Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Thomasia Alecrim - Medicina VII período Demências Vasculares Trata-se de uma disfunção cognitiva causada por um acidente vascular encefálico, doença cerebrovascular hemorrágica, degeneração isquemia da substancia branca ou sequelas da hipotensão ou hipoxia. Ainda não é bem estabelecido a definição e diagnósticos dessas demências, mas se sabe que se trata de uma síndrome heterogênea, com diversos mecanismos fisiopatológicos e diversas manifestações clínicas. Utiliza-se o termo declínio cognitivo vascular porque este pode estar presente antes do diagnóstico de demência (comprometimento da função diária e da dependência). Logo, o declínio cognitivo vascular é um amplo espectro de alterações cognitivas e comportamentais que estão associadas a uma patologia vascular cerebral. Epidemiologia: É a segunda ou terceira demência mais comum. No entanto, estudos demonstram que a demência causada unicamente por infartos sem condições associadas da doença de Alzheimer ou Corpos de Lewy é bastante incomum, sendo apenas 2-10% de todos os casos de demência. 15-20% dos pacientes com AVE isquêmico após 60 anos desenvolvem demência como sintoma, e 5% destes desenvolverão demência depois disso, neste caso a demência vascular. Os subtipos de demência vascular são: • Infartos isolados • Infartos isquêmicos múltiplos • Doença dos pequenos vasos • Infartos hemorrágicos • Hipoperfusão Os pacientes com demência vascular, em sua grande maioria, são idosos com doenças associadas, como: doença cardiovascular, ataques cardíacos, hipertensão, dislipidemia, arteriopatia cerebral, dentre outros. Não se sabe se as alterações patológicas do Alzheimer causam lesões cerebrovasculares ou se infartos cerebrais predispõe o risco de doença de Alzheimer. Mas se sabe que há uma relação complexa entre essas duas patologias. Quadro clínico geral: • Início súbito • Curso fulminante • Evolução em degraus (existe platô) • Relativa preservação da personalidade • Antecedente de AVE, HAS e aterosclerose • Depressão ou incontinência emocional • Confusão noturna Manifestações clínicas: As manifestações clínicas dependerão, geralmente, da localização cerebral dos infartos. • Dificuldade de reter e lembrar-se de informações • Raciocinar • Realizar atividades complexas • Déficits da função visuoespacial • Problemas de linguagem • Transtornos de personalidade • Transtornos de comportamento E apresentar sintomas mais “corticais”, como: • Afasia • Negligência • Abulia • Apraxia • Agnosia • Amnésia Ou ainda sintomas mais "subcorticais", como: • Apatia • Inércia • Bradifrenia • Déficits de atenção • Disfunção executiva • Marcha anormal • Urgência ou incontinência urinária • Depressão • Descontrole emocional • Choro ou riso inapropriado Fatores de risco: • Idade avançada • Hipertensão • Diabetes Mellitus • Dislipidemia • Tabagismo • Sedentarismo • Obesidade • Apneia do sono • Hiperhomocisteinemia • Doença cardiovascular • AVE recorrente • Fibrilação atrial crônica Thomasia Alecrim - Medicina VII período Diagnóstico: Não existem exames específicos para o diagnóstico de demência vascular. A história de AVE (relatada ou com exame neurológico confirmatório) não é necessária, porém, aumenta a especificidade do diagnóstico de demência vascular. A presença de infartos nos exames de imagem é requisito. Mas podem se apresentar de formas variadas quanto ao tipo (i ou h), dimensões, número de lesões, localização etc. Outro achado que pode ser encontrado é a leucoaraiose, doença difusa da substancia branca. Os exames neuropsicológicos podem ser utilizados, porém, são inespecíficos, pois dependem da localização do infarto. Ferramentas utilizadas no diagnóstico: Um questionário recomendado para a avaliação no rastreio de declínio cognitivo vascular é o • MoCA Um instrumento utilizado para diferenciar a doença de Alzheimer da demência vascular é o • Escala de Hachinski Este, apresenta 90% de sensibilidade e especificidade para predizer causa vascular quando escore > 7. Exames Complementares: • Hemograma completo • Função renal • Função tireoidiano • Função hepática • Cálcio sérico • Vitamina B12 • Colesterol • Hemoglobina glicosilada • VDRL • Sorologia para HIV • RNM de crânio Critérios diagnósticos: • Queda do estado funcional prévio suficiente para interferir nas atividades de vida diária envolvendo dois ou mais domínios da cognição. • Presença de declínio cognitivo + exame de imagem evidenciando doença cerebrovascular + > 1 das opções: - Existência de relação temporal clara entre o evento vascular e o inicio dos sintomas cognitivos - Existência de relação entre o grau dos sintomas cognitivos e a presença de lesões patológicas difusas e/ou subcorticais • Não é mais bem explicada por outro mecanismo Diagnóstico diferencial: • Doença de Alzheimer • Transtorno depressivo maior • Doença de Parkinson • Hidrocefalia de pressão normal Tratamento: Como o AVE é a principal causa de demência vascular, seu tratamento e profilaxia estão inclusos no tratamento de demência vascular. NÃO FARMACOLÓGICO: • Cessar tabagismo • Controlar índices pressóricos e glicêmicos • Controlar a dislipidemia • Tratar obesidade TRATAMENTO PARA EVITAR RECIDIVA DE AVE: • Antiplaquetários • Anticoagulantes • Endarterectomia da carótida (quando há indicação) TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: O uso de=os inibidores de colinesterase e inibidores de NMDA apresentam efeito quando há associação da demência vascular com o Alzheimer, mas na demência vascular somente não há indicação. Observação: Quanto o prognóstico da doença, este é muito variado, pois dependerá dos AVE coexistentes. Em alguns pacientes pode haver a estabilização da demência devido os infartos serem estáveis, no entanto, outros pacientes podem continuar tendo outros infartos cerebrais e apresentar declínio cognitivo e deterioração progressiva da demência. Realizar tratamento sintomático em casos de sintomas comportamentais, como o uso de citalopram e sertralina.
Compartilhar