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WBA0933_v1.0 AVALIAÇÃO E CONDUTA NUTRICIONAL EM PACIENTES GRAVES ADULTOS, IDOSOS E PEDIÁTRICOS Proposta de Resolução Autoria: Lorena Pires da Cunha Leitura crítica: Maria Carolina Santos Mendes Proposta de Resolução A triagem nutricional desse paciente pode parecer desafiadora devido à falta de informações mais detalhadas sobre a história prévia no momento inicial da internação. Nesse caso, a ferramenta NUTRIC poderia ser uma alternativa para triagem, já que não depende de informações pregressas. Entretanto, na descrição do caso, não há informações sobre todos os parâmetros necessários para realizar essa triagem (como escore prognóstico de APACHE e SOFA e número de dias de internação prévio à UTI). A ferramenta NRS 2002 poderá ser aplicada e, mesmo não sendo possível pontuar a parte de “situação nutricional”, no aspecto “gravidade da doença” o paciente receberia pontuação mínima de 2. Ademais, como trata-se de paciente idoso, mais um ponto seria somado, resultando em escore final de 3, indicativo de risco nutricional. A triagem nutricional desse paciente também poderia ser feita considerando o fato de que pacientes idosos em estado crítico têm maior risco de desnutrição. Além disso, como o paciente apresenta previsão de internação prolongada em UTI, e todo paciente com tempo de internação > 48h tem risco nutricional, fica claro que ele seria classificado como risco nutricional. Uma vez constatado o risco, torna-se necessária a avaliação mais detalhada do estado nutricional desse paciente. Com as informações disponíveis, verifica-se: • Perda de peso nos últimos 6 meses: Peso usual (65 kg) – Peso atual (61 kg) / Peso usual (65 kg) * 100 = 6,1%. • IMC = Peso atual (61 kg) / Altura (1,7)² = 21,1 kg/m² Magreza (segundo classificação do IMC para idosos). • Circunferência da Panturrilha: < 34cm redução da massa muscular. • Alteração significativa do consumo alimentar: consistência e quantidade (praticamente nula nas últimas duas semanas). A avaliação nutricional desse paciente poderia ser feita tanto a partir da avaliação nutricional subjetiva global (ANSG) quanto pelos critérios GLIM: • ANSG: alteração no peso e na ingestão alimentar e demanda metabólica elevada. • GLIM: presença dos três critérios fenotípicos de desnutrição (baixo IMC, baixa massa muscular e perda de peso) e do critério etiológico de baixo consumo alimentar. Independentemente da ferramenta utilizada, é possível concluir que a classificação do estado nutricional desse paciente é de desnutrição. Em relação ao grau, temos desnutrição moderada (critério GLIM: perda de peso 5%−10% nos últimos 6 meses, IMC <22 kg/m², se ≥70 anos, e déficit de massa muscular). As recomendações calóricas e proteicas para o paciente idoso grave em questão são: 1500 kcal a 1800 kcal por dia (25-30 kcal/kg/dia) e 73 a 122g de proteína por dia (1,2g- 2,0g/kg/dia). Entretanto, a oferta calórica inicial deverá ser baixa – 900 a 1200 kcal/kg/dia (15-20 kcal/kg/dia) – para reduzir o risco de síndrome de realimentação. Como aparentemente o paciente apresenta trato gastrointestinal funcionante, mas está sedado e em uso de ventilação mecânica, a nutrição enteral pode ser indicada como via de nutrição. A terapia nutricional enteral poderá ser ofertada via sonda nasoenteral em posição gástrica. Caso haja algum sinal de intolerância gastrointestinal ou risco de broncoaspiração, o posicionamento da sonda jejunal deverá ser considerado. A dieta enteral polimérica e hiperproteica poderá ser indicada. Depois do início da terapia nutricional enteral, a meta nutricional poderá ser atingida gradativamente, segundo tolerância e condição clínica do paciente, após o quarto dia. A tolerância à terapia nutricional instituída poderá ser avaliada por meio do monitoramento de sintomas gastrointestinais (distensão abdominal, funcionamento intestinal, vômitos ou resíduo gástrico elevado etc.), glicemia e exames bioquímicos (principalmente os relacionados à síndrome de realimentação, como P, Mg e K). Bons estudos! Proposta de Resolução
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