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N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o CURSO ON-LINE - RESUMÃO DE DIREITO COMERCIAL P/ AFRFB PROFESSOR: ANDRÉ LUIZ RAMOS 1 www.pontodosconcursos.com.br PONTO DOS CONCURSOS Direito Empresarial Professor André Luiz S. C. Ramos 1) Apresentação Olá, alunos e alunas do Ponto dos Concursos! Meu nome é André Luiz Santa Cruz Ramos, sou natural de Recife-PE, mas resido atualmente em Brasília. Em 2003, poucos meses após terminar a graduação em Direito na UFPE, ao ver todos os meus melhores amigos serem aprovados em concursos, enquanto eu tentava heroicamente ganhar uns trocados exercendo a advocacia, resolvi me tornar um “concursando”. Abandonei o escritório onde trabalhava, comprei aqueles livros obrigatórios para os concursandos – dentre eles os escritos por Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, é claro! – matriculei-me num cursinho preparatório e passei a viver para os estudos. Eram 8h diárias de leitura e 3h de aula, à noite. Nos finais se semana, leitura dos informativos do STJ e do STF, resolução de questões e revisão da matéria estudada de segunda a sexta. Resultado: consegui passar numa ótima colocação no concurso para a carreira de Procurador Federal, da Advocacia-Geral da União, no início de 2004. Tomei posse no final desse mesmo ano e até hoje estou na AGU, atualmente lotado no CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), em Brasília-DF. Ainda em 2004, enquanto aguardava a nomeação para o cargo de Procurador Federal, comecei a lecionar a disciplina Direito Empresarial (que quando eu estudei na Faculdade ainda se chamava Direito Comercial) em um curso de graduação em Direito e em dois cursinhos preparatórios. De lá pra cá, o estudo e o ensino do Direito Empresarial têm preenchido boa parte do meu tempo. Continuo lecionando Direito Empresarial até hoje, já tendo ministrado aulas em diversos cursinhos e faculdades de Direito, em diversos estados: Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal. Aproximadamente dois anos após começar a ensinar Direito Empresarial, surgiu a idéia de reunir o conteúdo ministrado nas aulas em um livro. O resultado foi a publicação, em 2007, do meu “Curso de Direito Empresarial” (editora JusPodivm), que já se encontra na 3ª edição e que, para a minha alegria, tem recebido uma ótima acolhida do público concursando em todo o Brasil. Neste ano de 2009, com o objetivo de auxiliar os candidatos ao concurso da Receita Federal, lancei N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o CURSO ON-LINE - RESUMÃO DE DIREITO COMERCIAL P/ AFRFB PROFESSOR: ANDRÉ LUIZ RAMOS www.pontodosconcursos.com.br 2 o “Resumo de Direito Empresarial para carreiras de auditor, analista e técnico” (editora JusPodivm), que abrange todos os pontos do programa constante do edital. Agora, inicio mais um desafio: ministrar aulas escritas aos melhores concursandos do país, que são justamente vocês, alunos do Ponto dos Concursos. É realmente uma honra poder hoje fazer parte do site que me ajudou a conquistar meus objetivos e da equipe dos melhores professores para concursandos do Brasil: Vicente e Marcelo. Espero poder ajudá-los na preparação para esse concurso da Receita! Forte abraço, André Ramos. 2) Descrição do curso O conteúdo do curso abrangerá basicamente o programa constante do edital, com enfoque nas matérias mais importantes. Meu objetivo será dar dicas que sejam úteis na reta final de preparação do candidato, destacando alguns assuntos mais cobrados pela banca examinadora e apontando outros que podem ser cobrados nessa prova, segundo meu “feeling”, que é amparado em 5 anos de experiência de resolução de provas de todas as bancas. Serão ao todo 3 (três) aulas: a primeira será uma aula demonstrativa, abordando um ponto que tem caído muito nas últimas provas (recuperação judicial), e as demais abordarão o restante do conteúdo, em tópicos sucintos com breves explanações sobre os detalhes que podem ser cobrados. 3) Aula demonstrativa O tema da nossa aula demonstrativa será RECUPERAÇÃO JUDICIAL, assunto que vem caindo muito nas provas de todas as bancas examinadoras. A primeira coisa a fazer para estudar esse tema é abrir a Lei nº 11.101/05 no art. 47. Abriu? Ainda não? Estou esperando... Pronto. Vamos lá! O art. 47 contém uma norma extremamente vaga, programática, que apenas define os objetivos da recuperação judicial, como instituto N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o CURSO ON-LINE - RESUMÃO DE DIREITO COMERCIAL P/ AFRFB PROFESSOR: ANDRÉ LUIZ RAMOS www.pontodosconcursos.com.br 3 destinado a solucionar a crise do devedor, e estabelece seus princípios informadores: preservação da empresa e função social da empresa. Cuidado: a recuperação judicial substituiu a antiga concordata. Tais institutos diferem, sobretudo, no que se refere à participação dos credores no processo, que cresceu muito na nova lei. O grande erro do candidato que resolve estudar recuperação judicial pela simples leitura da lei está em ler apenas os artigos do capítulo específico sobre recuperação judicial (arts. 47 a 74). Isso porque há uma série de regras importantes espalhadas pela Lei que também se aplicam à recuperação judicial e que são muito cobradas nas provas. Vamos lá! Primeiro, quero propor um roteiro de estudos da recuperação judicial, algo que na minha opinião vai nos ajudar muito. Como a recuperação judicial é um processo, vamos tentar seguir passo a passo todas as suas fases processuais, ok? Então, podemos fazer o seguinte roteiro: PEDIDO (arts. 48 e 51) DEFERIMENTO DO PROCESSAMENTO (art. 52) APRESENTAÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO (arts. 49, 50, 53 e 54) OBJEÇÕES DOS CREDORES (art. 55) REALIZAÇÃO DA ASSEMBLÉIA GERAL (art. 56) Aprovação do plano Alteração do plano Rejeição do plano (* art. 58, §1º) CONCESSÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL (arts. 57 e 58) *art. 68 EXECUÇÃO DO PLANO (arts. 59, 60, 61, 64 e 65) Descumprimento DESCUMPRIMENTO DO PLANO Antes de encerrada a recuperação judicial (art. 61, §§1º e 2º) Após o encerramento da recuperação judicial (art. 62) O QUE É CONVOLAR A RECUPERAÇÃO EM FALÊNCIA? (arts. 73 e 74) N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o CURSO ON-LINE - RESUMÃO DE DIREITO COMERCIAL P/ AFRFB PROFESSOR: ANDRÉ LUIZ RAMOS www.pontodosconcursos.com.br 4 Agora vamos analisar cada uma dessas fases, explicando seus detalhes e destacando outras regras da lei que, embora não estejam no capítulo específico da recuperação judicial, também se aplicam a ela. PEDIDO (arts. 48 e 51) * Só os empresários podem requerer recuperação judicial, nos termos do art. 1º da Lei nº 11.101/05, que usa a expressão devedor para se referir a eles. O conceito de empresário, por sua vez, é dado pelo Código Civil, em seu art. 966: “considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”. Vale lembrar que o empresário pode ser pessoa física (empresário individual) ou pessoa jurídica (sociedade empresária). Se só empresários podem requerer recuperação, isso significa que um devedor civil (um cidadão comum, uma associação, um partido político, uma fundação etc.) não faz jus a tal benefício legal. * Cooperativas não podem requerer recuperação judicial, já que não são sociedades empresárias, mas sociedades simples, de acordo com o disposto no art. 982, p. ún., do CC. A expressão sociedade simples é usada pelo atual CC em lugar da expressão sociedade civil, que foi abandonada. * Muita atenção ao art. 2º da Lei nº 11.101/05. Primeiro, ele afirma que as regras da lei em questão não se aplicam às empresas públicas e sociedades de economia mista, resolvendo uma polêmica que era antiga na doutrina.Depois, ele elenca algumas sociedades empresárias que não se submetem, em princípio, às regras da referida lei: bancos, seguradoras, planos de saúde etc. É que essas sociedades empresárias têm o seu regime de insolvência (grosso modo, regras que se aplicam quando elas estão em crise econômico-financeira) disciplinado em leis específicas, que cuidam do procedimento de liquidação extrajudicial delas (os bancos, por exemplo, não podem ter sua falência requerida perante um juiz; se eles ‘quebram’, se instaura um procedimento de liquidação perante o Banco Central). Portanto, instituição financeira, por exemplo, não pode requerer recuperação judicial. Da mesma forma, empresas públicas e sociedades de economia mista também não podem requerer recuperação judicial. N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o CURSO ON-LINE - RESUMÃO DE DIREITO COMERCIAL P/ AFRFB PROFESSOR: ANDRÉ LUIZ RAMOS www.pontodosconcursos.com.br 5 * De acordo com o art. 3º da Lei nº 11.101/05, o pedido de recuperação judicial deve ser formulado no foro do principal estabelecimento do devedor. Cuidado para não confundir o principal estabelecimento com a sede (as bancas costumam fazer essa ‘pegadinha’). O local desta nem sempre coincide com o local daquele. Principal estabelecimento é onde o devedor possui o maior volume de negócios (bens, empregados, clientes, fornecedores etc.). Lembrem-se sempre do caso da Varig, que apesar de ser uma sociedade empresária sediada no RS, teve sua recuperação judicial processada no RJ, local do seu ‘principal estabelecimento’. * Para requerer recuperação judicial, o devedor deve preencher os requisitos do art. 48 (requisitos materiais), e sua petição inicial deve preencher os requisitos do art. 51 (requisitos formais). Vamos ler o art. 48 com atenção: Ele exige que o devedor: (i) esteja regular na Junta Comercial há mais de 2 anos; (ii) não seja falido (se for, que sua falência já tenha encerrado e suas obrigações declaradas extintas); (iii) não tenha obtido recuperação nos últimos 5 anos; e (iv) não tenha sido condenado por crime falimentar (se for uma sociedade, ela não pode ter administradores ou controladores que já tenham sido condenados por crime falimentar). Do requisito previsto no item (ii) (não ser falido), conclui-se que a “concordata suspensiva” (era requerida pelo devedor que já tinha sua falência decretada, com o intuito de reverter a situação), prevista na lei antiga, não encontra paralelo na recuperação judicial, já que esta exige que o devedor não seja falido. Os demais requisitos são auto- explicativos. * A petição inicial da recuperação judicial deve obedecer aos requisitos formais do art. 51, o qual exige a apresentação de uma série de documentos, a fim de permitir que o juiz e os credores possam avaliar o real estado de crise do devedor. Dentre esses documentos, destacam-se a certidão de regularidade da Junta Comercial (para conferir se o devedor está em dia com suas N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o CURSO ON-LINE - RESUMÃO DE DIREITO COMERCIAL P/ AFRFB PROFESSOR: ANDRÉ LUIZ RAMOS www.pontodosconcursos.com.br 6 obrigações de registro, escrituração etc.) e as certidões dos cartórios de protestos (veja-se que não se exige certidão negativa; o que se quer apenas é saber se ele já tem títulos protestados, porque isso ajuda a aferir a gravidade de sua crise). Caso a petição inicial não esteja acompanhada de toda a documentação exigida, o juiz não deve recebê-la. Na prática, eles aplicam a regra do CPC que manda o autor emendar a petição em 10 dias. Caso não seja corretamente emendada, o juiz deve extinguir o processo, mas sem decretar a falência do devedor. Isso é muito importante, porque após o deferimento do processamento da recuperação a situação muda: a partir daí, qualquer óbice ao andamento da recuperação vai levar à decretação da falência, conforme veremos adiante, na parte em que trataremos das hipóteses de convolação da recuperação em falência. DEFERIMENTO DO PROCESSAMENTO (art. 52) * Caso o devedor preencha os requisitos do art. 48 e estando sua petição inicial obediente aos termos do art. 51, o juiz então deferirá o processamento da recuperação judicial. Cuidado: não confundam essa decisão que defere o processamento da recuperação judicial com a decisão que concede a recuperação judicial, da qual cuidaremos adiante (essa ‘pegadinha’ é muito usada). A decisão de que estamos tratando agora apenas defere o processamento do pedido de recuperação judicial feito pelo devedor, por entender que os requisitos materiais do art. 48 e formais do art. 51 foram preenchidos. Só isso. É uma decisão que apenas admite o PEDIDO de recuperação, mas a CONCESSÃO da recuperação será bem depois, após a aprovação do plano pelos credores. * Alguns autores defendem que essa decisão que defere o processamento do pedido de recuperação judicial é um mero despacho contra o qual não caberia recurso, aplicando-se analogicamente a súmula 264 do STJ, que dizia não ser cabível recurso contra a decisão que apenas deferia o processamento da concordata preventiva. Eu mesmo afirmo isso em meu livro. N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o CURSO ON-LINE - RESUMÃO DE DIREITO COMERCIAL P/ AFRFB PROFESSOR: ANDRÉ LUIZ RAMOS www.pontodosconcursos.com.br 7 No entanto, já há decisões admitindo agravo contra tal decisão, já que ela tem conteúdo decisório. Numa prova, todavia, acredito que se deva assinalar que a decisão é irrecorrível mesmo. * Deferido o processamento, o juiz, na própria decisão de deferimento deve tomar algumas medidas importantes, previstas no art. 52: (i) nomeação do administrador judicial; (ii) determinação de dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor continue exercendo sua atividade (salvo para contratar com a Administração ou para receber benefícios fiscais ou creditícios); (iii) determinação de suspensão da prescrição e das ações e execuções contra o devedor, com algumas exceções (ações trabalhistas e execuções fiscais, por exemplo); (iv) exigência de que o devedor apresente contas mensais enquanto durar o processo; e (v) intimação do MP e das Fazendas Públicas. * O administrador judicial (na lei antiga, era chamado de síndico, na falência, e de comissário, na concordata), de acordo com a nova lei, deve atender os requisitos do art. 21: ser pessoa idônea, preferencialmente (cuidado, às vezes eles colocam uma ‘pegadinha’ na questão e trocam a expressão preferencialmente pela expressão necessariamente) advogado, contador, administrador ou economista. E mais: pode ser também uma pessoa jurídica especializada (isso foi uma interessante trazida pela nova lei). Na recuperação judicial, a principal tarefa do administrador judicial é proceder à habilitação dos créditos, a fim de que os credores possam legitimar-se a votar na assembléia-geral. Esse procedimento de habilitação deve ser feito imediatamente, e obedece ao rito previsto nos arts. 7º ao 20 (dizendo de forma bem simples: os credores fazem petições ao administrador judicial, juntando documentos que comprovem seus créditos; depois, o administrador publica uma relação com todos os credores, os valores, a classificação etc.; os interessados podem apresentar impugnações, que serão N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o CURSO ON-LINE - RESUMÃO DE DIREITO COMERCIAL P/ AFRFB PROFESSOR: ANDRÉ LUIZ RAMOS www.pontodosconcursos.com.br 8 julgadas pelo juiz; julgadas essas impugnações, publica-se o quadro- geral dos credores, em que eles ficam relacionados na ordem de classificação do art. 83). * A suspensão da prescrição e das ações e execuções é uma medida de extrema importância. Essa suspensão está prevista no art. 6º(por favor, dêem uma lida nele, sobretudo nos parágrafos 4º e 7º). É preciso ter muito cuidado, porque há algumas exceções: não se suspendem as ações que demandam quantia ilíquida (obviamente, porque o crédito ainda não foi definido; por exemplo, uma ação em que se discute uma indenização por quebra de contrato), as ações de natureza trabalhista (que continuam correndo na Justiça do Trabalho até a apuração do valor devido) e as execuções fiscais. E o mais importante: essa suspensão, na recuperação judicial, só dura 180 dias! Nem um segundo a mais! É o que diz claramente o §4º, sem margem para dúvidas na interpretação. Na falência, essa suspensão dura todo o processo falimentar, até a sentença de encerramento. Na recuperação, dura apenas 180 dias, para forçar o devedor a resolver logo com os credores a aprovação do seu plano. * Cuidado também com a regra do art. 52, §4º, que tem sido muito cobrada nas provas: “O devedor não poderá desistir do pedido de recuperação judicial após o deferimento de seu processamento, salvo se obtiver aprovação da desistência na assembléia-geral de credores.” Em suma: ao pedir recuperação, o devedor entrega sua ‘vida’ nas mãos dos credores. A partir do deferimento do processamento do seu pedido, ou ele vai conseguir a recuperação ou terá sua falência decretada, e essa decisão caberá aos credores, em regra, e não ao juiz. APRESENTAÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO (arts. 49, 50, 53 e 54) * Após o deferimento do processamento da recuperação, enquanto o administrador está fazendo a habilitação dos créditos, o devedor tem 60 dias para apresentar seu plano de recuperação judicial, documento que será essencial para a solução de sua crise. É justamente esse plano que será submetido à apreciação dos credores. Caso o devedor não apresente o plano de recuperação judicial no prazo de 60 dias, sua falência será decretada. N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o CURSO ON-LINE - RESUMÃO DE DIREITO COMERCIAL P/ AFRFB PROFESSOR: ANDRÉ LUIZ RAMOS www.pontodosconcursos.com.br 9 * O plano de recuperação judicial definirá todas as medidas que o devedor pretende tomar para solucionar sua crise. O art. 50 sugere (trata-se, pois, de rol meramente exemplificativo) uma série de meios de recuperação: “I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas; II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente; III – alteração do controle societário; IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos; V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de veto em relação às matérias que o plano especificar; VI – aumento de capital social; VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios empregados; VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva; IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de garantia própria ou de terceiro; X – constituição de sociedade de credores; XI – venda parcial dos bens; XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica; XIII – usufruto da empresa; XIV – administração compartilhada; XV – emissão de valores mobiliários; XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos créditos, os ativos do devedor.” * Muito cuidado com o art. 49, que tem sido muito cobrado nas provas. Ele detalha os créditos que podem ser incluídos no plano de recuperação judicial. Embora o caput diga que todos os créditos existentes na data do pedido estão sujeitos ao plano de recuperação judicial, os próprios parágrafos desmentem essa afirmação. Basta ler os §§3º e 4º, que tratam basicamente de créditos ‘bancários’ (alienação fiduciária, arrendamento mercantil, adiantamento a contrato de câmbio etc.). Esses créditos não podem ser incluídos no plano de recuperação. * Não se deve pensar que o plano é um documento qualquer, uma simples petição apresentada pelo devedor. Segundo o art. 53, ele deve vir acompanhado de documento que comprove sua viabilidade econômica e de laudo econômico-financeiro e de avaliação de bens e N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o CURSO ON-LINE - RESUMÃO DE DIREITO COMERCIAL P/ AFRFB PROFESSOR: ANDRÉ LUIZ RAMOS www.pontodosconcursos.com.br 10 ativos do devedor, subscrito por profissional habilitado ou empresa especializada. * No que se refere aos créditos trabalhistas, há regras especiais, descritas no art. 54 e no seu parágrafo único. “Art. 54. O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um) ano para pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial. Parágrafo único. O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta) dias para o pagamento, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, dos créditos de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores ao pedido de recuperação judicial.” Em suma: os débitos trabalhistas devem ser pagos em até um ano. Se esses débitos são relativos a verbas estritamente salariais dos últimos 3 meses, devem ser pagos em até 30 dias. OBJEÇÕES DOS CREDORES (art. 55) * Contra o plano, os credores poderão opor objeções, no prazo de 30 dias. Mas esse prazo começa a ser contado quando? Depende. Se já tiver sido publicada a relação de credores feita pelo administrador judicial (art. 7º, §2º), conta-se o prazo da publicação do aviso que comunica a apresentação do plano. Caso, todavia, a apresentação ocorra antes da publicação da relação de credores, o prazo será contado a partir desta data. * Se houver objeção de algum credor, não cabe ao juiz decidir sobre ela. Quem deve decidir são os próprios credores, por meio da assembléia-geral. Como eu já havia dito, quem decide são os credores, cabendo ao juiz apenas confirmar a vontade deles: se eles aprovarem o plano, concede-se a recuperação; se eles não aprovam, decreta-se a falência. REALIZAÇÃO DA ASSEMBLÉIA-GERAL (art. 56) * Os credores, reunidos em assembléia-geral, podem tomar 3 decisões: a) aprovar o plano sem alterações; b) aprovar o plano com alterações: c) rejeitar o plano. Aprovação do plano sem alterações N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o CURSO ON-LINE - RESUMÃO DE DIREITO COMERCIAL P/ AFRFB PROFESSOR: ANDRÉ LUIZ RAMOS www.pontodosconcursos.com.br 11 Caso a assembléia-geral aprove o plano de recuperação judicial, cabe ao juiz conceder a recuperação, atendendo a vontade dos credores. A lei privilegiou a solução de mercado, tendo em vista o princípio da preservação da empresa. Alteração do plano com alterações Caso a assembléia-geral aprove o plano, mas faça alterações nele, cabe ao devedor concordar ou não. E tais alterações não podem prejudicar os direitos exclusivamente dos credores ausentes. Rejeição do plano (* art. 58, §1º) Caso a assembléia-geral não aprove o plano, caberá ao juiz decretar a falência do devedor. Há, porém, uma situação excepcional em que o juiz poderá conceder a recuperação judicial, ainda que a assembléia-geral não tenha aprovado o plano. Isso ocorrerá quando se fizerem presentes os requisitos do art. 58, §1º: “§ 1o O juiz poderá conceder a recuperação judicial com baseem plano que não obteve aprovação na forma do art. 45 desta Lei, desde que, na mesma assembléia, tenha obtido, de forma cumulativa: I – o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos os créditos presentes à assembléia, independentemente de classes; II – a aprovação de 2 (duas) das classes de credores nos termos do art. 45 desta Lei ou, caso haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 1 (uma) delas; III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos credores, computados na forma dos §§ 1o e 2o do art. 45 desta Lei.” Vê-se que nesse caso houve uma quase-aprovação, e é por isso que a lei, apenas nesse caso, permite que o juiz decida. Nos demais casos, repita-se, o juiz apenas confirma o que os credores decidirem. CONCESSÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL (arts. 57 e 58) *art. 68 * Pode-se concluir que em 3 hipóteses haverá a concessão da recuperação judicial: (i) quando a assembléia-geral aprovar o plano sem alterações; (ii) quando a assembléia-geral aprovar o plano com alterações e o devedor concordar com elas; e (iii) quando a assembléia ‘quase’ aprovar o plano, e o juiz entender que deve conceder. Ou seja, esse terceiro caso é a única N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o CURSO ON-LINE - RESUMÃO DE DIREITO COMERCIAL P/ AFRFB PROFESSOR: ANDRÉ LUIZ RAMOS www.pontodosconcursos.com.br 12 hipótese em que a decisão caberá realmente ao juiz, porque nos outros dois casos ele apenas confirma a decisão soberana tomada pela assembléia-geral. * Em qualquer das 3 hipóteses acima listadas, antes de conceder a recuperação judicial o juiz deve observar o disposto no art. 57, que determina que o devedor apresente CND (certidão negativa de débitos tributários). * Quanto a essa regra do art. 57, a própria Lei nº 11.101/05 estabelece no art. 68 que a Fazenda Pública pode deferir parcelamento tributário ao devedor em recuperação. Nesse caso, obviamente, o problema estará resolvido, porque o parcelamento suspende a exigibilidade do crédito tributário, e o devedor fará jus à certidão positiva com efeito de negativa. * Contra a decisão que concede a recuperação, cabe agravo de instrumento, que pode ser interposto por qualquer credor ou pelo Ministério Público. EXECUÇÃO DO PLANO (arts. 59, 60, 61, 64 e 65) * Concedida a recuperação judicial, inicia-se a execução das medidas propostas no plano apresentado pelo devedor. Haverá novação em relação a todos os créditos abrangidos pelo plano. Isso significa que o plano aprovado implica uma renegociação. * Muito cuidado com a regra do art. 60, parágrafo único: “O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, observado o disposto no § 1o do art. 141 desta Lei.” Isso significa que aquele que sucede o devedor em recuperação judicial, por exemplo, adquirindo um estabelecimento comercial seu, não assume suas obrigações, nem mesmo as tributárias. O objetivo é estimular a compra de empresas em crise. Por isso que existe essa polêmica do caso Gol-Varig, porque a Gol exige o cumprimento dessa regra, sustentando que ela não deve responder pelas dívidas anteriores da Varig. E é isso mesmo o que a lei diz! * O devedor fica “em recuperação judicial” durante dois anos (inclusive essa expressão “em recuperação judicial” deverá ser acrescentada pela Junta Comercial ao seu nome empresarial – leia-se ‘razão social’ – e em todos os contratos etc. ela deverá constar). Se durante esse prazo de dois anos o devedor cumprir todas as obrigações previstas no plano, o juiz então encerra o processo de recuperação por sentença. N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o CURSO ON-LINE - RESUMÃO DE DIREITO COMERCIAL P/ AFRFB PROFESSOR: ANDRÉ LUIZ RAMOS www.pontodosconcursos.com.br 13 Isso não significa que a execução do plano acabou. Pode ser que o plano tenha previsto medidas que vão durar mais de dois anos (um parcelamento de dívidas em 5 anos, por exemplo). Assim, o devedor continua executando o plano, mas não está mais “em recuperação judicial” (essa expressão, aliás, será retirada dos seus assentamentos na Junta Comercial), porque o processo será encerrado por sentença. * Em regra, durante a execução do plano de recuperação, os administradores de uma sociedade empresária em recuperação judicial, por exemplo, não são afastados da administração da sociedade. Eles apenas ficarão sob a fiscalização do comitê, se houver, e do administrador judicial. No entanto, excepcionalmente os administradores podem ser afastados e substituídos, conforme previsão dos estatutos ou do próprio plano, se ocorrer uma das seguintes hipóteses: I – houver sido condenado em sentença penal transitada em julgado por crime cometido em recuperação judicial ou falência anteriores ou por crime contra o patrimônio, a economia popular ou a ordem econômica previstos na legislação vigente; II – houver indícios veementes de ter cometido crime previsto nesta Lei; III – houver agido com dolo, simulação ou fraude contra os interesses de seus credores; IV – houver praticado qualquer das seguintes condutas: a) efetuar gastos pessoais manifestamente excessivos em relação a sua situação patrimonial; b) efetuar despesas injustificáveis por sua natureza ou vulto, em relação ao capital ou gênero do negócio, ao movimento das operações e a outras circunstâncias análogas; c) descapitalizar injustificadamente a empresa ou realizar operações prejudiciais ao seu funcionamento regular; d) simular ou omitir créditos ao apresentar a relação de que trata o inciso III do caput do art. 51 desta Lei, sem relevante razão de direito ou amparo de decisão judicial; V – negar-se a prestar informações solicitadas pelo administrador judicial ou pelos demais membros do Comitê; VI – tiver seu afastamento previsto no plano de recuperação judicial. N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o CURSO ON-LINE - RESUMÃO DE DIREITO COMERCIAL P/ AFRFB PROFESSOR: ANDRÉ LUIZ RAMOS www.pontodosconcursos.com.br 14 DESCUMPRIMENTO DO PLANO Antes de encerrada a recuperação judicial (art. 61, §§1º e 2º) Se o devedor descumprir o plano durante o processo de recuperação judicial, o juiz decretará sua falência. Foi o que ocorreu com a VASP. Após o encerramento da recuperação judicial (art. 62) Se o devedor descumprir o plano após a sentença de encerramento da recuperação judicial, caberá a cada credor interessado ou requerer a execução específica da obrigação descumprida (já que a decisão que concedeu a recuperação é título executivo) ou requerer a falência do devedor, com base no art. 94, III, ‘g’. Não caberá ao próprio juiz da recuperação decretar a falência porque o processo de recuperação, conforme vimos, já terá sido encerrado por sentença. O QUE É CONVOLAR A RECUPERAÇÃO EM FALÊNCIA? (arts. 73 e 74) * A convolação da recuperação judicial em falência é a decretação da falência nos próprios autos da recuperação judicial. Ela ocorre, por exemplo, quando o devedor descumpre uma obrigação do plano durante o processo de recuperação ou quando ele não apresenta o plano no prazo de 60 dias após o deferimento do processamento do pedido. Nesse caso, os atos praticados pelo devedor durante a recuperação presumem-se válidos. (*) PLANO ESPECIAL PARA MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE Como no programa consta um ponto específico sobre ME e EPP, é preciso ter muito cuidado com 3 artigos da Lei nº 11.101/05, porque eles tratam de um plano especial de recuperação judicial para microempresas e empresas de pequeno porte. Primeiro, é preciso destacar que a submissão a esse plano especial é uma mera faculdade. Segundo, é precisotomar cuidado com suas características, que têm sido muito cobradas nas provas. N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o CURSO ON-LINE - RESUMÃO DE DIREITO COMERCIAL P/ AFRFB PROFESSOR: ANDRÉ LUIZ RAMOS www.pontodosconcursos.com.br 15 • O plano especial só pode abranger créditos quirografários (são créditos sem garantias, como uma dívida representada numa duplicata, por exemplo), ou seja, créditos trabalhistas, com garantia real, privilegiados etc. não podem ser renegociados nesse plano. • O leque de medidas que o devedor pode apresentar para resolver sua crise é muito pequeno: cabe a ele apenas propor parcelamento das dívidas quirografárias, por um prazo máximo de 36 meses, com carência para o primeiro pagamento de até 180 dias, e juros de 12% ao ano. Em síntese: é um crediário! É o plano Casas Bahia! • Ademais, o devedor não pode contratar empregados nem aumentar despesas sem autorização do juiz. Por fim, outra característica importante desse plano especial das MEs e EPPs é que quem decide sobre ele não são os credores, por meio da assembléia-geral, mas o juiz, nos termos do art. 72. Até a próxima aula.
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