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GESTÃO DE PESSOAS: HUMAN RESOURCES 2 SUMÁRIO 1 Introdução ................................................................................................................ 1 1.1 Gestão de Recursos Humanos ............................................................................ 1 1.2 Desenvolvimento da gestão de Recursos Humanos-------------------------------------1 1.3 Modelo de Gestão de Recursos Humanos--------------------------------------------------3 1.3.1 Princípios ........................................................................................................... 3 1.3.2 Políticas--------------------------------------------------------------------------------------------3 1.3.3 Processo------------------------------------------------------------------------------------------4 1.4 Planejamento Estratégico e Planejamento Estratégico de Recursos Humanos--4 1.5 Sistema de Recrutamento e Seleção--------------------------------------------------------6 1.5.1 Planejamento de Recursos Humanos-----------------------------------------------------6 1.5.1.1 Dimensão Quantitativa----------------------------------------------------------------------6 1.5.1.2 Dimensão Qualitativa------------------------------------------------------------------------7 1.5.2 Recrutamento------------------------------------------------------------------------------------7 1.5.2.1 Pesquisa Interna das Necessidades de Recursos Humanos---------------------8 1.5.2.2 Pesquisa Externa de Mercado------------------------------------------------------------9 1.5.2.3 Técnicas de Recrutamento---------------------------------------------------------------10 1.5.3 Seleção de Pessoal---------------------------------------------------------------------------11 1.6 Leitura Complementar -------------------------------------------------------------------------13 2 Gestão de Desempenho ........................................................................................ 15 2.1 Revisão e Feedback de Desempenho ............................................................... 15 2.2 Avaliação de Desempenho--------------------------------------------------------------------16 2.3 Principais Métodos Utilizados para Avaliar o Desempenho---------------------------18 2.4 Leitura Complementar -------------------------------------------------------------------------20 3 Liderança----------------------------------------------------------------------------------------------22 3.1 Estilos Emergentes de Liderança------------------------------------------------------------24 3.1.1 Liderança Situacional-------------------------------------------------------------------------24 3.1.2 Liderança Servidora--------------------------------------------------------------------------24 3.1.3 Liderança Carismática-----------------------------------------------------------------------25 3.1.4 Liderança Transacional----------------------------------------------------------------------25 3.1.5 Liderança Transformacional----------------------------------------------------------------25 3.1.6 Liderança Baseada em Valores-----------------------------------------------------------25 3.2 Fontes de Poder que Possibilitam aos Administradores Serem Líderes Eficazes--------------------------------------------------------------------------------------------25 3.3 Formas de Desenvolver a Liderança-------------------------------------------------------26 3.4 Leitura Complementar--------------------------------------------------------------------------28 Referências Bibliográficas---------------------------------------------------------------------------32 3 1 INTRODUÇÃO Historicamente, as pessoas vêm sendo encaradas pela organização como um insumo, ou seja, como um recurso a ser administrado. Apesar das grandes transformações na organização da produção, os conceitos sobre gestão de pessoas e sua transformação em práticas gerenciais têm ainda como principal fio condutor o controle sobre as pessoas. Em contraponto, as organizações vêm sofrendo grande pressão do contexto externo, forçando-as a uma revisão na forma de gerir pessoas. 1.1 Gestão de Recursos Humanos Devido ao potencial conflito que existe entre os objetivos da organização e os das pessoas, surge a necessidade de uma função organizacional que procure mediar, equilibrar e potencializar, para o bem comum, os resultados desse conflito. A função que tem esse papel na organização recebe o nome de gestão de recursos humanos. A função gestão de recursos humanos em uma organização tem como propósitos: • dimensionar e planejar quantitativa e qualitativamente as necessidades da organização, de forma a atender as especificidades do negócio e permitir-lhe alcançar seus objetivos estratégicos; • atuar como designer organizacional, desenhando uma estrutura organizacional moderna e flexível que possibilite que a organização alcance seus objetivos e possa se adaptar rapidamente às necessidades impostas por um mercado competitivo; • suprir a organização de pessoas qualificadas; • desenvolver o potencial das pessoas; • reconhecer a importância do trabalho e o desempenho de cada pessoa na organização, oferecendo uma remuneração justa; • criar um ambiente de trabalho física e socialmente saudável e facilitar o relacionamento das pessoas com a organização. 4 1.2 Desenvolvimento da Gestão de Recursos Humanos A função Gestão de Recursos Humanos dentro de uma organização se vê̂ obrigada a acompanhar as mudanças que ocorrem tanto no ambiente interno como no ambiente externo com os quais a organização interage. ▪ Antes de 1930 Esse período recebeu o nome de fase “contábil” da gestão de recursos humanos. O objetivo principal da área era manter quantitativamente a força de trabalho de acordo com os parâmetros definidos pela organização. Não existiam leis que regulamentassem as relações organização versus pessoas. As poucas normas legais que existiam foram o resultado de conquistas de algumas classes de trabalhadores um pouco mais organizadas e cujas atividades tinham importância para a economia da época. Os conflitos entre organização e trabalhadores eram resolvidos pela polícia. ▪ De 1930 a 1950 Nesse período surgiram as primeiras leis para regular a relação organização versus pessoas. O crescimento dessa base legal culminou na promulgação, em 1943, da CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, durante o governo de Getúlio Vargas. A organização introduziu em sua estrutura o Departamento de Pessoal, mas continuava a preocupação apenas com a quantidade. ▪ De 1950 a 1965 Com a implantação das fábricas automobilísticas, o nome Departamento de Pessoal foi substituído por Gerência de Relações Industriais. Essa mudança teve dois aspectos importantes: o nível organizacional foi elevado de departamento para gerência e o foco passou a ser de relacionamento com o chão de fábrica, melhorando a qualidade das relações entre empregadores e empregados; outra mudança importante foi o início da preocupação com sua qualidade dos recursos humanos, e não apenas com a quantidade. Nessa época, à função legal foram agregadas novas funções, por exemplo, seleção de pessoal, remuneração, treinamento, saúde e segurança no trabalho. ▪ De 1965 a 1985 Por conta do contexto econômico, político e social da época, os sindicatos começam a se movimentar para recuperar seu papel de representantes e defensores 5 dos interesses dos trabalhadores. Com o ressurgimento do movimento sindical a função recursos humanos sofreu uma nova mudança. Passou a denominar-se gerência de recursos humanos. Sua ênfase passou a ser mais humanística, procurando melhorar e intervir nas relações entre empregadores e empregados, estendendo essa busca de melhoria das relaçõestambém para os sindicatos e outros órgãos de representação social. ▪ A partir de 1985 Com a abertura da economia e o crescimento da globalização as organizações passaram a se preocupar com a estratégia. Isso fez com que nova mudança fosse observada na gestão de recursos humanos. As pessoas passaram a ser consideradas como fontes de vantagem competitiva das organizações. Por conta disso, planos estratégicos de gestão de pessoas foram desenvolvidos a partir do planejamento estratégico da organização. Foi nessa época que a gestão de recursos humanos deixou sua posição tática-operacional para ocupar uma posição estratégica na gestão da organização, elevando seu nível hierárquico de gerência para diretoria. 1.3 Modelo de Gestão de Recursos Humanos O modelo de gestão de pessoas, de acordo com Mascarenhas (2004), refere- -se à maneira como uma organização se estrutura para gerenciar e orientar o comportamento humano no ambiente de trabalho. Genericamente, o modelo de gestão de pessoas é composto por três elementos: princípios, políticas e processos. 1.3.1 Príncípios Os princípios referem- se às orientações de valor e às crenças básicas adotadas pela organização e que determinam o modelo. São definidos pela alta direção da organização. Seu objetivo é ser uma organização na qual as melhores pessoas possam fazer os seus melhores trabalhos. 1.3.2 Políticas 6 As políticas são definidas a partir dos princípios e definem as diretrizes que por sua vez, orientam as práticas que serão implementadas com vistas a alcançar os objetivos de médio e longo prazo. Elas são flexíveis e dependem de alguns fatores que devem ser considerados quando de sua definição: situação do mercado, influências governamentais e estabilidade econômica, política e social do país. É importante ressaltar que as políticas de gestão de pessoas são ferramentas imprescindíveis para que os gestores possam construir relações saudáveis com seus funcionários e estes, por sua vez, saibam claramente o que podem esperar da organização. 1.3.3 Processos Os processos representam um conjunto organizado de atividades que visam alcançar os objetivos estabelecidos nas políticas. Estes são instrumentalizados por ferramentas de gestão. Os principais processos de recursos humanos são: a) planejamento; b) recrutamento e seleção; c) treinamento e desenvolvimento; d) avaliação de desempenho; e) remuneração; d) relações trabalhistas; e) saúde; f) segurança. Tais processos de recursos humanos podem ser operados de forma autônoma, porém, devem considerar que são interdependentes, pois todos convergem para o mesmo objetivo. 1.4 Planejamento Estratégico e Planejamento Estratégico de Recursos Humanos 7 O planejamento estratégico de recursos humanos é um processo utilizado para antecipar e prover a movimentação de pessoas em uma organização. Deve estar alinhado com o planejamento estratégico da organização. Segundo Mascarenhas (2011), a formulação das estratégias vem sendo abordada tradicionalmente como um processo de planejamento que envolve, em geral, duas etapas: a definição do negócio, bem como a explicação da missão da organização e seus princípios, a determinação de objetivos estratégicos e seus respectivos indicadores de acompanhamento, assim como a formulação das estratégias correspondentes para alcançá-los. O gerenciamento estratégico de recursos humanos, segundo Snell & Bohlander (2013), pode ser entendido como o padrão de alocações e das atividades relativas a recursos humanos que permite que uma organização realize seus objetivos estratégicos. Para que esse gerenciamento obtenha sucesso, deve-se integrar o planejamento estratégico da organização com o planejamento estratégico de recursos humanos. A figura 1 ilustra o esboço básico de como as organizações alinham o planejamento estratégico e o planejamento de recursos humanos. Figura 1 – Alinhamento do planejamento estratégico e o planejamento de recursos humanos 8 Fonte: autor, adaptado de Snell & Bohlander (2013). O processo de planejamento estratégico constitui-se em procedimentos para a tomada de decisão sobre os objetivos e as estratégias de longo prazo da organização. Sua formulação deve contar com a participação do executivo principal da área de recursos humanos, uma vez que ele pode fornecer informações e subsídios para que estratégias viáveis sejam formuladas. Um plano estratégico organizacional bem elaborado permite melhor preparo do departamento de RH para enfrentar mudanças tanto no ambiente interno quanto no externo. É importante combinar o plano estratégico da organização com as características dos funcionários e com as atividades de gestão de RH para atingir os resultados finais organizacionais desejados — produtos e serviços competitivos. Os recursos humanos tem relevância vital para o sucesso da empresa, e a função de gestão de RH precisa estar envolvida em todos os aspectos operacionais 9 de uma organização. Os funcionários precisam desempenhar bem suas funções de forma a cumprir as metas e a estratégia geral. A unidade de RH deve oferecer contribuições diárias à empresa. Portanto, os programas de gestão de RH devem ser abrangentes, adaptados à cultura da organização e atentos às necessidades dos empregados. Isso significa necessidade de ações e criatividade da direção da empresa para aliar a estratégia geral da organização aos programas, às atividades e aos talentos em termos de gestão de RH. 1.5 Sistema de Recrutamento e Seleção O sistema de recrutamento e seleção tem como objetivo principal suprir a organização de pessoas na quantidade e na qualidade necessárias para que seus objetivos sejam alcançados. Esse sistema é composto por três subsistemas que operam de maneira sincronizada: planejamento de recursos humanos, recrutamento e seleção de pessoal. 1.5.1 Planejamento de Recursos Humanos O planejamento de recursos humanos está vinculado ao planejamento estratégico da organização. Cabe à área de recursos humanos participar do planejamento estratégico da organização e, a partir dele, elaborar o planejamento de recursos humanos. Nesse tipo de planejamento são contempladas duas dimensões bem específicas: a quantitativa e a qualitativa. 1.5.1.1 Dimensão Quantitativa Na dimensão quantitativa serão considerados o quadro de pessoal atual e as necessidades futuras da organização, decorrentes de processos de expansão, mudança de tecnologia, investimentos em qualificação de pessoal etc. Utiliza dois indicadores de recursos humanos que são fundamentais quando se pretende estimar a quantidade de trabalhadores: o absenteísmo e a rotatividade. 10 • Absenteísmo: o absenteísmo é um indicador que mede as ausências dos indivíduos ao trabalho. Um absenteísmo elevado é uma fonte de preocupação para os gestores de uma organização, pois pode afetar os custos dos produtos e serviços, o cumprimento de prazos etc • Rotatividade: a rotatividade é um indicador que mede a velocidade com que as pessoas entram e saem da organização. Uma rotatividade administrada – aquela que apresenta valores adequados de acordo com o tipo de negócio ou com a operação da organização – pode ser benéfica, possibilitando uma renovação do quadro de pessoal sem que se comprometam os seus resultados. 1.5.1.2 Dimensão Qualitativa A dimensão qualitativa refere-se à qualidade dos colaboradores da organização, entendendo-se qualidade como os níveis de capacitação, os resultados da avaliação de desempenho e do potencial instalado, além do domíniode competências. 1.5.2 Recrutamento SAIBA MAIS Sobre mobilidade do pessoal Um dos problemas que vêm preocupando as organizações é a intensificação das saídas ou perdas de recursos humanos, provocando a necessidade de compensá- las por meio da intensificação das entradas. Em outros termos, os desligamentos de pessoal precisam ser compensados com novas admissões para se manter o nível de RH em proporções adequadas para a operação do sistema. Quando um colaborador sai da organização – por sua iniciativa ou por iniciativa da própria organização –, esta perde parte do seu capital humano. É uma descapitalização que pode prejudicar o negócio quando se perde talento para o mercado ou para o concorrente. As organizações precisam reduzir esse risco. Em outras palavras, a retenção de talentos está sendo uma prioridade das organizações mais bem-sucedidas. 11 Recrutamento é um conjunto de técnicas e procedimentos que visa atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos e oferecer competências para a organização. É basicamente um sistema de informação por meio do qual a organização divulga e oferece ao mercado de RH as oportunidades de emprego que pretende preencher. A função do recrutamento é a de suprir a seleção de pessoal com a matéria- prima básica (candidatos) para seu funcionamento adequado. É uma atividade que tem por objetivo imediato atrair candidatos, entre os quais serão selecionados os futuros participantes da organização. O recrutamento requer um cuidadoso planejamento, que constitui uma seqüência de três fases, a saber: 1) O que a organização precisa em termos de pessoas; 2) O que o mercado de RH pode oferecer; 3) Quais as técnicas de recrutamento a aplicar. A figura 2 ilustra as fases do planejamento do processo de recrutamento. Figura 2 - As três fases do planejamento do recrutamento. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. 2009 Conforme a ilustração sobre as três etapas do processo de recrutamento pode se dizer que: 1) Pesquisa interna das necessidades; 2) Pesquisa externa do mercado; 12 3) Definição das técnicas de recrutamento a utilizar. O planejamento do recrutamento tem, pois, a finalidade de estruturar o sistema de trabalho a ser desenvolvido. 1.5.2.1 Pesquisa Interna das Necessidades de RH É uma avaliação das necessidades da organização em relação às suas carências de recursos humanos no curto, médio e no longo prazo. Trata-se de verificar eventuais vagas que precisam ser preenchidas ou futuras aquisições a serem feitas. O levantamento interno deve ser contínuo e constante, envolvendo todas as áreas e níveis da organização no sentido de retratar suas necessidades de pessoal e o perfil, características e competências que esses novos participantes deverão possuir e oferecer. A pesquisa interna constitui o ponto de partida de todo o processo de recrutamento e orienta todas as ações no sentido de recrutar candidatos – internos ou externos – necessários para abastecer o processo eletivo. 1.5.2.2 Pesquisa Externa de Mercado A pesquisa externa focaliza o mercado de candidatos. Trata-se de uma pesquisa de mercado de RH no sentido de segmentá-lo e diferenciá-lo para facilitar sua análise e consequente abordagem. Dois aspectos importantes sobressaem na pesquisa externa: a segmentação do mercado de RH e a localização das fontes de recrutamento. Por segmentação de mercado queremos nos referir à decomposição do mercado em diferentes segmentos ou em classes de candidatos com características definidas para analisá-lo e abordá-lo de maneira específica. A segmentação é feita de acordo com os interesses específicos da organização. 13 Figura 3 – Exemplo de segmentação do mercado de RH Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. 2009. Cada segmento de mercado tem características próprias, atende a diferentes apelos, tem diferentes expectativas e aspirações, utiliza diferentes meios de comunicação e, portanto, pode ser abordado de maneiras diferentes. 1.5.2.3 Técnicas de Recrutamento As técnicas de recrutamento são os métodos através dos quais a organização aborda e divulga a existência de uma oportunidade de trabalho junto às fontes mais adequadas de recursos humanos que proporcionem candidatos para o processo seletivo. São também denominadas veículos de recrutamento, pois são fundamentalmente meios de comunicação. As principais técnicas de recrutamento externo são as que se seguem, sendo em geral, utilizadas conjugadamente: 1) Consulta aos arquivos de candidatos ou bancos de talentos; 2) Apresentação de candidatos pelos funcionários da empresa; 3) Cartazes ou anúncios na portaria da empresa; 4) Contatos com sindicatos e associações de classe; 5) Contatos com universidades e escolas, agremiações estudantis, 14 diretórios acadêmicos, centros de integração empresa-escola; 6) Conferências e palestras em universidades e escolas; 7) Contatos com outras empresas que atuam no mesmo mercado; 8) Viagens de recrutamento em outras localidades; 9) Anúncios em jornais e revistas; 10) Agências de recrutamento; 11) Recrutamento on-line; 12) Programas de trainees. Os fatores custo e tempo são extremamente importantes na escolha da técnica ou do meio mais indicado para o recrutamento externo. De modo geral, quanto maior a limitação de tempo, ou seja, quanto maior a urgência para se recrutar um candidato, tanto maior será o custo da técnica de recrutamento a ser aplicada. Em outros termos, o custo do recrutamento aumenta na medida em que se exige maior rapidez no encaminhamento dos candidatos. 1.5.3 Seleção de Pessoal A tarefa da seleção é a de escolher e filtrar, entre os candidatos recrutados, aqueles que tenham maiores probabilidades de se ajustar aos cargos vagos. O objetivo básico da seleção é o de escolher e classificar os candidatos adequados às necessidades da organização. A seleção de recursos humanos pode ser definida amplamente como a escolha entre os candidatos recrutados, aqueles mais adequados aos cargos existentes na organização, visando manter ou aumentar a eficiência e o desempenho do pessoal, bem como a eficácia da organização. Todo critério de seleção fundamenta-se em dados e informações baseados na análise e especificações do cargo a ser preenchido. As exigências de seleção baseiam-se nas próprias exigências das especificações do cargo, cuja finalidade é dar maior objetividade e precisão à seleção do pessoal para aquele cargo. Modernamente, os critérios de seleção estão migrando para o conceito de competências. Neste caso, são as competências necessárias à organização que servem de balizamento para a escolha dos candidatos. 15 As exigências de seleção baseiam-se nas próprias exigências das especificações do cargo, uma vez que a finalidade destas é proporcionar maior objetividade e precisão à seleção das pessoas para aquele cargo. A seleção também é um processo de decisão e escolha e pode utilizar três alternativas de modelos: o de colocação, o de seleção e o de classificação. Em todos os casos, a seleção é uma responsabilidade de linha e uma função de staff. O primeiro passo da seleção consiste na obtenção de informações sobre o cargo a preencher (por meio da análise do cargo, da requisição de empregado etc.). O segundo passo consiste na obtenção de informações sobre os candidatos, por meio da aplicação de técnicas de seleção: como a entrevista, as provas de conhecimentos ou de capacidade, os testes psicométricos, os testes de personalidade e as técnicas de simulação. Assim, o processo de seleção pode encadear essas técnicas de seleção em estágios sequenciais (um, dois, três ou mais) dependendo da exatidão e precisão que se pretende alcançar.A avaliação dos resultados da seleção pode ser feita por meio de certos indicadores genéricos ou do quociente de seleção. A figura 4 ilustra o processo de seleção de pessoas desde o seu ponto de partida até a tomada de decisão. SAIBA MAIS Necessidade de uma abordagem sistêmica e estratégica Para ser reconhecido como um componente estratégico, o RH precisa integrar-se cada vez mais ao negócio da organização. Sabe-se que os custos relacionados com pessoal representam uma parcela significativa dos gastos totais, e os principais executivos estão preocupados com essa magnitude. Isso representa uma real oportunidade para os profissionais de RH. É preciso planejar as atividades de recrutamento e seleção em alinhamento com o negócio e proporcionar apoio e suporte à estratégia organizacional. Para tanto, o RH deve enfatizar os objetivos e resultados da empresa, participar das decisões estratégicas a fim de que o capital humano seja um forte diferencial e uma vantagem competitiva da empresa. 16 Figura 4 – Processo de seleção de pessoas Fonte: CHIAVENATO, Idalberto, 2009. 1.6 Leitura Complementar Gestão de Pessoas: a inovação nossa de cada dia By Carolina Resende Desde a origem da industrialização, o campo destinado ao gerenciamento de pessoas no ambiente de trabalho tem buscado inovar suas práticas e teorias. Sempre movido pelo propósito de conciliar os interesses organizacionais e os interesses dos funcionários. Porém, este tem se revelado um desafio complexo que coloca em xeque a capacidade humana de sustentar o mundo moderno pautado pela racionalidade iluminista (RESENDE, 2019). Inovar, segundo Druker (2016) é uma forma de explorar a inventividade de forma conectada com a mudança em curso na sociedade, criando produtos e serviços 17 que atendam às necessidades do mercado. Nessa perspectiva, o motor da inovação é um problema para o qual ainda não se tem solução. Desde Ford, Fayol e Maslow, a pergunta é recorrente: como fazer com que as pessoas da empresa busquem maiores resultados e alcancem a satisfação no trabalho? Chiavenato (2014), por sua vez, reitera que as organizações têm um propósito humano e são formadas e mantidas com base na existência de algum tipo de mutualidade. Significa dizer que é necessário haver uma espécie de conjugação complementar de interesses entre os participantes do processo produtivo, sejam eles sócios, empregadores, empregados, parceiros, prestadores de serviço ou ‘freela’. Portanto, o mundo corporativo se viabiliza de forma dialógica e a partir da constatação de que as organizações necessitam das pessoas e as pessoas também precisam das organizações. Esta equação, no entanto, não obedece à lógica linear e sofre a interpenetração dinâmica de inúmeros campos de força intrínsecos, extrínsecos e multifacetados. O problema maior incide no fenômeno de mutação dos fins em meios. De acordo com Dias (2016) a dura realidade das empresas consiste em lidar com as pessoas enquanto recursos, algo que a empresa dispõe para alcançar seus objetivos. De outro lado, o funcionário ainda entende o trabalho enquanto meio para ganhar um salário ao final de cada mês. A mudança em curso no hodierno tem pressionado o mercado rumo a uma espiral desenfreada, tornando a realidade cada vez mais competitiva e permanentemente assombrada pelo fantasma da exclusão, especialmente diante da incerteza e da fragilidade dos indicadores de futuro. Nesse contexto, a humanidade tem atualizado a tendência de fazer escolhas pautadas pelo medo em detrimento da esperança. O excesso de controle tem se revelado um limite em si mesmo. O ritual de monitoramento e avaliação, tem ocupado funcionários e gestores com atividades, indicadores e apresentações que, muitas vezes, ligam nada a lugar algum… uma vez, que as transformações rápidas e constantes, exigem adequações, atualizações e revisão de estratégias, que, muitas vezes, precisam romper com os padrões em vigor na organização. 18 Dias (2016) propõe uma inversão da pergunta central em termo da gestão de pessoas, com destaque para o desempenho: A falta de proatividade, por exemplo, precisa ser analisada e explicada como um sintoma. Ao invés de perguntar como fazer para despertar uma “atitude”, a pergunta correta seria do tipo “o que a empresa e seus gestores têm feito que está produzindo como resultado uma baixa frequência de busca de soluções diante de problemas do cotidiano”? (DIAS, 2016, p. 2) Seguindo esta lógica, o autor emparelha outros questionamentos, tais como: será que o que falta é trabalho em equipe? Será que mudar as pessoas é a solução? (DIAS, 2016). Essa visão reitera a importância da inteligência de dados para se chegar a saber em ponto/medida o processo da gestão de pessoas se conecta com o resultado da empresa. Segundo Hauck (2019), é preciso se basear em práticas, ferramentas e ações que auxiliam em tomadas de decisões cada vez mais inteligentes e assertivas. Nessa perspectiva, o mundo da gestão de pessoas tende a ser cada vez mais fisital, híbrido entre o físico e o digital, cujo fator de sucesso continua sendo a cultura baseada em valores amplamente compartilhados desde as lideranças até o ‘chão de fábrica’. É preciso criar uma linguagem comum, baseada em fatos e dados que funcionem enquanto evidências circunstanciadas, com abertura para o novo e flexibilidade para se adaptar às mudanças. Portanto, inovar em gestão de pessoas é embarcar humanidade na inteligência artificial, com seus aspectos, racionais, mas também afetivos e comunicacionais. Usar a tecnologia para conhecer a realidade e as pessoas para ser capaz de fazer novas perguntas e sonhar outros cenários possíveis e até mesmo incríveis. Ser estratégico hoje é fazer novas conexões e criar ambientes fisitais, colaborativos e bio inspirados, onde processos de in put e out put possam funcionar (ser incubados) de maneira simples e, simultaneamente, sistêmica, viável, ética e sustentável. 19 2 GESTÃO DE DESEMPENHO Todo trabalho exige desempenho. E todo desempenho precisa ser previamente planejado, organizado e liderado para então ser avaliado de acordo com determinados indicadores, padrões ou métricas. Desempenho (performance) é o conjunto de características ou capacidades de comportamento ou rendimento de uma pessoa, equipe ou organização. Ou, ainda, de seres vivos, máquinas, equipamentos, produtos ou sistemas, quando comparado com objetivos, indicadores, métricas, padrões ou expectativas previamente definidos. É o ato de executar, exercitar, cumprir uma determinada atividade. É a maneira pela qual pessoas, equipes ou organizações executam suas tarefas e atividades, e com isso criam valor e riqueza, alcançam objetivos organizacionais e promovem resultados excelentes. A gestão do desempenho humano implica planejar, organizar, liderar e controlar todo o fluxo da atividade organizacional em todas as áreas e em todos os níveis no sentido de garantir o alcance dos objetivos organizacionais e a entrega de excelentes resultados. 2.1 Revisão e Feedback de Desempenho Revisão e feedback do desempenho constitui uma apreciação sistemática do desempenho das pessoas e do seu potencial de desenvolvimento futuro. Toda avaliação é um processo para aferir ou estimular o valor, a excelência, as qualidades de uma pessoa que desempenha um papel dentro da organização. Trata-se de um conceito dinâmico, pois os colaboradores são, continuamente, avaliados de maneira formal ou informal. O processo funciona assim: 1) Planejamento: definição de metas e objetivos a alcançar entre colaborador e gestor. 2) Gestão do desempenho: etapa de execução das tarefas e atividades. 3) Supervisão e acompanhamento: do desempenho do colaborador por parte do gestor. 4) Revisão do desempenho: autoavaliação e avaliaçãopermanente do gestor com feedback em tempo real de resultados à pessoa. 5) Propósito: definição ou redefinição de metas e objetivos e planejamento do desenvolvimento da pessoa. 20 Além disso, a apreciação do desempenho constitui uma importante técnica de direção na atividade administrativa, pois representa um meio pelo qual se podem localizar problemas de execução, supervisão, integração, motivação, dissonâncias ou até de desaproveitamento de potencialidades das pessoas. A responsabilidade pela avaliação do desempenho é sempre do gestor ou líder de equipe, mas ela pode ser feita pelo gestor, pelo próprio colaborador (autoavaliação), pelo gestor e colaborador juntos, pela equipe em 360 graus, ou, ainda, por uma equipe de avaliação. Mas sempre o gestor precisa tomar conhecimento e decidir sobre ações corretivas ou assessórias a serem tomadas juntamente com cada pessoa avaliada. O desafio é: quem apresenta excelente desempenho gosta de ser avaliado, mas quem tem um desempenho medíocre nem sempre aprecia uma avaliação. O importante é oferecer feedback em tempo real a respeito do desempenho para que a pessoa possa saber exatamente onde pode melhorar, conhecer seus pontos fortes e fracos e planejar continuamente o seu progresso e desenvolvimento com o apoio do gestor. 2.2 Avaliação de Desempenho A avaliação de desempenho é um processo realizado periodicamente por um avaliador em relação a um avaliado. Esse processo é projetado para ajudar os trabalhadores a entender suas funções, seus objetivos, suas expectativas e o sucesso do seu desempenho. Uma das formas de medirmos a qualidade dos processos organizacionais é a avaliação de desempenho. Alguns autores estabelecem uma diferença entre avaliação e gestão do FIQUE ATENTO Executa-se a avaliação de desempenho quando deseja-se determinar o quanto o funcionário é eficiente na execução do trabalho (IVANCEVICH, 2008). 21 desempenho. Para eles, gestão do desempenho é um processo de criação de um ambiente de trabalho no qual as pessoas podem desempenhar o melhor de sua capacidade. A gestão de desempenho utiliza-se da avaliação de desempenho para traçar, implementar e acompanhar as ações que possibilitarão que os empregados melhorem seu desempenho. Esse tipo de avaliação tem por finalidade obter informações sobre o comportamento profissional do avaliado durante seu desempenho no trabalho, identificando oportunidades de melhoria, elaborando e desenvolvendo planos de ação em relação à estrutura geral, aos diferentes órgãos e ao trabalhador, utilizando-se de um processo constituído de métodos e técnicas. Quem avalia o desempenho dos funcionários? Existem algumas formas de gerir os funcionários em uma organização, porém, a forma de avaliar os indivíduos vai depender do estilo de liderança que a organização adota. O Quadro 1 mostra quem são os responsáveis pela avaliação. Quadro 1 – Responsáveis pela avaliação de Desempenho Fonte: OLIVEIRA, Luciano Oliveira de. 2017. 22 A avaliação de desempenho tem como principais objetivos: a medição da capacidade do indivíduo para realizar um determinado trabalho, a identificação de necessidades específicas de capacitação, identificação de problemas de ordem pessoal ou profissional que podem afetar o rendimento do indivíduo, adequação dos parâmetros de desempenho estabelecidos pelo cargo, comparando-os com o desempenho efetivo dos indivíduos, alinhamento dos objetivos individuais com os objetivos estratégicos da organização. 2.3 Principais Métodos Utilizados para Avaliar o Desempenho Muitos são os métodos a serem utilizados para avaliar o desempenho dos funcionários de uma organização, vejamos alguns: • Escalas gráficas (em forma de tabela, em que as opções são os fatores a serem avaliados e os graus possíveis da avaliação). • Escolha forçada (avaliação do comportamento do indivíduo com um conjunto de frases descritivas). • Pesquisa de campo (um dos mais completos, pois ocorre uma força-- tarefa entre gerentes e especialistas a fim de elaborarem entrevistas bem estruturadas). • Método dos incidentes críticos (técnica muito simples que objetiva avaliar os extremos positivos ou negativos do avaliado). • Listas de verificação (técnica semelhante à escala gráfica, mas simplificada). No entanto, outros métodos estão emergindo no contexto atual, como a avaliação participativa por objetivos (APPO). Essa avaliação tem como principais características a democratização no processo, a promoção da motivação e a participação ativa dos subordinados e gerentes, tornando-se, assim, mais envolvente. Essa avaliação de desempenho percorre os seguintes ciclos: 1) A formulação dos objetivos é feita de forma consensual. 2) O engajamento pessoal é realizado com vistas a alcançar os objetivos desenvolvidos. 3) A designação dos recursos e meios a serem utilizados para atingir os 23 objetivos é combinada com o gestor. 4) O desempenho propriamente dito do processo acontece. 5. O monitoramento constante dos resultados é realizado em contraste com os objetivos traçados. 5) A avaliação se desenvolve de forma progressiva, intensa e conjunta. Complementando esta nova forma de avaliar o desempenho, o professor Edwin A. Locke, da Universidade de Maryland – um dos grandes pesquisadores sobre teorias motivacionais – desenvolveu, em 1990, a teoria do estabelecimento de metas. Em sua pesquisa, ele chegou às seguintes conclusões: • O desempenho de cada indivíduo melhora quando os objetivos são mais difíceis, mas estes não podem ser impossíveis. • O desempenho se torna mais produtivo quando os objetivos são específicos, não vagos. • A aceitação dos objetivos aumenta quando os funcionários participam da construção de suas metas. • O conhecimento dos resultados melhora a motivação quanto aos objetivos (retroação das tarefas). • O funcionário deve estar capacitado para cumprir os objetivos. A capacitação promove a autoeficácia. • A motivação aumenta quando os funcionários participam da formulação e do estabelecimento dos objetivos. Esta medida de avaliar o desempenho das pessoas dentro da organização serve para aproximar o colaborador da cultura da empresa. Serve para aproximar e fortalecer o relacionamento entre gerente e subordinado e proporciona também o melhor desenvolvimento das pessoas que compõem a organização. Com os resultados da avaliação, o gestor tende a tomar decisões assertivas ao alocar as tarefas aos indivíduos, conforme suas habilidades. FIQUE ATENTO É muito importante vincularmos a avaliação dos funcionários às suas atividades, de forma esquematizada, para a avaliação ter credibilidade e validade. 24 Conforme os resultados apontados na avaliação de desempenho, torna-se mais fácil a construção de novos planejamentos e estratégias empresariais. Algumas empresas proporcionam até mesmo a gestão do desempenho de seus colaboradores, aplicando da melhor forma possível os talentos da sua organização. 2.4 Leitura Complementar A importância do autofeedback para o seu desenvolvimento pessoal Por Glaydson Gonçalves Silva Falando bem direto ao ponto, autofeedback é a nossa capacidade de autoavaliação e interpretação da realidade como ela é de forma objetiva, (sem entrar no mérito de discutir a teoria da relatividade), e agir de modo a tornar-se melhor do que era ontem. No processo de autofeedback você precisa compreender a importância de assumir as “rédeas” da sua vida, e nesse sentido, “ser melhor do que era ontem” significa ser melhor do que você mesmo. Podemos até nos inspirar em alguém ou modelar uma pessoa de elevado nível de desempenho, porém, comparar-nos aos outros é um erro. Entenda a utilidade do autofeedback O autofeedback pode ser útil tanto a quem ocupa posiçãode liderança, quanto ao liderado, e sendo mais profundo, todos nós assumimos certo nível de liderança, porque temos a responsabilidade de sermos líderes de nós mesmos. E acredite, se para muitos é um desafio liderar, estar à frente de pessoas, projetos ou alguma causa nobre, liderar o próprio comportamento e moldar nossas atitudes em relação à vida é o primeiro passo. Por isso o autofeedback é super importante e faz todo sentido, independente da sua condição de vida atual. 6 perguntas para aplicar o autofeedback O que eu fiz hoje me ajudou a aproximar do meu objetivo? 25 O que eu poderia ter feito diferente? O que eu preciso parar de fazer porque está me prejudicando? Qual comportamento está me ajudando? Qual comportamento está me atrapalhando? Diante de tudo isso, qual é o próximo passo que se eu der impactará minha vida de forma positiva? Se você for mais sinestésico (gosta do contato físico) ou visual (aprecia a forma), pode até desenvolver indicadores simples de desempenho e gamificar (aplicar os princípios de um jogo) seu processo de autofeedback. Será divertido. Benefícios obtidos ao aplicar o autofeedback Ao aplicar o autofeedback você conseguirá ampliar o autoconhecimento, desenvolver a disciplina, estimular a autoliderança, fortalecer a autoconfiança, valorizar seus progressos diários e aumentar a capacidade de relação interpessoal. Você pode aplicar o autofeedback diário, semanal ou mensal. Quanto mais consistente e realista, mais eficaz será o resultado. Outra atitude positiva é estimular as pessoas ao seu redor a praticarem o autofeedback e você pode até adaptá-lo focando em uma área específica, por exemplo: família, negócios, equipe, carreira, saúde, finanças, entre outras. Neste artigo, apresentamos o autofeedback como um importante instrumento na autoavaliação de desempenho. É importante que os gestores, coaches e profissionais em posição estratégica conheçam outras ferramentas de acompanhamento individual e coletivo baseadas em estudos científicos. https://materiais.rhportal.com.br/tofu-ebok-gamificacao-no-rh?__hstc=237478239.523c03d9d174da2ebdca51a33660440f.1562949790149.1565975097399.1565981762742.55&__hssc=237478239.5.1565981762742&__hsfp=2940524696&_ga=2.188782829.759419548.1565975092-369785167.1562866564 26 3 LIDERANÇA A liderança pode ser entendida como a capacidade que um indivíduo tem de influenciar outro ou um grupo de pessoas a atingirem determinados objetivos ou metas preestabelecidas. O líder deve oferecer um foco logicamente convincente e gratificante aos membros de sua equipe, os quais, por sua vez, buscam compreender as causas e consequências da atividade organizada. É de grande importância que o líder leve em consideração a necessidade de recompensa dos seus subordinados e que apresente um comportamento de intercâmbio entre os seus interesses e os interesses dos membros de sua equipe. É de suma importância que o líder elimine qualquer obstáculo que possa prejudicar o trajeto ao objetivo proposto. O líder deve orientar o grupo com ética e respeito, ajudando as pessoas a se desenvolverem e se tornarem melhores. No entanto, cabe salientar que, dependendo da maturidade e da evolução de seus liderados, o padrão global das ações do líder pode sofrer algumas alterações, as quais chamamos de estilos de liderança. Esses estilos representam uma forma de filosofia, ligada às habilidades e atitudes do líder na prática. SAIBA MAIS! Comportamentos apresentados por líderes eficazes Com o intuito de compreender melhor esses pontos de vista, James Kouzes e Barry Posner combinaram um conjunto de cinco comportamentos apresentados por líderes eficazes (BATEMAN; SNELL, 2012): • Contestam o processo (promovem mudanças e até questionam a cultura da organização). • Inspiram uma visão compartilhada (valorizam os valores das pessoas). • Capacitam os outros para a ação (incentiva a informação e oferece poder às pessoas para melhorarem seu desempenho). • São modelos (servem de exemplo para as outras pessoas). • São encorajadores (buscam a motivação constante das pessoas). 27 Os padrões de liderança adotados estão diretamente alinhados com três componentes do sistema: o gerente, a equipe e a situação. Alguns estudos de avaliação de comportamento dos grupos em função do estilo de liderança foram realizados, definindo três modelos de liderança: autocrático, liberal ou democrático. 1) Liderança autocrática. Modelo de liderança autoritária, ditatorial, geralmente estabelecido por um indivíduo irritável, brutal, colérico, egoísta, incapaz de compreender os outros. Esse tipo de liderança provoca revolta nas pessoas que formam a equipe de trabalho. Em alguns casos, as equipes submetidas a esse regime de liderança apresentam maior volume de trabalho, embora sejam verificados sinais de tensão, frustração e agressividade. Podemos citar o regime militar como exemplo de sucesso para esse estilo de liderança. 2) Liderança liberal ou lasseiz-faire: Tipo de liderança estabelecida, em geral, por uma pessoa insegura, que tem medo de assumir responsabilidades. Os funcionários fazem o que querem, gerando atritos e desorganização. As equipes submetidas a esse tipo de liderança não se saem tão bem quanto à quantidade à qualidade dos trabalhos, apresentando sinais de individualismo, insatisfação e pouco respeito ao líder. A empresa Google é um exemplo de organização no qual prevalece esse estilo de liderança. 3) Liderança democrática: Estilo de liderança em que os subordinados não são tratados como simples auxiliares, mas como colaboradores, e o líder procura concentrar sua atenção nas atitudes e nos interesses dos membros da equipe. As equipes submetidas a esse modelo de liderança não apresentam um nível quantitativo de produção tão elevado como quando submetidas à liderança autocrática. No entanto, fazendo uma comparação, a qualidade do trabalho é melhor e está acompanhada de um clima de satisfação, responsabilidade e comprometimento. Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, é um exemplo de líder democrático. 28 Figura 5 – Exemplo de líderes Fonte: OLIVEIRA, Luciano Oliveira de. 2017. 3.1 Estilos Emergentes de Liderança 3.1.1 Liderança Situacional Este estilo pode ser considerado como a junção dos estilos autocrático, democrático e liberal. Ou seja, o líder deve ajustar seu comportamento pessoal com os de seus subordinados de acordo com a ocasião. Sob o ponto de vista das forças do líder, esses ajustes favorecem a força dos subordinados e as forças da situação. 3.1.2 Liderança Servidora Neste estilo de liderança, o líder busca conhecer seus subordinados de forma individual, entendendo as limitações e potências de cada um, buscando desenvolvê- 29 las. É um indivíduo com algumas características peculiares que o tornam diferente, pois é uma pessoa que demonstra compromisso com os envolvidos do processo, busca cumprir as promessas feitas, busca a troca contínua de conhecimento com seus liderados, faz acontecer, delega responsabilidades com generosidade e incentiva a diversidade. 3.1.3 Liderança Carismática Estilo em que o indivíduo consegue promover um impacto, positivo ou negativo, em seus seguidores, através de suas habilidades pessoais. Essa liderança é baseada na confiança que os subordinados têm em seu líder. De acordo com alguns pesquisadores, a liderança carismática é a única que não pode ser desenvolvida em cursos e treinamentos por se tratar de uma construção pessoal, de acordo com a forma com que a pessoa cresceu e se desenvolveu. Um dos grandes exemplos de líder carismático que podemos citar é Jesus Cristo. 3.1.4 Liderança Transacional Liderança cujo enfoque principal é a transação. Ou seja, os líderes se relacionam com seus liderados através da trocade interesses, em que o líder oferece premiações pelos esforços realizados para atingir metas e objetivos traçados, ou punições, caso estes não sejam alcançados. 3.1.5 Liderança Transformacional Tipo de líder com capacidade de revolucionar o ambiente onde se encontra. É capaz de solucionar todos os tipos de problemas e conflitos e está em busca constante pelo desenvolvimento e pela motivação dos indivíduos de sua equipe. Pode ser considerado um líder coach. 3.1.6 Liderança Baseada em Valores Neste estilo, o líder aposta na diversidade, pois entende que cada indivíduo tem particularidades, talentos e diferentes experiências e saberes. 3.2 Fontes de Poder que Possibilitam aos Administradores Serem Líderes Eficazes 30 Os estilos de liderança que proporcionam a capacidade de influenciar um grupo de indivíduos, de fazer com que os envolvidos consigam atingir os objetivos organizacionais, estão diretamente ligados ao poder e à autoridade. O poder que um indivíduo exerce sobre outro, ou sobre um grupo, está diretamente ligado à influência que tem em relação aos demais. Quanto mais influência, mais poder! Dentro das organizações podemos encontrar o poder legítimo, chamado de autoridade, que se evidencia por meio de pessoas que ocupam os cargos de gestão: presidente, gerente, coordenador, ou seja, toda pessoa que desempenha um papel no qual existam subordinados ao seu redor, exerce algum tipo de poder. O poder dentro das organizações pode afetar o comportamento dos grupos, mesmo que estes resistam às ações e ao controle por parte dos líderes. Os poderes de recompensa, coerção e legitimação estão relacionados com o poder de posição, naquilo que o gestor é capaz de oferecer, enquanto que competência e referência são centradas na pessoa, na forma como o gestor é visto pelos outros. SAIBA MAIS Tipos de Poder Há estudiosos que apontam que um líder pode apresentar cinco tipos de poder dentro das organizações. São eles: • Poder coercitivo: refere-se à coerção, em que o liderado entende que pode ser punido pelo líder por suas falhas. • Poder de recompensa: relaciona-se à sensação emotiva ligada a incentivo, elogio ou apreciação que o liderado espera receber do líder. • Poder legitimado: relaciona-se com o cargo que o líder ocupa dentro da organização; esse tipo de poder é formal. • Poder de competência: tem por base conhecimentos, habilidades e atitudes que os liderados percebem no líder. • Poder de referência: refere-se aos traços de personalidade que o líder apresenta, como carisma. 31 Como podemos perceber, a forma de poder está diretamente ligada à posição que um indivíduo ocupa dentro de qualquer tipo de sociedade ou organização. 3.3 Formas de Desenvolver a Liderança O pensamento ideal para o sucesso das organizações é o de que todos os gestores devem desempenhar o papel de líder. Para a maioria dos pesquisadores sobre o tema, o gestor é o indivíduo que tem o papel fundamental de planejar, organizar, dirigir/liderar e controlar os recursos organizacionais (financeiros, humanos, tecnológicos, etc.), a fim de atingir objetivos específicos. Ou seja, o gestor é a pessoa responsável por fazer a empresa funcionar em todos os seus aspectos. O gestor lidera os recursos humanos de uma empresa a fim de que os objetivos dela sejam alcançados. Então, a liderança é parte importante no processo de administrar uma empresa. Administrar está na ação, no fazer as coisas acontecerem; liderar está na influência, na forma como o indivíduo conduzirá as pessoas no caminho para o sucesso. Por isso, podemos afirmar que nem todo gestor é líder, pois, se não tiver o poder de influenciar seus subordinados, não ocorre liderança. Figura 6 – Exemplo de líder Fonte: OLIVEIRA, Luciano de Oliveira. 2017. 32 Percebemos que a liderança não vem de berço, é construída no decorrer de nossas vidas, mediante experiências e desenvolvimento pessoal. Ao analisarmos os estilos de liderança tradicionais e os emergentes, alinhados com as novas tendências em administração de empresas, podemos identificar que existe um estilo principal neste universo da liderança: o transformacional. O líder transformacional está mais preparado para conduzir a equipe em direção ao pódio. O processo de liderança dentro das organizações percorre dois caminhos distintos, mas de alguma forma interligados: o caminho centrado nas tarefas (preocupação com as tarefas e seus resultados) e o centrado nas pessoas (preocupação com o desenvolvimento de sua equipe). O líder transformacional consegue cruzar esses dois caminhos, fazendo com que seus liderados, através do desenvolvimento, potencializem seus esforços com confiança e segurança na realização das tarefas, obtendo, assim, resultados eficientes e eficazes para a empresa. O líder transformacional consegue ser mais eficaz dentro de uma empresa por enxergar a organização de cima para baixo, estando ele em qualquer nível da pirâmide. 3.4 Leitura Complementar 4 motivos para sua empresa ter uma cultura de desenvolvimento de liderança Por Gilson Souza De acordo com pesquisas, 72% dos executivos de empresas consideram “muito importante” aumentar a capacidade dos líderes de sua empresa (por exemplo, expandindo seu pensamento e capacidades). No entanto, apenas 43% dos executivos da mesma empresa preveem investir em treinamento de liderança. Por que existe uma discrepância tão grande entre as empresas que desejam melhores líderes e sua vontade de investir neles? A resposta pode ser uma falta de entendimento sobre o valor do desenvolvimento de sua liderança. Para preencher essa lacuna, este artigo 33 oferece algumas informações sobre quatro aspectos do que é o desenvolvimento de liderança de equipes e como uma empresa pode se beneficiar disso. 1. Liderança ruim é cara Frequentemente, uma empresa pode se sentir pouco inclinada a investir dinheiro no desenvolvimento de sua liderança. Afinal, existem muitos outros departamentos e áreas de negócios (tecnologia, pesquisa e desenvolvimento etc.) que poderiam usar esse capital. Infelizmente, uma liderança fraca pode ser um grande esgotamento dos ativos de uma empresa. Aqui estão apenas alguns dos efeitos negativos da má liderança: ▪ Alta rotatividade de funcionários; ▪ Baixa lealdade dos funcionários ao negócio; ▪ Funcionários inflexíveis ou avessos à mudança; ▪ Funcionários desmembrados; ▪ Competências não desenvolvidas ou subdesenvolvidas; ▪ Baixa confiança e baixa produtividade; ▪ Conhecimento e experiência desperdiçados de trabalhadores veteranos; ▪ Má tomada de decisão; ▪ Mau atendimento ao cliente. Sim, desenvolver bons líderes exige um investimento de tempo e dinheiro, mas sua empresa simplesmente não pode arcar com os custos de longo prazo de uma liderança fraca. 2. A diferença entre treinamento de liderança e desenvolvimento de liderança Uma das razões pelas quais as empresas geralmente optam por não participar do desenvolvimento de liderança é que pode ser difícil visualizar ou medir os resultados de um programa desse tipo, levando alguns a acreditar que não funcionam. Antes de investir em qualquer programa, é essencial conhecer a diferença entre treinamento e desenvolvimento de liderança. O Treinamento de liderança é importante, mas geralmente pode ser unilateral, unidimensional, unidirecional e oferecer uma mentalidade de tamanho único. O treinamento se concentra na conformidade, manutenção e padronização. 34 Com esse tipo de sistema, pode ser quase impossível pensar fora da caixa, focar em necessidades futuras, desenvolver valores essenciais de liderança e aprimorar habilidades em todos os setores. Já um bom programa de Desenvolvimento de liderança ajudará a preparar seus líderes para lidar com obstáculos inesperados, adversidades, perdase até o próprio sucesso. O treinamento deliberado e metódico em todos os níveis permite que a organização desfrute de transições mais suaves quando as atividades de negócios mudam ou as funções de liderança mudam. Como o objetivo dos programas de desenvolvimento de liderança é preparar a próxima geração de trabalhadores para liderar os negócios, orientar e ajudar os funcionários a crescer mais cedo significará muito menos interrupções no sistema quando surgirem mudanças inesperadas. 3. É necessário um alto nível de apoio organizacional Não é incomum que as ações de um grande líder individual sejam recompensadas individualmente (ou seja, salário alto, bônus e outros agradecimentos). Isso resulta em comportamentos que impedem a colaboração em equipe e diminuem a probabilidade de lealdade dos funcionários. Para obter o verdadeiro desenvolvimento da liderança, é necessário um alto nível de suporte da sua organização, assim como uma visão coesa e compartilhada da direção que você está seguindo. Sem um senso convincente e uma clara articulação sobre qual curso seguir, os membros da equipe não aceitarão o plano e provavelmente se concentrarão em maximizar seu próprio sucesso, e não no sucesso da equipe. Ter um excelente relacionamento com a equipe e permitir que os membros se desenvolvam juntos cria um nível mais alto de conforto e confiança mútua. Essa é uma ferramenta poderosa que também pode se tornar uma vantagem competitiva significativa para a empresa. As equipes que são compelidas a trabalhar e realizar coisas juntas às vezes exigem uma mudança completa de cultura dentro da organização. Para que isso funcione, em vez do tiro sair pela culatra, todo executivo, gerente de nível intermediário e funcionário individual precisa sentir que são parte integrante de um 35 ambiente de trabalho que promove a comunicação abrangente, a expansão de talentos e o crescimento na carreira. Acima de tudo, seus líderes devem sempre manter padrões mais altos do que qualquer outra pessoa. 4. Um investimento em desenvolvimento de equipe de liderança compensa O andaime de um bom líder é composto por uma variedade de características que, quando desenvolvidas em conjunto, tornam-se um conjunto abrangente de habilidades e valores altamente desejados, como: ▪ Domínio do assunto; ▪ Uma compreensão firme da realidade; ▪ Capacidade comprovada de se comunicar bem; ▪ Habilidades auditivas e compreensão de pistas não ditas; ▪ Capacidade de inspirar funcionários a aumentar seu moral; ▪ Um senso de justiça bem desenvolvido; ▪ Autenticidade, sinceridade e transparência; ▪ Inclusão e respeito; ▪ Iniciativa e assertividade; ▪ Reconhecimento dos pontos fortes e talentos de outras pessoas; ▪ Reconhecimento de suas próprias fraquezas e erros; ▪ Decisão; ▪ A capacidade de atrair e reter talentos; ▪ A capacidade de lidar com eventos críticos ou drásticos. De acordo com todos esses dados, você há de concordar que, investir em desenvolvimento de liderança só tende a contribuir para o crescimento de sua equipe, produtividade e negócio. Coach Gilson Souza Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Carvalho, Antônio Vieira de, Administração de recursos humanos / Luiz Paulo do Nascimento, Oziléa Clen Gomes Serafim. - 2. ed. rev. - São Paulo: Cengage Learning, 2012. Chiavenato, Idalberto, – Planejamento, recrutamento e seleção de pessoal: como agregar talentos à empresa – 7. ed. rev. e atual. – Barueri, SP: Manole, 2009. Chiavenato, Idalberto, - Recursos humanos: o capital humano das organizações / Idalberto Chiavenato. – 11. ed. – São Paulo: Atlas, 2020. Ivancevich, John M. Gestão de recursos humanos [recurso eletrônico] / tradução Suely Sonoe Cuccio; revisão técnica Ana Maria Valentini Roux; revisão jurídica Helane Cabral. – 10. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: AMGH, 2011. Marques, José Carlos. 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