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Aula 00 AFRFB 2009 RESUMO COMERCIAL

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CURSO ON-LINE - RESUMÃO DE DIREITO COMERCIAL P/ AFRFB 
PROFESSOR: ANDRÉ LUIZ RAMOS 
 
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PONTO DOS CONCURSOS 
Direito Empresarial 
Professor André Luiz S. C. Ramos 
 
1) Apresentação 
 
 Olá, alunos e alunas do Ponto dos Concursos! Meu nome é André 
Luiz Santa Cruz Ramos, sou natural de Recife-PE, mas resido 
atualmente em Brasília. 
 Em 2003, poucos meses após terminar a graduação em Direito na 
UFPE, ao ver todos os meus melhores amigos serem aprovados em 
concursos, enquanto eu tentava heroicamente ganhar uns trocados 
exercendo a advocacia, resolvi me tornar um “concursando”. 
 Abandonei o escritório onde trabalhava, comprei aqueles livros 
obrigatórios para os concursandos – dentre eles os escritos por Vicente 
Paulo e Marcelo Alexandrino, é claro! – matriculei-me num cursinho 
preparatório e passei a viver para os estudos. Eram 8h diárias de leitura 
e 3h de aula, à noite. Nos finais se semana, leitura dos informativos do 
STJ e do STF, resolução de questões e revisão da matéria estudada de 
segunda a sexta. Resultado: consegui passar numa ótima colocação no 
concurso para a carreira de Procurador Federal, da Advocacia-Geral da 
União, no início de 2004. Tomei posse no final desse mesmo ano e até 
hoje estou na AGU, atualmente lotado no CADE (Conselho 
Administrativo de Defesa Econômica), em Brasília-DF. 
 Ainda em 2004, enquanto aguardava a nomeação para o cargo de 
Procurador Federal, comecei a lecionar a disciplina Direito Empresarial 
(que quando eu estudei na Faculdade ainda se chamava Direito 
Comercial) em um curso de graduação em Direito e em dois cursinhos 
preparatórios. De lá pra cá, o estudo e o ensino do Direito Empresarial 
têm preenchido boa parte do meu tempo. Continuo lecionando Direito 
Empresarial até hoje, já tendo ministrado aulas em diversos cursinhos e 
faculdades de Direito, em diversos estados: Pernambuco, Bahia, Minas 
Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal. 
 Aproximadamente dois anos após começar a ensinar Direito 
Empresarial, surgiu a idéia de reunir o conteúdo ministrado nas aulas 
em um livro. O resultado foi a publicação, em 2007, do meu “Curso de 
Direito Empresarial” (editora JusPodivm), que já se encontra na 3ª 
edição e que, para a minha alegria, tem recebido uma ótima acolhida do 
público concursando em todo o Brasil. Neste ano de 2009, com o 
objetivo de auxiliar os candidatos ao concurso da Receita Federal, lancei 
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o “Resumo de Direito Empresarial para carreiras de auditor, analista e 
técnico” (editora JusPodivm), que abrange todos os pontos do programa 
constante do edital. 
 Agora, inicio mais um desafio: ministrar aulas escritas aos 
melhores concursandos do país, que são justamente vocês, alunos do 
Ponto dos Concursos. É realmente uma honra poder hoje fazer parte do 
site que me ajudou a conquistar meus objetivos e da equipe dos 
melhores professores para concursandos do Brasil: Vicente e Marcelo. 
 Espero poder ajudá-los na preparação para esse concurso da 
Receita! 
 Forte abraço, 
 André Ramos. 
 
2) Descrição do curso 
 
 O conteúdo do curso abrangerá basicamente o programa 
constante do edital, com enfoque nas matérias mais importantes. Meu 
objetivo será dar dicas que sejam úteis na reta final de preparação do 
candidato, destacando alguns assuntos mais cobrados pela banca 
examinadora e apontando outros que podem ser cobrados nessa prova, 
segundo meu “feeling”, que é amparado em 5 anos de experiência de 
resolução de provas de todas as bancas. 
 Serão ao todo 3 (três) aulas: a primeira será uma aula 
demonstrativa, abordando um ponto que tem caído muito nas últimas 
provas (recuperação judicial), e as demais abordarão o restante do 
conteúdo, em tópicos sucintos com breves explanações sobre os 
detalhes que podem ser cobrados. 
 
3) Aula demonstrativa 
 
 O tema da nossa aula demonstrativa será RECUPERAÇÃO 
JUDICIAL, assunto que vem caindo muito nas provas de todas as bancas 
examinadoras. 
 A primeira coisa a fazer para estudar esse tema é abrir a Lei nº 
11.101/05 no art. 47. Abriu? Ainda não? Estou esperando... Pronto. 
Vamos lá! 
 O art. 47 contém uma norma extremamente vaga, programática, 
que apenas define os objetivos da recuperação judicial, como instituto 
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destinado a solucionar a crise do devedor, e estabelece seus princípios 
informadores: preservação da empresa e função social da empresa. 
Cuidado: a recuperação judicial substituiu a antiga concordata. 
Tais institutos diferem, sobretudo, no que se refere à participação dos 
credores no processo, que cresceu muito na nova lei. 
O grande erro do candidato que resolve estudar recuperação 
judicial pela simples leitura da lei está em ler apenas os artigos do 
capítulo específico sobre recuperação judicial (arts. 47 a 74). Isso 
porque há uma série de regras importantes espalhadas pela Lei que 
também se aplicam à recuperação judicial e que são muito cobradas nas 
provas. 
 
Vamos lá! 
Primeiro, quero propor um roteiro de estudos da recuperação 
judicial, algo que na minha opinião vai nos ajudar muito. Como a 
recuperação judicial é um processo, vamos tentar seguir passo a passo 
todas as suas fases processuais, ok? Então, podemos fazer o seguinte 
roteiro: 
 
PEDIDO (arts. 48 e 51) 
DEFERIMENTO DO PROCESSAMENTO (art. 52) 
APRESENTAÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO (arts. 49, 50, 53 e 54) 
OBJEÇÕES DOS CREDORES (art. 55) 
REALIZAÇÃO DA ASSEMBLÉIA GERAL (art. 56) 
 Aprovação do plano 
 Alteração do plano 
 Rejeição do plano (* art. 58, §1º) 
CONCESSÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL (arts. 57 e 58) *art. 68 
EXECUÇÃO DO PLANO (arts. 59, 60, 61, 64 e 65) 
 Descumprimento 
DESCUMPRIMENTO DO PLANO 
 Antes de encerrada a recuperação judicial (art. 61, §§1º e 2º) 
 Após o encerramento da recuperação judicial (art. 62) 
O QUE É CONVOLAR A RECUPERAÇÃO EM FALÊNCIA? (arts. 73 e 74) 
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 Agora vamos analisar cada uma dessas fases, explicando seus 
detalhes e destacando outras regras da lei que, embora não estejam no 
capítulo específico da recuperação judicial, também se aplicam a ela. 
 
PEDIDO (arts. 48 e 51) 
* Só os empresários podem requerer recuperação judicial, nos 
termos do art. 1º da Lei nº 11.101/05, que usa a expressão devedor 
para se referir a eles. O conceito de empresário, por sua vez, é dado 
pelo Código Civil, em seu art. 966: “considera-se empresário quem 
exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a 
produção ou a circulação de bens ou de serviços”. 
Vale lembrar que o empresário pode ser pessoa física (empresário 
individual) ou pessoa jurídica (sociedade empresária). 
Se só empresários podem requerer recuperação, isso significa que 
um devedor civil (um cidadão comum, uma associação, um partido 
político, uma fundação etc.) não faz jus a tal benefício legal. 
* Cooperativas não podem requerer recuperação judicial, já que 
não são sociedades empresárias, mas sociedades simples, de acordo 
com o disposto no art. 982, p. ún., do CC. 
A expressão sociedade simples é usada pelo atual CC em lugar da 
expressão sociedade civil, que foi abandonada. 
* Muita atenção ao art. 2º da Lei nº 11.101/05. 
Primeiro, ele afirma que as regras da lei em questão não se 
aplicam às empresas públicas e sociedades de economia mista, 
resolvendo uma polêmica que era antiga na doutrina.Depois, ele elenca algumas sociedades empresárias que não se 
submetem, em princípio, às regras da referida lei: bancos, seguradoras, 
planos de saúde etc. 
É que essas sociedades empresárias têm o seu regime de 
insolvência (grosso modo, regras que se aplicam quando elas estão em 
crise econômico-financeira) disciplinado em leis específicas, que cuidam 
do procedimento de liquidação extrajudicial delas (os bancos, por 
exemplo, não podem ter sua falência requerida perante um juiz; se eles 
‘quebram’, se instaura um procedimento de liquidação perante o Banco 
Central). 
Portanto, instituição financeira, por exemplo, não pode 
requerer recuperação judicial. Da mesma forma, empresas 
públicas e sociedades de economia mista também não podem 
requerer recuperação judicial. 
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* De acordo com o art. 3º da Lei nº 11.101/05, o pedido de 
recuperação judicial deve ser formulado no foro do principal 
estabelecimento do devedor. 
Cuidado para não confundir o principal estabelecimento com a 
sede (as bancas costumam fazer essa ‘pegadinha’). O local desta nem 
sempre coincide com o local daquele. Principal estabelecimento é onde o 
devedor possui o maior volume de negócios (bens, empregados, 
clientes, fornecedores etc.). Lembrem-se sempre do caso da Varig, que 
apesar de ser uma sociedade empresária sediada no RS, teve sua 
recuperação judicial processada no RJ, local do seu ‘principal 
estabelecimento’. 
* Para requerer recuperação judicial, o devedor deve preencher os 
requisitos do art. 48 (requisitos materiais), e sua petição inicial deve 
preencher os requisitos do art. 51 (requisitos formais). Vamos ler o art. 
48 com atenção: 
 Ele exige que o devedor: 
(i) esteja regular na Junta Comercial há mais de 2 anos; 
(ii) não seja falido (se for, que sua falência já tenha encerrado e 
suas obrigações declaradas extintas); 
(iii) não tenha obtido recuperação nos últimos 5 anos; e 
(iv) não tenha sido condenado por crime falimentar (se for uma 
sociedade, ela não pode ter administradores ou controladores que já 
tenham sido condenados por crime falimentar). 
Do requisito previsto no item (ii) (não ser falido), conclui-se que a 
“concordata suspensiva” (era requerida pelo devedor que já tinha sua 
falência decretada, com o intuito de reverter a situação), prevista na lei 
antiga, não encontra paralelo na recuperação judicial, já que esta exige 
que o devedor não seja falido. Os demais requisitos são auto-
explicativos. 
 * A petição inicial da recuperação judicial deve obedecer aos 
requisitos formais do art. 51, o qual exige a apresentação de uma série 
de documentos, a fim de permitir que o juiz e os credores possam 
avaliar o real estado de crise do devedor. 
Dentre esses documentos, destacam-se a certidão de regularidade 
da Junta Comercial (para conferir se o devedor está em dia com suas 
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obrigações de registro, escrituração etc.) e as certidões dos cartórios de 
protestos (veja-se que não se exige certidão negativa; o que se quer 
apenas é saber se ele já tem títulos protestados, porque isso ajuda a 
aferir a gravidade de sua crise). 
Caso a petição inicial não esteja acompanhada de toda a 
documentação exigida, o juiz não deve recebê-la. Na prática, eles 
aplicam a regra do CPC que manda o autor emendar a petição em 10 
dias. 
Caso não seja corretamente emendada, o juiz deve extinguir o 
processo, mas sem decretar a falência do devedor. Isso é muito 
importante, porque após o deferimento do processamento da 
recuperação a situação muda: a partir daí, qualquer óbice ao andamento 
da recuperação vai levar à decretação da falência, conforme veremos 
adiante, na parte em que trataremos das hipóteses de convolação da 
recuperação em falência. 
 
DEFERIMENTO DO PROCESSAMENTO (art. 52) 
 * Caso o devedor preencha os requisitos do art. 48 e estando sua 
petição inicial obediente aos termos do art. 51, o juiz então deferirá o 
processamento da recuperação judicial. 
Cuidado: não confundam essa decisão que defere o 
processamento da recuperação judicial com a decisão que concede a 
recuperação judicial, da qual cuidaremos adiante (essa ‘pegadinha’ é 
muito usada). 
A decisão de que estamos tratando agora apenas defere o 
processamento do pedido de recuperação judicial feito pelo devedor, por 
entender que os requisitos materiais do art. 48 e formais do art. 51 
foram preenchidos. Só isso. É uma decisão que apenas admite o 
PEDIDO de recuperação, mas a CONCESSÃO da recuperação será bem 
depois, após a aprovação do plano pelos credores. 
 * Alguns autores defendem que essa decisão que defere o 
processamento do pedido de recuperação judicial é um mero despacho 
contra o qual não caberia recurso, aplicando-se analogicamente a 
súmula 264 do STJ, que dizia não ser cabível recurso contra a decisão 
que apenas deferia o processamento da concordata preventiva. Eu 
mesmo afirmo isso em meu livro. 
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No entanto, já há decisões admitindo agravo contra tal decisão, já 
que ela tem conteúdo decisório. Numa prova, todavia, acredito que 
se deva assinalar que a decisão é irrecorrível mesmo. 
 * Deferido o processamento, o juiz, na própria decisão de 
deferimento deve tomar algumas medidas importantes, previstas no art. 
52: 
(i) nomeação do administrador judicial; 
(ii) determinação de dispensa da apresentação de certidões 
negativas para que o devedor continue exercendo sua atividade (salvo 
para contratar com a Administração ou para receber benefícios fiscais ou 
creditícios); 
(iii) determinação de suspensão da prescrição e das ações e 
execuções contra o devedor, com algumas exceções (ações trabalhistas 
e execuções fiscais, por exemplo); 
(iv) exigência de que o devedor apresente contas mensais 
enquanto durar o processo; e 
(v) intimação do MP e das Fazendas Públicas. 
 * O administrador judicial (na lei antiga, era chamado de síndico, 
na falência, e de comissário, na concordata), de acordo com a nova lei, 
deve atender os requisitos do art. 21: ser pessoa idônea, 
preferencialmente (cuidado, às vezes eles colocam uma ‘pegadinha’ na 
questão e trocam a expressão preferencialmente pela expressão 
necessariamente) advogado, contador, administrador ou economista. 
E mais: pode ser também uma pessoa jurídica especializada (isso 
foi uma interessante trazida pela nova lei). 
Na recuperação judicial, a principal tarefa do administrador judicial 
é proceder à habilitação dos créditos, a fim de que os credores possam 
legitimar-se a votar na assembléia-geral. 
Esse procedimento de habilitação deve ser feito imediatamente, e 
obedece ao rito previsto nos arts. 7º ao 20 (dizendo de forma bem 
simples: os credores fazem petições ao administrador judicial, juntando 
documentos que comprovem seus créditos; depois, o administrador 
publica uma relação com todos os credores, os valores, a classificação 
etc.; os interessados podem apresentar impugnações, que serão 
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julgadas pelo juiz; julgadas essas impugnações, publica-se o quadro-
geral dos credores, em que eles ficam relacionados na ordem de 
classificação do art. 83). 
 * A suspensão da prescrição e das ações e execuções é uma 
medida de extrema importância. Essa suspensão está prevista no art. 6º(por favor, dêem uma lida nele, sobretudo nos parágrafos 4º e 7º). 
É preciso ter muito cuidado, porque há algumas exceções: não se 
suspendem as ações que demandam quantia ilíquida (obviamente, 
porque o crédito ainda não foi definido; por exemplo, uma ação em que 
se discute uma indenização por quebra de contrato), as ações de 
natureza trabalhista (que continuam correndo na Justiça do Trabalho até 
a apuração do valor devido) e as execuções fiscais. E o mais 
importante: essa suspensão, na recuperação judicial, só dura 180 dias! 
Nem um segundo a mais! É o que diz claramente o §4º, sem margem 
para dúvidas na interpretação. 
Na falência, essa suspensão dura todo o processo falimentar, até a 
sentença de encerramento. Na recuperação, dura apenas 180 dias, para 
forçar o devedor a resolver logo com os credores a aprovação do seu 
plano. 
 * Cuidado também com a regra do art. 52, §4º, que tem sido 
muito cobrada nas provas: “O devedor não poderá desistir do pedido de 
recuperação judicial após o deferimento de seu processamento, salvo se 
obtiver aprovação da desistência na assembléia-geral de credores.” 
Em suma: ao pedir recuperação, o devedor entrega sua ‘vida’ nas 
mãos dos credores. A partir do deferimento do processamento do seu 
pedido, ou ele vai conseguir a recuperação ou terá sua falência 
decretada, e essa decisão caberá aos credores, em regra, e não ao 
juiz. 
 
APRESENTAÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO (arts. 49, 50, 53 e 54) 
 * Após o deferimento do processamento da recuperação, enquanto 
o administrador está fazendo a habilitação dos créditos, o devedor tem 
60 dias para apresentar seu plano de recuperação judicial, documento 
que será essencial para a solução de sua crise. É justamente esse plano 
que será submetido à apreciação dos credores. Caso o devedor não 
apresente o plano de recuperação judicial no prazo de 60 dias, sua 
falência será decretada. 
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 * O plano de recuperação judicial definirá todas as medidas que o 
devedor pretende tomar para solucionar sua crise. O art. 50 sugere 
(trata-se, pois, de rol meramente exemplificativo) uma série de meios 
de recuperação: “I – concessão de prazos e condições especiais para 
pagamento das obrigações vencidas ou vincendas; II – cisão, 
incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de 
subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos 
dos sócios, nos termos da legislação vigente; III – alteração do controle 
societário; IV – substituição total ou parcial dos administradores do 
devedor ou modificação de seus órgãos administrativos; V – concessão 
aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de 
poder de veto em relação às matérias que o plano especificar; VI – 
aumento de capital social; VII – trespasse ou arrendamento de 
estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios 
empregados; VIII – redução salarial, compensação de horários e 
redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva; IX – dação 
em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem 
constituição de garantia própria ou de terceiro; X – constituição de 
sociedade de credores; XI – venda parcial dos bens; XII – equalização 
de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo 
como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação 
judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem 
prejuízo do disposto em legislação específica; XIII – usufruto da 
empresa; XIV – administração compartilhada; XV – emissão de valores 
mobiliários; XVI – constituição de sociedade de propósito específico para 
adjudicar, em pagamento dos créditos, os ativos do devedor.” 
 * Muito cuidado com o art. 49, que tem sido muito cobrado nas 
provas. 
Ele detalha os créditos que podem ser incluídos no plano de 
recuperação judicial. Embora o caput diga que todos os créditos 
existentes na data do pedido estão sujeitos ao plano de recuperação 
judicial, os próprios parágrafos desmentem essa afirmação. 
Basta ler os §§3º e 4º, que tratam basicamente de créditos 
‘bancários’ (alienação fiduciária, arrendamento mercantil, adiantamento 
a contrato de câmbio etc.). Esses créditos não podem ser incluídos 
no plano de recuperação. 
 * Não se deve pensar que o plano é um documento qualquer, uma 
simples petição apresentada pelo devedor. Segundo o art. 53, ele deve 
vir acompanhado de documento que comprove sua viabilidade 
econômica e de laudo econômico-financeiro e de avaliação de bens e 
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ativos do devedor, subscrito por profissional habilitado ou empresa 
especializada. 
 * No que se refere aos créditos trabalhistas, há regras especiais, 
descritas no art. 54 e no seu parágrafo único. “Art. 54. O plano de 
recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um) ano 
para pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou 
decorrentes de acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido de 
recuperação judicial. Parágrafo único. O plano não poderá, ainda, prever 
prazo superior a 30 (trinta) dias para o pagamento, até o limite de 5 
(cinco) salários-mínimos por trabalhador, dos créditos de natureza 
estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores ao pedido 
de recuperação judicial.” 
Em suma: os débitos trabalhistas devem ser pagos em até um 
ano. Se esses débitos são relativos a verbas estritamente salariais dos 
últimos 3 meses, devem ser pagos em até 30 dias. 
 
OBJEÇÕES DOS CREDORES (art. 55) 
 * Contra o plano, os credores poderão opor objeções, no prazo de 
30 dias. Mas esse prazo começa a ser contado quando? Depende. Se já 
tiver sido publicada a relação de credores feita pelo administrador 
judicial (art. 7º, §2º), conta-se o prazo da publicação do aviso que 
comunica a apresentação do plano. Caso, todavia, a apresentação 
ocorra antes da publicação da relação de credores, o prazo será contado 
a partir desta data. 
 * Se houver objeção de algum credor, não cabe ao juiz decidir 
sobre ela. Quem deve decidir são os próprios credores, por meio da 
assembléia-geral. 
Como eu já havia dito, quem decide são os credores, cabendo 
ao juiz apenas confirmar a vontade deles: se eles aprovarem o plano, 
concede-se a recuperação; se eles não aprovam, decreta-se a falência. 
 
REALIZAÇÃO DA ASSEMBLÉIA-GERAL (art. 56) 
 * Os credores, reunidos em assembléia-geral, podem tomar 3 
decisões: a) aprovar o plano sem alterações; b) aprovar o plano com 
alterações: c) rejeitar o plano. 
 Aprovação do plano sem alterações 
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 Caso a assembléia-geral aprove o plano de recuperação judicial, 
cabe ao juiz conceder a recuperação, atendendo a vontade dos 
credores. A lei privilegiou a solução de mercado, tendo em vista o 
princípio da preservação da empresa. 
 Alteração do plano com alterações 
 Caso a assembléia-geral aprove o plano, mas faça alterações nele, 
cabe ao devedor concordar ou não. E tais alterações não podem 
prejudicar os direitos exclusivamente dos credores ausentes. 
 Rejeição do plano (* art. 58, §1º) 
 Caso a assembléia-geral não aprove o plano, caberá ao juiz 
decretar a falência do devedor. 
Há, porém, uma situação excepcional em que o juiz poderá 
conceder a recuperação judicial, ainda que a assembléia-geral não 
tenha aprovado o plano. Isso ocorrerá quando se fizerem presentes 
os requisitos do art. 58, §1º: “§ 1o O juiz poderá conceder a 
recuperação judicial com baseem plano que não obteve aprovação na 
forma do art. 45 desta Lei, desde que, na mesma assembléia, tenha 
obtido, de forma cumulativa: I – o voto favorável de credores que 
representem mais da metade do valor de todos os créditos presentes à 
assembléia, independentemente de classes; II – a aprovação de 2 
(duas) das classes de credores nos termos do art. 45 desta Lei ou, caso 
haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação 
de pelo menos 1 (uma) delas; III – na classe que o houver rejeitado, o 
voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos credores, computados na 
forma dos §§ 1o e 2o do art. 45 desta Lei.” 
Vê-se que nesse caso houve uma quase-aprovação, e é por isso 
que a lei, apenas nesse caso, permite que o juiz decida. Nos demais 
casos, repita-se, o juiz apenas confirma o que os credores decidirem. 
 
CONCESSÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL (arts. 57 e 58) *art. 68 
 * Pode-se concluir que em 3 hipóteses haverá a concessão da 
recuperação judicial: 
(i) quando a assembléia-geral aprovar o plano sem alterações; 
(ii) quando a assembléia-geral aprovar o plano com alterações e o 
devedor concordar com elas; e 
(iii) quando a assembléia ‘quase’ aprovar o plano, e o juiz 
entender que deve conceder. Ou seja, esse terceiro caso é a única 
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hipótese em que a decisão caberá realmente ao juiz, porque nos 
outros dois casos ele apenas confirma a decisão soberana tomada 
pela assembléia-geral. 
 * Em qualquer das 3 hipóteses acima listadas, antes de conceder 
a recuperação judicial o juiz deve observar o disposto no art. 57, que 
determina que o devedor apresente CND (certidão negativa de débitos 
tributários). 
 * Quanto a essa regra do art. 57, a própria Lei nº 11.101/05 
estabelece no art. 68 que a Fazenda Pública pode deferir parcelamento 
tributário ao devedor em recuperação. Nesse caso, obviamente, o 
problema estará resolvido, porque o parcelamento suspende a 
exigibilidade do crédito tributário, e o devedor fará jus à certidão 
positiva com efeito de negativa. 
 * Contra a decisão que concede a recuperação, cabe agravo 
de instrumento, que pode ser interposto por qualquer credor ou pelo 
Ministério Público. 
 
EXECUÇÃO DO PLANO (arts. 59, 60, 61, 64 e 65) 
 * Concedida a recuperação judicial, inicia-se a execução das 
medidas propostas no plano apresentado pelo devedor. Haverá novação 
em relação a todos os créditos abrangidos pelo plano. Isso significa que 
o plano aprovado implica uma renegociação. 
 * Muito cuidado com a regra do art. 60, parágrafo único: “O 
objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão 
do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza 
tributária, observado o disposto no § 1o do art. 141 desta Lei.” Isso 
significa que aquele que sucede o devedor em recuperação judicial, por 
exemplo, adquirindo um estabelecimento comercial seu, não assume 
suas obrigações, nem mesmo as tributárias. 
O objetivo é estimular a compra de empresas em crise. Por isso 
que existe essa polêmica do caso Gol-Varig, porque a Gol exige o 
cumprimento dessa regra, sustentando que ela não deve responder 
pelas dívidas anteriores da Varig. E é isso mesmo o que a lei diz! 
 * O devedor fica “em recuperação judicial” durante dois anos 
(inclusive essa expressão “em recuperação judicial” deverá ser 
acrescentada pela Junta Comercial ao seu nome empresarial – leia-se 
‘razão social’ – e em todos os contratos etc. ela deverá constar). 
Se durante esse prazo de dois anos o devedor cumprir todas as 
obrigações previstas no plano, o juiz então encerra o processo de 
recuperação por sentença. 
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Isso não significa que a execução do plano acabou. Pode ser que o 
plano tenha previsto medidas que vão durar mais de dois anos (um 
parcelamento de dívidas em 5 anos, por exemplo). Assim, o devedor 
continua executando o plano, mas não está mais “em recuperação 
judicial” (essa expressão, aliás, será retirada dos seus assentamentos 
na Junta Comercial), porque o processo será encerrado por sentença. 
 * Em regra, durante a execução do plano de recuperação, os 
administradores de uma sociedade empresária em recuperação judicial, 
por exemplo, não são afastados da administração da sociedade. 
Eles apenas ficarão sob a fiscalização do comitê, se houver, e do 
administrador judicial. 
No entanto, excepcionalmente os administradores podem ser 
afastados e substituídos, conforme previsão dos estatutos ou do próprio 
plano, se ocorrer uma das seguintes hipóteses: 
I – houver sido condenado em sentença penal transitada em 
julgado por crime cometido em recuperação judicial ou falência 
anteriores ou por crime contra o patrimônio, a economia popular ou a 
ordem econômica previstos na legislação vigente; 
II – houver indícios veementes de ter cometido crime previsto 
nesta Lei; 
III – houver agido com dolo, simulação ou fraude contra os 
interesses de seus credores; 
IV – houver praticado qualquer das seguintes condutas: a) efetuar 
gastos pessoais manifestamente excessivos em relação a sua situação 
patrimonial; b) efetuar despesas injustificáveis por sua natureza ou 
vulto, em relação ao capital ou gênero do negócio, ao movimento das 
operações e a outras circunstâncias análogas; c) descapitalizar 
injustificadamente a empresa ou realizar operações prejudiciais ao seu 
funcionamento regular; d) simular ou omitir créditos ao apresentar a 
relação de que trata o inciso III do caput do art. 51 desta Lei, sem 
relevante razão de direito ou amparo de decisão judicial; 
V – negar-se a prestar informações solicitadas pelo administrador 
judicial ou pelos demais membros do Comitê; 
VI – tiver seu afastamento previsto no plano de recuperação 
judicial. 
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DESCUMPRIMENTO DO PLANO 
 Antes de encerrada a recuperação judicial (art. 61, §§1º e 2º) 
 Se o devedor descumprir o plano durante o processo de 
recuperação judicial, o juiz decretará sua falência. Foi o que ocorreu 
com a VASP. 
 Após o encerramento da recuperação judicial (art. 62) 
 Se o devedor descumprir o plano após a sentença de 
encerramento da recuperação judicial, caberá a cada credor interessado 
ou requerer a execução específica da obrigação descumprida (já que a 
decisão que concedeu a recuperação é título executivo) ou requerer a 
falência do devedor, com base no art. 94, III, ‘g’. 
Não caberá ao próprio juiz da recuperação decretar a falência 
porque o processo de recuperação, conforme vimos, já terá sido 
encerrado por sentença. 
 
O QUE É CONVOLAR A RECUPERAÇÃO EM FALÊNCIA? (arts. 73 e 74) 
 * A convolação da recuperação judicial em falência é a decretação 
da falência nos próprios autos da recuperação judicial. 
Ela ocorre, por exemplo, quando o devedor descumpre uma 
obrigação do plano durante o processo de recuperação ou quando ele 
não apresenta o plano no prazo de 60 dias após o deferimento do 
processamento do pedido. 
Nesse caso, os atos praticados pelo devedor durante a 
recuperação presumem-se válidos. 
 
(*) PLANO ESPECIAL PARA MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO 
PORTE 
 
 Como no programa consta um ponto específico sobre ME e EPP, é 
preciso ter muito cuidado com 3 artigos da Lei nº 11.101/05, porque 
eles tratam de um plano especial de recuperação judicial para 
microempresas e empresas de pequeno porte. 
 Primeiro, é preciso destacar que a submissão a esse plano 
especial é uma mera faculdade. Segundo, é precisotomar cuidado 
com suas características, que têm sido muito cobradas nas provas. 
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• O plano especial só pode abranger créditos quirografários (são 
créditos sem garantias, como uma dívida representada numa 
duplicata, por exemplo), ou seja, créditos trabalhistas, com 
garantia real, privilegiados etc. não podem ser renegociados 
nesse plano. 
• O leque de medidas que o devedor pode apresentar para 
resolver sua crise é muito pequeno: cabe a ele apenas propor 
parcelamento das dívidas quirografárias, por um prazo máximo 
de 36 meses, com carência para o primeiro pagamento de até 
180 dias, e juros de 12% ao ano. Em síntese: é um crediário! É 
o plano Casas Bahia! 
• Ademais, o devedor não pode contratar empregados nem 
aumentar despesas sem autorização do juiz. 
Por fim, outra característica importante desse plano especial das 
MEs e EPPs é que quem decide sobre ele não são os credores, por meio 
da assembléia-geral, mas o juiz, nos termos do art. 72. 
 
Até a próxima aula.

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