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MEDCURSO – PSIQ - CAP. 2 TRANSTORNOS MENTAIS ORGÂNICOS – DELIRIUM E DEMÊNCIA • Delirium, demência, transtorno amnéstico e outros transtornos cognitivos. o Outros: transtornos delirantes, do humor, de ansiedade e de personalidade, decorrentes de lesão e disfunção cerebral, os quais mimetizam as sd. funcionais correspondentes. • Caract. em comum: comprometimento da cognição (memória, linguagem, atenção). • Teste prático: Miniexame do Estado Mental (MMSE - Mini-Mental State Examination). DELIRIUM • Conhecido como: estado confusional agudo, confusão mental, encefalopatia metabólica. • Alt. global das funções psíquicas: comprometimento da consciência, da atenção e das funções cognitivas; pode ter alt. do ciclo sono-vigília e da psicomotricidade. o Pode haver outros sintomas psiq. (alt. de humor, percepção e comportamento), ou neurológicos (tremor, incontinência urinária). o Atenção, consciência, cognição e pensamento. • Início súbito (horas a dias), curso breve e flutuante; melhora rápida qnd. o fator causal é identificado e eliminado. • Muitas causas; a maioria fora do SNC (ex.: insuficiência renal ou hepática). • Transtorno comum. o 10 a 15% dos pcts em enfermarias cirúrgicas, 15 a 25% dos pcts em enfermarias clínicas, 30% dos pcts em un. cirúrgicas e cardíacas de tto intensivo e 40 a 50% dos pcts que estão se recuperando de uma cirurgia por fraturas de quadril. • Delirium hipoativo (+comum) ou hiperativo; • Fatores de risco: o idade avançada, lesão cerebral preexistente (p. ex.: demência, tumor, doença cerebrovascular); considerado sinal de mau prognóstico. • A taxa de mortalidade em um ano pode ser de até 50%. ETIOLOGIA • Praticamente qualquer alt. importante da homeostase pode levar ao delirium. • Principais causas: o doenças do SNC (epilepsia), doenças sistêmicas (insuficiência cardíaca) e intoxicação ou abstinência de agentes farmacológicos ou tóxicos. Principal neurotransmissor envolvido: acetilcolina; principal área: formação reticular. As drogas de ação anticolinérgica (amitriptilina; clorpromazina) podem precipitar um episódio de delirium. CAUSAS DE DELIRIUM • Causas intracranianas: o Epilepsia e estados pós-ictais; o Traumatismo cerebral; o Infecções: meningite, encefalite; o Transtornos vasculares. • Causas extracranianas: o Drogas (ingestão e abstinência): sedativos (inclusive o álcool), tranquilizantes, opioides, agentes anticolinérgicos, anticonvulsivantes, antiparkinsonianos, anti-hipertensivos, insulina, esteroides; o Venenos: monóxido de carbono, metais pesados; o Disfunção endócrina: hipófise, pâncreas, adrenal, paratireoide, tireoide; o Outros órgãos: fígado (encefalopatia hepática), rins e trato urinário (encefalopatia urêmica), pulmões (hipóxia), sistema cardiovasc. (IC, arritmia, hipotensão); o Doenças carenciais: deficiências de tiamina, ácido nicotínico, vitamina B12, folato; o Infecções sistêmicas com febre e sepse; o Desequilíbrio eletrolítico por qualquer causa; o Estados pós-operatórios; o Traumatismo (craniano ou corporal geral). DIAGNÓSTICO • Geralmente diag. com o pct internado em hospital clínico • Clínica: início súbito dos sintomas de rebaixamento do NC e alt. cognitivas. • Exame do estado mental: útil para documentar o comprometimento cognitivo e obter um parâmetro de comparação evolutiva. • Exame físico: freq. revela indícios quanto à causa (dç física conhecida, TCE ou dependência alcoólica). • Investigação laboratorial deve seguir a situação clínica. • OBRIGAGATÓRIO: comprometimento do nível de consciência e de atenção. o c/ freq. flutuam ao longo do dia; o orientação temporal geralmente perdida (até em casos leves); o orientação espacial (em casos severos); o orientação autopsíquica raramente perdida. o alucinações visuais e auditivas: relativamente comuns; vivas e assustadoras. o delírios: pouco estruturados, flutuantes c/ conteúdo persecutório. o alt. do humor: na forma de medo infundado, ansiedade, depressão ou euforia. o inversão do ciclo sono-vigília; o alt. da psicomotricidade, c/ lentificação ou agitação. Piora ao entardecer (sundowning) ou qnd o pct é exposto à estimulação excessiva ou escassa. MEDCURSO – PSIQ - CAP. 2 Uma forma de fazer o diag. é usar o método CAM-ICU (Confusion Assessment Method in a Intensive Care Unit): DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • É necessário distinguir delirium de demência; diversos aspectos clínicos ajudam: CURSO E PROGNÓSTICO • Sintomas, duração e evolução tem relação c/ os fat. causadores; costumam ceder em 1- 2 sem. após retirada da causa; idade e duração do episódio podem ser indícios de mau prognóstico. TRATAMENTO • Identificar e tratar a condição que está causando o delirium. • Ambientes tranquilos, moderadamente iluminados, evitando o isolamento total. • Reorientação e reasseguramento (aprovar e reforçar alguns atitudes positivas) são freq. necessários e eficazes. • Presença de um familiar pode ser tranquilizadora. • Atenção especial: controle da hidratação e do equilíbrio hidroeletrolítico. • Medicamentos: deve ser criterioso (risco de piora do deficit cognitivo). o antipsicóticos em baixas doses p/ sintomas psicóticos e; o benzodiazepínicos de curta ou intermediária meia-vida (lorazepam 1-2 mg/dia) para o tto da insônia. ▪ benzo de meia-vida longa deve ser evitada no tto do delirium, exceto nos casos de delirium tremens (sd. de abstinência por álcool). DEMÊNCIA • Múltiplos comprometimentos nas funções cognitivas, s/ alteração da consciência. o principais funções cognitivas: memória, linguagem, orientação, solução de problemas, inteligência, percepção, atenção e concentração, julgamento e habilidades sociais. • NECESSÁRIO que os sintomas resultem em um prejuízo significativo no funcionamento social e ocupacional c/ declínio significativo a partir de um nível ant. • É uma síndrome, podendo haver várias causas para a mesma: o 15% reversível (importante diag. etiológico inicial). o principal causa de demência: doença de Alzheimer (50-60%), seguida pela demência vasc. (15-30%). • Transtornos que podem produzir demência: o Doença de Alzheimer; o Demência vasc. (variedades: multi-infartos, lacunar, dç de Biswanger, microinfarto cortical); o Drogas e toxinas (incluindo demência alcoólica crônica); o Massas intracranianas (tumores, massas subdurais, abscessos cerebrais); o Anóxia; o Traumatismo (TCE, demência pugilística); o Hidrocefalia de pressão normal; o Transtornos neurodegenerativos (Parkinson, Huntington, dç de Pick etc); o Infecções (HIV, encefalite viral, neurossífilis etc); o Transtornos nutricionais (def. de B12, folato etc); o Transtornos metabólicos (hipo/hipertireoidismo, insuf. hepática, IR severa); o Transtornos inflamatórios crônicos (LES). MEDCURSO – PSIQ - CAP. 2 • Exames laboratoriais: estabelecer diag. de demência e determinar a etiologia; HMG completo, VHS, glicemia, Ur e Cr, eletrólitos, hepatograma, hormônios tireoidianos, dosagem de B12, sorologia para sífilis e HIV, TC crânio, ECG, RNM crânio. • Diag. final de Doença de Alzheimer: como um exame neuropatológico do cérebro não é possível, é geralmente feito no contexto clínico após exclusão de outras causas. Quadro demencial de início insidioso; 1ª manif. deficit de memória (esquecimentos); linguagem alterada (troca do nome de objetos); desorientação, no tempo e no espaço; e autopsíquica (+ avançado); com a progressão da doença: dependente de terceiros p/ AVD; perda do controle esfincteriano (incontinência urinária), disfagia e convulsões. • Pcts com demência freq. apresentam: o alterações de comportamento, como inquietude e agitação; + comuns quando há sintomas psicóticos associados (ex.: delírios paranoides e alucinações visuais ou auditivas). o sintomas depressivos e ansiosos podem fazer parte do quadro clínico. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Causas reversíveisde demência devem ser identificadas através de exames laboratoriais e de imagem. Qnd não se identifica nenhum componente clínico e nenhuma outra causa de demência, faz-se o diagnóstico de DA. • DEMÊNCIA VASCULAR: sinais neurológicos focais; início abrupto; evolução em degraus (períodos de piora progressiva a cada nova crise de insuf. vasc. cerebral, seguidos por estabilização das alt. cognitivas). Pode haver história prévia de HAS, DM, colagenoses, vasculites, dç aterosclerótica, entre outros. • DOENÇA DE PICK: tipo de demência frontotemporal; alt. comportamentais costumam ser os 1ºs sinais; presença de deterioração intelectual e afetiva, além de afasia e outras alt. da linguagem; comprometimento das AVD (+avançado); +meia-idade. • PSEUDODEMÊNCIA: pcts deprimidos podem apresentar esquecimentos; • DOENÇA DE HUNTINGTON: se diferencia da DA pela presença de mov. coreoatetoides; demência, coreia e antec. fam. positivo; início: alt. da personalidade, humor ou sintomas psicóticos; outras: ataxia, rigidez extrapiramidal e convulsões. • DOENÇA DE PARKINSON: a demência tem como caract., além das disfunções cognitivas, a sd. parkinsoniana (bradicinesia, tremor de repouso, rigidez muscular e perda do reflexo postural); podem desenvolver outros quadros psiquiátricos além de demência, como transtornos afetivos e alterações de personalidade. CLASSIFICAÇÃO • As demências podem ser divididas entre cortical e subcortical. • Demência subcortical: deterioração intelectual, prejuízo cognitivo, apatia e alterações motoras (Alzheimer, Vascular [menos Biswanger] e Pick). • Demência cortical: mais freq. amnésia, acalculia, afasia, apraxia e agnosia (Biswanger, Parkinson, Huntington, HIV). TRATAMENTO • Relacionado ao fator causal. • Se causa reversível: iniciar tto o mais rápido possível, p/ evitar a progressão da doença. Doenças degenerativas: tratar as alt. de comportamento segundo o quadro clínico (antipsicóticos p/ sintomas psicóticos etc). • DA: estabilizar o curso c/ o uso de inibidores de colinesterase. • Demência vascular: controlar a doença de base com medidas profiláticas que evitem a instalação de novos infartos. • Outras medidas: cuidados com a saúde física, orientação familiar e suporte psicossocial. • Episódios de agitação psicomotora e os quadros psicóticos: tratar sintomaticamente. o Escolha dos psicofármacos criteriosa; maior incidência de efeitos colaterais nos idosos; risco de agravamento do deficit cognitivo.
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