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W BA 02 52 _V 2. 0 PRÁTICA PEDAGÓGICA E PROCESSOS COGNITIVOS 2 Luiza Cristina de Azevedo Ricotta São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2022 PRÁTICA PEDAGÓGICA E PROCESSOS COGNITIVOS 1ª edição 3 2022 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Head de Platos Soluções Educacionais S.A Silvia Rodrigues Cima Bizatto Conselho Acadêmico Alessandra Cristina Fahl Ana Carolina Gulelmo Staut Camila Braga de Oliveira Higa Camila Turchetti Bacan Gabiatti Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Coordenador Giani Vendramel de Oliveira Revisor Juliana Zantut Nutti Editorial Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Márcia Regina Silva Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ Ricotta, Luiza Cristina de Azevedo Prática pedagógica e processos cognitivos / Luiza Cristina de Azevedo Ricotta. – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2022. 32 p. ISBN 978-65-5356-265-3 1. Aprendizagem. 2. Habilidades. 3. Avaliação. I. Título. CDD370 _____________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB: 010289/O R541p © 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. https://www.platosedu.com.br/ 4 SUMÁRIO Apresentação da disciplina __________________________________ 05 O Cérebro, o Pensar e a Produção do Conhecimento ________ 07 Estilos e Modelos de Aprendizagem __________________________ 18 Estratégias Cognitivas e Metacognitivas ______________________ 31 Relação Ensino-Aprendizagem e Avaliação dos Processos Cognitivos ____________________________________________________ 40 PRÁTICA PEDAGÓGICA E PROCESSOS COGNITIVOS 5 Apresentação da disciplina Esta disciplina apresenta aos estudiosos do tema estilos e estratégias de aprendizagem, a metacognição que, além de ocorrer de distintas formas, desperta e desenvolve recursos, habilidades e o potencial de cada aprendiz, favorecendo melhores possibilidades ao aprender de cada um, e permitindo se autoavaliar pela ampliação da capacidade de responder aos estímulos, diante de contextos e situações. O funcionamento cerebral produz conexões pelas células nervosas que, ao se conectarem com outras, formam uma grande rede por meio das sinapses, nas quais o indivíduo processa as informações que colhe do ambiente. Com essas conexões é possível comparar, pensar, se emocionar, fazer escolhas e memorizar, além de outras funções possíveis no universo vasto que é a mente humana. E isso é fantástico! Essa grande rede de circuitos cerebrais, as chamadas redes neurais, são os registros das experiências que servem de estímulo para a ocorrência da aprendizagem: o desenvolvimento linguístico, a fala, bem como a escrita e tudo o que envolve a produção do pensar (analisar, observar, comparar, refletir). A disciplina também expõe como ocorrem os processos metacognitivos, nos quais a consciência do conhecimento e a reflexão acerca do modo de pensar são capazes de possibilitar novas compreensões e, consequentemente, a expansão do conhecimento, expressos na capacidade de o indivíduo ter um repertório maior de respostas, poder ser criativo de acordo com o contexto, criando alternativas para situações diferentes, bem como avaliar a aprendizagem. 6 Abordaremos algumas ideias da psicologia cognitiva que nos trouxeram uma concepção ampliada da função da inteligência, o seu processamento e o modo como atua pela curiosidade, além dos demais estímulos e da motivação para as mais variadas formas de aprender possíveis ao indivíduo. O conhecimento faz parte da vida humana, atende aos interesses de cada sujeito e é produzido por meio das aprendizagens significativas. Isso implica compreender que há sempre uma utilidade para o conhecimento, para que ele possa ser eficiente e cumprir seu propósito de emancipar pessoas, gerar autonomia e novos pensares (metacognição). Serão quatro tópicos apresentados: 1) o cérebro, o pensar e a produção do conhecimento; 2) estilos e modelos de aprendizagem; 3) estratégias cognitivas e metacognitivas; 4) a relação ensino-aprendizagem e avaliação dos processos cognitivos. Bom estudo! 7 O Cérebro, o Pensar e a Produção do Conhecimento Autoria: Luiza Cristina de Azevedo Ricotta Leitura crítica: Juliana Zantut Nutti Objetivos • Apresentar as características do funcionamento cerebral. • Identificar o pensar como parte do processo do aprender. • Apontar a importância dos processos metacognitivos na aquisição do conhecimento. 8 1. O cérebro, o pensar e a produção do conhecimento Muitos estudos relacionados ao cérebro são motivo de interesse de professores, pesquisadores e estudiosos interessados nos temas da Neurociência e da Neuropedagogia, pois sempre se está desvendando algo interessante e que contribui diretamente para o estudo da Neurociências, área que se relaciona ao comportamento humano. Então muito se descobre acerca do funcionamento cerebral e suas infinitas possibilidades, a começar pelo pensamento, que é a forma pela qual o processamento das informações é feito. E quando essas informações se tornam aquisição de conteúdo e informações para o indivíduo, podemos entender que há o conhecimento formulado, fazendo parte do acervo do pensar para concluir respostas e ações necessárias de acordo com os desafios vividos, sejam da aprendizagem propriamente dita, bem como aplicações para a vida prática que demandam da pessoa um processamento das informações. Esse processamento vai contribuir diretamente com a capacidade do indivíduo de responder às situações da vida, devido ao modo como essas formas são armazenadas e à maneira de perceber em que situações podem ser utilizadas, observando-se a questão da circunstância, da adequação da conduta, da necessidade e da finalidade. Assim, as informações dão suporte ao indivíduo na sua vida, na aprendizagem de novos saberes diante das realidades, e na criação de um acervo tal que se torna um patrimônio daquela pessoa, incluindo os acervos intelectual, perceptual, ambiental, circunstancial e fisiológico, entre outros. A disciplina Prática Pedagógica e os Processos Cognitivos podem ser úteis na vida do profissional que faz uso do conhecimento na sua gestão e na gestão da informação, bem como na condução do seu processo 9 de aprendizagem, aplicando de forma criativa a cognição, com recursos inovadores, e permitindo que o aprender resulte na melhor destinação para os conceitos a serem aplicados na vida. De acordo com Rodrigues (2018) os estudos feitos por Luria (1902-1977) apontam a divisão do cérebro em unidades, dispostas em ambos os hemisférios (esquerdo e direito). A primeira unidade encontra-se na face medial do cérebro, entre os dois hemisférios, e é responsável por funções vitais e musculares (controla o funcionamento dos órgãos, os reflexos como sono, fome, vigília etc. e as partes motoras, como força muscular, sensibilidade e tônus). O hemisfério direito é predisposto ao funcionamento das operações da racionalidade, da disciplina e da coerência mental. Já o hemisfério esquerdo é predisposto às emoções e sentimentos, a um pensamento reflexivo envolvido com a dimensão emocional do sujeito. Ambos organizam a estrutura da função mental, equilibrando razão e emoção. As teorias cognitivas começaram a ser investigadas após os estudiosos do behaviorismo nãodarem conta de explicar todas as ações do homem. Assim, de acordo com as teorias cognitivas, o ser humano busca informações o tempo todo. Nesse contexto, os processos cognitivos mostram como o ser humano aprende, ou seja, como faz uso das concepções de atenção, percepção e memória. Esse aprendizado refere- se à forma como ele dirige suas ações para alcançar seus objetivos, baseado no conhecimento metacognitivo e em experiências anteriores. Logo, quando falamos em processo cognitivo, devemos levar em conta a interação entre os seres humanos e o ambiente em que estão inseridos, seja físico ou seja social. A metacognição é um processo que envolve o aprender a aprender, adotando estratégias para a aquisição do conhecimento, monitorando o seu modo de pensar e o de aprender diante dos desafios que vão surgindo mediante necessidades, vivências e circunstâncias, pois elas são o recurso pelo qual a pessoa toma decisões, conclui ideias, 10 conceitos e formas de pensar. Assim, o conhecimento advindo disso gera autonomia à pessoa e lhe dá elementos para pensar em novas e mais evoluídas soluções. O conhecimento em si é uma estrutura vasta e ganha amplitude na vida do sujeito ou aprendiz toda vez que este se encontra curioso diante de uma realidade e necessita contar com o seu repertório de respostas – sejam estas tarefas de aprendizagem como aquelas situações que dão sentido e significado para o campo das atitudes, a formação de valores humanos, morais e sociais, na seleção de estratégias de memória mais adequadas para cada situação, oferecendo economia de tempo e melhor aprimoramento do conhecimento adquirido. O processo da metacognição ocorre em três etapas: planejar, monitorar e avaliar. O caminho do pensamento do aprendiz envolve uma estratégia que está sendo adotada, e isso implica a adoção de recursos cognitivos (da inteligência e que estão associados diretamente à capacidade de aprender) para se chegar a um determinado fim. O modo pelo qual se percorre um trajeto, tem a finalidade de alcançar novas cognições oriundas do movimento intelectual que é estimulado a se desenvolver. Há distinções entre as estratégias cognitivas e metacognitivas: a. Estratégias cognitivas: proporcionam o conhecimento dos passos a serem seguidos em vista de um aprendizado, e podem ser monitoradas. É o modo como o aprendiz se propõe à aprendizagem com finalidade de compreender e envolver-se em um tipo de cognição relacionada ao trajeto percorrido. A busca do resultado está no aprendizado. b. Estratégias metacognitivas: são resultado da reflexão cujos atributos pessoais configuram um estilo cognitivo próprio. A atividade é consciente e pode ser relatada. Podem também promover processos inconscientes que se configuram no aprendizado de algo novo, que não se esperava, sendo o indivíduo surpreendido com um resultado diferente. O professor prepara 11 o educando/aprendiz para fazer cumprir o automonitoramento e planejar suas atividades. O professor também multiplica as opções e possibilidades de investigação, podendo se antecipar às consequências de suas escolhas. A estratégia reguladora da aprendizagem apresenta resultados para diversos tipos de conhecimento, como a matemática, ciências e leitura, auxiliando os professores a criarem outras formas estratégicas para favorecer a apreensão dos diversos conteúdos disponíveis. A estratégia reguladora é o resultado da reflexão associada aos atributos pessoais, o que configura determinado estilo cognitivo que prossegue, adotando atividades que sejam passíveis de monitoramento, de evolução crescente e, por isso, tornam-se mais eficazes quanto ao aprendizado consciente e inconsciente. Envolve saber o que se sabe e reconhecer o que não se aprende. Na metacognição o aprendizado está relacionado ao pós- compartilhamento, em que todas essas contribuições promoverão uma série de insights (descobertas que são percebidas pela ocorrência da ação cognitiva). Podemos perceber isso como aquela conversa interior que nosso pensamento produz e estabelece novas conexões, associações e deduções. Trata-se da reflexão, que tem importante papel para que saibamos onde e como utilizarmos o aprendido em novas situações e contextos. Com a ocorrência de sinapses, conexões nervosas que ocorrem à medida que nosso cérebro é exposto à situação de aprendizagem, ocorre a metacognição – o desencadeamento de novas compreensões feitas à medida que o pensar rastreia, analisa, compara, desvenda, faz leituras novas e torna o que antes era aprendido em uma nova aprendizagem, que não cessa ao formar um conceito, prosseguindo em novas compreensões que a realidade percebida lhe aponta. Para o aprendiz ou sujeito aberto à aquisição do conhecimento, faz parte do processo do pensar associar ideias e inter-relacionar ações passadas com as do presente, e realizar projeções futuras. Assim, ele 12 fica mais predisposto à evolução do pensar e da reflexão como ponto de partida para seus progressos metacognitivos. A oportunidade que o aprendizado possibilitará quando consolidado (adquirido) pelo aprendiz/sujeito é poder planejar, organizar e estruturar ações diante de novas possibilidades de ações, para que chegue a um resultado – o que é entendido como ser capaz de monitorar o caminho que o pensamento faz para que se aprenda novos conhecimentos. Representa a capacidade de evoluir no pensamento como estratégia para a produção de melhores respostas diante dos desafios do aprender e da produção de novos saberes pela experiência. O ponto é que, o que é aprendido torna-se base para novas aquisições; seja para estabelecer um caminho que funciona e dá certo, seja para novas situações de aprendizado não previstas e que possibilitarão uma nova compreensão, podendo propiciar um novo resultado. Há duas mudanças no desenvolvimento que contribuem para a aquisição da metacognição (conhecimento que evolui para o próximo nível – que se transforma em aquisição, acervo intelectual): • O desenvolvimento do self (seu mundo interno, que representa o eu), como um agente facilitador da cognição, pois tudo faz sentido quando a pessoa está envolvida em si e no seu processo de aquisição. O self é o local do controle interno pessoal, no qual é possível monitorar e regular as próprias atividades cognitivas. • O aumento da capacidade de planejamento. O self associa os elementos pessoais na intenção e predisposição da aprendizagem como sendo específicas daquele indivíduo e, com isso, é possível se organizar e planejar a ação antes de iniciar a tarefa em si, nos seus ajustes necessários e nas revisões a fim de se verificar os resultados. 13 Os estudiosos do tema apontam que a prática da metacognição conduz a uma melhoria da atividade cognitiva e motivacional, potencializando o processo de aprender, com a noção do que foi aprendido e do que não compreendeu. Pela monitoração, o sujeito tem consciência das estratégias das quais pode lançar mão, assim como das que conhece bem e das que não tem conhecimento e que aprenderá como resposta de potencial mais elevado. De alguma forma, podemos entender que a metacognição pode ser um objetivo de uma mente que pretende estar preparada para algo que ainda não conhece nem sabe, mas que permanece em evolução. A metacognição evidencia o uso da inteligência e tende a ampliar não somente a sua visão de mundo, mas também a maneira de compreender e dele participar por meio das suas ações, de seu trabalho e da capacidade expressa nas habilidades que passa a desenvolver. Outro aspecto relevante para compreendermos os processos metacognitivos está na sua contextualização que podemos entender como ambiente. E o que representa o ambiente da aprendizagem? Essa é uma pergunta que se faz necessária a fim de identificar tudo aquilo que compõe a realidade que nos cerca e que propicia o aprendizado, o estímulo para o desafio da aprendizagem. É também um modo de reconhecer qual estratégia será aplicada no monitoramento.Todo tipo de aprendizado está associado ao seu ambiente e às diversas funcionalidades e propósitos. O ambiente remete ao momento de fazer uso dessa ou daquela ação. Na metacognição, os novos identificadores auxiliam a permanecer evoluindo, o que entendemos por inovação em aprendizagem. As novas referências, bases atualizadas do conhecimento já adquirido e que vão sendo incorporadas por meio de novas situações, aumentam a capacidade e a competência. 14 Duas pessoas distintas, mas capazes igualmente, apresentarão diferenças em termos de resultados que obterão de seus aprendizados. Vamos apontar, como exemplo, o interesse cultural. Se o indivíduo A gosta de atividade cultural e faz visitas regulares a museus em várias cidades ou países, certamente essa prática aumenta seu espectro de conhecimento relacionado ao assunto e ao ambiente “museu”, bem como ao tipo de experiência que obtém dessa realidade. É esse gosto ou preferência que proporciona tomar atitudes e decisões a fim de se expor a essas experiências que lhe proporcionam aprendizado e satisfação. Perceba que um ambiente específico é capaz de promover tais estímulos, mas se não houvesse tal interesse construído, o indivíduo A, em suas viagens e passeios, não dedicaria seu tempo nem investiria financeiramente neste interesse. Suas ações identificam um processo metacognitivo, um direcionamento para onde dirigir sua atenção e lhe oferecem potencialmente o continuísmo desse interesse. Vamos aprendendo a dar novos sentidos às coisas conhecidas que vivemos, e com isso interferimos qualitativamente em nossas tomadas de decisão, pois já temos conhecimento do que funciona ou leva a determinado objetivo. O mesmo critério – no caso, o cultural – poderá se expressar de forma diferente no indivíduo B, e conduzirá sua conduta em relação a experiências que tenham uma proporção que lhe atenda. Se a aquisição do conhecimento é um processo intransferível, podemos compreender a razão do uso de estratégias metacognitivas surtir efeito distinto em pessoas diferentes. O indivíduo B gosta de cultura e de museus, e a sua maior referência em termos dessa vivência é passear em sua cidade natal e conhecer o único museu que existe na localidade. Isso também desenvolve ações pertinentes a essa preferência. Naturalmente, ele é sensível tanto quanto o indivíduo A ao tema “museu”, e apesar de ter uma menor referência acerca do assunto, certamente vai mobilizar interesse por leituras de museus do mundo todo, por exemplo. As referências podem ser diferentes, uma mais ampla que outra; no 15 entanto, ambos, A e B, buscarão estímulos que tenham retorno, mediante suas preferências e gostos. Quanto mais o indivíduo incide em processos metacognitivos, mais a autoconfiança se amplia e transforma-se em um interesse e em uma tendência. Buscando mais do tem, ele tenderá a observar aspectos novos que aumentarão suas referências de determinado assunto. Assim, o resultado tem efeitos amplos. Pessoas que assimilam o aprendizado de formas diferentes apontam que elas utilizam o processo de pensar a respeito do conhecimento aprendido de formas diferentes e, destarte, obtêm resultados distintos, podendo A sair-se melhor que B por alcançar melhores resultados, e por seu conhecimento sobre museus ser mais eficiente e eficaz. A metacognição tem por princípio impulsionar o indivíduo a uma conduta, a assumir características, pois estas o definirão. É analisada pela apresentação das condutas, das respostas que são formuladas e pelos desafios vividos. Os professores são autorreguladores, auxiliando neste processo de gerar metacognições, principalmente quando se trata de crianças menores e que precisam dessa interlocução. Os educadores podem garantir a realização dos projetos pessoais de cada um, auxiliando-os a se planejarem e se organizarem para concluir seus objetivos. Sua função está em ampliar as alternativas possíveis e antever os resultados para os alunos, sendo mediadores na aprendizagem. 1.1. Aquisição e armazenamento do conhecimento O pensamento conduz a conclusões, ao emprego de estratégias como forma de ampliar o conhecimento e o entendimento de sua utilidade; ao modo pelo qual propicia a compreensão dos conceitos e com isso estes são armazenados. 16 Em suma, o processo de aquisição do conhecimento passa pela metacognição, e seus objetivos são: • Abrir espaço para novos estudos das diferenças individuais em relação ao próprio rendimento, devido à maneira como cada um atua na atividade, e a fatores pessoais. • Evidenciar os tipos de estratégias diferentes para cada tarefa. • Permitir ao indivíduo avançar na sua competência, mantendo-o em movimento intelectual constante. • Ter como propósito a elevação de eficácia em aprendizagem. • Garantir a autonomia do aprendiz/sujeito para agir. • Aprender estratégias cognitivas e metacognitivas que permitam ao educando planejar, organizar e monitorar seu aprendizado, além de tomar consciência do que é aprendido e decidir qual estratégia fazer uso. A metacognição tem como base aprender a aprender e a conhecer as estratégias que serão utilizadas para aprender. A memória, que representa a armazenagem das informações, também é estudada. De acordo com o modelo da psicologia cognitiva, a memória está dividida em codificação, armazenamento e recuperação (quando é acessada para algum fim ou objetivo). Segundo Lopes (2020), a codificação consiste na representação mental que ocorre no decorrer da aprendizagem, transformando as informações e os estímulos em um código neural. O armazenamento consiste na retenção da informação que foi codificada. A recuperação é fase em que se busca as memórias que foram armazenadas. 17 A memória faz parte do processo de aprendizagem, e existem muitos estudos que tratam dessa base neurobiológica, pois ela pode ser devidamente estimulada para que a plasticidade cerebral se desenvolva, o que possibilita mudanças de hábitos, e aquisição de novos comportamentos mais apropriados em determinadas circunstâncias. De acordo com o modelo da psicologia cognitiva, a memória está dividida em codificação, armazenamento e recuperação. Segundo Lopes (2020), a codificação consiste na representação mental que ocorre no decorrer da aprendizagem, transformando as informações e os estímulos em um código neural. O armazenamento consiste na retenção da informação que foi codificada. A recuperação é a fase em que se busca as memórias que foram armazenadas. A memória faz parte do processo de aprendizagem, e existem muitos estudos a respeito dessa base neurobiológica, pois ela pode ser devidamente estimulada para que a plasticidade cerebral se desenvolva. Finalizando, os processos cognitivos relacionados à aprendizagem continuam evoluindo, com estudos que abordam o cérebro como algo “em branco”, que adquire conhecimentos e outras fontes que apontam a importância da interação para que a aprendizagem ocorra. O aprendizado se torna uma aquisição de registros e impressões pelos estímulos que provêm do ambiente, das tarefas pedagógicas e da vivência cotidiana, o que implica entender que o aprendiz está exposto a situações e contextos que promovem o conhecimento. Referências FERREIRA, M. G. R. Neuropsicologia e aprendizagem. Curitiba: Intersaberes, 2014. LOPES, A. C.S. Neuropsicopedagogia. Curitiba: Intersaberes, 2020. RODRIGUES, A. C. L. TDIC e os processos cognitivos. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso, Secretaria de Tecnologia Educacional, 2018. 18 Estilos e Modelos de Aprendizagem Autoria: Luiza Cristina de Azevedo Ricotta Leitura crítica: Juliana Zantut Nutti Objetivos • Analisar os aspectos básicos dos modelos de aprendizagem. • Identificar a aprendizagem cognitiva de Jerome Bruner. • Apresentar a aprendizagem por observação ou imitação de Bandura. • Analisar a aprendizagem experiencial de David Kolb e a aprendizagem mediada de Reuven Feuerstein. 19 1. Estilos e Modelos de Aprendizagem A relevância dosestudos genéticos relacionados à capacidade do aprender torna a biologia imprescindível para a compreensão das muitas indagações decorrentes da evolução das formas e estilos de aprendizagem. O estudo do cérebro tem tido destaque nas modernas metodologias a fim de extrair um desempenho maior e melhor. Sendo o cérebro o locus no qual ocorrem os processamentos internos de aprendizagem, cognitivos e metacognitivos, com sua capacidade de desenvolver correlações e estabelecer associações que venham a contribuir com novas sinapses neuronais, o que resulta na chamada expansão de consciência-visão ampliada acerca de um assunto ou tema. É possível observar, nos modelos e estilos apresentados à frente pelos autores e pesquisadores a seguir, como cada um deles ressalta um aspecto, corroborando com a premissa de que existem maneiras diferentes no modo que as pessoas aprendem. E cada modelo aponta a natureza da aprendizagem de pontos de vista diferentes. Entretanto, alguns neurocientistas dizem que esses modelos não são válidos como teoria científica, porque não podem ser testados de maneira rigorosa. No entanto, o que fortalece tais modelos é a experiência da aprendizagem, e é possível observar, tanto por parte dos educadores como dos aprendizes, cada qual em sua função, a veracidade destes estilos. Vamos a eles: 1.1. Aprendizagem cognitiva de Jerome Bruner A psicologia cognitiva compreende que as pessoas ou sujeitos constroem “representações da realidade”, reguladas por princípios da aprendizagem. O epistemólogo Jean Piaget, nascido em 1896 e precursor da Teoria Desenvolvimentista Cognitiva na observação de crianças em situações de dificuldades com a aprendizagem, seguiu para as bases de um modelo de ensino construtivista, e o psicólogo David Ausubel, nascido em 1918 e 20 seguidor das ideias de Piaget, voltou-se para o estudo da aprendizagem significativa e do conceito de “organizador prévio” como uma forma de estabelecer uma aprendizagem anterior, que se tornou o modelo de sala de aula invertida. Jerome Bruner, outro importante autor desta corrente da Teoria Cognitiva estabeleceu ênfase nos processos de aquisição do conhecimento, partindo de um modelo interativo e privilegiando a “aprendizagem pela descoberta” de forma autônoma e orientada. Para Bruner, o professor assume o papel de facilitador e de interlocutor e dinamizador de situações de aprendizagem. O processo de ensino e aprendizagem realiza-se por meio do envolvimento dos estudantes em projetos, nos quais há oportunidade para a construção do conhecimento. Os modelos interativos privilegiam o desenvolvimento de relações sociais na sala de aula, quer como objetivo, quer como metodologia, e estão quase sempre relacionados com modelos ideais de sociedade – inclusive dando suporte para suas futuras inserções sociais em outros grupos (familiar, amigos etc.). Segundo Bruner (1976), o homem, para tentar entender seu mundo, faz uso de estratégias de comportamento, reconhecendo, continuamente, regularidades dentro da complexidade dos fenômenos. A partir disso, forma conceitos estratégicos que vão sendo assimilados e sedimentados, permitindo influir sobre o seu meio. O autor observou, também, em suas pesquisas com crianças, que cada indivíduo assimila a informação em tempos e ritmos diferentes de acordo com seus respectivos potenciais e capacidades. A Teoria de Aprendizagem do Desenvolvimento Cognitivo, na visão de Bruner, valeu-se da divisão entre faixas etárias infantis, e diferentes tipos de desenvolvimento podiam ser observados nos variados estágios do desenvolvimento intelectual da criança. Aponta ele que se deve usar a fase de desenvolvimento da criança para fazê-la aprender, induzindo-a a participar ativamente de seu processo de aprendizagem, com questões desafiadoras em um ambiente que proporcione a ela usar conhecimentos já adquiridos (estratégias previamente conhecidas) 21 para resolver novas situações e problemas que se apresentem. O estudante aprende quando filtra e transforma as novas informações, sugere hipóteses e é capaz de tomar decisões utilizando uma estrutura cognitiva. As estratégias de aprendizagem estão diretamente ligadas à metacognição, a qual possibilita ao aluno refletir, avaliar, construir e reconstruir seu próprio conhecimento. Constata a importância da observação e percepção da realidade, do meio ambiente e de nossa cultura, mas também do papel decisivo do professor, que deverá estimular os educandos para a descoberta, criando situações-problema que os façam pensar e analisar, inteirando-os no processo, mas, sobretudo, encontrando ou proporcionando uma metodologia que facilite a aprendizagem das crianças, com uma linguagem acessível para sua compreensão e assimilação. Destaca-se a motivação, um tipo de comportamento que une o sujeito a um objetivo. Pode haver motivações inatas e motivações adquiridas, assim como motivações internas ou intrínsecas, e motivações externas ou extrínsecas. Os estudos de Bruner (1976) conferem ênfase à linguagem como o principal meio de representação simbólica da realidade, tanto concreta quanto abstrata, em que a criança começa a dominar os símbolos linguísticos e passa a entrar em contato com a comunicação oral e escrita, abandonando os tipos de representações ativas e visuais por ela já utilizados. Os estudantes, pela motivação, envolvem-se com a tarefa ou atividade, pela coerência entre suas crenças e seu modo de agir. Muitas situações são comunicadas pela expressão facial e são, inclusive, pistas para o educador ter o retorno da situação aplicada, podendo, com isso, intervir, guiar e direcionar a aprendizagem para uma mais satisfatória. Os conceitos de prontidão e de aprendizagem em espiral são contribuições do autor para a teoria da aprendizagem. Prontidão é toda disposição para a aprendizagem, associada à utilização de uma estratégia, tanto por parte do educador como do educando. Ambos serão estratégicos nas formas de conduzir o seu processo: o educador facilita, por vezes inspira e até medeia os temas para que 22 o aprendizado seja bem-sucedido. Já para o educando, é a estratégia para colocar-se diante do seu trajeto mental, compreendendo que o conhecimento encadeado proporciona e a direciona a um entendimento maior. O conceito de aprendizagem em espiral pode ser entendido como um desenvolvimento em estágios ou níveis, ocupando-se de uma compreensão qualitativa em cada etapa, e os conhecimentos poderão ser revistos, oportunizando uma compreensão mais evoluída. 1.2. Aprendizagem por observação ou imitação de Bandura A perspectiva de Albert Bandura integra outras duas abordagens, conforme nos apresenta Lefrançois (2017): • O condicionamento operante, que tem como foco o processo da atenção concentrada, a retenção de conteúdo e a reprodução deste conteúdo (capacidade de produzir o comportamento observado), e o processo da motivação e dos componentes simbólicos, modelagem inibição-desinibição e eliciação. • A abordagem cognitiva, focada na capacidade do indivíduo/sujeito de simbolizar e fazer antecipações de seu resultado, havendo o controle do comportamento pelo estímulo (comportamentos condicionados), pelo resultado (aprendizagem operante) e pelo simbolismo (atividades do pensamento e da imaginação). A Teoria Social Cognitiva de Bandura, de acordo com Lefrançois (2017), apresenta o conceito de pensamento autorreferente, o que envolve os nossos processos mentais, as próprias avaliações do indivíduo, decisões e estratégias, bem como o próprio esforço a ser empregado no desafio, visando a antecipação das consequências do comportamento. Aponta um ser em evolução constante e capaz de se autodeterminar inclusive para respostas, caso seja um indivíduo com maior propensão para tal, ou tenha maior disposição e motivação para o entendimento 23 dos campos de forças que interatuam nas esferas psíquica, ambiental externa e da conduta propriamente (seu modo de lidar com a situação)que, de algum modo, é uma condução proativa do resultado, sabendo que se lidar de determinada forma terá mais chances, por exemplo, de obter melhor resultado, e se for por outro caminho poderá contrariar aspectos do ambiente ou do contexto. O comportamento do professor/educador e dos colegas representa o modelo de atitude no qual há o processo da maior identificação do aluno com alguns, de menor identificação com outros. O mesmo ocorre com as demais pessoas do convívio familiar e social do aluno, e com aquelas com quem desenvolve a afetividade, o que faz com ele procure imitar comportamentos de pessoas que mais valoriza e aprecia. Esta visão contribui tanto para incentivas os aprendizes para as condutas positivas e desejáveis como para repelir e eliminar comportamentos desviantes, no caso de punições que desencadeiam uma ação inibitória. Bandura (apud LEFRANÇOIS, 2017) apresenta o conceito de determinismo recíproco, que corresponde a uma interação entre três campos: o ambiente, o comportamento (as ações da pessoa) e a pessoa, apontando-nos como estes interagem entre si, referindo-se ao modo como somos afetados pelo contexto externo e como o afetamos. Esta tríade determina por si o comportamento humano. Outro conceito fundamental da sua teoria social é o da autoeficácia, que é a capacidade que o indivíduo tem de prever as consequências de seu comportamento, de responder diante dos desafios e de compreender que é agente das ações, comportamentos e formas de pensar. A elevada autoeficácia se traduz nas pessoas que têm noção da capacidade de lidar com as situações que a vida propicia; elas se sentem impelidas e encorajadas a acertar, o que envolve esforço, empenho e a crença de que se é capaz, o que é um valor positivo agregado à pessoa. O indivíduo sabe avaliar quais comportamentos são mais esperados e aceitáveis em determinado contexto social ou de aprendizagem. 24 1.3. Aprendizagem experiencial de David Kolb A teoria de aprendizagem de Kolb apresenta quatro distintos estilos de aprendizagem, que são vivenciados em quatros estágios nos quais as experiências imediatas e concretas vão possibilitar observações e reflexões. Essas experiências são assimiladas e tornam-se conceitos abstratos, em uma concepção simbólica, influenciando a qualidade da ação, que é concreta. Essa ação poderá ser ativamente testada e, por sua vez, oferecerá meios para a criação de experiências. Trata-se de uma sequência que o autor chama de “círculo de aprendizagem”, e até podemos entender como um ciclo, partindo de um e seguindo, necessariamente, ao outro, e assim por diante. Os estágios citados são os seguintes: • Estágio 1: experiência concreta. • Estágio 2: observação reflexiva. • Estágio 3: conceituação abstrata. • Estágio 4: experimentação ativa. O círculo do qual se tratou anteriormente se compõe da experiência, da reflexão, do pensamento e da atividade (ação). Beck (2016) esclarece que é possível aprender e se orientar pelo método preferido, e que também cada aprendiz responde e necessita de estímulos de outro estilo de aprendizagem, apesar de ter um ou outro como preferencial. Vamos identificar como se dá a junção de dois estilos em um. Nível 1 – Escolha de um estilo preferido. Nível 2 – Associação com um outro estilo. 25 Em razão da passagem por esses estilos de aprendizagem vividos sequencialmente, cada um destes terá a combinação de dois estilos preferidos, ou melhor, uma matriz; dois por dois dos quatro estágios: • Divergência (sentir e observar): pessoas que preferem esse estilo de aprendizagem são hábeis para observar as coisas de diferentes perspectivas. Elas são sensitivas, preferem observar a fazer, tendendo a obter informação e usar a imaginação para resolver problemas. São melhores para enxergar situações concretas sob diferentes pontos de vista. Kolb denominou esse estilo como divergência porque essas pessoas apresentam um desempenho melhor em situações que requerem geração de ideias – por exemplo, por tempestade cerebral. Pessoas com o estilo de aprendizagem divergência têm amplos interesses culturais e gostam de obter informação. Elas são interessadas em pessoas, tendem a ser imaginativas e emocionais, e ser fortes nas artes. Pessoas como o estilo divergência preferem trabalhar em grupos, escutar com uma mente aberta e receber retorno pessoal. • Assimilação (observar e pensar): a preferência de aprendizagem Assimilação é para uma abordagem concisa e lógica. Ideias e conceitos são mais importantes do que pessoas. As pessoas que preferem esse estilo requerem explanação boa e evidente em vez de oportunidade prática. Elas se sobressaem ao entender informações de amplo alcance e em organizá-las de forma clara e lógica. Pessoas com o estilo de aprendizagem por assimilação são menos focadas em pessoas, e mais interessadas em ideias e conceitos abstratos, e são mais atraídas por teorias que soam lógicas do que por abordagens baseadas em valores práticos. Essas pessoas são importantes para a eficiência na informação e nas carreiras científicas. Em situações de aprendizagem formal, pessoas com esse estilo preferem leituras, palestras e exploração de modelos analíticos. 26 • Convergência (fazer e pensar): pessoas com um estilo de aprendizagem por convergência podem resolver problemas e usarão sua aprendizagem para encontrar soluções para questões práticas. Elas preferem tarefas técnicas e se relacionam menos com pessoas e com aspectos interpessoais. São as melhores para encontrar questões práticas para ideias e teorias. Elas podem resolver problemas e tomar decisões. São mais atraídas para tarefas técnicas e problemas em vez de questões interpessoais ou sociais. Esse estilo capacita habilidades especialistas e de tecnologia. Gostam de experimentar novas ideias, simular e trabalhar com aplicações práticas. • Acomodação (fazer e sentir): pessoas com o estilo de aprendizagem por acomodação confiam na intuição mais do que na lógica. Elas usam análise de outras pessoas e preferem utilizar uma abordagem prática e experimental. São atraídas para novos desafios e experiências, e para execução de planos. Comumente agem por instinto interno em vez de análise lógica. Tenderão a confiar em outros para informação em vez de desenvolver suas próprias análises. Este estilo de aprendizagem é predominante útil em papéis que requerem ação e iniciativa. Os indivíduos preferem trabalhar em equipe para completar tarefas. Fixam alvos e ativamente trabalham no campo tentando diferentes caminhos para atingir um objetivo. 1.4. Aprendizagem mediada de Reuven Feuerstein A Teoria de Mobilidade Cognitiva Estrutural criada por Reuve Feuerstein parte do contexto histórico-social de Israel no período entre 1940 e início de 1950, em pleno século XX. Partia do estudos das avaliações psicológicas de crianças, filhos dos imigrantes que vinham do norte da África para Israel, que em situações de privações e condições intelectuais precárias apresentavam déficits na aprendizagem. Feuerstein estudou 27 psicologia e pedagogia, foi aluno de Piaget e fez parte do seu grupo de colaboradores na Suíça. Ele criou um programa educacional sistematizado que serviu de base às suas indagações e estudos sobre mediação, o que deu origem ao termo “aprendizagem mediada” via interações e mediações humanas, cuja concepção apontava para o coletivo e no coletivo, sendo contrário à posição de Piaget, seu grande influenciador. Sua pedagogia tem o foco no sujeito em constante mudança, pois é constituído pelas interações sociais que estabelece, sejam essas relações interpessoais ou influências externas mais amplas, como fatos que vão definir as influências históricas as quais vivencia. Simultaneamente ao passar pelas transformações, modifica a si próprio por causa das suas aquisições de conhecimento, e inserido no seu contexto – que é a base, da qual extrai a marca da estrutura histórico-cultural de sua teoria, na qual cultura e homem, bemcomo suas relações sociais, estão intimamente envolvidos. De acordo com Ros (2002) a Teoria da Mobilidade Cognitiva Estrutural foi direcionada para a importância da interação de âmbito social e seus desdobramentos quanto aos efeitos que produz, e o educador é interlocutor na dinâmica do processo de ensino-aprendizagem, compartilhando significados afetivos e intelectivo-sociais, que geram experiências de aprendizagem mediadas, as quais, por sua vez, levam ao seu desenvolvimento. O educador assume caminho oposto às teorias de aprendizagem que se centram ora no indivíduo, ora nas influências do contexto social (quanto à problemática que vivenciam). A Teoria da Mobilidade Cognitiva Estrutural ainda afirma que as experiências de aprendizagem são mediadas pelas interações sociais, o que permite ao aluno elaborar estratégias intelectuais para lidar com as situações, a aprender sobre a teoria, bem como formar significados e símbolos específicos da vivência pessoal a partir destas interações, cujas constatações não se obteriam de outra forma. Essas diferenças do processo de transformação são individuais e peculiares. 28 No século XX, a Teoria da Aprendizagem Mediada surge com os constructos das teorias de privações culturais, que entendiam as deficiências e os fracassos escolares ligados às classes sociais e às minorias étnicas. Feuerstein reage a esse movimento, propondo a modificabilidade pelas interações mediadoras do desenvolvimento humano. Ele postulava que, em situações psicológicas, sociais e culturais desfavoráveis, as crianças não podem apropriar-se do saber, e isso não significava incapacidade. Pretendia-se uma pedagogia voltada às potencialidades criadas com os sujeitos envolvidos. A partir dos estudos com crianças imigrantes, Feuerstein cria as Estratégias de Avaliação do Potencial de Aprendizagem – conhecida pela sigla LPAD – antes do seu programa pedagógico, quando surgem novos entendimentos ligados ao potencial de desenvolvimento do indivíduo. Utilizava o termo propensity (potencial), cuja tradução do inglês para o português remete ao sentido de propensão ou tendência atribuído à conotação de possibilidade de modificabilidade. A Teoria da Aprendizagem Mediada enfatiza um trabalho voltado para a transformação e desenvolvimento do potencial do aprendiz, das tendências do indivíduo e de como aflorá-las. Ros (2002) explica o entendimento da “modificabilidade” de Feuerstein, apontando que o processo de desenvolvimento e aprendizagem compreende a presença do outro como representante da cultura e mediador daquilo que se apropria, seja do conhecimento ou vivência, que lhe desperta significados e símbolos. Ele considera que os objetos materiais são fontes de uma fundamentação histórica e não uma mera junção de informações e acontecimentos isolados, compreendendo que os aspectos da cultura compõem a história do indivíduo e seu contexto social – e esse indivíduo se torna, portanto, capaz de existir pelo que é, sem necessariamente ser tomado como alguém debilitado ou visto pelas limitações. Ros não acredita em inspirações individuais, mas em produções coletivas do conhecimento enquanto forças criadoras de novas forças diante de mediações compartilhadas em um coletivo mobilizado 29 por relações sociais adversas, de várias expressões. Estas constituem, portanto, a base para a formulação das hipóteses da modificabilidade, mediadas pela cultura e pelos valores. A aprendizagem mediada, de acordo com Ros (2002), é considerada como uma experiência produzida através de relações interpessoais e pelo um encontro. Após a conclusão da Avaliação do Potencial de Aprendizagem, Feuerstein cria uma metodologia o Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI), que instrumentalizou na prática a Teoria da Experiência de Aprendizagem Mediada que é, portanto, decorrente das suas ideias iniciais mencionadas acerca da Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural. Assim, Feuerstein acredita que a inteligência é imprevisível e pode ser modificada, tendo em vista que o aprendizado é dinâmico e mutável. O Programa de Enriquecimento Instrumental – PEI de Feuerstein tende a fazer com que as pessoas em geral (independentemente da sua condição patológica, idade ou status social) adquiram um melhor desempenho cognitivo, mais eficiente e integrado ao ambiente em que estão inseridos, e que possam descobrir maneiras de pensar de forma ampla, expandindo sua capacidade de aprender. A modificabilidade cognitiva estrutural de Feuerstein tem por finalidade, de acordo com Ros (2002): • Corrigir deficiências cognitivas. • Levar o indivíduo a adquirir vocabulário, entender conceitos, desenvolver operações e relações relevantes para as tarefas do PEI e para a resolução de problemas em geral. • Criar motivação intrínseca (interna) por meio da formação de hábitos. • Criar insights e pensamento reflexivo. • Criar motivação intrínseca por meio das tarefas. 30 • Mudar a autopercepção do indivíduo, de um ser passivo e reprodutor de condutas e formas de pensar, para um ser ativo e que gera novas informações. A Teoria de Aprendizagem Mediada de Feuerstein apresenta similaridades com as ideias do psicólogo russo Vygotsky, especificamente no conceito de “zona de desenvolvimento proximal”. Feuerstein reconhece similaridades, porém, alega que essas ideias surgiram depois que ele mesmo elaborou sua teoria. Ele foi influenciado por Jean Piaget, do qual foi aluno, expressando divergências quanto às ideias de Piaget acerca da “exposição direta aos estímulos” no tocante ao desenvolvimento humano, da qual Feuerstein compreende que o indivíduo passa a existir quando concebe o mundo mediado por aspectos culturais. Concluindo, a educação é um processo com repercussões amplas, oferecendo subsídios para que se permaneça criando conclusões. O ponto aprendido e assimilado torna-se recurso de viabilização na prática cotidiana, em suas ações, e em formas de pensar e conviver em sociedade. Essa talvez tenha sido a maior contribuição que o conhecimento e a pedagogia têm tido até o momento: possibilitar que mais pessoas aprendam, observem, analisem, reflitam, concluam e interfiram na realidade, com novas respostas para as situações conhecidas. Referências BECK, C. Ciclo de Aprendizagem de Kolb. Andragogia Brasil. (2016). Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/ciclo-de-aprendizagem-de-kolb/ Acessado em 07 de junho de 2022. BRUNER, J. Uma Nova Teoria da Aprendizagem. Rio de Janeiro: Bloch, 1976. LEFRANÇOIS, G. R. Teorias da Aprendizagem: o que o professor disse. São Paulo: Cengage Learning, 2017. ROS, S. Z. Pedagogia e Mediação em Reuven Feuerstein. São Paulo: Summus Editorial, 2002. https://andragogiabrasil.com.br/ciclo-de-aprendizagem-de-kolb/ 31 Estratégias Cognitivas e Metacognitivas Autoria: Luiza Cristina de Azevedo Ricotta Leitura crítica: Juliana Zantut Nutti Objetivos • Apontar que o uso de estratégias para o sucesso da aprendizagem. • Apontar que cada aluno mobiliza uma conduta cognitiva distinta. • Entender o que é a metacognição. 32 1. Estratégias cognitivas e metacognitivas A mobilização para aprender parte de uma curiosidade, necessidade ou indagação. O conhecimento vem associado a uma utilidade e proporciona emancipação e autonomia para o sujeito. O significado de aprender é esse, garantir que aprendizes saiam dessa condição e surjam como sujeitos aptos a buscar soluções e novas indagações diante dos desafios, sejam eles pedagógicos ou não, relacionados à vida, à mudança de nível intelectual, e ainda em melhores condições para vivenciar situações da vida, agregando valor à pessoa. Com isso, o aprendiz sabe como e quando utilizar a informação novamente, e de forma inconsciente, sendo desnecessário percorrer o desafio de antes. Quando se aprende, há uma aquisição; algo novo é assimilado. Esta base é constantemente atualizada quanto mais o aprendiz se dispor a tal e for estimulado pelo professor/facilitador. As açõesdecorrentes da aprendizagem, da cognição efetiva e bem-sucedida, propiciarão ao aprendiz mais capacidade para oferecer melhores respostas em cada situação, transformando o conhecimento em habilidades e competências. O aspecto relevante está em como desenvolvemos a forma de pensar e a estratégia que será adotada. Conseguimos evoluir mentalmente e cognitivamente, pois tudo o que já foi aprendido servirá como base (experiência) para a formulação de novas estratégias e concepções que serão formadas. Essa evolução também possibilita abrir caminhos para a compreensão dos novos conhecimentos. Com isso, a autonomia e o sentido de autoconfiança tornam-se maiores, estabelecendo segurança e produzindo mais bem tomadas de decisões. 33 Figura 1 – Metacognição na aprendizagem Fonte: https://www.professorideal.com/wp-content/uploads/2017/03/ metacognicao-e1522358180355.jpg. Acesso em: 8 jun. 2022. Veremos, de forma objetiva e simples, os seguintes conceitos: • Estratégia cognitiva: o modo como o aprendiz se propõe à aprendizagem, percorrendo um raciocínio que favoreça a compreensão de algo. A busca do resultado está na percepção do aprendizado. • Estratégia metacognitiva: resultado da reflexão associada aos seus atributos pessoais (sensibilidade, percepção, autoconfiança, criatividade, espontaneidade), configurando um determinado estilo cognitivo, próprio, e que favorece a internalização de registros que podem ser utilizados em novas situações e podem ser monitoradas, identificando o que se sabe e reconhecendo o que não foi aprendido. • Metacognição: é um processo composto de três etapas, planejamento, monitoramento e avaliação, que desenvolve o sentido de “aprender a aprender”, adotando estratégias (caminhos) para a aquisição do conhecimento, seguida do monitoramento de seu modo de pensar, e se autoavaliando quanto ao atingimento das metas. A metacognição está relacionada à capacidade que o cérebro tem de processar as informações obtidas, e ocorre por meio do pensar e da https://www.professorideal.com/wp-content/uploads/2017/03/metacognicao-e1522358180355.jpg https://www.professorideal.com/wp-content/uploads/2017/03/metacognicao-e1522358180355.jpg 34 reflexão (promovendo novos hábitos, atitudes e compreensões mais elaboradas). Considera a interação que o aprendiz/sujeito tem com o ambiente e como isso o afeta internamente ou estimula a novos pensares e conclusões. Estimula os processos mentais internos, ocorrendo então, a monitoração, a autorregulação e a própria potencialização do sistema mental, no qual quanto mais experiências de aprendizagem ocorrerem, maior será a elevação da capacidade cognitiva, tornando possível dimensionar o que se sabe e desenvolver recursos para investir em novos desafios. Podemos destacar alguns pontos relevantes da função da metacognição: • Abrir espaço para novos estudos das diferenças individuais no rendimento, no qual há a aplicação de tipos de estratégias diferentes para cada tarefa. • Permitir ao indivíduo avançar na sua competência, mantendo-o em movimento intelectual constante. Tem como propósito a elevação de eficácia em aprendizagem. • As estratégias cognitivas e metacognitivas permitem ao educando planejar, organizar e monitorar seu aprendizado, além de tomar consciência do que é aprendido e decidir qual estratégia fazer uso. • Ter como foco o aprender a aprender, e conhecer as estratégias que serão utilizadas para aprender. Nos estudos dos efeitos da aprendizagem realizados por Jou e Sperb (2006), apresentam-se duas determinantes relevantes: a. Capacidades cognitivas: expectativa do que podia ser aprendido e assimilado associado a algum fim, interesse ou necessidade. b. Fatores motivacionais: que estimulam o interesse pela aprendizagem e que estão associados ao estilo da pessoa e ao seu modo de ser. 35 Com os estudos do psicólogo americano Flavell (1987 apud Jou e Sperb, 2006), pioneiro nas Teorias do Desenvolvimento, e um dos fundadores da Psicologia Social Cognitiva do Desenvolvimento a partir de 1970, incluiu-se uma terceira determinante: c. Processos metacognitivos: memória, leitura, compreensão de textos, saber falar a respeito do conhecimento, compreender o que é dito e outras funções associadas. Consciência e automonitoramento do aprendizado, com a apropriação dos comandos internos em relação aos estímulos externos. O processo da metacognição tem como resultado a potencialização da aprendizagem. O aprendiz pode perceber os processos da evolução do pensamento e a maneira de lidar com as informações advindas do meio, os quais o estimularão a buscar novas cognições, pois o objetivo pedagógico está na melhoria de desempenho (performance), na sua eficiência (que é conseguir o melhor rendimento com o mínimo de erros e/ou dispêndios, além da capacidade de ser efetivo e competente, e saber executar a tarefa de modo correto) e eficácia (a conclusão de um objetivo, baseando-se nas decisões corretas; contribui para o sentido da autoconfiança do aprendiz/sujeito). A adoção de estratégias não representa ser bem-sucedido nas tarefas sempre, pois é preciso que se reconheça o momento certo para utilizá- las, e admitir que as pessoas são capazes de aprender cognitivamente de maneiras variadas, já que apresentam tipos distintos de compreensão e finalidades diversas, por serem pessoas diferentes – são capazes, inclusive, de desvendar novas estratégias. Na metacognição, o aprendiz se dispõe a avaliar quais recursos poderá utilizar e se surpreender com resultados inesperados. Flavell (1987, citado por Jou e Sperb, 2006) propôs uma teoria que considera como as crianças analisam as formas de seus pensamentos, sendo possível compreender o processo que o aprendiz/educando vivencia para obter como resultado uma aprendizagem bem eficiente. 36 A memória tem um importante papel na metacognição. Nos estudos de Flavell e Wellman (1977 citados por RIBEIRO, 2003) os autores analisaram o que é conceituado como metamemória. Os autores entendem a necessidade da “consciencialização” – ato ou efeito de se conscientizar de alguma ideia ou situação; quando o sujeito, na constatação das variáveis que influenciam o resultado das atividades cognitivas, apropria-se do que foi retido na memória. O sistema para o desenvolvimento da metamemória envolve: • Sensibilidade. • Conhecer as variáveis que serão determinantes da pessoa, da tarefa em si e da estratégia. Na perspectiva de Flavell (1970, citado por RIBEIRO, 2003), a metacognição está relacionada ao conhecimento do próprio conhecimento. As estratégias são recursos para se chegar a um determinado fim. Para Flavell (1987, citado por RIBEIRO, 2003), o sujeito que representa e inter-relaciona ações passadas, presentes e futuras estaria em uma melhor posição para fazer progressos metacognitivos, comparativamente a outros. Os estudiosos do tema apontam que a prática da metacognição conduz a uma melhoria da atividade cognitiva e motivacional, potencializando o processo de aprender. O aprendiz tem a percepção do que foi aprendido e do que não foi compreendido. Pela monitoração, ele tem consciência das estratégias que pode utilizar, das que conhece bem e das que não conhece ainda, mas que aprenderá como resposta de potencial mais elevado. Podemos entender que a metacognição pode ser um objetivo de uma mente que pretende estar preparada para algo que ainda não conhece nem sabe, mas que permanece em evolução. A metacognição evidencia 37 o uso da inteligência e tende a ampliar não somente a visão de mundo do sujeito, mas também a maneira de compreender o mundo e dele participar, por meio de ações, trabalho e capacidade expressa nas habilidades que passa a desenvolver. Outro aspecto relevante para compreendermos os processos metacognitivos está na sua contextualização que podemos entender como ambiente. E o que representa o ambiente da aprendizagem? Todo tipo de aprendizado está também associado ao seu ambiente e às diversasfuncionalidades e propósitos. O ambiente remete a quem faz uso dessa ou daquela ação. Na metacognição, os novos identificadores auxiliam a permanecer evoluindo, processo que entendemos por inovação em aprendizagem. A metacognição pode auxiliar na execução de muitas tarefas, de acordo com Jou e Sperb (2006), e na seleção de estratégias de memória mais adequadas para cada situação. Ela oferece maior economia de tempo e melhor aprimoramento do conhecimento adquirido, e apontará ao aprendiz/sujeito de que forma usará a informação e o conhecimento. Este trajeto é gerenciado da seguinte maneira: • Elaboração de um plano de ação: eleger o que fazer primeiro, estabelecendo a prioridade. Calcular quanto tempo será necessário para realizar a tarefa e verificar o conhecimento que já tem a respeito do tema. • Monitoramento do plano de ação: perceber o caminho ou a estratégia; se está seguindo bem e se deve continuar por este caminho ou modificá-lo no meio do percurso. Dar-se conta do que especificamente precisa modificar para executar a tarefa. 38 • Avaliação do plano de ação: perceber se está saindo-se bem e se concluiu bem a tarefa, e se é possível fazer algo diferente. Observar o que não foi possível cumprir e, em situações futuras, o que poderá fazer diferente e pensar em que esse aprendizado lhe ajudará. Pelo modelo metacognitivo, o professor/facilitador almeja promover a autonomia e estimular a tomada de decisões dos educandos, incentivando-os a fazer seu próprio plano de estudo e a desenvolver a capacidade de se autoavaliar. Esse professor deve verificar se é capaz de perceber obstáculos, desafios e problemas, superando-os e tornando possíveis as seguintes ações: • Refletir acerca do melhor modo para aprender, ou seja, desenvolver a metacognição. • Organizar e apresentar os conteúdos escolares de modo a favorecer a aprendizagem dos alunos • Avaliar seus alunos e seus próprios métodos de ensino, verificando se os métodos estão adequados para a sua finalidade, que é promover a aprendizagem. Modificar os métodos para determinados educandos. O professor deve aplicar a metacognição aos seus próprios métodos de ensino, pensando em como são desenvolvidos e como atingem os alunos, de maneira a poder adaptar esses métodos de acordo com a necessidade de cada educando. De acordo com Dantas e Rodrigues (2013), o desenvolvimento da metacognição em aprendizagem ocorre tardiamente, por volta dos 7 aos 11 anos de idade. Podemos explorar os recursos de aprendizagem aplicados aos alunos de ensino médio e nível superior, que pela vivência, histórico de vida, preferências e escolhas e tomada de decisões, já se encontram em pleno exercício e com condições para a autoaprendizagem, automonitoração e autoavaliação do seu aprendizado. Portanto, educador e educando são envolvidos conjuntamente no processo de ensino-aprendizagem, cabendo ao educador formular os meios e métodos pelos quais criará contextos 39 de aprendizagem, e ao educando dar-se conta do que aprende, de que maneira aprende e quais são os desafios que enfrenta. O professor/educador, como reiteramos, é um interlocutor do desenvolvimento cognitivo, construindo maneiras para que pessoas aprendam, conscientizem-se e possam pensar, refletir e agir. Conclui-se que os processos metacognitivos facilitam, estimulam e melhoram a aprendizagem. A metacognição contribui para a tomada de consciência dos próprios processos cognitivos do indivíduo, permitindo controlar os seus processos mentais fazendo a autorregulação e a autoavaliação de suas estratégias de aprendizagem, estimulando-o a desenvolver procedimentos com estratégias de aprendizagem mais eficientes. Ao desenvolver estratégias de aprendizagem eficientes, o indivíduo melhora a aprendizagem, ampliando seu desenvolvimento cognitivo. E, ao melhorar seu desenvolvimento cognitivo, torna-se um sujeito com autonomia e consciência, portanto, crítico de si mesmo e do mundo, cujo aprendizado se reverte em resultados para a vida. Referências DANTAS, C.; RODRIGUES, C. C. Estratégias Metacognitivas Como Intervenção Psicopedagógica para o Desenvolvimento do Automonitoramento. Rev. Psicopedagia, São Paulo, v. 30, n. 93, p. 226-235, 2013. Disponível em: http://pepsic. bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862013000300009. Acesso em: 10 mar. 2022. JOU, G. I.; SPERB, T. M. A Metacognição como Estratégia Reguladora da Aprendizagem. Psicologia Reflexão Crítica, v. 19, n. 2, p. 177-185, 2006. JORBA, J.; SANMARTÍ, N. A função pedagógica da avaliação. In: BALLESTER, M. et al. Avaliação como apoio à aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2003.. RIBEIRO, C. Metacognição: um apoio ao processo de aprendizagem. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v.16, n. 1, p.109-116, 2003. RODRIGUES, A. M. Psicologia da Aprendizagem e da Avaliação. São Paulo: Cengage, 2016. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862013000300009 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862013000300009 40 Relação Ensino-Aprendizagem e Avaliação dos Processos Cognitivos Autoria: Luiza Cristina de Azevedo Ricotta Leitura crítica: Juliana Zantut Nutti Objetivos • Incentivar a reflexão a respeito da metacognição nas práticas pedagógicas, no uso do conhecimento e da informação. • Entender a relação entre o professor/facilitador e aprendiz/sujeito nas práticas de ensino- aprendizagem. • Apresentar a autorregulação da avaliação, considerando que a melhor avaliação é aquela feita pelo próprio aluno 41 1. A Relação Ensino-Aprendizagem e Avaliação dos Processos Cognitivos Entendemos que cada pessoa é capaz de assimilar e aplicar o saber de maneiras distintas, ainda que o conhecimento exposto seja o mesmo a todos. E isso se dá pelo fato de que cada pessoa tem seus próprios registros e experiências – sua base de conhecimentos –, e tende a fazer uso deste saber adquirido pela experiência vivida, diferenciando-se das demais pessoas. Há um processo de aprendizagem que vai para além do saber específico, associado ao modo de compreensão e de fazer associações e correlações com conhecimentos preexistentes – aqueles armazenados, memorizados que se tornaram “aquisição”. De acordo com Perraudeau (2009), os indivíduos capazes de fazer novas leituras em situações distintas e que possuem como base o seu acervo de conhecimento, têm maiores condições de se estruturarem e de lidar com os impactos que os conflitos acarretam. Não estamos mencionando o objetivo de um conhecimento que é medido por meio da obtenção de uma nota, um conceito avaliativo, um valor atribuído ao que se aprendeu e que mensuramos com ferramentas como provas, exercícios e avaliações diversas. Sabemos que o fundamento é verificar se houve o aprendizado e se o conteúdo foi memorizado, mas essas não são as únicas formas de se medir o conhecimento. Perraudeau (2009) questiona se seria válido um conhecimento diferente do que o educador propôs, ainda que direcionado pelo mesmo conteúdo. Tratamos de uma espécie de falta de controle quanto ao resultado da aprendizagem que pode se obter, na medida em que se partilham conhecimentos que já não são do educador, mas aquisições que tomarão rumos conforme a elaboração daqueles com quem se compartilham. Lembremo-nos dos três polos que possibilitam a ocorrência do aprendizado: individual, social e o contexto, citados por Perraudeau (2009). O aprender passa pela ótica do indivíduo, e ainda 42 que o contexto seja ampliado para fora do ambiente da sala de aula, é possível se permitir a aplicá-lo em novos contextos, o que se traduz uma aprendizagem bem-sucedida, com efeitos em outro polo – o social ,como menciona Perraudeau (2009). Na medida em que o contexto da aprendizagem se amplia, também há uma expansão da sua repercussão em outras áreas da vida do educando e em suas interações, seja com os demais educandos ou com outros agentes de sua interação (família e sociedade, por exemplo). A informaçãoou conhecimento assimilado é passível de ser avaliado verificando o processo de compreensão ocorrido e seus desdobramentos, ocorrendo um entendimento crítico do conhecimento, que segue para uma análise – é o processo metacognitivo, que se dá de forma interna na mente, e serve de base para a produção de novas compreensões. E o objetivo da avaliação é conhecer os resultados da aprendizagem, observando o que a impulsiona e o que aumenta sua qualidade. A avaliação é o motor da aprendizagem, como nos diz Sanmartí (2009), uma vez que dela dependem a maneira como ensina e a forma como se aprende. Avaliar é também conhecer a estratégia utilizada por um aluno na execução de uma determinada tarefa, compreendendo as causas de suas dificuldades e ajudando-o a tomar decisões, de modo a superar os obstáculos. Portanto, a finalidade principal da avaliação é a regulação tanto das dificuldades e erros dos alunos quanto do processo de ensino. Vamos compreender os conceitos de monitoração cognitiva e avaliação da aprendizagem que são relevantes, pois ambos ocorrem no processo de ensino-aprendizagem metacognitivo: • Monitoração cognitiva: identificação do processo de aquisição do conhecimento como forma de comprovar que a aprendizagem ocorreu, verificando-se a passagem pelas etapas de sensibilidade, variáveis da pessoa, variáveis da tarefa e variáveis da estratégia. • Avaliação da aprendizagem: capacidade de avaliação, organização e regulação do conhecimento adquirido. Supõe, ainda, a 43 capacidade de entender quais competências são necessárias para se resolver um problema, seja ele relacionado a números ou palavras, a uma informação ou a um conhecimento mais amplo. É relevante apontar que a avaliação é útil para fazer com que os alunos aprendam a autorregular seu aprendizado, para que não somente os professores se ocupem da missão de detectar fracassos e êxitos. Isso cria responsabilidade pelo próprio saber. A finalidade máxima da avaliação está em aprender a se autoavaliar, aponta Sanmartí (2009), conhecendo os objetivos da aprendizagem, as estratégias de pensamento e de ação, para responder às tarefas propostas e aos critérios de avaliação. A troca de impressões e opiniões dos outros colegas também auxiliam na avaliação. Em aula, todo o grupo de alunos pode avaliar e regular o aprendizado, em uma contribuição coletiva. SANMARTÍ (2009) afirma que a avaliação é mais importante quando é o próprio aluno que a realiza, quando se aprende a realizar a autorregulação e a estimular a aprendizagem trazendo-se à tona o que se aprendeu, o que aumenta a motivação. As emoções e sentimentos são percebidas na situação de aprendizagem e inspiram o aluno a atuar como o facilitador dos processos metacognitivos, identificando elementos que lhe trazem satisfação e a percepção de que há alguma dificuldade ou até mesmo a lidar com as inseguranças que possam surgir em decorrência da sua interação processo ensino-aprendizagem. O autor ressalta que se devem possibilitar experiências aos alunos que levem à avaliação conjunta das formas de se mobilizar a motivação e que induzem ao amadurecimento mais rápido. Conforme Sanmartí (2009) a avaliação é condição necessária para a melhoria do ensino e a avaliação deve proporcionar informação que permita julgar a qualidade do currículo aplicado, com a finalidade de melhorar a prática docente e a teoria que a sustenta. 44 Para desenvolver os processos metacognitivos dos alunos, é necessária a contribuição integrada de vários outros processos. A internalização, que se refere à capacidade de registrar mentalmente o entendimento a respeito de algo aprendido, de forma gradual, e a personalização de atividades metacognitivas observadas, guiadas e/ou reguladas por outros (pais, professores, colegas etc.). Observe que aprender envolve sempre a interação. A maturação e aquisição de aptidões e conhecimentos cognitivos possibilitam também processos metacognitivos mais complexos, além do desenvolvimento como um todo, nas esferas biológica social, afetiva e motivacional. Com a maturidade, o aluno que se envolve com a aprendizagem pelos recursos metacognitivos acaba desenvolvendo também a sua capacidade de automonitoramento. Etimologicamente, a palavra metacognição significa ir além da cognição; é a faculdade de conhecer o próprio ato de conhecer, ou, em outras palavras, “consciencializar”, o mesmo que tomar consciência, podendo o indivíduo analisar e avaliar como se conhece, e “pensar sobre o próprio pensamento”. Por meio da reflexão a respeito da maneira como se aprende, é possível repensar os processos de pensamento individual. A metacognição é o conjunto de conhecimentos acerca dos próprios conhecimentos e de processos de percepção, avaliação, regulação e organização dos próprios processos cognitivos. Ela pode ser pensada como cognições de segunda ordem: pensamentos acerca de pensamentos, aprender a aprender, conhecimentos sobre conhecimentos, reflexões a respeito de ações. A metacognição desempenha um papel importante na aprendizagem por mediar a percepção sobre os próprios erros e dificuldades tanto em relação às tarefas e conteúdo como em relação às emoções e motivações, além do monitoramento e avaliação do desempenho na tarefa e das estratégias mais eficientes para realizá-la. A atenção e a orientação nos processos metacognitivos permite ao indivíduo melhorar sua capacidade de aprender de forma mais geral, por meio de processos de conscientização, monitoramento e controle de seus 45 processos cognitivos e ações. A metacognição está mais envolvida com a compreensão do que com o acertar, que envolve um aprendizado ligado ao automatismo da resposta certa, sem o desafio da reflexão e do senso crítico, permitindo a construção de um sujeito que segue além do aprender para uma condição de compreensão. Para Sanmartí (2009), a monitoração cognitiva das experiências metacognitivas envolve os objetivos cumpridos ou não e as ações que foram eficazes e efetivas, que extrapolam o resultado e vão para além da compreensão do conhecimento. Compõem-se dos seguintes aspectos: • Sensibilidade: aprender a identificar em que situações há necessidade de recorrer a determinadas ações ou estratégias. • Conhecimento metacognitivo: crenças a respeito de si, das pessoas, da tarefa e da estratégia, permitindo ao aprendiz reconhecer e representar as situações, ter acesso ao repertório das estratégias disponíveis e selecionar as que são suscetíveis de aplicação. • Variáveis da pessoa. • Variáveis da tarefa. • Variáveis da estratégia. As estratégias metacognitivas são um dos fatores principais para garantir o êxito do trabalho realizado pelo educador, e desenvolvem a capacidade de avaliação, organização e regulação do conhecimento adquirido, explorando competências para se resolver um desafio intelectual. Consequentemente, os instrumentos de avaliação da aprendizagem devem ser utilizados ao longo do período letivo, seja pelo modelo da autoavaliação como a coavaliação (que pressupõe a interação entre facilitador e aprendiz). Esses instrumentos de avaliação devem permitir que o professor colha informações a respeito da capacidade 46 de aprendizado dos alunos pela observação da competência destes, para resolver problemas e instrumentalizar o conhecimento diante da tomada de decisões. A avaliação não ocorre na sua totalidade, e é necessário pensar em instrumentos diversos e mais adequados de acordo com cada finalidade ou objetivo. É parte da função do professor/ facilitador da disciplina definir os instrumentos que serão utilizados para melhor acompanhar o aprendizado de seus alunos/aprendizes. Os modelos de avaliação podem ser: • Avaliação somativa: tem a função de selecionar e orientar os alunos. É de caráter social, e parte de uma decisão derivada da avaliação pesquisada por Edwards e Mercer (1988, citado por SANMARTÍ, 2009). • Avaliação formativa: tem a finalidade de “regular” tanto o processo de ensinoquanto o de aprendizagem. É de caráter pedagógico, e parte de uma decisão derivada da avaliação pesquisada por Edwards e Mercer (1988, citado por SANMARTÍ, 2009). Os docentes de nível fundamental, médio ou superior ficam defasados se ocupam-se de tarefas cujo objetivo seja unicamente a cognição (o registro e o sentido de aprender pela assimilação), sem direcionar o trabalho para uma formação qualitativa e crítica daquilo que se aprende – como se estivessem apenas empenhados em cumprir o plano de aula, o temário do conteúdo que precisa ser passado, sem se ocuparem do processo de entendimento e compreensão que ocorre com o aluno/ educando quando exposto ao conhecimento. E é este o entendimento de que os processos metacognitivos podem ser chamados de “processos de autocontrole”, e devem incluir exercícios que possibilitem ao aprendiz organizar uma tarefa, ajustá-la durante seu desenvolvimento e rever seus resultados. Em outras palavras, essa é a capacidade de identificar as melhores estratégias capazes de promover uma aprendizagem mais duradoura e de levar a resultados mais eficazes. 47 A educação de boa qualidade exige ações que auxiliem os estudantes a compreender e controlar seus próprios processos de aprendizagem e de poderem ser avaliados globalmente, considerando as diferenças pessoais. Muitos alunos são julgados pelos crivos avaliativos criados por educadores radicais que não têm abertura do seu campo perceptual para dimensionar uma avaliação ampla e abrangente, que considere diversos aspectos. Se em determinada área um aluno não tem destaque, é preciso observar em qual aspecto ele tem competência, além de perceber que se em determinada tarefa ele não utiliza os seus melhores recursos, em outra poderá usá-los. A autoavaliação, para Sanmartí (2009), pode ter meios variados, mas, em suma, pode ser identificada como um processo na seguinte sequência: • Recolher informação, seja por meio de instrumentos escritos ou não. Pode-se também avaliar, por exemplo, pelo intermédio da relação com os alunos no grande grupo: observando seus rostos ao iniciar a aula e comentando aspectos de seu trabalho enquanto realizam suas tarefas. • Analisar essa informação e emitir um juízo sobre ela. Por exemplo, de acordo com a expressão dos rostos observados, valorizar se aquilo que tinha como objetivo de trabalho para aquele dia será difícil de obter. • Tomar decisões de acordo com o juízo emitido. Uma adaptação do conceito de avaliação é apontada por Sanmartí (2009), que diz que as decisões derivadas das avaliações podem ter dois tipos de finalidade: • Caráter social: avaliação somativa – tem a função de selecionar e orientar os alunos. 48 • Caráter pedagógico: avaliação formativa — tem a finalidade de “regular” tanto o processo de ensino quanto o de aprendizagem. Para Sanmartí (2009), na avaliação formativa tradicional a função dos professores deveria se centrar em compartilhar com os alunos o processo avaliativo. Afinal, está comprovado que somente o próprio aluno pode corrigir seus erros, percebendo o motivo pelo qual se equivoca e tomando decisões adequadas de mudança. Não é aquele que ensina quem oferece ao aluno a informação de que necessita, tampouco é o aluno quem descobre qual conhecimento é novo. Na medida em que o aluno vai identificando o que conhece, o que observa e o que dizem os demais, ele passa a valorizar o que lhe interessa, tomando decisões quando assimilar as novas informações e formas de raciocinar, de fazer ou de falar. Aquele que ensina também avalia o que ocorre em aula: percebendo de que forma os alunos raciocinam e agem, tomando decisões acerca de quais situações didáticas, atividades e propostas devem ser colocadas ao grupo a fim de facilitar a superação das dificuldades que aqueles que aprendem poderão encontrar: Para Sanmartí (2009), a principal função da avaliação é possibilitar a regulação das dificuldades e erros dos alunos assim como do processo de ensino A concepção cognitivista da avaliação formativa busca compreender por que um aluno não entende um conceito ou não sabe fazer uma determinada tarefa. A avaliação formativa nasce dos trabalhos desenvolvidos nos anos de 1970 na Universidade de Provence, França, por Bonniol e Nunziati em colaboração com professores de escolas de Marselha. Nesse contexto, gerou-se um marco teórico que orientou o projeto e a aplicação de novas práticas da avaliação (Nunziati, 1990). As investigações dessas práticas mostraram que os resultados dos alunos melhoraram muito. A equipe da Universidade Autônoma de Barcelona, coordenada por Jorba e Sanmartí, junto com os professores das áreas de Ciências e Matemática dos IESM, Juan Manuel Zafra e Juan de la Cierva de Barcelona, adaptou muitos dos postulados da avaliação formadora e analisou distintas práticas e como melhorá-las. (JORBA; SANMARTÍ, 2003). 49 Com a ação do tempo, conseguimos perceber o que cada um dos alunos fez e como utilizaram o seu potencial, pois esses já não estão presos na avaliação específica de um critério de desempenho. E, se na vida apresentam resultados muito além da expectativa de uma nota, a avaliação aponta sobre o que se deve refletir, principalmente, deixar de pautar os educandos em critérios que estão fora do contexto e que, consequentemente, os levam ao desinteresse. A avaliação precisa remeter ao potencial que o aprendiz já tem, em vez de buscar parâmetros irreais e que não retratam a sua pessoa. No caso de alunos considerados como os “melhores”, esses são costumeiramente avaliados pela nota em vez de critérios globais, como os resultados qualitativos de uso da inteligência, de boas escolhas e de tomadas de decisão. Essa visão de uma educação para a vida é a que mais beneficia o aprendiz, que sabe empregar bem cada aquisição do conhecimento e direcioná-lo a um resultado pessoal global. Programas que possibilitem a comparação do desempenho acadêmico semestre a semestre, permitindo que os estudantes identifiquem continuadamente o progresso de sua aprendizagem, são ferramentas de grande valia. Representam uma alternativa de auxílio para a identificação de pontos fracos, viabilizando, consequentemente, que reflexões e ações sejam realizadas para minimizá-los. O feedback e as orientações subsequentes à avaliação podem ser utilizados como reorganizadores do percurso de aprendizagem, possibilitando aos estudantes que conheçam mudanças essenciais ao bom desempenho e nelas foquem a atenção. Conclui-se que viverá melhor aquele que conseguir aprender de forma eficiente e estiver disposto a “aprender como aprender”. A inter-relação entre metacognição e aprendizagem está associada a um entendimento entre os recursos pessoais (como sensibilidade, autoconfiança, segurança, agilidade e empatia) e o conhecimento metacognitivo, do qual podemos avaliar a qualidade da aprendizagem 50 e da interação professor/facilitador e aprendiz/sujeito que garante a viabilidade do aprender, que está conectado com o sujeito e o ambiente, que são agentes da transformação do conhecimento, assim como os educadores. Podemos identificar que o feedback do progresso da aprendizagem é extremamente importante assim como as orientações advindas da avaliação, que podem ser utilizadas como reorganizadores do percurso de aprendizagem para a efetivação de mudanças e de ajustes necessárias à melhoria do desempenho. A avaliação mais proveitosa é a referendada pela autoavaliação e pela coavaliação, as quais auxiliam no processo de construção do conhecimento. Entende-se que os processos cognitivos e metacognitivos – presentes pelo modo de aprender, pela forma como se aprende e pelo treino do sentido crítico que vai sendo apurado após a vivência de aprendizagem – possibilitam a formação da identidade do indivíduo, e são determinantes nesse processo – não à toa ressaltamos nesta disciplina a figura do aprendiz em uma transição que propicia o surgimento de um sujeito, cujas experiências de aprendizagem
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