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Fonética e fonologia INTRODUÇÃO A fonética e a fonologia são duas ciências do ramo da linguística que vão trabalhar com o som. Se analisarmos a etimologia, na estrutura da palavra percebemos que uma tem “fone” e a outra “fono” que remetem a “som”. Elas são diferentes vejamos suas diferenças: Fonética A fonética estuda o aspecto físico dos sons da fala, ou seja, estuda a produção e recepção desses sons. Logo, o seu principal objeto de estudo é o aparelho fonador. Aparelho fonador: é os órgãos que nós utilizamos para produzir os sons. Vejamos quais são eles: Assim a representação sonora de cada palavra vai depender da forma com que ela será dita por cada pessoa, considerando seus sotaques, idiomas e outras particularidades dos sons da fala. Logo, a Fonética se ocupa da produção concreta dos sons, de suas variações pelos falantes (alofones) e vai estudar, com profundidade, o aparelho fonador, a produção da fala humana, suas características articulatórias e propriedades físicas. É na Fonética que você vai estudar, em detalhes, como o som é produzido desde a passagem de ar vinda dos pulmões até a articulação dentro da boca (se a língua toca ou não os dentes, se os lábios se tocam ou não, se o som se "arrasta" na garganta e etc). Exemplo: o fonema da consoante /j/ em português é (jota), no espanhol sua transcrição é (rota), mas já no inglês sua transcrição fonética é (djay). Observação: Utiliza o Alfabeto Fonético Internacional para representar as transcrições fonéticas em outros idiomas, pois o Alfabeto Fonético Internacional ele utiliza os aspectos físicos e articulações para mostrar o som que cada caractere representa. Alfabeto Fonético Internacional: é um conjunto de caracteres que representam cada um, um som. Assim ele busca representar por meios desses caracteres o som que uma palavra faz em um certo idioma para assim conseguimos falar aquela determinada palavra como ela é no seu idioma, pois saberemos como ela é falada, porque sabemos os sons da que cada caractere representa já que essa palavra estará transcrita nesses caracteres. Nas transcrições, os símbolos fonéticos (caracteres que representam um som) são escritos dentro de colchetes [ ]. Exemplo: casa = ['kazɐ] Fonologia A fonologia é basicamente como os sons funcionam dentro de uma língua. Seu estudo baseia-se como os sons se organizam dentro da linguagem, desde sua estrutura silábica até aos acentos e entonações não interessando se uma palavra é pronunciada por um carioca, paulista, baiano, britânico, norte-americano, pois ela terá a mesma representação sonora para cada letra (por meio dos fonemas) em cada situação de palavra em que essa letra se encontra inserida e não como cada falante fala a palavra. Exemplo: a palavra “biscoito” muitos cariocas falam “bisscoito" assim a forma correta continua sendo “biscoito” e a fonologia vai mostrar que os sons dessa palavra não são como o carioca falou, mas sim como a fonologia define o som de cada palavra para o nosso português. DIVISÃO SILÁBICA A divisão de uma palavra ocorre na fala, quando falamos de uma vez sem interrupção um conjunto de letras, isso é uma sílaba. Exemplo 1: ru – bri - ca Exemplo 2: mui – to Exemplo 3: na - da Exemplo 4: po – di – a Cada sílaba terá uma única vogal, assim não existe sílaba sem vogal. Classificação As palavras podem ser classificadas de acordo com o número de sílabas. Vejamos: a) Monossílabo = A palavra tem apenas uma sílaba Exemplo: céu, pá, mar e etc. b) Dissílabos = A palavra tem 2 sílabas. Exemplo: mui-to; va-mos; lu-a; quais – quer. c) Trissílabos = A palavra tem 3 sílabas. Exemplo: nu-me-ral; va-ta-pá; ca-ro-ço. d) Polissílabos = A palavra tem 4 ou mais sílabas. Exemplo: or-to-gra-fia; so-ci-e-da-de. Observação: se um prefixo terminar em consoante e ele se unir com uma palavra que começa com vogal, essa consoante vai fazer uma sílaba com essa vogal. Exemplo: sub + oficial: Suboficial = su-bo-fi-ci-al. Observação: veja como se separa algumas palavras: Baleia: ba – lei – a Areia: a – rei – a Goiaba: goi – a – ba Balaio: ba – lai - o Uruguaio: u – ru – guai -o Paraguaias: pa – ra - guai – a SÍLABA TÔNICA São as sílabas pronunciadas com mais força em uma palavra, existe apenas uma por palavra. Dica: para encontrar a sílaba tônica podemos fingir que estamos gritando a palavra em um estádio, cantando a mesma como se fosse o hino do clube, e a sílaba que se alongar no grito é a sílaba tônica. Exemplo: fla-meeeeenn-go = flamengo. FONEMA É som que cada letra emite na fala. Representamos o som que a letra faz por barras assim: /i/. A letra é a representação gráfica do som de um fonema. Exemplo: tia – dia Perceba trocamos o “t” pelo “d” e mudamos totalmente o sentido da palavra, mostrando que cada letra representa um som distinto. Atenção: vejamos alguns casos a seguir: a) Um fonema pode representar 2 sons em uma letra. Exemplo: táxi /t/ /á/ /cs/ /i/ O “x” pode ter o som de “ks”, é considerado encontro consonantal fonético, mesmo sendo na fala, isso é chamado de dífono. Observação: dífono é uma letra representando dois sons. b) Uma letra pode não representar som nenhum como o “h” no começo da frase. Exemplo: hábito Observação: observe a quantidade de fonemas nas seguintes palavras: • Casa= 4 letras e 4 fonemas. • Cachorro= 8 letras e 6 fonemas. • Táxi= 4 letras e 5 fonemas. Vemos nos exemplos acima que a quantidade de letras não é sempre igual ao número de fonemas, por uma série de motivos, que veremos mais para frente. DÍGRAFO É o encontro de 2 letras, que emitem apenas um som, na fala. Os encontros podem ser: consonantais Que é o encontro entre duas consoantes. Vejamos quais são eles: • ch = machado, china; • lh = ilha, milho; • nh = ninho, sonho; • rr = arroz, carro; • ss = pássaro; • sç = cresça, desço; • xc = exceção; • xs = exsudar; • sc = nascer; • gu = águia, peguiça; • qu = aquele, aquilo. Observação: “gu” e o “qu”, eles podem não ser dígrafo se na fala o “u” tiver som na fala. Exemplo: cinquenta. Observação: o “xc” só é dígrafo se for seguido de “e” ou “i”. Exemplo: exceção. Todos os dígrafos são inseparáveis na divisão silábica com exceção de: ✓ rr = car-ro ✓ ss = ca-chor-ro ✓ sc = nas-cer ✓ sç = cres-ça ✓ xc = ex-ce-ção ✓ xs = ex-su-dar Vocálicos São as vogais sucedidas de “m” ou “n”, em que parte do fonema saí pelo nariz, que juntas representam apenas um som. • am = campo • an = sangue • em = sempre • em = tento • im = limpo • in = tinta • om = ombro • on = ontem • um = nenhum • un = sunga Observação: é facultativo pronuncia o “u” em antiguidade. Cuidado: Temos que ter cuidado, pois pode aparecer vogais sucedidas de “m” ou “n”, mas não serem dígrafos por cada uma possuir seu próprio som, acontece quando “m” ou o “n” tem som de /u/ ou /i/ nesses casos serão classificados como ditongos, pois assim eles têm mais de um som e não é um dígrafo. Exemplo: trenzinho. Geralmente acontecem isso com as palavras terminadas em “am” e “em”. Exemplo: amam ENCONTROS CONSONANTAIS É o encontro de 2 consoantes em uma palavra, e cada consoante terá o seu próprio som. Podem ser: Perfeitos É quando temos duas consoantes juntas na mesma sílaba. São inseparáveis. Exemplo: Bra-sil, clo-ne, pra-to, a-blu-ção. Imperfeitos É quando na separação silábica cada consoante fica em uma sílaba, mas na palavra elas se encontram. Exemplo: inap-to; es-ca-da; néc-tar. Observação: não separamos os encontros consonantais no início da palavra. Exemplo: mne-mô-ni-co, gno-mo. Misto É quando temos em uma palavrao encontro consonantal imperfeito + perfeito. Exemplo: destruir. CLASSIFICAÇÃO DOS FONEMAS Vejamos o que é cada uma: Vogal: São os que resultam na livre passagem da corrente de ar pela boca. a, e, i, o, u. Semivogal: articulação semelhante as das vogais. Semivogal é o nome dado ao fonema /i/ e /u/ e quando juntos de uma vogal formam uma sílaba. A semivogal é mais fraca em relação a vogal que é a forte. Consoante: formam um obstáculo encontrado pela corrente de ar. b, c, d, f... Classificação quanto a força das vogais: Cada vogal terá uma força quando junta de outra, quando cada uma tiver seu próprio som. Assim a força de cada uma é definida pela seguinte classificação: 1° A; 2° O; 3° E; 4° “I” ou “u”; Observação: “a” é sempre semivogal. ENCONTROS VOCÁLICOS É o encontro de duas ou mais vogais em uma palavra em que cada uma tem seu próprio som. Dentro dos encontros vocálicos temos: Ditongo É o encontro de uma vogal com uma semivogal na mesma sílaba. Exemplo: pei-xe; pai-xão. Os ditongos podem ser crescentes ou decrescentes. • crescente = Quando a vogal vem depois da semivogal (SV+V). Exemplo: Quadro; delícia. • decrescente = A vogal vem na frente da semivogal (V+SV). Exemplo: véu; pai. • Classificação dos ditongos Ditongo nasal = São 2 letras “am/em/en entre outros” que apresentam 2 sons nas palavras que são sons nasalizadores, ou seja, parte desse som sai do nariz ou o til (~) que também é um sinal de nasalização. Exemplo: pão; trenzinho; mãe, alguém. Exceção = muito é nasal. Cuidado = são considerados “m” e “n” como semivogais no ditongo nasal. Ditongo oral = É aquele que o som é emitido pela boca, tais como ai, ei, ie, oi, ui, ou seja, não usamos o nariz para falar. Exemplo: chapéu, pau e etc. Ditongos aberto e fechados = Para ele ser aberto ou fechado isso vai depender exclusivamente das vogais. Vejamos: • Aberto = A vogal será de timbre aberto. Exemplo: céu; lençóis. Observação: Éi, Ói e Éu são ditongos abertos • Fechado = A vogal será de timbre fechado. Exemplo: ouro, vôlei, Europa. Tritongo É o encontro de uma semivogal, mais uma vogal, mais uma semivogal em uma sílaba, nessa mesma ordem (SV + V + SV). Exemplo: Uruguai; averiguei. • Tritongo nasal É quando uma parte do som, do encontro dessas palavras, sai pelo nosso nariz. Exemplo: Saguão, alguém, desaguei. • Tritongo oral É quando o som sai inteiramente pela boca. Exemplo: iguais; Uruguai. hiato É o encontro de 2 vogais em uma palavra, mas elas ficam em sílabas diferentes (V+V). Exemplo: Sa – ú – de; ba-ú. PLURAL METAFÔNICO Algumas palavras do gênero masculino apresentam no singular e na sílaba tônica o fonema /o/ fechado (ô), e quando passamos para o plural o fonema /o/ fica aberto (ó). Exemplo: caroço /ô/ - caroços /ó/ GLIDE É o ditongo seguido de hiato (ditongo + hiato). Exemplo: meio, praia, feiura. TRANSLINEAÇÃO É quando chegamos no fim da linha e uma palavra não ficou completa, podemos dividir a palavra segundo sua divisão silábica, para terminar de escrevê-la na outra linha. Usamos o hífen para a separação. Dica: é antiestético deixar uma vogal sozinha no início ou no final de uma linha. ALOFONES É algumas possibilidades de realização de um mesmo fonema, mesmo que não seguindo a forma culta. Exemplo: entregar → entregá. O fonema /r/ está sendo trocado pelo fonema /á/.