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Aula 01 AFRFB 2009 RESUMO COMERCIAL

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PONTO DOS CONCURSOS 
Direito Empresarial 
Professor André Luiz S. C. Ramos 
 
Introdução 
 
 Olá, alunos e alunas do Ponto dos Concursos! Vamos dar 
continuidade ao nosso resumão para o concurso de AFRF. Nesta aula 
trataremos dos seguintes assuntos constantes do edital: empresa, 
empresário e estabelecimento (ponto 1); microempresa e empresa de 
pequeno porte (ponto 2); prepostos e escrituração (ponto 3). 
 
1. Empresa 
 
Esse ponto do programa é muito vago. Provavelmente, o 
examinador vai cobrar temas relacionados ao “direito de empresa”, que 
está disciplinado no Código Civil, a partir do art. 966. 
- Cuidado com questões que cobrem o conceito de empresa! É 
que nós costumamos usar essa expressão no dia-a-dia com variados 
significados, os quais não correspondem ao seu sentido técnico. 
EMPRESA É ATIVIDADE! Nunca mais esqueçam isso: EMPRESA É 
ATIVIDADE. Mas não é qualquer atividade. Empresa é uma atividade 
econômica organizada, voltada para a produção ou circulação de bens 
ou serviços. 
 
- Não confundam empresa com sociedade empresária (esta é a 
pessoa jurídica constituída para exercício de empresa). Não confundam 
empresa com o ponto de negócio (este é o local onde a empresa é 
exercida). Não confundam empresa com estabelecimento empresarial 
(este é o complexo organizado bens materiais e imateriais usados no 
exercício da empresa): 
 
 Eu e fulano montamos uma empresa (ERRADO) 
 Eu E fulano montamos uma sociedade empresária (CERTO) 
 
 Me encontra na minha empresa mais tarde (ERRADO) 
 Me encontra no meu ponto de negócio mais tarde (CERTO) 
 
 Vou vender minha empresa (ERRADO) 
 Vou vender meu estabelecimento empresarial (CERTO) 
 
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2. Empresário 
 
- Se empresa é uma atividade econômica organizada, empresário 
é quem exerce empresa profissionalmente, ou seja, é quem exerce uma 
atividade econômica organizada profissionalmente (art. 966 do CC). 
 
 - Empresa é, portanto, atividade, algo abstrato. Empresário, por 
sua vez, é quem exerce empresa. Assim, a empresa não é sujeito de 
direito. Quem é sujeito de direito é o titular da empresa. Melhor 
dizendo, sujeito de direito é quem exerce empresa, ou seja, o 
empresário, que pode ser pessoa física (empresário individual) ou 
pessoa jurídica (sociedade empresária). 
 
 - Esse é outro cuidado que se deve ter: NÃO CONFUNDIR O 
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL COM A SOCIEDADE EMPRESÁRIA NEM COM 
OS SÓCIOS QUE INTEGRAM A SOCIEDADE. Empresário individual é a 
pessoa física que, individualmente, resolve exercer uma atividade 
econômica profissionalmente. Sociedade empresária é a pessoa jurídica 
cujo objeto social é a exploração de uma empresa. 
 
 - Embora o conceito de empresário constante do art. 966 do CC dê 
a entender, numa primeira leitura, que toda e qualquer pessoa, física ou 
jurídica, que exerce profissionalmente uma atividade econômica é 
qualificada como empresário, essa conclusão não está absolutamente 
certa. É que o próprio CC traz algumas ‘exceções’ ao conceito de 
empresário do art. 966 do CC, disciplinando em normas específicas 
outros agentes econômicos que, não obstante exerçam atividade 
econômica, não são considerados empresários em certas circunstâncias: 
trata-se dos profissionais intelectuais (art. 966, parágrafo único), dos 
que exercem atividade econômica rural e das cooperativas. 
 
- Os profissionais intelectuais, também conhecidos como 
profissionais liberais, EM PRINCÍPIO NÃO SÃO CONSIDERADOS 
EMPRESÁRIOS. Mesmo que contratem funcionários, em princípio não 
são considerados empresários. Só serão considerados empresários se o 
exercício da profissão constituir elemento de empresa. Mas o que o 
legislador quis dizer ao usar essa expressão? O Código quer com isso 
dizer que, enquanto o profissional intelectual apenas exerce a sua 
atividade intelectual, ainda que com o intuito de lucro e mesmo 
contratando alguns auxiliares, ele não é considerado empresário para os 
efeitos legais. Enquanto o profissional intelectual está numa fase 
embrionária de atuação (é um profissional que atua sozinho, faz uso 
apenas de seu esforço, da sua capacidade intelectual), ele não é 
considerado empresário, não se submetendo, pois, ao regime jurídico 
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empresarial. Todavia, a partir do momento em que ele dá uma forma 
empresarial ao exercício de suas atividades, será considerado 
empresário e passará a ser regido pelas normas do direito empresarial. 
Assim, um professor de matemática que aluga uma sala e dá aulas para 
turmas pré-vestibulares não é empresário, ainda que contrate um 
monitor e uma secretária, por exemplo. Todavia, se ele é dono de um 
cursinho, que tem três filiais e oferece aulas de todas as matérias etc, 
ainda que ele continue lecionando será considerado empresário. Isso 
porque o exercício de sua profissão intelectual (ministrar aulas de 
matemática) passou a ser um mero elemento da empresa (atividade 
econômica organizada) por ele exercida (prestação de serviços de 
ensino). 
 
 - O Código Civil também se preocupou em dar um tratamento 
especial ao exercente de atividade econômica rural, excluindo-o da 
obrigatoriedade de registro na Junta Comercial, prevista no art. 967. 
Todo empresário, antes de iniciar o exercício da atividade empresarial, 
tem que se registrar na Junta Comercial, seja empresário individual ou 
sociedade empresária. Para o empresário rural, todavia, o CC 
concedeu a faculdade de se registrar ou não perante a Junta da 
sua unidade federativa. Assim sendo, se aquele que exerce atividade 
econômica rural não se registrar na Junta Comercial, não será 
considerado empresário. Em contrapartida, se ele optar por se registrar, 
será considerado empresário para todos os efeitos legais. Esta regra 
está contida no art. 971 do CC. Conclui-se, pois, que para o exercente 
de atividade rural o registro na Junta Comercial tem natureza 
constitutiva, e não meramente declaratória, como de ordinário. 
Ressalte-se que regra idêntica foi prevista para a sociedade que tem por 
objeto social a exploração de atividade econômica rural (at. 984 do CC). 
 
- O terceiro agente econômico que mereceu regra especial do CC 
foi a cooperativa. Em princípio, uma sociedade será considerada 
empresária se preencher os requisitos do art. 966 do Código Civil, ou 
seja, se exercer, profissionalmente, uma atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
Caso não preencha os requisitos da norma mencionada, estar-se-á 
diante de uma sociedade simples. É o que se extrai do art. 982 do CC. 
É o objeto explorado pela sociedade, por conseguinte, que define a sua 
natureza empresarial ou não. Assim, se uma sociedade explora 
atividade empresarial, será considerada uma sociedade empresária, 
registrando-se na Junta Comercial e submetendo-se ao regime jurídico 
empresarial. Se, todavia, uma sociedade não explora atividade 
empresarial, será considerada uma sociedade simples – terminologia 
adotada pelo novo CC, em substituição à expressão sociedade civil do 
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regime anterior – registrando-se no cartório de registro civil de pessoas 
jurídicas. No caso das cooperativas, no entanto, a situação é diferente. 
Para saber se uma sociedade cooperativa é empresária não se utiliza o 
critério material previsto no art.966 do CC, mas um critério legal, 
estabelecido no art. 982, parágrafo único, o qual dispõe que 
“Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a 
sociedade por ações; e, simples, a cooperativa”. O legislador, por opção 
política, determinou que a cooperativa é sempre uma sociedade 
simples, pouco importando se exerce uma atividade empresarial 
de forma organizada e com intuito de lucro. 
 
 - O CC, além de estabelecer a obrigatoriedade do registro para 
todos os empresários (empresários individuais e sociedades 
empresárias), também se preocupou em estabelecer algumas vedações 
ao exercício de empresa. As vedações se dão de duas formas: ou são 
proibições que a legislação estabelece, ou são vedações que dizem 
respeito à capacidade. Nesse sentido, dispõe o Código Civil, em seu art. 
972, que “podem exercer a atividade de empresário os que estiverem 
em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos”. 
 
- Normalmente, os impedimentos legais estão em normas de 
direito público e visam a proteger a coletividade, evitando que esta 
negocie com determinadas pessoas em virtude de sua função ou 
condição ser incompatível com o exercício livre de atividade empresarial. 
Podem ser citados, como exemplos: o art. 117, X, da Lei nº 8.112/90, 
relativo aos servidores públicos federais; o art. 36, I, da LC 35/79 – 
LOMAN, relativo aos magistrados; o art. 44, III, da Lei nº 8.625/93, 
relativo aos membros do Ministério Público, o art. 29 da Lei nº 
6.880/80, relativo aos militares. 
 
- CUIDADO!!! É preciso atentar para o fato de que a proibição, 
em princípio, é para o exercício de empresa individualmente, não sendo 
vedado, pois, que alguns impedidos sejam sócios de sociedades 
empresárias, uma vez que, nesse caso, quem exerce a atividade 
empresarial é a própria pessoa jurídica, e não seus sócios. Em suma: os 
impedimentos se dirigem, em princípio, aos empresários individuais, e 
não aos sócios de sociedades empresárias. Nesse sentido, pode-se 
afirmar então que os impedidos não podem se registrar na Junta 
Comercial como empresários individuais (pessoas físicas que exercem 
atividade empresarial), não significando, em princípio, que eles não 
possam participar de uma sociedade empresária como quotistas ou 
acionistas, por exemplo. No entanto, a possibilidade de os impedidos 
participarem de sociedades empresárias não é absoluta, somente 
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podendo ocorrer se forem sócios de responsabilidade limitada e, ainda 
assim, se não exercerem funções de gerência ou administração. 
 
 - A outra vedação ao exercício de empresa estabelecida no art. 
972 do CC diz respeito à incapacidade. Só pode exercer empresa quem 
é capaz, quem está no pleno gozo de sua capacidade civil. Ocorre que o 
próprio Código abre duas exceções, permitindo que o incapaz exerça 
empresa. A matéria está disciplinada no art. 974 do CC, o qual prevê 
que “poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente 
assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, 
por seus pais ou pelo autor de herança”. Em resumo: o incapaz poderá 
ser empresário (i) quando ele mesmo já exercia a atividade empresarial, 
sendo a incapacidade, portanto, superveniente, e (ii) quando a atividade 
empresarial era exercida por outrem, de quem o incapaz adquire a 
titularidade do exercício da atividade empresarial por sucessão causa 
mortis. 
 
(AFTE - RN - 2005 – ESAF) 
Os requisitos previstos em lei para que as pessoas naturais sejam 
qualificadas como empresários destinam-se a: 
a) garantir o cumprimento de obrigações contraídas no exercício de 
atividade profissional. 
b) impedir, em face do registro obrigatório, que incapazes venham a 
ser considerados empresários. 
c) facilitar a aplicação da teoria da aparência. 
d) por conta da inscrição no Registro de Empresas, servirem para dar 
conhecimento a terceiros sobre os exercentes da profissão. 
e) facilitar o controle dos exercentes de atividades empresariais. 
 
Os requisitos para o exercício de empresa estão previstos no art. 
972 do CC: (i) ausência de impedimento legal (ex.: servidores 
públicos, magistrados etc.); (ii) pleno gozo da capacidade civil. 
Primeiro, é importante destacar que esses impedimentos se 
aplicam aos empresários individuais, mas não aos sócios de 
sociedades limitadas e anônimas, por exemplo (analogicamente, 
aplicam-se também aos sócios de responsabilidade ilimitada, 
como os sócios comanditados das sociedades em comandita 
simples). Portanto, o impedido e o incapaz podem ser acionistas 
de uma S/A ou quotistas de uma Ltda., bastando, para tanto, que 
não possuam poderes de administração da sociedade (para o 
incapaz, ainda se exige que o capital social esteja totalmente 
integralizado). A questão pergunta qual é a razão para o 
legislador ter previsto as vedações do art. 972 do CC. Embora a 
questão esteja impregnada de certo subjetivismo, o que não é o 
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ideal em questões de múltipla escolha, está claro que a letra A 
contém a assertiva correta. A letra B está errada porque há 
hipóteses em que o incapaz pode ser empresário (art. 974 do 
CC). As letras C, D e E estão erradas porque suas assertivas não 
guardam relação com o enunciado. 
 
3. Estabelecimento empresarial 
 
 - O primeiro cuidado que se deve ter nas questões sobre 
estabelecimento empresarial é NÃO CONFUNDIR o estabelecimento 
empresarial com o ponto de negócio. Este, repita-se, é o local onde o 
empresário exerce sua atividade empresarial. O conceito técnico-
jurídico de estabelecimento empresarial, todavia, é algo mais complexo. 
Estabelecimento empresarial é todo o conjunto de bens, 
materiais (equipamentos, máquinas, imóveis) ou imateriais 
(marca, desenho industriais, patente), que o empresário utiliza 
no exercício da sua atividade. Com efeito, o art. 1.142 dispõe que 
“considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para 
exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”. 
 
- Assim sendo, o estabelecimento não se confunde com a 
empresa, uma vez que esta, conforme visto, corresponde a uma 
atividade. Da mesma forma, o estabelecimento não se confunde com o 
empresário, já que este é uma pessoa física ou jurídica que explora essa 
atividade empresarial e é o titular dos direitos e obrigações dela 
decorrentes. 
 
 - As provas têm cobrado a natureza jurídica do estabelecimento 
empresarial. A doutrina brasileira majoritária sempre considerou o 
estabelecimento empresarial uma universalidade de fato, ou seja, um 
conjunto de bens aos quais, por ato de vontade, se dá uma destinação 
específica (no caso, o exercício de uma atividade econômica), razão pela 
qual esse bens reunidos passam a ser uma coisa só, uma coisa unitária. 
 
- CUIDADO!!! O que mais cai em prova sobre estabelecimento 
são as regras sobre o TRESPASSE, nome dado ao contrato de 
transferência do estabelecimento empresarial. VOCÊS PRECISAM LER 
ATENTAMENTE OS ARTS. 1.144, 1.145, 1.146 E 1.147!!! Principalmente 
estes dois últimos!!! 
 
- De acordo com o disposto no art. 1.144 do CC, “o contrato que 
tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do 
estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de 
averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade 
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empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado 
na imprensa oficial”. Vê-se, pois, que é condição de eficácia perante 
terceiros o registro do contrato de trespassena Junta Comercial e a sua 
posterior publicação. 
 
- Ainda sobre o trespasse, o código dispõe, no seu art. 1.145, que 
“se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu 
passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do 
pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo 
expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação”. Sendo 
assim, o empresário que quer vender o estabelecimento empresarial 
deve ter uma cautela importante: ou conserva bens suficientes para 
pagar todas as suas dívidas perante seus credores, ou deverá obter o 
consentimento destes, o qual poderá ser expresso ou tácito. Com efeito, 
caso não guarde em seu patrimônio bens suficientes para saldar suas 
dívidas, o empresário deverá notificar seus credores para que se 
manifestem em 30 dias acerca da sua intenção de alienar o 
estabelecimento. Uma vez transcorrido tal prazo, o consentimento dos 
credores será tácito, e a venda poderá ser realizada. 
 
- O art. 1146 do CC trata da chamada sucessão empresarial, 
estabelecendo que “o adquirente do estabelecimento responde pelo 
pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que 
regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo 
solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos 
créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do 
vencimento”. Pode-se concluir, portanto, que o adquirente do 
estabelecimento empresarial responde pelas dívidas existentes – 
contraídas pelo alienante –, desde que regularmente contabilizadas, isto 
é, constantes da escrituração regular do alienante, pois foram essas as 
dívidas a que o adquirente teve conhecimento quando da efetivação do 
negócio (isso é muito importante: só o passivo contabilizado é 
assumido pelo adquirente). Embora o adquirente assuma essas 
dívidas contabilizadas, o alienante fica solidariamente responsável por 
elas durante o prazo de um ano. Tal prazo, todavia, será contado de 
maneiras distintas a depender do vencimento da dívida em questão: 
tratando-se de dívida já vencida, o prazo é contado a partir da 
publicação do contrato de trespasse; tratando-se, em contrapartida, de 
dívida vincenda, o prazo é contado do dia de seu vencimento. 
 
- É preciso deixar bastante claro, também, que essa sistemática 
de sucessão obrigacional prevista no art. 1.146 do CC só se aplica às 
dívidas negociais do empresário, decorrentes das suas relações travadas 
em conseqüência do exercício da empresa (por exemplo, dívidas com 
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fornecedores ou financiamentos bancários). Em se tratando, todavia, 
de dívidas tributárias ou de dívidas trabalhistas, não se aplica o 
disposto no art. 1146 do CC, uma vez que a sucessão tributária e 
a sucessão trabalhista possuem regimes jurídicos próprios, 
previstos em legislação específica (arts. 133 do CTN e art. 448 da CLT, 
respectivamente). 
 
- CUIDADO!!! Também cumpre destacar que a nova legislação 
falimentar (Lei nº 11.101/05) trouxe uma importantíssima novidade que 
se relaciona diretamente com a matéria ora em análise. Com efeito, o 
art. 141 da lei mencionada dispõe que “na alienação conjunta ou 
separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida 
sob qualquer das modalidades de que trata este artigo: (...); II – o 
objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão 
do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza 
tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de 
acidentes de trabalho”. Em suma: se a venda do estabelecimento 
ocorrer em processo de falência, quem adquirir o 
estabelecimento empresarial não assume dívida nenhuma!!! 
 
- Por fim, ainda sobre os efeitos do trespasse, o art. 1147 do CC 
positivou no direito empresarial brasileiro a chamada cláusula de não-
concorrência: “não havendo autorização expressa, o alienante do 
estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco 
anos subseqüentes à transferência”. Em suma: mesmo na ausência de 
cláusula contratual expressa, o alienante do estabelecimento tem a 
obrigação contratual implícita de não fazer concorrência ao adquirente 
do estabelecimento empresarial por um determinado prazo. O alienante 
só pode fazer concorrência imediata ao adquirente se o contrato de 
trespasse expressamente autorizar. 
 
(PGE-DF 2004 ESAF) 
A alienação do estabelecimento empresarial: 
a) transfere automaticamente ao adquirente as obrigações regularmente 
contabilizadas, exonerando o alienante de qualquer responsabilidade. 
b) impede o alienante de exercer a mesma atividade que exercia 
anteriormente pelo prazo de cinco anos, em qualquer ponto do território 
nacional. 
c) não importa sub-rogação no contrato de locação comercial. 
d) não implica a cessão dos créditos relativos à atividade exercida no 
estabelecimento. 
e) equivale à alienação do imóvel utilizado para o exercício de atividade 
empresarial. 
 
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Essa questão cobra o conhecimento do art. 1.148 do CC, segundo 
o qual o adquirente do estabelecimento se sub-roga 
automaticamente nos contratos do alienante, desde que estes 
contratos não tenham natureza pessoal. Portanto, como o 
contrato de locação é um contrato de natureza pessoal, não há 
sub-rogação automática quanto a ele. 
 
4. Escrituração 
 
 - Além da obrigação de registrar na Junta Comercial (art. 967 do 
CC), outra obrigação legal imposta a todo empresário, seja ao 
empresário individual ou a sociedade empresária, é a necessidade 
“seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na 
escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a 
documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço 
patrimonial e o de resultado econômico” (art. 1.179 do CC). Enfim, os 
empresários devem manter um sistema de escrituração contábil 
periódico, além de levantar, todo ano, dois balanços financeiros: o 
patrimonial e o de resultado econômico. A obrigação é tão importante 
que a legislação falimentar considera crime a escrituração irregular, 
caso a falência do empresário seja decretada (art. 178 da Lei nº 
11.101/05). Ademais, pela importância que ostentam, os livros 
comerciais são equiparados a documento público para fins 
penais, sendo tipificada como crime a falsificação, no todo ou em parte, 
da escrituração comercial. 
 
- A escrituração do empresário é tarefa que a lei incumbe (art. 
1.182 do CC) a profissional específico: o contabilista, o qual deve ser 
legalmente habilitado, ou seja, estar devidamente inscrito no seu órgão 
regulamentador da profissão. O referido dispositivo legal, todavia, 
ressalva os casos em que não exista contabilista habilitado na 
localidade, quando a tarefa de escrituração do empresário poderá ser 
exercida por outro profissional ou mesmo pelo próprio empresário. 
 
- CUIDADO!!! O único livro obrigatório comum a todo e 
qualquer empresário é o livro Diário, que pode ser substituído por 
fichas no caso de ser adotada escrituração mecanizada ou eletrônica 
(art. 1.181 do CC). O livro Diário também pode ser substituído pelo livro 
Balancetes Diários e Balanços, quando o empresário adotar o sistema de 
fichas de lançamentos (art. 1.185 do CC). Se o Diário é o único livro 
obrigatório comum, são facultativos os livros caixa, no qual se 
controlam as entradas e saídas de dinheiro, estoque, razão, que 
classifica o movimento das mercadorias, borrador, que funciona como 
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um rascunhodo diário, e o conta corrente, que é usado para as contas 
individualizadas de fornecedores ou clientes. 
 
 - Alguns livros específicos são exigidos a certos empresários. É o 
caso, por exemplo, do livro de registro de duplicatas, exigido dos 
empresários que trabalharem com a emissão de duplicatas mercantis. É 
o caso, também, das sociedades anônimas, que são obrigadas, pela Lei 
nº 6.404/76 a escriturar uma série de livros específicos, como o livro de 
registro de atas da assembléia, o livro de registro de transferência de 
ações nominativas, entre outros. Também existem livros obrigatórios 
especiais que são exigidos em virtude do exercício de alguma profissão. 
São os casos, por exemplo, dos livros impostos pela legislação comercial 
aos leiloeiros e aos donos de armazéns-gerais. 
 
- O art. 1.179, § 2º, do CC dispensa “o pequeno empresário a que 
se refere o art. 970” das exigências contidas no caput, relativas à 
necessidade de manter um sistema de escrituração e de levantar 
anualmente os balanços patrimonial e de resultado econômico. O art. 
970, por sua vez, afirma que “a lei assegurará tratamento favorecido, 
diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno 
empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes”. A 
legislação que trata das microempresas e das empresas de pequeno 
porte no Brasil (atualmente é a LC nº 123/06) esclareceu que 
“considera-se pequeno empresário, para efeito de aplicação do disposto 
nos arts. 970 e 1.179 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, o 
empresário individual caracterizado como microempresa na forma desta 
Lei Complementar que aufira receita bruta anual de até R$ 36.000,00 
(trinta e seis mil reais)”. 
 
 - Os livros empresariais são protegidos pelo sigilo, conforme 
determinação contida no art. 1.190 do CC: “ressalvados os casos 
previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer 
pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o 
empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus 
livros e fichas, as formalidades prescritas em lei”. Observe-se que o 
dispositivo acima transcrito ressalva, de forma clara, os casos previstos 
em lei, ou seja, a legislação poderá prever situações excepcionais em 
que o sigilo empresarial que protege os livros do empresário não seja 
oponível. O próprio Código estabelece uma dessas situações, ao dispor, 
no art. 1.193, que as restrições ao exame da escrituração não se 
aplicam às autoridades fazendárias, quando estas estejam no exercício 
da fiscalização tributária. No mesmo sentido, aliás, é a o disposto no 
art. 195 do CTN. Para vocês que estão fazendo concurso para a 
Receita, essa regra é de extrema importância! 
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- O sigilo que protege os livros empresariais também pode ser 
“quebrado” por ordem judicial. A exibição dos livros empresariais, em 
obediência á ordem judicial, pode ser total ou parcial, havendo 
tratamento distinto para ambos os casos. A exibição integral dos 
livros só pode ser determinada a requerimento da parte – conforme 
determinação da norma processual – e somente nos casos 
expressamente previstos na lei (por exemplo, na liquidação da 
sociedade, na falência, entre outros). A exibição parcial dos livros 
empresariais pode ser determinada pelo julgador, a requerimento ou até 
mesmo de ofício, e em qualquer processo. 
 
- Por fim, ressalte-se ainda que os livros empresariais devem ser 
conservados em boa guarda, enquanto não ocorrer prescrição ou 
decadência no tocante aos atos neles consignados (art. 1.194 do CC). 
 
 - Os livros empresariais são documentos que possuem força 
probante, sendo muitas vezes fundamentais para a resolução de um 
determinado litígio. Com efeito, o exame da escrituração do empresário 
pode ser útil para o deslinde de várias questões jurídicas relacionadas 
ao exercício de sua atividade. A eficácia probatória dos livros 
empresariais contra o empresário opera-se independentemente de os 
mesmos estarem corretamente escriturados. Nada impede, todavia, que 
o empresário demonstre, por outros meios de prova, que os 
lançamentos constantes daquela escrituração que lhe é desfavorável são 
equivocados. Em contrapartida, para que os livros façam prova a favor 
do empresário é preciso que os mesmos estejam regularmente 
escriturados. 
 
(AFT – 2003 – ESAF) 
As obrigações relacionadas com a escrituração: 
a) Têm em conta o interesse de terceiros quanto à informações 
daquela constantes. 
b) Determinam, no seu descumprimento, responsabilidade no plano 
cível apenas para o contador responsável. 
c) São relevantes apenas no ponto de vista fiscal, determinando a 
caracterização de crimes de sonegação fiscal, na sua 
desobediência. 
d) Acarretam responsabilidades para os sócios não administradores 
por culpa in vigilando 
e) Podem levar à prisão civil os administradores, caso os livros 
obrigatórios não tenham sido escriturados ou o tenham sido de 
forma indevida. 
 
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A escrituração é uma obrigação legal imposta a todos os 
empresários (tanto empresários individuais quanto sociedades 
empresárias), nos termos do art. 1.179 do CC. A única exceção é 
o pequeno empresário, que fica dispensado do dever de 
escrituração pelo §2º do dispositivo em questão (pequeno 
empresário, segundo a LC nº 123/06, é o empresário individual 
qualificado como ME que tenha faturamento bruto anual de até 
R$ 36 mil). A obrigação de escrituração, em sentido lato, 
compreende o dever de manter os livros empresariais exigidos 
pela lei e o dever de levantar anualmente os balanços 
patrimonial e de resultado econômico. Segundo o CC, o único 
livro obrigatório comum é o Diário. Assim, os demais livros são 
facultativos (Caixa, Razão etc.). A letra B está errada porque a 
escrituração irregular responsabiliza civilmente não apenas o 
contabilista, mas também o empresário (art. 1.178 do CC). A 
letra C está errada porque a escrituração tem importância não 
apenas fiscal, mas também gerencial (auxiliam o empresário na 
gestão dos seus negócios, pois lhe permitem um melhor 
conhecimento de sua atividade) e documental (os livros servem 
de prova tanto a favor quanto contra o empresário). A letra D 
está errada porque a responsabilidade, nesse caso, não pode ser 
estendida aos sócios que não eram administradores. A letra E 
está errada porque não existe essa hipótese de prisão civil em 
nosso ordenamento (a escrituração irregular, também conhecida 
como “caixa 2”, pode acarretar, contudo, responsabilização 
penal). A letra A está correta porque uma das funções da 
escrituração é justamente a função documental, podendo os 
livros servirem de prova tanto a favor quanto contra o 
empresário, sendo a escrituração, de muita importância também 
para os terceiros que contratam com o empresário. 
 
5. Prepostos 
 
 - O empresário, seja ele individual ou sociedade, jamais 
conseguiria atuar de forma competitiva no mercado atual se não 
contasse com importantes auxiliares e colaboradores, os quais o CC 
reuniu e disciplinou sob a rubrica de prepostos (arts. 1.169 a 1.178 do 
código). 
 
 - Dispõe o art. 1.169 do CC que “o preposto não pode, sem 
autorização escrita, fazer-se substituir no desempenho da preposição, 
sob pena de responder pessoalmente pelos atos do substituto e pelas 
obrigações por ele contraídas”. Com efeito, como o contrato de 
preposição implica, necessariamente, poderes de representação, típicos 
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do mandato, não se admite aopreposto a possibilidade de delegar 
poderes sem prévia autorização do preponente, uma vez que as 
prerrogativas que a preposição lhe confere são pessoais e 
intransferíveis. A regra do artigo em comento é simplesmente uma 
manifestação especial da regra geral do mandato, constante do art. 667 
do CC. 
 
- CUIDADO!!! OS PREPOSTOS NÃO PODEM FAZER 
CONCORRÊNCIA AO EMPRESÁRIO, SALVO SE ESTE AUTORIZAR. 
Outra regra específica aplicável às relações entre os prepostos e os 
empresários é a referente à proibição de os prepostos fazerem 
concorrência, ainda que indireta, aos seus preponentes, salvo se para 
tanto possuírem autorização expressa. Se não possuem referida 
autorização, responderão por perdas e danos, podendo o empresário 
prejudicado requerer a retenção dos lucros decorrentes da operação do 
preposto. É o que dispõe o art. 1.170 do CC. 
 
- O Código também não se esqueceu de estabelecer, em seu art. 
1.178, que “os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer 
prepostos, praticados nos seus estabelecimentos e relativos à atividade 
da empresa, ainda que não autorizados por escrito”. A regra é, no nosso 
entender, uma manifestação clara da aplicação da conhecida teoria da 
aparência, tanto que, no parágrafo único do artigo em questão, o 
legislador fez uma importante ressalva à sua aplicação, determinando 
que “quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento, 
somente obrigarão o preponente nos limites dos poderes conferidos por 
escrito, cujo instrumento pode ser suprido pela certidão ou cópia 
autêntica do seu teor”. 
 
- Por fim, como não poderia deixar de ser, resta claro que não 
obstante os empresários preponentes respondam perante terceiros pelos 
atos praticados pelos seus prepostos, podem voltar-se contra estes caso 
tenham agido com culpa. Caso sua atuação tenha sido dolosa, os 
prepostos assumem responsabilidade solidária com seus preponentes, 
podendo os terceiros exigir o cumprimento da obrigação contra qualquer 
deles. É o que diz o parágrafo único do art. 1.177 do CC. 
 
 - Como o contabilista é preposto responsável pela escrituração do 
empresário, dispõe o art. 1.177 que “os assentos lançados nos livros ou 
fichas do preponente, por qualquer dos prepostos encarregados de sua 
escrituração, produzem, salvo se houver procedido de má-fé, os 
mesmos efeitos como se o fossem por aquele”. 
 
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 - O gerente é o mais importante preposto do empresário, por ser 
aquele ao qual o empresário confia poderes de chefia do seu negócio. 
Nem sempre, é verdade, o empresário necessitará do auxílio de um 
gerente: em pequenos negócios, basta a figura do próprio empresário 
individual ou dos sócios da sociedade empresária para o bom 
desenvolvimento do empreendimento. Segundo o art. 1.172 do CC, 
“considera-se gerente o preposto permanente no exercício da empresa, 
na sede desta, ou em sucursal, filial ou agência”. Como o gerente é o 
preposto ao qual se atribuem funções de chefia, dispõe o art. 1.173 do 
CC que “quando a lei não exigir poderes especiais, considera-se o 
gerente autorizado a praticar todos os atos necessários ao exercício dos 
poderes que lhe foram outorgados”. Se o empresário possuir mais de 
um gerente, consideram-se solidários os poderes a eles conferidos, 
salvo se houver alguma estipulação expressa em sentido diverso (art. 
1.173, parágrafo único). 
 
- Destaque-se ainda que os poderes conferidos pela gerência são 
amplos, podendo o gerente até mesmo figurar em juízo em nome do 
preponente, desde que as ações versem sobre obrigações assumidas em 
virtude do exercício da função gerencial (art. 1.176 do CC). 
 
- Não obstante os poderes do gerente sejam amplos, como dito 
acima, pode o empresário, por óbvio, limitá-los. Nesse caso, para que a 
limitação produza efeitos perante terceiros, deverá o empresário (i) 
registrá-la na Junta Comercial, por meio de averbação ao ato 
constitutivo lá arquivado ou (ii) provar que a limitação de poderes era 
conhecida daquele que contratou com o gerente (art. 1.174 do CC). 
 
(BACEN PROCURADOR2009 CESPE)QUESTÃO 65 
Com relação à teoria geral do direito empresarial, assinale a opção 
correta. 
a) Para o direito empresarial brasileiro, o conceito de empresa é 
objetivo, ou seja, empresa é o estabelecimento, enquanto empresário é 
a pessoa física que exerce sua atividade na empresa. 
b) Nome empresarial e título do estabelecimento são conceitos que não 
se confundem, uma vez que o nome empresarial se refere às relações 
do empresário perante os consumidores em geral, enquanto o título do 
estabelecimento significa a forma empresarial adotada no que concerne 
à limitação da responsabilidade. 
c) Mesmo que o empresário adote o sistema de fichas de lançamentos, o 
livro diário, por ser obrigatório, não pode ser substituído pelo livro 
balancetes diários e balanços, ainda que observadas as mesmas 
formalidades extrínsecas exigidas para aquele. 
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d) A sociedade anônima opera sob firma ou razão social, sempre 
designativa do objeto social e integrada pelas expressões sociedade 
anônima ou companhia, por extenso ou abreviadamente. 
e) Considera-se gerente o preposto permanente no exercício da 
empresa, na sede desta ou em sucursal, filial ou agência. O preponente 
responde com o gerente pelos atos que este pratique em seu próprio 
nome, mas à conta daquele. 
 
Percebam que a alternativa correta (letra E) é pura decoreba da 
letra da lei! Vejam a alternativa A, que tenta confundir o 
candidato com os conceitos de empresa, estabelecimento e 
empresário, conforme eu havia alertado. 
 
6. Microempresa e empresa de pequeno porte 
 
- A Constituição Federal de 1988, em seu art. 179, estabeleceu 
que “a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão 
às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em 
lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela 
simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, 
previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por 
meio de lei”. 
 
- CUIDADO!!! A Carta Magna ainda considerou o tratamento 
favorecido para os pequenos empreendedores como um dos princípios 
gerais da atividade econômica, conforme previsão contida no seu art. 
170, inciso IX. Lembrem-se: O TRATAMENTO FAVORECIDO E 
DIFERENCIADO PARA ME’S E EPP’S É UM PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL 
DA ORDEM ECONÔMICA! 
 
 - A Emenda Constitucional nº 42, batizada de Reforma 
Tributária, determinou que a definição de tratamento favorecido 
e simplificado para as ME’s e EPP’s fosse feita por lei 
complementar (art. 146, inciso III, alínea ‘d’, da CF/88). Seguindo a 
nova disposição constitucional, foi editada a Lei Complementar nº 
123/06, batizada de Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, que 
passou a ser o nosso novo Estatuto das ME's e EPP's, e que aqui 
chamaremos de Lei Geral das ME's ou EPP's ou simplesmente de Lei 
Geral. 
 
 - Para os efeitos da LC nº 123/06, consideram-se “microempresas 
ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade 
simples e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 
10 de janeiro de 2002, devidamente registrados no Registro de 
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Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme 
o caso, desde que: I – no caso das microempresas, o empresário, a 
pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, 
receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarentamil reais); II – no caso das empresas de pequeno porte, o empresário, a 
pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, 
receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) 
e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil 
reais).” Em resumo: ATÉ R$ 240 MIL, MICROEMPRESA; ACIMA 
DESSE VALOR E ATÉ R$ 2,4 MILHÕES, EMPRESA DE PEQUENO 
PORTE. 
 
 - CUIDADO!!! É CHATO TER QUE DECORAR, MAS NESSE CASO É 
INEVITÁVEL. A própria LC nº 123/06, no seu art. 3º, § 4º, afirma que 
“não poderá se beneficiar do tratamento jurídico diferenciado 
previsto nesta Lei Complementar, incluído o regime de que trata o art. 
12 desta Lei Complementar, para nenhum efeito legal, a pessoa jurídica 
(com a nova redação dada pela LC nº 128/08): I – de cujo capital 
participe outra pessoa jurídica; II – que seja filial, sucursal, agência ou 
representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior; III – 
de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário 
ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico 
diferenciado nos termos desta Lei Complementar, desde que a receita 
bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste 
artigo; IV – cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por 
cento) do capital de outra empresa não beneficiada por esta Lei 
Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de 
que trata o inciso II do caput deste artigo; V – cujo sócio ou titular seja 
administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins 
lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que 
trata o inciso II do caput deste artigo; VI – constituída sob a forma de 
cooperativas, salvo as de consumo; VII – que participe do capital de 
outra pessoa jurídica; VIII – que exerça atividade de banco comercial, 
de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de 
sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito 
imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores 
mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de 
seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar; IX 
– resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de 
desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 
(cinco) anos-calendário anteriores; X – constituída sob a forma de 
sociedade por ações”. Uma dica: a lei restringe o seu campo de 
atuação, sempre com o intuito de realmente só beneficiar os pequenos 
empreendimentos. Veja-se que, de fato, os incisos acima transcritos 
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descrevem situações em que se pressupõe um empreendimento mais 
organizado e, portanto, não-merecedor do tratamento privilegiado que a 
lei confere. 
 
- Feito o registro como microempresa ou como empresa de 
pequeno porte na Junta Comercial, nos termos acima mencionados, o 
nome empresarial do empresário individual ou da sociedade empresária 
passará a conter a expressão “microempresa” ou “empresa de pequeno 
porte”, conforme o caso, por extenso ou de forma abreviada. O uso de 
tais expressões – ME e EPP – é privativo de quem está enquadrado 
como tal, ou seja, só pode utilizar a expressão ME ou EPP em seu nome 
empresarial quem efetivamente for enquadrado numa dessas situações 
legais. 
 
 - Enquadrados como ME, um determinado empresário individual 
ou uma determinada sociedade empresária podem, por exemplo, 
desenvolver-se. Ora, o desenvolvimento desse microempresário ou 
microempresa pode resultar no aumento de sua receita bruta anual, de 
modo a extrapolar o limite previsto no art. 3º, inciso I, da Lei Geral, 
passando os novos valores a se encaixarem no limite do inciso II do 
mesmo dispositivo. Nesse caso, haverá um reenquadramento desse 
empresário ou dessa sociedade empresária, conforme o caso, que 
perderão a condição de microempresário e passarão a ostentar a 
condição de empresário de pequeno porte (EPP). Pode ocorrer, em 
contrapartida, que um empresário enquadrado como EPP, por exemplo, 
tenha uma redução na sua receita bruta anual, passando a auferir renda 
que se encaixe nos limites relativos aos microempresários. Pode ocorrer, 
ainda, que esse empresário de pequeno porte, ao contrário, aumento 
sua renda bruta anual, extrapolando os limites previstos na lei, hipótese 
em que deixará de gozar dos favores legais nela previstos. Em todas 
essas situações, deverá ser feito, conforme o caso, o respectivo 
reenquadramento ou desenquadramento, nos termos do que dispõe a 
nova Lei Geral. 
 
 - CUIDADO!!! Além das figuras dos microempresários e dos 
empresários de pequeno porte, expressões há muito conhecidas no 
ordenamento jurídico brasileiro, o Código Civil de 2002 acrescentou 
outra: a do pequeno empresário, prevista no seu art. 970. A Lei Geral 
estabeleceu em seu art. 68 que “considera-se pequeno empresário, para 
efeito de aplicação do disposto nos arts. 970 e 1.179 da Lei nº 10.406, 
de 10 de janeiro de 2002, o empresário individual caracterizado como 
microempresa na forma desta Lei Complementar que aufira receita 
bruta anual de até R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais)”. O pequeno 
empresário, portanto, é exclusivamente o empresário individual 
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que, caracterizado como ME, aufira renda bruta anual ínfima, não 
excedente a meros R$ 36.000,00. Trata-se, enfim, de uma 
subespécie de microempresa, mas que não pode jamais tomar a forma 
de sociedade empresária, já que a lei deixa clara a exigência de que se 
trate de um empresário individual. Esse pequeno empresário, além de 
se beneficiar de todas as regras especiais previstas na Lei Geral para as 
ME's e EPP's, vai possuir ainda, em algumas situações, um tratamento 
ainda mais especial. Basta citar, por exemplo, a regra do art. 1.179, § 
2º, do CC, a qual, conforme já vimos, o isenta de qualquer obrigação 
escritural. 
 
- No mesmo sentido, a Lei Complementar nº 128/08 criou a figura 
do microempresário individual (MEI), em seu art. 18-A: “o 
Microempreendedor Individual - MEI poderá optar pelo recolhimento dos 
impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores 
fixos mensais, independentemente da receita bruta por ele auferida no 
mês, na forma prevista neste artigo”. Assim, de acordo com o § 1º 
deste artigo, “para os efeitos desta Lei, considera-se MEI o empresário 
individual a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro 
de 2002 – Código Civil, que tenha auferido receita bruta, no ano-
calendário anterior, de até R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais), 
optante pelo Simples Nacional e que não esteja impedido de optar pela 
sistemática prevista neste artigo”.

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