta sua relação com o meio ambiente. Realização Apoio
Compartilhar