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Psicologia Aplicada a Fisioterapia - Unid I

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Autores: Profa. Ronilda Iyakemi Ribeiro 
 Prof. Eduardo Ribeiro Frias
Colaboradora: Profa. Roberta Pasqualucci Ronca 
Psicologia Aplicada 
à Fisioterapia
Professores conteudistas: Ronilda Iyakemi Ribeiro / Eduardo Ribeiro Frias
Ronilda Iyakemi Ribeiro
Etnopsicóloga. Doutora em Psicologia e em Antropologia da África Negra pela Universidade de São Paulo (USP). 
Pesquisadora e Membro da Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos da Universidade Paulista (UNIP), 
importante núcleo que produz material pedagógico destinado a alunos e professores de todos os cursos e campi 
dessa universidade. Professora Sênior da USP. Coordenadora do Grupo de Pesquisa Estudos Transdisciplinares da 
Herança Africana (CNPq-UNIP). Membro do Grupo de Trabalho Psicologia e Religião (Associação Nacional de Pesquisa 
e Pós-Graduação em Psicologia – ANPEPP) e do Coletivo Coalizão Inter-Fé em Saúde e Espiritualidade. Representante 
da UNIP no Fórum Inter-religioso para uma Cultura de Paz e Liberdade de Crença (Secretaria de Justiça e Cidadania do 
Estado de São Paulo). Patronesse do Egbé Omó Oduduwa no Brasil.
Endereço para acessar o currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4048242930372248.
Eduardo Ribeiro Frias
Etnopsicólogo. Mestre e Doutor em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP). Pesquisador e Membro 
da Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos da Universidade Paulista (UNIP), importante núcleo que produz 
material pedagógico destinado a alunos e professores de todos os cursos e campi dessa universidade. Pesquisador 
do Grupo de Pesquisa Estudos Transdisciplinares da Herança Africana (CNPq-UNIP). Idealizador e coordenador de 
projetos de intervenção socioeducacional e socioambiental, com larga experiência em ações do terceiro setor, muitas 
das quais realizadas na Serra da Cantareira, Mata Atlântica de São Paulo. Realiza pesquisas de cunho ecopsicológico 
e etnopsicológico, privilegiando estudos relativos à etnia iorubá em seu continente de origem (África Ocidental) e em 
sua diáspora nas Américas, particularmente no Brasil.
Endereço para acessar o currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8594865588582832.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
R484p Ribeiro, Ronilda Iyakemi.
Psicologia Aplicada à Fisioterapia / Ronilda Iyakemi Ribeiro, 
Eduardo Ribeiro Frias. – São Paulo: Editora Sol, 2021.
180 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Psicologia geral. 2. Psicologia do desenvolvimento. 3. Psicologia 
social. I. Frias, Eduardo Ribeiro. II. Título.
CDU 159.9
U510.63 - 21
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Willians Calazans
 Ricardo Duarte
Sumário
Psicologia Aplicada à Fisioterapia
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 11
Unidade I
1 PSICOLOGIA E FISIOTERAPIA ....................................................................................................................... 17
1.1 Ciências da saúde e a prática de fisioterapeutas .................................................................... 17
2 IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA PARA O FISIOTERAPEUTA ............................................................. 20
3 PANORAMA HISTÓRICO DA PSICOLOGIA E PRINCIPAIS ÁREAS DE ATUAÇÃO 
DOS PSICÓLOGOS ............................................................................................................................................... 22
3.1 Panorama histórico da psicologia ................................................................................................. 22
3.2 Áreas de atuação do psicólogo ....................................................................................................... 24
4 TÓPICOS DE PSICOLOGIA ÚTEIS A FISIOTERAPEUTAS ....................................................................... 27
4.1 Principais funções psíquicas ............................................................................................................ 27
4.1.1 Inteligência ................................................................................................................................................ 27
4.1.2 Pensamento e linguagem .................................................................................................................... 29
4.1.3 Atenção e concentração ...................................................................................................................... 29
4.1.4 Sensação e percepção ........................................................................................................................... 31
4.1.5 Memória ..................................................................................................................................................... 33
4.1.6 Motivação .................................................................................................................................................. 37
4.1.7 Emoções ...................................................................................................................................................... 38
Unidade II
5 PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE ............................................................................................................ 46
5.1 Tópicos de psicologia da personalidade ...................................................................................... 46
5.1.1 Psicologia da personalidade: introdução ...................................................................................... 47
5.1.2 Noções de psicanálise ........................................................................................................................... 49
5.1.3 Corpo e temperamento: concepções ocidentais e orientais ................................................. 54
5.1.4 Identidade pessoal .................................................................................................................................. 66
5.1.5 Noções de psicopatologia ................................................................................................................... 78
6 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM ....................................................... 82
6.1 Tópicos de psicologia do desenvolvimento ............................................................................... 82
6.1.1 Fatores hereditários e ambientais do desenvolvimento ......................................................... 84
6.1.2 Algumas das principais contribuições teóricas à psicologia do desenvolvimento ...... 86
6.1.3 Envelhecimento: etapa final do desenvolvimento .................................................................... 93
6.1.4 Término da jornada: o pacienteterminal, a morte e o luto .................................................. 97
6.2 Tópicos de psicologia da aprendizagem ...................................................................................100
6.2.1 Aprendizagem: a abordagem comportamental .......................................................................103
6.2.2 Aprendizagem: a abordagem comportamental-cognitiva ..................................................105
6.2.3 Aprendizagem: uma perspectiva psicanalítica .........................................................................108
Unidade III
7 INTERAÇÃO FISIOTERAPEUTA-CLIENTE .................................................................................................113
7.1 Tópicos de psicologia social ...........................................................................................................113
7.1.1 Psicologia social psicológica e psicologia social sociológica ..............................................113
7.1.2 Noções de estrutura e dinâmica de grupos ............................................................................... 114
7.1.3 O grupo operativo de Pichon-Rivière ........................................................................................... 115
7.1.4 Etapas do desenvolvimento dos grupos de trabalho ............................................................. 118
8 TÓPICOS RELATIVOS À QUALIDADE DE VIDA E À INSERÇÃO DA FISIOTERAPIA 
NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) .......................................................................................................119
8.1 Qualidade de vida ...............................................................................................................................119
8.2 Sistema Único de Saúde (SUS) e a promoção de qualidade de vida .............................120
8.3 Inserção do fisioterapeuta no SUS ..............................................................................................122
8.4 O fisioterapeuta, a Política Nacional de Práticas Integrativas e 
Complementares (PNPIC) do SUS e o binômio espiritualidade-saúde ................................123
8.5 Relação fisioterapeuta-cliente e relação corpo-mente: dois 
importantes binômios ..............................................................................................................................128
8.6 Abordagens corporais em psicoterapia e possíveis articulações 
com a fisioterapia ......................................................................................................................................130
8.7 Importância do diálogo na interação fisioterapeuta-cliente ...........................................136
8.8 Acolhida e dádiva: condições indispensáveis para o diálogo ...........................................139
8.9 Desafios da prática e preparo do fisioterapeuta ...................................................................140
7
APRESENTAÇÃO
Nenhuma obra é de autoria exclusiva daqueles que assinam como autores. Toda obra escrita resulta 
sempre de um esforço coletivo do qual muitas pessoas participam, a maioria das quais transitando na 
invisibilidade, embora estejam sempre de plantão, sempre atuantes em produções dessa natureza. Este 
livro-texto não escapa à regra: ele não existiria se não houvesse na Universidade Paulista (UNIP) e fora 
dela pessoas disponíveis para dialogar e para pôr a mão na massa. Impossível mencionar todos os que 
participam da produção de nossos livros-textos – os docentes que preparam textos e o amplo suporte 
técnico para sua efetiva produção gráfica e distribuição. Nós, autores deste livro-texto que você têm agora 
em mãos, queremos expressar nossa especial gratidão à Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez, Vice-Reitora de 
Graduação da UNIP; a todos os docentes da Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos (CQA-UNIP), 
na pessoa da Profa. Dra. Christiane Mazur; a todos os demais integrantes da CQA-UNIP, na pessoa de 
Gladys Pierrobon e de Elaine Silva de Almeida Rodrigues; ao corpo técnico da produção material e virtual 
das obras, na pessoa de Cláudia Meucci Andreatini, Betisa Malaman, Cláudia Regina Baptista e Alexandre 
Ponzetto; e, finalmente, a todos os alunos, nossos grandes motivadores e nossa esperança no futuro.
Ao tratarmos do tema psicologia aplicada à fisioterapia, a primeira questão a ser colocada é a 
seguinte: por que é recomendável a graduandos de Fisioterapia o aprendizado de noções de psicologia?
A profissão de fisioterapeuta, incluída entre profissões da área da saúde, possui caráter terapêutico 
e exige, por isso, o conhecimento de fatores subjetivos presentes na interação fisioterapeuta-cliente e 
favorece o desenvolvimento de habilidades pessoais que contribuem para a obtenção de bons resultados.
Grecchi e Castro (2008) realizaram junto a alunos de uma universidade do ABC Paulista uma pesquisa 
que resultou num artigo intitulado “O sentido de aprender psicologia para alunos de graduação em 
Fisioterapia”. Identificaram que alguns temas da psicologia são particularmente relevantes na formação 
de fisioterapeutas:
• compreensão de si;
• compreensão do outro;
• relação com o outro;
• exercício da profissão;
• ética na prática profissional.
A prática cotidiana da fisioterapia apresenta desafios aos fisioterapeutas, e todos aqueles que 
realizam seus primeiros contatos com clientes percebem a si mesmos despreparados para lidar com a 
dimensão humana de si e das pessoas colocadas sob seus cuidados.
De modo geral, em todas as profissões do cuidado, a interação com clientes inevitavelmente mobiliza 
questões existenciais, além de conhecimentos teóricos e de preparo técnico. Dos profissionais incumbidos 
8
de cuidar de pessoas é exigida a capacidade de escuta – escuta de si e escuta do outro – e, mobilizados 
emocionalmente, os cuidadores, como se sabe, também passam a requerer cuidados.
O fisioterapeuta acessa o corpo de seu cliente, e essa aproximação exige, muitas vezes, a renúncia 
de si em favor da singularidade do outro. A construção teórico-técnica da psicologia pode ser posta a 
serviço de práticas profissionais que privilegiam a interação humana, assim como pode indicar caminhos 
para a reintegração pessoal de profissionais do cuidado, continuamente mobilizados pelo contato 
com seus semelhantes. Todo profissional da educação e da saúde é convidado a compreender cada 
ser humano em seu modo particular de existir, reconhecendo que a organização do psiquismo resulta 
da ação de agentes externos e resulta, simultaneamente, de um processo de atribuição de sentidos e 
significados por parte da pessoa.
Não podemos ignorar o fato de que em nosso país convivem distintas concepções de universo, de 
tempo e de pessoa. Na área da saúde, por exemplo, vemos práticas médicas e paramédicas inspiradas 
no chamado paradigma vitalista, de caráter holístico, convivendo com práticas médicas e paramédicas 
próprias da medicina ocidental contemporânea, que se inspira no paradigma cartesiano da mecânica 
clássica e é crescentemente estimulada por avanços tecnológicos que priorizam o diagnóstico em 
detrimento da terapêutica.
No encontro de um fisioterapeuta com seu cliente, ocorre um encontro de universos de experiências 
pessoais, pois cada qual carrega consigo um mundo de vivências no qual está submerso e, inevitavelmente, 
durante esse encontro humano, haverá influência mútua. Como veremos, a psicologia é múltipla 
e diversa e, quando aplicada à fisioterapia, demanda a abordagem de temas que possam auxiliar o 
fisioterapeuta em sua relação com os clientes e com os contextos de atendimento. A perspectiva adotada 
neste livro-texto é, pois, apenas uma das perspectivas possíveis e, certamente, outras visões poderão 
mostrar-se úteis, caso haja o propósito de expandir e aprofundar conhecimentos a respeito da interface 
dessas duas disciplinas do cuidado humano.
Enlace
Na fronteira
Os limites
Se encontram.
 €_FR!@s
Fonte: Frias, E. R. (2016).
A aproximação entre pessoas do corpo docente (professores)e pessoas do corpo discente (alunos) 
proporcionada pela Universidade Paulista cria oportunidade para a formação de vínculos, mesmo 
quando alguns cursos são ministrados a distância e os vínculos estabelecidos entre educadores e 
educandos são fundamentados no respeito mútuo.
O respeito que um aluno manifesta por um mestre, no qual reconhece a autoridade daquele que 
sabe e ensina com humildade, produz ressonância amorosa, e o vínculo estabelecido entre ambos se 
9
faz vigoroso o suficiente para sustentar por muito tempo essa relação humana. Talvez por toda a vida. 
O bom mestre favorece a formação de vínculos fraternos entre seus discípulos, de modo que a força de 
cada um possa se mostrar e se ampliar no trabalho grupal. Desejando o bom mestre que seus discípulos o 
superem, cultiva neles o anseio de o ultrapassarem. O escritor e educador português Agostinho da Silva 
se refere a Platão dizendo:
O mestre vulgar é como os passarinheiros que cortam as asas das pombas 
para que elas não voem até onde ele não possa alcançá-las. Mas Platão só 
deseja que as pombas se banhem no azul dos céus e tão alto subam que 
toda a terra se desdobre e se revele a seus olhos (SILVA, 1996, p. 52).
Recorremos a essa metáfora porque ela se mostra útil também para descrever relações estabelecidas 
entre fisioterapeutas e seus clientes: o respeito experimentado por um cliente em relação ao fisioterapeuta 
que se dedica a cuidar dele, respeito de quem reconhece a autoridade profissional daquele que sabe e utiliza 
seus saberes com humildade ao se esforçar para promover o alívio de sofrimentos, produz ressonância 
amorosa. E o vínculo assim estabelecido se faz vigoroso o suficiente para sustentar-se por muito tempo 
na interioridade dos envolvidos nessa relação terapêutica. Talvez por toda a vida. O bom agente de saúde, 
quando em atendimento grupal, favorecerá a formação de vínculos fraternos entre seus assistidos, de 
modo que a força de cada um dos clientes ali presentes possa se mostrar e se ampliar no trabalho coletivo.
A produção deste livro-texto encontra apoio e inspiração nos quatro pilares da educação para a paz, tal 
como descritos no Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI 
(DELORS et al., 2010). Segundo esse relatório, a educação, processo que perdura por toda a vida, deve estar 
apoiada em quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.
Figura 1 – Quatro pilares
Aprender a conhecer inclui aprender a aprender, descobrir prazer no ato de compreender, construir 
conhecimentos, valorizar a curiosidade, refletir sobre o novo e reconstruir o antigo.
10
Aprender a fazer implica adquirir qualificação profissional, sim. Mas não apenas isso: implica 
desenvolver competências para enfrentar todo tipo de situação e para trabalhar em grupo, de modo 
cooperativo. Estar preparado para ingressar e se manter no mercado de trabalho é necessário, porém 
não suficiente, porque as profissões, sujeitas a rápidas e inesperadas mudanças, exigem flexibilidade 
para adaptar-se a novas circunstâncias de trabalho.
Aprender a conviver é aprender a compreender, a dialogar, a perceber o quanto somos 
interdependentes. É aprender a apreciar a diversidade e o pluralismo, mediar conflitos e perseguir ideais 
da solidariedade e da paz.
Aprender a ser é processo de desenvolvimento pessoal com responsabilidade, de busca de 
autonomia, de ampliação da capacidade de discernir para julgar com sabedoria. Para isso é preciso 
desenvolver sensibilidade, sentido ético e estético, imaginação, criatividade.
Da educação apoiada sobre quatro pilares decorrem importantes consequências individuais e 
sociais. É preciso que o ensino-aprendizagem que privilegia a aquisição de informações e que tem 
sido o principal objetivo dos professores seja substituído por outro, que privilegie o desenvolvimento 
do raciocínio lógico, do pensar crítico, da capacidade de pesquisar, processar e sintetizar informações, 
elaborar teorias, se comunicar, de obter autonomia e ser socialmente atuante. Educar com base nos 
quatro pilares implica não privilegiar a aquisição de um enorme volume de informações em detrimento 
de outras aquisições. Segundo o Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação 
para o Século XXI (DELORS et al., 2010), essa concepção ampla de educação deve inspirar e orientar 
reformas educacionais na elaboração de programas e planos de ensino e na definição de políticas e 
estratégias pedagógicas.
Pois bem. Você verá que, inspirados nos princípios da educação para a paz, organizamos este 
livro-texto de tal modo que todas as unidades e todas as seções estão apoiadas nos referidos quatro 
pilares: aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser permeiam e impregnam o livro-texto todo.
Pode a psicologia oferecer aos fisioterapeutas melhor compreensão de si e do outro com 
quem entra em relação durante sua prática profissional? Convencidos de que isso é possível, neste 
livro-texto reunimos alguns conceitos básicos de psicologia úteis para a reflexão de fisioterapeutas. 
Com o intuito de que compreendam melhor os clientes entregues a seus cuidados e compreendam 
melhor a si mesmos nessa e em outras interações humanas, colocamos este livro-texto a serviço da 
sua formação, aluno de Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP). E o convidamos a viajar conosco 
nesse universo de infinitas possibilidades!
11
INTRODUÇÃO
A fisioterapia, segmento da área de saúde que contribui com seu conteúdo específico para o 
restabelecimento, preservação e promoção da saúde, é profissão cujo início ocorreu por volta de 1880, 
quando um grupo de enfermeiras inglesas se mobilizou para aprender uma nova técnica de massagem 
em benefício de mulheres neurastênicas. Pouco a pouco, a massagem deixou de ser apenas uma técnica 
de enfermagem para se tornar uma profissão independente. Em meados de 1884, surgiram as primeiras 
escolas de ensino científico de massagem em cursos com duração variável entre quatro e seis meses. Tais 
cursos incluíam aulas de anatomia e treinamento em hospitais.
Durante todo o século XIX, na Europa e nos Estados Unidos, técnicas de fisioterapia foram sendo 
aprimoradas para atender à necessidade de tratar um grande contingente de trabalhadores que haviam 
sofrido lesões e mutilações acarretadas por práticas profissionais trazidas pela Revolução Industrial. 
Também se mostrava necessário atender soldados que haviam participado da Primeira e da Segunda 
Guerras Mundiais. O tratamento físico, associado a intervenções provenientes de outras áreas das 
ciências médicas, foi gradativamente conquistando o reconhecimento público (OLIVEIRA, 2005 apud 
GRECCHI; CASTRO, 2008).
O fisioterapeuta possui conhecimentos sobre disfunções orgânicas e recursos fisioterápicos, sendo 
capaz de estabelecer objetivos gerais e específicos a serem atingidos por meio de intervenções de tipo 
educativo, terapêutico ou reabilitacional. Seu trabalho pode ser desenvolvido em hospitais (atendimento 
ambulatorial, de leito e terapia intensiva), em centros de reabilitação, clínicas particulares, clubes 
desportivos, centros de saúde, escolas, indústrias, faculdades e centros de pesquisa.
No mercado de trabalho, o fisioterapeuta tem sido solicitado a integrar equipes na área de 
atendimento hospitalar para realizar terapias intensivas nos setores de traumatologia e ortopedia, entre 
outros; na área esportiva, esse profissional vem atuando em clubes e academias; e na área clínica, tem 
sido chamado a integrar equipes de cirurgia plástica e de estética.
Atualmente, seus principais campos de atividade são os seguintes:
• na área clínica, atua junto a setores de medicina clínica e cirúrgica, em ortopedia, traumatologia, 
neurologia, pediatria, cardiologia, reumatologia, ginecologia, dermatologia e cirurgia plástica, entre 
outros, e, com base no diagnóstico clínico, avalia o cliente e planeja o tratamento a ser desenvolvido;
• na área preventiva, atua em equipesmulti e interdisciplinares, em ambientes funcionais, como 
fábricas, consultórios e escolas, entre outros, com o objetivo de prevenir diversos problemas, entre 
os quais, problemas musculoesqueléticos e respiratórios;
• atua também como pesquisador, visando contribuir para o aperfeiçoamento de métodos e técnicas.
A atenção à saúde, realizada com base nas Leis Orgânicas da Saúde, inclui políticas, programas e serviços 
desenvolvidos em conformidade com princípios e diretrizes que estruturam o Sistema Único de Saúde (SUS), 
instituído na Constituição Federal de 1988 e regulamentado pelas Leis n. 8.080/90 e 8.142/90.
12
Nesse contexto, a saúde é considerada resultante de boas condições de habitação, alimentação, 
educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra 
e acesso a serviços de saúde. Ou seja, ela é considerada também em sua dimensão ético-política, sujeita, 
pois, a uma perspectiva múltipla, transdisciplinar e participativa.
Como a psicologia e a fisioterapia compartilham espaços e propósitos nos sistemas de atenção à 
saúde, vale a pena introduzirmos o tema central deste livro-texto abordando questões relativas ao 
relacionamento fisioterapeuta-cliente, de importância fundamental para o sucesso das intervenções. 
Veremos que a abordagem desse aspecto nos remeterá a outros temas igualmente importantes. Nos 
parágrafos seguintes, estão sublinhados temas que serão cuidadosamente abordados posteriormente. 
No momento, partimos do fato de ser a relação estabelecida entre fisioterapeuta e cliente um aspecto 
fundamental do processo de adesão ao tratamento.
Com o objetivo de verificar se o relacionamento estabelecido entre fisioterapeutas e seus clientes 
interfere na adesão ao tratamento, a psicóloga Marina Subtil e alguns colaboradores (SUBTIL et al., 
2011) realizaram um estudo do qual participaram quatro fisioterapeutas e 11 clientes com distintos 
diagnósticos clínicos e idade variando entre 25 e 73 anos. Os dados dessa pesquisa, inicialmente 
organizados em dois conjuntos – relatos dos fisioterapeutas e relatos dos clientes –, foram 
posteriormente reunidos em subconjuntos.
Dos relatos dos quatro fisioterapeutas resultaram três subconjuntos de temas:
• capacidades e habilidades do fisioterapeuta;
• adesão à fisioterapia;
• relacionamento fisioterapeuta-cliente.
Dos relatos dos 11 clientes resultaram dois subconjuntos de temas:
• caracterização da fisioterapia e do bom profissional;
• continuidade versus interrupção do tratamento.
Os dados para compreensão do fenômeno adesão ao tratamento na fisioterapia foram organizados 
em torno dos seguintes temas:
• necessidade de cuidado integral;
• dificuldade na comunicação cliente-terapeuta;
• contingências socioeconômicas do cliente.
13
Nesse estudo, foi possível concluir que a adesão ao tratamento na fisioterapia é multifatorial, ou 
seja, a adesão depende de muitos fatores e, entre esses fatores, o relacionamento entre fisioterapeuta 
e cliente é fundamental para o sucesso da reabilitação.
Segundo a percepção dos fisioterapeutas que participaram dessa pesquisa, às capacidades 
e habilidades técnicas devem se associar posturas pessoais e capacidade de se comunicar bem. Ou 
seja, além de competência técnica, o fisioterapeuta reconhece que ele precisa ser capaz de escutar e 
compreender o cliente que se encontra em estado de sofrimento, oferecer-lhe atenção e cuidado 
sob a forma de contato físico (terapia manual) e de afeto (amor, respeito, solidariedade, apoio, carinho, 
atenção). E, caso perceba que há algum comprometimento psíquico mais grave, deverá encaminhar o 
cliente para atendimento psicológico.
De modo geral, nos serviços de saúde, o relacionamento estabelecido entre os profissionais e seus 
clientes é fundamental. Considerando que a compreensão dos clientes por parte desses profissionais 
é indispensável para a efetiva promoção da saúde, a habilidade de escutar o cliente contribui 
significativamente para a criação de um espaço que favoreça sua expressão e sua participação no 
processo de cura. Se o cliente não estiver se sentindo aceito, acolhido, compreendido e amado, o processo 
de cura ficará comprometido. A eficácia terapêutica depende, pois, em grande parte, da qualidade do 
encontro humano entre fisioterapeuta e cliente.
Até aqui, nos detivemos sobre os dados obtidos por Subtil et al. (2011) por meio de entrevistas 
realizadas com os quatro fisioterapeutas. Vejamos agora o que esses pesquisadores obtiveram por meio 
de entrevistas realizadas com os 11 clientes.
Segundo a percepção dos clientes que participaram da pesquisa mencionada, o que se pode 
esperar de um bom fisioterapeuta? Os clientes entrevistados disseram que se espera de um 
fisioterapeuta conhecimentos, competência técnica para alívio ou supressão de dores e habilidade 
para estabelecer com seu cliente um relacionamento carregado de atenção, cuidado, empatia, 
reciprocidade, confiança e afeto.
 Observação
Serão realizadas referências à empatia adiante.
Consideraram que a adesão ao tratamento depende tanto do fisioterapeuta quanto do cliente, 
porque um tratamento completo requer compromisso das duas partes. Ao cliente compete ser 
disciplinado, assíduo, comprometido, disposto a realizar os exercícios domiciliares recomendados, desejar 
melhorar e depositar confiança no profissional e na técnica por ele adotada.
No estudo de Subtil et al. (2011), foram identificadas as seguintes causas de abandono do 
tratamento por parte de clientes:
14
• dificuldades financeiras;
• exigência de retornar ao trabalho;
• desinteresse;
• desvalorização do tratamento;
• insatisfação com as técnicas utilizadas e insatisfação com o relacionamento estabelecido com 
o fisioterapeuta.
Na pesquisa aqui relatada, os pesquisadores chegaram à conclusão de que a não adesão ao tratamento 
fisioterapêutico por parte dos clientes esteve associada a seis causas principais:
• condições socioeconômicas desfavoráveis, que dificultaram o acesso ao local de tratamento;
• busca por aposentadoria precoce e auxílio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS);
• espera prolongada pelo início do tratamento;
• resistência a aceitar o fato de estar sofrendo uma doença crônica;
• melhora inexpressiva devido à falta de persistência;
• necessidade de voltar às atividades laborais para sustento da família.
Vemos, pois, que a adesão à fisioterapia esteve relacionada tanto a contingências gerais quanto a 
características pessoais dos clientes, de fato, os principais interessados e principais responsáveis pela 
própria reabilitação.
A interação fisioterapeuta-cliente esteve incluída entre os principais fatores de adesão e sucesso 
do tratamento.
Também foram identificados outros elementos importantes dessa adesão, estes de responsabilidade 
do fisioterapeuta:
• oferta de cuidado integral, que inclui considerar o cliente em todas as suas dimensões de ser – 
física, psicológica (pensamento, sentimento e comportamento), socioeconômica;
 Observação
Este conjunto de elementos tradicionalmente reconhecidos por autores 
da psicologia vem sendo enriquecido pelos debates sobre espiritualidade, 
religiosidade e religião do cliente.
15
• estabelecimento de boa comunicação;
• reconhecimento dos temores, angústias e frustrações experienciados pelo cliente por estar doente;
• reconhecimento de suas contingências socioeconômicas.
Se partimos do pressuposto de que todas as doenças são psicossomáticas, já que corpo e mente são 
inseparáveis tanto anatômica quanto funcionalmente, não podemos dissociar transtornos orgânicos 
de questões psicológicas. Para identificar fatores psicossociais imbricados no adoecimento de clientes, 
é preciso que a formação profissional de um fisioterapeuta inclua conhecimentos que favoreçam o 
reconhecimento de fatores psicossociais e de fatores relativos à interação fisioterapeuta-cliente, para 
que o atendimento propicie estados emocionais favoráveis à reabilitação. Quanto mais um fisioterapeutareconhece as necessidades, potencialidades e desejos de seu cliente, maiores serão suas chances de 
ser bem-sucedido em seu trabalho.
 Observação
Posteriormente serão retomados os temas adesão ao tratamento e 
psicossomática.
Nem sempre é fácil para um fisioterapeuta lidar com as angústias, temores, frustrações, carências, 
entre outros tantos estados emocionais trazidos pelos clientes à sessão de fisioterapia.
Qualquer pessoa que tenha tido a experiência de estar numa sala de atendimento fisioterapêutico, 
seja na condição de terapeuta, seja na condição de cliente, sabe que a ocorrência de uma interação 
significativa é favorecida por se tratar de uma convivência prolongada, com estímulos táteis e 
comunicação verbal durante boa parte da sessão.
Os autores da pesquisa aqui relatada assinalam que a produção de estudos sobre essa relação no 
âmbito da fisioterapia é ainda escassa, e os poucos trabalhos realizados sugerem que a eficácia do 
processo de reabilitação depende muito da qualidade dessa interação humana.
Tomando conhecimento das conclusões a que chegaram Subtil et al. (2011), logo percebemos diversos 
elementos que caracterizam o bom diálogo. Esse assunto é tão importante que merece especial atenção, 
e por isso a ele nos dedicaremos neste livro-texto.
Consideramos de extrema importância a inclusão de noções de psicologia na formação de 
fisioterapeutas. No entanto, essas noções nem sempre estão incluídas entre as prioridades dessa 
formação profissional. Por quê? Para responder a essa pergunta, Canto e Simão (2009) tecem algumas 
considerações: são muitas e diversas as abordagens psicológicas das relações eu-outro, assim como é 
numeroso e diversificado o conjunto de conceitos teóricos envolvidos. Soma-se a isso o fato de que 
escolhas teórico-metodológicas no campo da psicologia, que contribuam para a prática profissional 
de agentes da saúde, demandam prolongados esforços para conhecê-las e para escolher dentre elas 
16
uma que seja considerada apropriada às convicções pessoais e profissionais desses cuidadores. Por isso, 
segundo essas autoras, a perspectiva psicológica é pouco presente, ou totalmente ausente, na formação 
de fisioterapeutas.
De uma perspectiva humanizadora do processo saúde-doença, é preciso estimular no graduando de 
Fisioterapia o conhecimento de noções de psicologia e o apreço por uma prática reflexiva, dado que o 
exercício dessa profissão tem lugar na zona fronteiriça das ciências médicas com as ciências humanas.
Desejamos a você uma leitura agradável e elucidativa!
17
PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
Unidade I
1 PSICOLOGIA E FISIOTERAPIA
1.1 Ciências da saúde e a prática de fisioterapeutas
Figura 2 
Retornando ao passado da fisioterapia, surgida entre 1945 e 1959 (GAVA, 2004 apud GRECCHI; 
CASTRO, 2008), vemos que fisioterapia e medicina têm caminhado lado a lado, compartilhando muitas 
vezes a mesma concepção reducionista e mecanicista de pessoa. Temos um bom exemplo disso em 
disciplinas de anatomia, nas quais partes de corpos humanos são manuseadas como se fossem peças 
de uma máquina.
Mas, perguntamos, haveria outras concepções de pessoa diferentes dessa concepção mecanicista? 
Por que razão o conhecimento científico ocidental seria a única possibilidade de compreensão dos 
fenômenos envolvidos na prática do fisioterapeuta? Por que motivo outros sistemas do saber não podem 
ter sua importância reconhecida?
Bem, de fato, nossa experiência de clientes da fisioterapia nos dá a conhecer que diversas práticas 
integrantes da medicina tradicional chinesa vêm sendo utilizadas em atendimentos clínicos:
• a acupuntura chinesa, que consiste na aplicação de agulhas bem finas em pontos específicos 
do corpo;
• a moxabustão, espécie de acupuntura térmica, realizada por meio de combustão da erva Artemisia 
sinensis e Artemisia vulgaris, cujo nome em chinês significa “longo tempo de aplicação do fogo”.
18
Unidade I
Figura 3 
Práticas integrantes da medicina tradicional japonesa também vêm sendo utilizadas. Entre elas, 
a acupuntura japonesa, que utiliza uma única agulha bem fina, e o shiatsu, técnica de massagem 
terapêutica que pode prevenir doenças e amenizar problemas, como estresse e ansiedade.
Quando perguntamos se há outras concepções de pessoa distintas da concepção mecanicista própria 
da medicina ocidental, se há alguma razão para o conhecimento científico ocidental ser apresentado 
como a única possibilidade de cura e se outros sistemas do saber podem ter sua importância reconhecida, 
encontramos bons elementos para responder a essas perguntas.
Respostas a essas e a outras perguntas são encontradas, por exemplo, nos trabalhos realizados 
nos últimos 20 anos pelo Grupo de Pesquisa Racionalidades Médicas e Práticas de Saúde, liderado por 
Madel Therezinha Luz. E o que são racionalidades médicas?
O termo racionalidades médicas diz respeito aos sistemas médicos construídos com base nas 
seguintes dimensões:
• morfologia humana;
• dinâmica vital;
• doutrina médica (noção de saúde e doença);
• sistema diagnóstico;
19
PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
• cosmologia;
• sistema terapêutico.
Figura 4 
Essa simples formulação, que reúne seis dimensões próprias de todo e qualquer sistema médico, 
tem favorecido o desenvolvimento de estudos comparativos entre as medicinas tradicionais chinesa, 
japonesa, aiurvédica, africana; homeopatia; medicina ocidental contemporânea; medicinas populares – 
que coexistem, muitas vezes, no mesmo contexto sócio-histórico, ou seja, ao mesmo tempo e no mesmo 
lugar. O operador conceitual racionalidades médicas foi criado para “analisar ou comparar sistemas 
médicos complexos em perspectiva teórica, analítico-descritiva, ou empírica, seja globalmente, como 
um todo, seja dimensão a dimensão” (LUZ; BARROS, 2012, p. 219).
Ao se referirem à medicina ocidental contemporânea, Luz e Barros (2012, p. 235) dizem: “trata-se 
de uma medicina de máquinas para (preservação de) máquinas”. Identificar relações entre distintos 
sistemas de cura, fundamentados em distintas noções de pessoa e distintas concepções de universo e 
tempo, certamente contribui para o aprimoramento dos serviços de atendimento à saúde.
 Lembrete
Retornando ao que dissemos no início deste livro-texto, não podemos 
ignorar o fato de que em nosso país convivem distintas concepções de 
universo, de tempo e de pessoa. Na área da saúde, por exemplo, vemos 
práticas médicas e paramédicas inspiradas no chamado paradigma 
vitalista, de caráter holístico, convivendo com práticas médicas e 
paramédicas próprias da medicina ocidental contemporânea, que se 
inspira no paradigma cartesiano da mecânica clássica e é crescentemente 
estimulada por avanços tecnológicos que priorizam o diagnóstico em 
detrimento da terapêutica.
20
Unidade I
Segundo esses autores, na antiga (e falsa) oposição entre ciência e religião e entre ciência e 
saberes tradicionais, a ciência, considerada “racional”, foi tida como oposta aos demais saberes, 
considerados “irracionais”. Classificar como “racionalidades” saberes advindos de países do Oriente, 
por exemplo, é reconhecer, qualificar e legitimar tanto os saberes de sociedades tradicionais quanto os 
saberes de sociedades modernas. De fato, todos esses saberes, sejam tradicionais ou modernos, estão 
impregnados de crenças, mitos e ideologias. O que precisamos fazer é olhar criticamente os diversos 
modelos das ciências de cuidado e cura para podermos eliminar preconceitos e aceitar hábitos e 
costumes distintos dos considerados racionais. É preciso que façamos isso sem perda de nosso bom 
senso e de nosso senso crítico.
 Observação
É de grande relevância para o profissional o (re)conhecimento de que 
toda escolha de intervenção – preventiva ou terapêutica – tem fundamentos 
teóricos específicos.
2 IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA PARA O FISIOTERAPEUTA
Figura 5 
A fisioterapia, ciência da saúde focada no movimento humano, da biomecânica à funcionalidade, 
tem por finalidade a promoção da saúde, a prevenção de agravose a reabilitação de distúrbios 
cinético-funcionais decorrentes de alterações em órgãos e sistemas do corpo. Atuando em todas as 
fases da vida humana, minimiza fatores de risco associados à evolução de doenças e interfere em 
situações nas quais o movimento e/ou a função estão comprometidos por causas genéticas, lesões, 
doenças adquiridas ou condições biológicas, entre as quais o envelhecimento.
Ao realizar seu planejamento terapêutico, o fisioterapeuta, respeitando a integridade física, 
psíquica e social do cliente, utiliza conhecimentos relativos a órgãos e sistemas do corpo 
humano. Tais conhecimentos advêm de ciências morfológicas, fisiológicas, bioquímicas, biofísicas, 
biomecânicas, patológicas e psicossociais.
21
PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
O fisioterapeuta, profissional da saúde com formação acadêmica superior, acha-se habilitado a 
realizar o diagnóstico de distúrbios funcionais, prescrever condutas fisioterapêuticas, acompanhar 
a evolução de quadros clínicos funcionais e avaliar as condições para alta do tratamento.
Capacitado para atuar nos níveis primário, secundário e terciário de atenção à saúde, em várias 
áreas da fisioterapia – ortopedia, cardiologia, respiratória, neurologia, pediatria, gerontologia, 
dermatofuncional e saúde da mulher, entre outras –, o fisioterapeuta mostra-se apto a integrar 
equipes interdisciplinares, como as existentes nos núcleos de saúde da família, em ambulatórios, 
enfermarias e unidades de terapia intensiva (UTIs).
Toda e qualquer prática profissional, seja na área da educação, seja na área da saúde, tem 
fundamentos teóricos próprios. É indispensável alinhar a própria ação profissional ao quadro 
teórico que lhe oferece sustentação e, ao mesmo tempo, alinhá-la com o quadro de convicções, 
crenças e valores pessoais. Isso para que as intervenções realizadas sejam mais efetivas e eficazes.
Em outras palavras, é preciso que a teoria, a prática e as convicções pessoais do fisioterapeuta 
sejam congruentes, sejam convergentes. Daí a necessidade de (re)conhecermos o território em que 
pisamos e o tempo histórico em que vivemos para melhor avaliação do modo e da medida pelos 
quais cada um de nós contribuirá para o bem-estar de indivíduos e de coletividades.
Quando nós, autores deste livro-texto, nos propusemos a refletir sobre possíveis aplicações da 
psicologia na prática de fisioterapeutas e a colaborar para que seu exercício profissional alcance 
níveis de excelência, nos vimos diante da necessidade de mapear esse território, revisitando sua 
história e suas áreas de atuação, para poder identificar suas potencialidades e limitações.
Para atingir esses objetivos, optamos por iniciar nossa viagem de conhecimentos com o mapeamento 
do panorama histórico da psicologia como ciência. Veremos que formidável construção coletiva de 
saberes foi realizada ao longo de cerca de dois séculos. Se a leitura atenta dessa história for acompanhada 
de um processo de observação contínua dos pensamentos e sentimentos que esta leitura mobiliza em 
nós, estaremos dando um passo importante para a identificação do que pretendemos eleger como 
fundamento teórico de nosso agir profissional, coerente com nossas convicções e valores pessoais; 
um agir profissional que, não estando alienado de nosso ser, possibilite uma intervenção que não seja 
alienante para nossos clientes. Nesse sentido, insistimos que você, leitor, esteja sempre atento ao que 
esta leitura mobiliza em você de sentimentos e emoções. É sábia a recomendação que o grande poeta 
e filósofo Gaston Bachelard (1993, p. 126) nos faz, em A poética do espaço: “Escuta bem, no entanto. 
Não minhas palavras, mas o tumulto que se eleva em teu corpo enquanto escutas”. Vamos tratar de ler 
os textos aqui contidos, observando, simultaneamente, que pensamentos, sentimentos e emoções são 
estimulados pela leitura. Ainda é Bachelard (1993, p. 32) que diz: “Eu me ouvia fechando e reabrindo 
os olhos”. Façamos isso. Vamos nos ouvir, fechando e reabrindo os olhos, lendo um trecho e em seguida 
silenciando, refletindo, para que a leitura realize em nós sua função transformadora.
Vamos revisitar, então, a história da psicologia, suas áreas de atuação e seus principais temas, 
para posteriormente identificarmos as potencialidades e limitações dessa ciência humana e social, 
quando se trata de sua aplicação à fisioterapia.
22
Unidade I
3 PANORAMA HISTÓRICO DA PSICOLOGIA E PRINCIPAIS ÁREAS DE ATUAÇÃO 
DOS PSICÓLOGOS
Figura 6 
3.1 Panorama histórico da psicologia
Ao nos interessarmos pelo panorama histórico da psicologia, frequentemente ouvimos dizer que 
em lugar de nos referirmos a essa área do saber como “psicologia”, mais correto seria falarmos em 
“psicologias”, tamanha é a diversidade de escolas, tendências e concepções construídas ao longo de sua 
história. No geral, se pode dizer que várias tendências teóricas foram se desenvolvendo e sucedendo, 
por vezes de modo paralelo, por vezes se ignorando mutuamente ou, ainda, se colocando em conflito 
umas com as outras.
Quando a psicologia se afastou da filosofia, sua matriz, à qual estivera atrelada desde Sócrates 
(469-399 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.), havia a preocupação de torná-la uma ciência e, para isso, os 
teóricos adotaram princípios, métodos e técnicas das ciências naturais da época, especialmente da física 
e da fisiologia. Isso a tal ponto que a psicologia foi inicialmente denominada psicofisiologia: a ênfase dos 
estudos recaía sobre as sensações, a memória e os processos de aprendizagem, e os métodos utilizados 
eram de cunho experimental, quantitativo e estatístico, ou seja, métodos próprios de uma concepção 
mecanicista da atividade psíquica.
O estadunidense William James (1842-1910), filósofo e psicólogo, é considerado um dos fundadores 
da psicologia, cujo nascimento como disciplina autônoma e como ciência ocorreu no ano de 1879, em 
Leipzig (Alemanha), onde foi criado o primeiro laboratório de psicologia experimental por iniciativa dos 
alemães Wilhelm Maximilian Wundt (1832-1920), filósofo, médico e psicólogo, Ernst Heinrich Weber 
(1795-1878) e Gustav Theodor Fechner (1801-1887).
No Brasil, o nascimento da psicologia como disciplina autônoma e como ciência ocorreu somente 
em 1906 e teve por marco histórico a inauguração de laboratórios de psicologia experimental voltados 
para a educação.
Para melhor situar o tema, vamos recorrer a Maslow (1962 apud SCHULTZ; SCHULTZ, 2016), que 
agrupou as psicologias em quatro categorias, por ele denominadas forças:
23
PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
• Primeira força da psicologia: o behaviorismo, ou psicologia comportamental, propõe o 
comportamento observável como objeto de estudo da psicologia. Desenvolvido inicialmente pelos 
estadunidenses John Broadus Watson (1878-1958) e Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), foi 
sendo fortalecido por seguidores.
• Segunda força da psicologia: a psicanálise. Estudos de psicopatologia estimularam o desenvolvimento 
da psicologia clínica. Entre os pioneiros dessa abordagem incluem-se os franceses Jean-Martin Charcot 
(1825-1893), médico e pesquisador, e Pierre-Marie-Félix Janet (1859-1947), psicólogo, psiquiatra 
e médico neurologista, que foram seguidos pelo austríaco Sigmund Freud (1856-1939), médico 
neurologista e psiquiatra criador da psicanálise. Esta enfatizou aspectos inconscientes e instintivos da 
natureza humana e negligenciou aspectos saudáveis e de ordem superior.
• Terceira força da psicologia: a humanista-existencial. O suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), 
psiquiatra dissidente de Freud, fundou a psicologia analítica e desenvolveu, entre outros, os 
conceitos de arquétipos e de inconsciente coletivo. Considerou a existência de níveis psíquicos 
superiores, afirmando a importância das experiências religiosas e dos valores espirituais. Entre 
os integrantes da terceira força estão incluídos Rollo May (1909-1994), psicólogo existencialista, 
Carl Rogers (1902-1987), psicólogo criador da abordagem centrada na pessoa, Gordon WillardAllport (1897-1967), psicólogo, o alemão Erich Fromm (1900-1980), psicanalista, filósofo e 
sociólogo, e o austríaco Viktor Emil Frankl (1905-1997), neuropsiquiatra fundador da terceira 
escola vienense de psicoterapia, da logoterapia e da análise existencial.
• Quarta força da psicologia: a psicologia transpessoal. Com base em abordagens que constituíram 
a psicologia humanista-existencial, foram desenvolvidos estudos voltados ao conhecimento de 
aspectos superiores do ser humano – sua natureza e sua vida espiritual. Sua proposta é estudar, 
empírica e cientificamente, tudo o que se refere aos caminhos espirituais, às necessidades 
transcendentes (metanecessidades) individuais e da espécie humana, às experiências de pico 
(peak experiences), aos valores do ser, às experiências místicas e aos fenômenos transcendentes.
 Observação
As forças da psicologia não conflitam entre si: todas são válidas, cada 
qual em seu campo de ação.
Ao realizarmos essa viagem, obtemos uma ampla visão da história da psicologia como ciência. Vamos 
percorrer, agora, o território da atuação profissional de psicólogos, o que favorecerá a identificação de 
possíveis interfaces a serem estabelecidas entre a psicologia e a fisioterapia.
O que pretendemos ao reunir essas informações é que o aluno perceba a complexidade da ciência 
psicológica e possa estar mais bem situado nesse contexto teórico-técnico quando avançarmos na leitura 
deste livro-texto, em busca de conhecimentos de psicologia. Com base nesses quadros de referência, 
mais fácil se torna a realização de opções teóricas e metodológicas.
24
Unidade I
 Saiba mais
Para conhecer detalhes do início da história da psicologia é interessante 
consultar a seguinte obra:
MASSIMI, M. História da psicologia brasileira: da época colonial até 
1934. São Paulo: EPU, 1990.
3.2 Áreas de atuação do psicólogo
Tendo realizado esse trajeto histórico, que nos dá a conhecer a evolução dessa ciência no tempo, 
convém, agora, olharmos para o mapa de áreas de atuação dos psicólogos que são legalmente 
reconhecidas pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2007):
• neuropsicologia;
• psicologia clínica;
• psicologia de trânsito;
• psicologia do esporte;
• psicologia escolar/educacional;
• psicologia hospitalar;
• psicologia jurídica;
• psicologia organizacional e do trabalho;
• psicologia social;
• psicomotricidade;
• psicopedagogia.
 Lembrete
Antes de apresentarmos as áreas de ação do psicólogo, lembramos que 
elas encontram suporte em algum ou alguns dos quadros teóricos que compõem 
as forças da psicologia.
25
PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
Diversas podem ser as modalidades de ação profissional conjunta de psicólogos e fisioterapeutas, 
ou seja, esses profissionais podem intervir em equipes multi ou interdisciplinares, atuando em parceria. 
Daí a importância para os fisioterapeutas do reconhecimento das possibilidades de ação dos psicólogos. 
Veremos a seguir um pouco de cada uma dessas áreas.
 Saiba mais
A descrição completa das atribuições do psicólogo nas diversas áreas de 
atuação pode ser consultada em:
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP n. 013/2007. 
Institui a Consolidação das Resoluções relativas ao Título Profissional de 
Especialista em Psicologia e dispõe sobre normas e procedimentos para seu 
registro. Anexo II. Brasília, 2007. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2008/08/Resolucao_CFP_nx_013-2007.pdf. Acesso em: 
18 mar. 2020.
O psicólogo especialista em neuropsicologia atua no diagnóstico, acompanhamento e 
tratamento de distúrbios neurológicos. Participa de pesquisas sobre condições neurológicas e aspectos 
do psiquismo.
O psicólogo especialista em psicologia clínica atua na área específica da saúde, em diferentes contextos, 
realizando intervenções que visam reduzir o sofrimento das pessoas, levando em conta a complexidade 
humana. Essas intervenções podem ocorrer em nível individual, grupal, institucional ou comunitário e 
implicam uma variada gama de dispositivos clínicos com finalidade diagnóstica e terapêutica.
O psicólogo especialista em psicologia de trânsito procede ao estudo de processos psicofísicos e 
psicossociais relacionados aos problemas de trânsito. Colabora na elaboração e implantação de ações de 
engenharia e operação de tráfego; desenvolve ações socioeducativas com pedestres, ciclistas, condutores 
infratores e outros usuários das vias de transporte.
O psicólogo especialista em psicologia do esporte procura identificar princípios e padrões 
de comportamento de crianças, adolescentes e adultos participantes de atividades físicas. No esporte de 
alto rendimento, tem por função ajudar atletas, técnicos e comissões técnicas a utilizarem recursos 
psicológicos para atingirem um nível ótimo de saúde mental, para maximizar o rendimento de atletas e 
otimizar sua performance.
O psicólogo especialista em psicologia escolar/educacional atua no âmbito da educação formal, 
realizando pesquisa, diagnóstico e intervenção preventiva ou corretiva em grupo e individualmente. No 
âmbito administrativo, contribui para a análise do clima educacional, buscando melhor funcionamento 
do sistema, que resultará na realização dos objetivos educacionais. Realiza seu trabalho em equipe 
interdisciplinar, integrando seus conhecimentos aos dos demais profissionais da educação.
26
Unidade I
O psicólogo especialista em psicologia hospitalar atua em instituições de saúde, participando da 
prestação de serviços de nível secundário ou terciário de atenção à saúde. Atua também em instituições 
de ensino superior e/ou centros de estudo e pesquisa, visando ao aperfeiçoamento ou à especialização de 
profissionais nessa área de competência ou colaborando para o aprimoramento de outros profissionais 
de saúde que estejam cursando ou tenham concluído o ensino médio ou superior.
O psicólogo especialista em psicologia jurídica atua no âmbito da justiça, colaborando no planejamento 
e execução de políticas de cidadania, de direitos humanos e de prevenção da violência; sua ação é centrada 
na avaliação e orientação psicológica de juristas que demandam suporte para o andamento de processos 
judiciais. Também contribui para a formulação, revisão e interpretação de leis.
O psicólogo especialista em psicologia organizacional e do trabalho realiza atividades relacionadas 
à análise e ao desenvolvimento organizacional, à ação humana nas organizações, ao desenvolvimento 
de equipes, à consultoria organizacional, à seleção e acompanhamento de pessoal. Tem por principais 
objetivos subsidiar as decisões na área de recursos humanos (promoção, movimentação de pessoal, 
incentivo, remuneração de carreira, capacitação e integração funcional) e promover a autorrealização 
de trabalhadores e a eficácia do trabalho em equipe.
O psicólogo especialista em psicologia social atua fundamentado na compreensão da dimensão 
subjetiva dos fenômenos coletivos, sob diferentes enfoques teóricos e metodológicos, com o objetivo de 
problematizar e propor ações no âmbito social. Desenvolve atividades em diversos espaços institucionais 
e comunitários, no âmbito da saúde, da educação, do trabalho e do lazer.
O psicólogo especialista em psicomotricidade atua nas áreas de educação, reeducação e terapia 
psicomotora, utilizando recursos para desenvolvimento, prevenção e reabilitação humana. Participa de 
atividades interdisciplinares em clínicas de reabilitação, serviços de assistência escolar, escolas especiais, 
hospitais, associações e cooperativas. Presta auditoria, consultoria, assessoria, assistência e tratamento 
especializado para o preparo de pessoas que praticam atividades esportivas, escolares e clínicas.
O psicólogo especialista em psicopedagogia atua na investigação e intervenção em processos de 
aprendizagem de habilidades e conteúdos acadêmicos. Busca compreender os processos cognitivos, 
emocionais e motivacionais, integrados e contextualizados na dimensão social e cultural em que 
ocorrem. Trabalha para articular o significadodos conteúdos veiculados no processo de ensino com o 
sujeito que aprende.
As áreas de atuação de psicólogos que podem se beneficiar de parcerias com a fisioterapia são 
a psicologia clínica, a psicologia escolar/educacional, a psicologia do esporte, a neuropsicologia, a 
psicomotricidade e a psicopedagogia.
 Lembrete
Na área da psicologia do esporte, o psicólogo tem sido requisitado a 
sugerir atividades que auxiliem o desportista a administrar seu estresse 
quando em preparo para competições e durante elas.
27
PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
4 TÓPICOS DE PSICOLOGIA ÚTEIS A FISIOTERAPEUTAS
 Observação
Nesta seção do livro-texto, foram adotadas como principais fontes 
de informações: M. Ancona-Lopez e R. I. Ribeiro (2006, 2009, 2012); 
M. Ancona-Lopez, R. I. Ribeiro e E. R. Frias (2015); M. Ancona-Lopez e 
E. R. Frias (2018); e R. I. Ribeiro, E. R. Frias e R. W. Muotri (2020).
4.1 Principais funções psíquicas
Nesta seção discorremos sobre algumas das principais funções psíquicas – inteligência; 
pensamento e linguagem; atenção e concentração; sensação e percepção; memória; motivação – 
e sobre as emoções, por reconhecer que esse conhecimento é útil ao fisioterapeuta, tanto para 
sua ação junto a clientes quanto para sua participação em equipes interdisciplinares. Quando o 
fisioterapeuta recebe um cliente com alguma disfunção psicológica mais séria, a ética profissional 
exige o encaminhamento desse cliente a um profissional da psicologia ou da psiquiatria.
4.1.1 Inteligência
O conceito de inteligência geral proposto por Spearman (1904) postula a existência de um fator 
geral de inteligência – fator “g” –, que influencia todo e qualquer desempenho cognitivo e se faz 
acompanhar de fatores específicos (“s”), que influenciam performances específicas, como memória e 
capacidade de cálculo. Seu conceito inclui a noção de que diferentes tipos de desempenho cognitivo 
– atenção, memória, funções executivas, raciocínio abstrato, habilidade de cálculo, linguagem etc. – 
são positivamente correlacionados entre si. O que significa isso? Significa que o bom desempenho em 
determinada área, como cálculo, por exemplo, se faz acompanhar da tendência a um bom desempenho 
em outras áreas – atenção, memória etc.
Guilford, na década de 1960, propôs o modelo denominado estrutura do intelecto, que considera 
três dimensões de traços intelectuais: operações, conteúdos e produtos. A dimensão de operações se 
refere ao processo cognitivo implicado nas tarefas (aquilo que a pessoa faz); a dimensão de conteúdo 
se refere ao processo cognitivo implicado no tipo de informação veiculada (natureza dos materiais); e 
a dimensão de produto se refere ao processo cognitivo implicado no resultado obtido pela atividade 
mental de processamento da informação.
Posteriormente, o psicólogo americano James McKeen Cattell incluiu novas competências da 
inteligência a serem medidas por meio de testes psicológicos:
•	 força muscular;
•	 velocidade do movimento;
28
Unidade I
•	 sensibilidade à dor;
•	 acuidade visual e auditiva;
•	 discriminação de peso;
•	 tempo de reação;
•	 memória.
Sternberg (1985) utilizou a expressão teoria triárquica da inteligência humana, por considerar a 
inteligência constituída de três aspectos:
•	 Criativo: possibilita solucionar problemas novos.
•	 Analítico: possibilita solucionar problemas já conhecidos e favorece a tomada de decisões.
•	 Prático: possibilita recorrer a teorias para atender a demandas de ordem prática.
Os estudos de Gardner (1994) viriam a substituir o paradigma unidimensional da inteligência pelo 
multidimensional, a partir do reconhecimento de que a inteligência é composta de diversas “inteligências” 
interdependentes. As primeiras inteligências mapeadas por ele foram as seguintes:
•	 lógico-matemática;
•	 linguística;
•	 naturalista;
•	 interpessoal;
•	 intrapessoal;
•	 espacial;
•	 corporal-cinestésica;
•	 musical;
•	 existencialista.
Considerando a inteligência como habilidade de aprender a partir da experiência, de solucionar 
problemas e de usar o conhecimento para se adaptar a novas situações, imediatamente reconhecemos 
que essa habilidade envolve diversas capacidades. Por inteligência fluida, por exemplo, se entende a 
29
PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
capacidade de resolver problemas novos, relacionar ideias, induzir conceitos abstratos, compreender 
implicações, extrapolar e reorganizar informações. Associada a componentes não verbais, a inteligência 
fluida depende pouco de conhecimentos prévios. Depende, sim, de conhecimentos específicos relativos 
à condição sociocultural dos indivíduos.
Muitos estudos foram realizados para verificar se há correlações entre zonas cerebrais e inteligência 
e se há determinantes genéticos para a inteligência.
 Observação
O conhecimento de tantas peculiaridades da função da inteligência foi 
incluído neste livro-texto para favorecer o diálogo de fisioterapeutas com 
psicólogos e com outros profissionais. A mesma observação é válida para a 
descrição de particularidades de outras funções psíquicas.
4.1.2 Pensamento e linguagem
Por meio de avaliação das condições do pensamento, são verificadas a velocidade e fluência do 
pensamento e de seu conteúdo, bem como sua organização e coerência. Essa avaliação exige um exame 
da linguagem, durante o qual se busca verificar se a fala do paciente é compreensível e se ele entende 
o que ouve. Entre as alterações psiquiátricas da linguagem incluem-se a inibição da linguagem, o 
aumento do fluxo verbal sem incoerência, o aumento do fluxo verbal com incoerência, o mutismo e 
o uso de neologismos. Alterações da linguagem podem indicar a presença de um quadro de esquizofrenia, 
uma vez que a formação e o uso de conceitos, bem como o raciocínio e a capacidade de julgar podem 
estar afetados por desestruturação da personalidade. Havendo dúvida, o fisioterapeuta encaminhará o 
cliente para atendimento psiquiátrico.
4.1.3 Atenção e concentração
A atenção é um processo psíquico que permite focalizar estímulos, selecioná-los e estabelecer 
relações entre eles. Corresponde à função cognitiva que possibilita dirigir o pensamento para um único 
foco e realizar distintas ações com precisão. Ao dirigirmos um carro, por exemplo, nosso foco principal é 
colocá-lo em movimento, o que exige acelerar, mudar de marcha, olhar para a frente, observar os sinais 
de trânsito e os pedestres, e assim por diante. Ou seja, é preciso selecionar, triar e organizar as tarefas, 
processo cognitivo que pouco a pouco vai se automatizando, e a automatização propicia economia de 
energia neuromotora, o que, por sua vez, reduz os níveis de atenção.
A atenção exige muita atividade cerebral: milhões de neurônios são recrutados para que tenhamos 
êxito na aprendizagem e na execução de ações. Disso se conclui que quanto maior e mais prolongada 
for a exigência de atenção, mais energia será exigida. Logo, estar bem alimentado e com as horas de 
sono em dia, estar descansado e, principalmente, interessado pela tarefa a ser realizada são condições 
de aumento das chances de poder contar com uma atenção efetiva, realizada com sucesso.
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Unidade I
Nenhuma pessoa é capaz de realizar duas tarefas ao mesmo tempo com o mesmo nível de atenção. 
Não é possível, por exemplo, falar ao telefone celular e simultaneamente dirigir o carro, pois uma dessas 
duas tarefas será prejudicada. O que chamamos de prejuízo é a perda de velocidade na execução de 
tarefas ou, simplesmente, a elevação do número de erros durante a ação, pois a atenção é limitada em 
termos de capacidade e de duração.
Há fatores internos e externos que interferem diretamente nos níveis de atenção. Quando lemos um 
livro, por exemplo, estamos sujeitos à interferência desses fatores. Algumas pessoas conseguem ler e se 
concentrar em ambientes altamente agitados, outras, porém, necessitam de ambientes calmos e tranquilos 
para manter o nível de atenção necessário à realização da leitura. O nível de atenção é treinável: podemosaprender a ter mais foco em nossas ações, e quanto mais foco, maiores são as chances de ser bem-sucedido.
Ao nos concentrarmos em algo específico presente em nosso meio, a atenção aos detalhes irrelevantes 
do objeto de nosso interesse pode reduzir a capacidade de perceber outros objetos igualmente 
presentes; desse modo, a atenção focada em determinada tarefa pode nos levar a ignorar outras. Ou seja, 
de nossa concentração sobre um alvo primário pode resultar a incapacidade de perceber outro alvo.
A atenção é um processo presente e atuante desde o nascimento. Recém-nascidos dispõem de 
reflexos importantes para a sobrevivência: respostas a estímulos de alimentação, medo, evitação e 
fuga. Esses reflexos naturais, embora inibidos com o passar do tempo, deixam memórias motoras que 
continuam a nos beneficiar ao longo da vida. O cérebro humano dispõe da capacidade de suprimir 
sinais para evitar distração, e esse sistema “antidistração” pode ajudar a entender distúrbios psicológicos 
relacionados à atenção, como o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).
Os níveis de atenção são influenciados por emoções. Distrações podem ser determinadas pela 
necessidade de evitar erros e por insegurança, dois sentimentos sabotadores de qualquer progresso. Por 
exemplo, pessoas movidas por culpa ou intolerantes com os próprios erros involuntariamente sabotam 
a si mesmas. Daí a necessidade de autoconhecimento e de saber lidar com as próprias emoções.
Vejamos algumas peculiaridades dessa função cognitiva denominada atenção:
•	 Atenção concentrada: a atenção concentrada, processo cognitivo que possibilita escolher um 
estímulo específico em detrimento de qualquer outro, é o tipo de atenção demandada nos processos 
de aprendizagem – assistir a uma aula, ler um livro, aprender e reproduzir exercícios ensinados 
pelo fisioterapeuta. Durante o período em que a atenção está concentrada em algo, todo o ser fica 
envolvido pela tarefa a ser realizada e muitas preocupações desaparecem do campo mental.
•	 Atenção seletiva: ao escolhermos manter o foco da atenção em determinado objeto, fazemos uso 
consciente e deliberado da atenção seletiva. No entanto, a seletividade ocorre continuamente de 
modo inconsciente, porque, estando sempre expostos a múltiplos estímulos intra e interpsíquicos, 
seria absolutamente insuportável perceber tudo o que está presente simultaneamente em nossa 
subjetividade e em nosso entorno. O sistema nervoso central se incumbe de nos fazer ficar atentos 
ao que é mais importante em cada momento, e o entendimento desse dinamismo é importante 
para a ação do fisioterapeuta.
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PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
•	 Atenção alternada (ou flutuante): temos capacidade para deslocar o foco de nossa atenção 
de um objeto para outro, seja no ambiente externo, seja em nossa interioridade. Podemos eleger 
nosso principal foco de atenção. Por exemplo: durante uma conversa com alguém, podemos 
alternar nosso foco de atenção de modo que ora atentamos ao que está sendo dito por nosso 
interlocutor, ora atentamos aos efeitos de suas palavras em nossos sentimentos. A atenção 
alternada (ou flutuante) é utilizada a todo momento, todos os dias, porque mudanças repentinas 
em nossas atividades exigem alternância do foco de atenção.
•	 Atenção sustentada: a atenção sustentada garante a manutenção do foco de interesse durante 
uma atividade contínua e repetitiva que se prolongue por longo período. Como essa modalidade 
de atenção demanda motivação (extrínseca ou intrínseca), é recomendável que se estimule a 
motivação de tempos em tempos. Temos muitos exemplos disso no cinema e na literatura: as 
narrativas são construídas de modo a manter atento o receptor da mensagem. No caso de um 
tratamento fisioterápico, é preciso considerar particularidades da individualidade de cada cliente 
para definir meios de renovar estímulos durante o processo de aprendizagem ocorrido nas sessões 
de atendimento.
•	 Concentração: é a capacidade de manter a atenção focada em um único objeto, um único 
objetivo, uma determinada atividade. Para haver concentração é preciso haver atenção seletiva. 
A concentração, processo cognitivo que envolve um único foco e uma única ação, possibilita 
avaliar uma situação e eleger uma estratégia eficiente de ação. Diversos fatores podem interferir 
nos níveis de concentração: distrações visuais e auditivas, provocações recebidas, pensamentos 
negativos, diálogo intrassubjetivo etc. A concentração exige treino e controle consciente, ou 
seja, exige um processo de aprendizagem que conduz à mudança de paradigmas e de hábitos. 
O relaxamento e a meditação são práticas que têm demonstrado bons resultados para quem 
pretende atingir altos níveis de concentração.
Quando as funções de atenção e concentração de uma pessoa apresentam funcionamento normal, 
isso é denominado normoprosexia, e, havendo redução global ou parcial da atenção e da concentração, 
dizemos que a pessoa apresenta um quadro de hipoprosexia. Alterações da atenção são comuns em 
distúrbios neurológicos e neuropsicológicos, bem como em transtornos mentais, como demências 
e transtornos do humor. Pode ocorrer que um fisioterapeuta receba um cliente com alguma dessas 
disfunções. Se observar que a disfunção está comprometida a ponto de dificultar seriamente ou 
impossibilitar a comunicação entre ambos, terá que encaminhar o cliente para atendimento 
especializado.
4.1.4 Sensação e percepção
Percepção é a função por meio da qual são atribuídos significados a estímulos sensoriais com base 
em vivências passadas. Ou seja, por meio da percepção organizamos e interpretamos nossas impressões 
sensoriais e atribuímos significados às informações que chegam a nós por meio de sensações. A percepção 
nos possibilita antecipar ocorrências. Ao longo dos anos, as percepções vão sendo apuradas e utilizadas 
com grau de precisão crescente. Como as experiências passadas interferem na percepção, papel importante 
fica reservado à memória, que enfraquece durante o envelhecimento.
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Unidade I
Particularmente útil a fisioterapeutas é a perspectiva teórica oferecida pela antroposofia (Rudolf 
Steiner), corrente teórica que fundamenta a educação Waldorf, a medicina antroposófica e a euritmia, 
entre outras iniciativas sociais. Ao tratar do tema percepção, a antroposofia nos surpreende ao reconhecer 
um total de 12 sentidos, que incluem sete sentidos além dos cinco sentidos com os quais já estamos 
familiarizados – visão, audição, olfato, paladar e tato. Segundo essa perspectiva teórica, a realidade 
– externa e interna – é apreendida por meio de 12 sentidos, organizados em três sistemas orgânicos 
inter-relacionados:
•	 Sistema neurossensorial: corresponde às atividades cognitivas e tem lugar no sistema nervoso. 
É relacionado às atividades do pensamento – nervos periféricos conduzem ao cérebro os estímulos 
recebidos por meio da visão, audição, olfato, paladar e tato. O processo cognitivo é responsável 
pela atenção, concentração, memória e organização das representações que temos da realidade.
•	 Sistema rítmico: corresponde à circulação do sangue e à respiração e tem lugar na área do tórax. 
É relacionado aos sentimentos – muitos estímulos advêm da dimensão emocional para somente 
depois passarem por processos de cognição.
•	 Sistema metabólico-motor: corresponde às funções metabólicas e motoras e tem lugar em 
diversas regiões do corpo, especialmente na área do abdome e nos membros (pernas e braços), 
principais recursos de ação no mundo.
Dos 12 sentidos organizados nesses três sistemas orgânicos, quatro são considerados básicos; quatro, 
médios; e quatro, superiores. Vejamos.
Os quatro sentidos básicos (internos) – volitivos:
•	 Sentido do tato: propicia a noção de si mesmo. O tato não nos informa sobre o mundo e sim 
sobre os limites entre o eu e seu entorno.
•	 Sentido da vida: nos informa sobre o estado atual do corpo – bem-estar, mal-estar – por meio 
do sistema nervoso simpático e parassimpático. Por meio desse sentidoidentificamos as fronteiras 
de nosso corpo físico, somos informados sobre o estado de nossos processos metabólicos.
•	 Sentido do movimento: nos informa sobre as condições de movimento e repouso de nosso 
corpo por meio do relaxamento e contração de grupos musculares.
•	 Sentido de equilíbrio: canais semicirculares do ouvido interno nos informam sobre o equilíbrio 
do corpo.
Os quatro sentidos médios (exteriores):
•	 Olfato: somente é possível porque o ar carrega substâncias que atuam sobre o nariz, havendo 
mais de quatro mil odores.
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PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
•	 Paladar: nos informa sobre características das substâncias quando dissolvidas em água. Os quatro 
tipos básicos de sabor – salgado, amargo, ácido e doce.
•	 Visão: nos informa sobre formas, cores, movimentos e relações.
•	 Sentido térmico: nos informa sobre o equilíbrio entre calor interno e externo.
Os quatro sentidos superiores (cognitivos):
•	 Audição: nos informa sobre a origem dos sons de nosso entorno – um metal soa diferente de um 
pedaço de madeira; a voz humana soa diferente do canto de um pássaro.
•	 Sentido da palavra: nos informa sobre a concreta essência conceitual do pensamento humano.
•	 Sentido do pensar: nos permite diferenciar nosso pensamento do pensamento de outra pessoa e 
isso nos possibilita reconhecer a qualidade humana de sermos dotados da capacidade de formar 
conceitos a respeito do que nos rodeia e vivenciá-los em nossa interioridade.
•	 Sentido do eu: permite que nos reconheçamos como seres humanos, conscientes da própria 
existência e capazes de criar.
 Saiba mais
Para maior compreensão dessa abordagem teórica, consulte a obra a seguir:
STEINER, R. Os doze sentidos e os sete processos vitais. São Paulo: 
Antroposófica, 2016.
A percepção em seu funcionamento normal não apresenta nem ilusões (percepção deformada de 
objetos reais), nem alucinações. As alucinações visuais geralmente indicam comprometimento orgânico, 
enquanto ilusões e alucinações auditivas indicam psicoses funcionais – esquizofrenia, mania, depressão 
psicótica. Ao receber um cliente que apresenta alguma dessas disfunções da sensopercepção, será 
preciso encaminhá-lo para atendimento especializado.
4.1.5 Memória
A memória, processo psicológico envolvido na maioria das atividades humanas, faz parte do 
complexo cognitivo. Poderíamos, ingenuamente, sermos levados a julgar que a única função da memória é 
o mero registro de informações, porque, afinal de contas, reconhecemos a toda hora que há uma 
relação entre a situação vivida e a lembrança que permanece dela. Mas não é bem assim.
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Unidade I
Alertamos ao fato de que o processo de memorização ocorre em três etapas: codificação, 
armazenamento e recuperação de informações. A codificação envolve a transformação de um estímulo 
físico em código a ser armazenado – som, imagem, estimulação tátil, por exemplo. O armazenamento 
é a retenção desse código por períodos breves ou longos. A recuperação é o resgate de informações 
armazenadas. Em outras palavras, a primeira etapa – codificação – se refere à transformação da 
informação ambiental em um código capaz de ser acondicionado em determinada instância do 
psiquismo; a segunda etapa – armazenamento – se refere à retenção e preservação da informação; e a 
terceira etapa – recuperação – se refere ao acesso e resgate da informação armazenada.
As etapas de codificação, armazenamento e recuperação envolvem intermediações bioquímicas, via 
neurotransmissores, e intermediação elétrica, via neurônios.
Há evidências de que as emoções interferem no processo de memorização. Toda memória é adquirida 
quando estamos em certo estado emocional. As emoções estimulam a liberação de substâncias no 
cérebro, como a noradrenalina, a dopamina, a serotonina, a acetilcolina ou a betaendorfina, que agem 
como moduladores da atividade cerebral. Essas substâncias aumentam ou diminuem a ocorrência de 
algumas ligações nervosas (sinapses), inclusive de ligações responsáveis pela memória. Inúmeros estudos 
clínicos e experimentais sobre a relação entre estados emocionais e memória permitem afirmar que a 
memória é mais favorecida por certos níveis de emoção do que pela repetição dos eventos e frequência 
de evocação. Quando armazenamos memórias de alto conteúdo emocional, mais facilidade teremos 
para recuperar as informações.
Além disso, há um fenômeno denominado dependência de estado, em função do qual a memória 
é melhor quando o contexto, no momento da recuperação de dados, equivale ao contexto existente no 
momento da codificação. Em termos neuro-humorais, essa relação pode ser explicada pela repetição, 
no momento da evocação, do “ambiente” neuro-humoral específico presente no momento da formação 
da memória. Vejamos um exemplo: Joãozinho está pondo a mesa para almoço da família na sala de sua 
casa. Corre o olhar por tudo o que já fez e identifica que esqueceu de trazer os guardanapos. Vai até a 
cozinha para buscá-los, mas chegando lá para e se pergunta: “o que é mesmo que eu vim buscar?”. Força 
a memória, mas cadê imagem? Não vem nenhuma. Então Joãozinho volta para junto da mesa da sala, 
olha para o que já fez, e pronto! Imediatamente se lembra do que tinha ido buscar: os guardanapos!
Como tendemos a relembrar situações emocionalmente desagradáveis, poderíamos supor que a 
memória dessas situações prevalece. No entanto, não é isso o que as pesquisas têm demonstrado: 
situações emocionalmente carregadas, sejam agradáveis ou desagradáveis, são igualmente lembradas e 
sua memória prevalece sobre a de situações emocionalmente neutras.
Quanto ao esquecimento, sabemos que ele pode ser atribuído a diversas causas. Uma dessas causas 
pode ser a ocorrência de uma falha em alguma das três etapas do processo de memorização: ou por 
que a pessoa não estava suficientemente atenta ou por não ter feito esforço suficiente para reter 
as informações do ambiente. Em casos de amnésia por lesão cerebral decorrente do abuso de bebida 
alcoólica, é possível que um indivíduo não consiga recordar o nome de pessoas que acabou de conhecer, 
mas possa aprender e realizar novas atividades.
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PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
Esquecemos a maior parte das informações que chegam até nós, e várias teorias já foram propostas 
para explicar porque isso acontece. Entre elas, as mais conhecidas são a teoria da interferência e a teoria 
da deterioração. A interferência ocorre quando informações concorrentes fazem com que esqueçamos 
algo, e a deterioração ocorre quando a simples passagem do tempo faz com que esqueçamos.
Em qualquer fase do processo de memorização – codificação, armazenamento e recuperação – 
pode ocorrer falseamento. Em outras palavras, nem sempre nos lembramos das situações tal como 
elas ocorreram e nem sempre somos capazes de lembrar todos os detalhes percebidos no momento 
em que vivenciamos determinada experiência. É possível dizer que o ato de lembrar envolve trabalho 
construtivo, sendo mais que um simples registro.
Entre as muitas variáveis que impedem a memória de ser um mero registro de ocorrências, incluem-se 
as seguintes:
•	 o contexto ambiental em que ocorrem a recepção, a codificação, o armazenamento e a recuperação;
•	 aspectos referentes à organização das informações a serem memorizadas;
•	 a interação entre o processo de memorização e outros processos psicológicos básicos (como 
percepção, atenção e emoção);
•	 fatores próprios da química cerebral (conjunto de neurotransmissores que modulam a 
atividade cerebral).
Fenômeno particularmente interessante é o das falsas memórias, recordação de eventos que não 
ocorreram ou lembranças significativamente distorcidas de eventos ocorridos. As falsas memórias vêm 
sendo tema de discussão em diferentes áreas do conhecimento. A partir da década de 1990, houve um 
aumento significativo do número de publicações sobre o tema. Na área jurídica, por exemplo, estudos 
foram realizados para averiguar a precisão dos relatos de testemunhas. Na área da psicologia clínica, 
alguns

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