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Aula 02 AFRFB 2009 RESUMO COMERCIAL

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R o g é r i o d e S o u s a O l i v e i r a , C P F : 0 1 5 8 4 5 9 2 6 1 3
Curso Online – Resumão de Direito Comercial p/ AFRFB 
Professor: André Luiz Ramos 
www.pontodosconcursos.com.br 1
PONTO DOS CONCURSOS 
Direito Empresarial 
Professor André Luiz S. C. Ramos 
 
Introdução 
 
 Olá, alunos e alunas do Ponto dos Concursos! Vamos dar 
continuidade ao nosso resumão para o concurso de AFRF. Nesta aula 
trataremos do seguinte assunto constante do edital: direito societário. 
 
1. Direito societário 
 
Esse ponto do programa deve ser focado basicamente no estudo 
da sociedade limitada e da sociedade anônima. Há também algumas 
regras gerais, previstas no CC, que costumam ser cobradas nas provas. 
 
- O conceito de empresário previsto no art. 966 do CC abrange 
tanto o empresário individual (pessoa física) quanto a sociedade 
empresária (pessoa jurídica). Ocorre que nem toda sociedade é 
empresária. A sociedade que não é empresária é chamada de 
sociedade simples. E qual é a diferença entre ambas? Quem responde 
é o art. 982 do CC. MUITO CUIDADO COM ESSE ARTIGO!!! Ele diz que a 
diferença entre a sociedade empresária e a sociedade simples está no 
objeto social delas. Se o objeto social é a exploração de atividade 
econômica organizada (empresa), tem uma sociedade empresária, que 
deve se registrar na Junta Comercial. Se o objeto não é exploração de 
atividade econômica organizada (por exemplo, uma sociedade formada 
por profissionais liberais cujo objeto é o exercício da profissão deles), 
tem-se uma sociedade simples, que deve se registrar no Cartório de 
Registro Civil de Pessoas Jurídicas. 
- Atenção! O parágrafo único do art. 982 do CC é muito cobrado 
nas provas. Ele estabelece duas exceções à regra do caput, regra essa 
que, como vimos, distingue as sociedades empresárias das sociedades 
simples pelo seu objeto social. O parágrafo único afirma que há um tipo 
societário que, independentemente do seu objeto social, é uma 
sociedade simples (COOPERATIVA), e que há outro tipo societário que, 
independentemente do seu objeto social, é uma sociedade empresária 
(SOCIEDADE POR AÇÕES). Portanto, a cooperativa é sempre uma 
sociedade simples (ainda que exerça empresa), e a sociedade por ações 
é sempre uma sociedade empresária (ainda que não exerça empresa). 
 
- Outra regra geral importante do direito societário é a prevista no 
art. 1.024 do CC, que consagrou em nosso ordenamento o conhecido 
princípio da autonomia patrimonial das pessoas jurídicas. Esse 
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dispositivo diz que OS BENS PARTICULARES DOS SÓCIOS NÃO PODEM 
SER EXECUTADOS POR DÍVIDAS DA SOCIEDADE, senão depois de 
executados os bens sociais. Em suma: a responsabilidade dos sócios 
por dívidas da sociedade é SUBSIDIÁRIA! 
- E mais: essa responsabilidade subsidiária pode ser limitada ou 
ilimitada, dependendo do tipo de sociedade escolhido pelos sócios. É por 
isso que hoje em dia as únicas sociedades constituídas são a Ltda. e a 
S.A., porque nelas a responsabilidade, além de ser SUBSIDIÁRIA, é 
LIMITADA. Os sócios só respondem pelo valor de suas respectivas 
quotas/ações. Em outros tipos de sociedade, todavia, a responsabilidade 
é SUBSIDIÁRIA, mas ILIMITADA. Neste caso, enquanto a sociedade tem 
bens, os sócios não podem ser executados, mas se a sociedade se 
tornar insolvente os sócios poderão ter seus bens executados para 
pagamento das dívidas sociais. 
- Ainda sobre a responsabilidade dos sócios, CUIDADO COM O 
ART. 50 DO CC, que trata da famosa teoria da desconsideração da 
personalidade jurídica. Segundo essa regra, quando houver ABUSO 
DE PERSONALIDADE JURÍDICA, que se caracteriza pelo desvio de 
finalidade ou pela confusão patrimonial, o juiz pode determinar a 
execução dos bens pessoais dos sócios e administradores para garantia 
das dívidas sociais. 
 
- O CC disciplinou especificamente duas SOCIEDADES NÃO-
PERSONIFICADAS: (i) sociedade em comum; (ii) sociedade em 
conta de participação. Quanto a essas sociedades, são muito 
cobrados os arts. 990 e 991! 
- A sociedade em comum é a sociedade que ainda não está 
registrada no órgão competente, por isso ela não tem personalidade 
jurídica, porque no Brasil a personalidade jurídica se inicia com o 
registro. 
- CUIDADO COM O ART. 990 DO CC! Na sociedade em comum, 
a responsabilidade dos sócios é ILIMITADA. E mais: aquele que 
contratou pela sociedade, além de responder ilimitadamente, pode ser 
executado diretamente, mesmo que a sociedade ainda tenha bens, ou 
seja, a sua responsabilidade não é subsidiária. 
- A sociedade em conta de participação, na verdade, não é uma 
sociedade, mas um contrato de investimento feito por um empresário 
(sócio ostensivo) com investidores (sócios participantes). Para as 
provas, É MUITO IMPORTANTE LER ATENTAMENTE O ART. 991 DO CC. 
Segundo essa regra, na sociedade em comum quem exerce a atividade 
é o sócio ostensivo, e ele o faz em seu nome e sob sua própria e 
exclusiva responsabilidade. 
- Vê-se, pois, que a conta de participação é uma “sociedade” que 
só existe internamente, ou seja, entre os sócios. Externamente, isto é, 
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perante terceiros, só aparece o sócio ostensivo, o qual exerce, em seu 
nome individual, a atividade empresarial, e responde sozinho pelas 
obrigações contraídas. Os demais sócios não aparecem nas relações 
com terceiros – por isso são também chamados de sócios ocultos –, 
apenas participando dos resultados “sociais”, conforme definido quando 
da elaboração do ato de constituição da “sociedade”. Nesse sentido, é 
precisa a disposição constante do parágrafo único, do art. 991, do CC, 
segundo o qual “obriga-se perante terceiro tão-somente o sócio 
ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante, nos 
termos do contrato social”. 
- A conta de participação é tão informal que ela sequer precisa ter 
contrato escrito. E ainda que tenha esse contrato, e ainda que ele seja 
registrado (no cartório de títulos e documentos, por exemplo), isso não 
confere personalidade jurídica a essa sociedade. Ela sequer possui nome 
empresarial! 
 
- A sociedade limitada é o tipo societário mais usado no Brasil. Ela 
está regida no CC, em seus arts. 1.052 a 1.087. Mas cuidado: a 
sociedade limitada também é regida subsidiariamente pelas normas da 
sociedade simples. E mais: o CC também que os sócios estabeleçam, no 
contrato social, que a sociedade limitada seja também regida 
supletivamente pelas normas da sociedade anônima (Lei nº 6.404/76). 
Portanto, a sociedade limitada É regida subsidiariamente pelas 
normas da sociedade simples e PODE SER regida supletivamente 
pelas normas da sociedade anônima (desde que isso esteja 
previsto no contrato social). Ler art. 1.053 do CC. 
- A sociedade limitada é uma sociedade contratual, ou seja, é 
constituída por meio de um contrato social, o qual, segundo a doutrina 
majoritária, é um contrato plurilateral, cujas principais características 
são a de que podem tomar parte dele várias pessoas e a affectio 
societatis (união de esforços em torno de um objetivo comum). 
- Pode um incapaz ser quotista de uma sociedade limitada? 
A questão é polêmica, mas doutrina e jurisprudência entendem, 
majoritariamente, que é possível a sociedade limitada ter como sócio 
um menor, desde que obedecidas três condições: (i) estar o menor 
devidamente assistido ou representado; (ii) estar o capital social 
totalmente integralizado; e (iii) não exercer o menor poderes de 
gerência/administração da sociedade. 
- O contrato social, por ser um contrato sui generis, submete-se a 
dois requisitos especiais de validade. Em primeiro lugar, todos os 
sócios têm o dever de contribuir para a formação do capitalsocial, ainda que essa contribuição seja ínfima. Efetivar a contribuição 
prometida, no tempo e na forma previstos no contrato social, é o 
principal dever de qualquer sócio. A contribuição pode se dar de 
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diversas formas: com bens – móveis ou imóveis –, dinheiro etc. 
Todavia, não se admite a contribuição que consista na prestação de 
serviços, conforme determinação expressa do art. 1.055, §2°, do CC. 
- O outro requisito especial de validade do contrato social é a 
garantia de que todos os sócios devem participar dos resultados 
sociais (lucros ou perdas). É vedada, portanto, a chamada “cláusula 
leonina”, a qual, se existente, será considerada nula de pleno direito, 
conforme estabelecido no art. 1.008 do CC: “é nula a estipulação 
contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das 
perdas”. 
- O legislador não estabeleceu regras, a priori, acerca de como 
deve ser feita a distribuição dos lucros da sociedade, cabendo aos 
sócios, pois, prever a forma de participação de cada um no contrato 
social. Podem estabelecer, por exemplo, a distribuição preferencial de 
lucros a um sócio. Podem também distribuir entre os sócios apenas uma 
parte dos lucros, destinando a parte restante a investimentos sociais. O 
que os sócios não podem, apenas, é excluir algum membro de 
participação nos lucros ou nas perdas da sociedade. Se o contrato 
social, todavia, for omisso a respeito do assunto, aplica-se o disposto no 
art. 1.007 do CC: “salvo estipulação em contrato, o sócio participa 
dos lucros e das perdas, na proporção das respectivas quotas 
(...)”. 
- A integralização da parte do capital social subscrita pelo sócio 
poderá ser feita à vista ou de forma parcelada, caso em que o contrato 
estabelecerá o prazo para tanto. Ultrapassado o prazo para a 
integralização da quota respectiva sem que o sócio de desincumba do 
seu dever contratual, ficará em mora em relação à sociedade, sendo, 
pois, considerado sócio remisso. Contra ele, os demais sócios podem 
(i) cobrar uma indenização pelo prejuízo decorrente da sua mora, (ii) 
reduzir suas quotas ao montante efetivamente integralizado ou (iii) 
excluí-lo da sociedade. Confira-se, a propósito, o disposto nos arts. 
1.058 e 1.004 do CC. 
- Segundo dispõe o art. 1.052 do CC, “na sociedade limitada, a 
responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas 
quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização 
do capital social”. Analisemos a norma com mais detalhes. Já vimos 
que, em regra, os sócios não devem responder, com seu patrimônio 
pessoal, pelas dívidas da sociedade. Assim, pois, é que se dá a 
responsabilidade limitada dos quotistas. Se o capital social estava 
totalmente integralizado, não se deve executar a dívida social pendente 
no patrimônio dos sócios. Caso, porém, o capital social não estivesse 
totalmente integralizado – situação possível porque, como visto, o Brasil 
não exige a integralização total do capital social para a constituição da 
sociedade, tampouco fixa prazo para essa integralização –, todos os 
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sócios respondem solidariamente pela dívida da sociedade, até o limite 
da integralização. O limite de responsabilidade dos sócios quotistas, 
portanto, é o montante que falta para a integralização do capital social. 
- As sociedades limitadas são, em regra, sociedades de pessoas, 
ou seja, o vínculo que se estabelece entre os sócios é intuitu personae. 
Sendo assim, a entrada de novos sócios depende, em regra, da 
anuência dos demais. Mas o contrato pode dispor diferentemente. É o 
que dispõe o art. 1.057 do CC: “na omissão do contrato, o sócio pode 
ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, 
independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não 
houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social”. 
Vê-se, pois, que segundo o art. 1057 do código, na omissão do contrato 
social, o sócio poderá ceder sua quota a qualquer sócio sem que seja 
necessária a anuência dos demais. No entanto, para cedê-la a pessoa 
estranha ao quadro social, dependerá da manifestação dos demais 
sócios, os quais poderão obstá-la, conforme previsão constante do final 
do caput do artigo. 
- CUIDADO!!! Um dos temas mais interessantes e relevantes 
acerca da sociedade limitada é o relativo à chamada sociedade 
unipessoal, aquela formada por um sócio apenas. Em nosso 
ordenamento jurídico, a pluralidade de sócios é pressuposto de 
existência de uma sociedade limitada (art. 981 do CC). Sendo assim, o 
Brasil não admite a constituição originária de sociedade limitada 
unipessoal. Cumpre apenas destacar que, não obstante seja vedada a 
constituição originária de sociedade limitada com apenas um sócio, nada 
impede que, eventualmente, uma determinada sociedade limitada fique 
com apenas um sócio. Pense-se no caso, por exemplo, de uma 
sociedade com apenas dois sócios em que um deles vem a falecer. Essa 
unipessoalidade da sociedade limitada, todavia, além de acidental, é 
temporária, uma vez que o código estabelece um prazo para que seja 
restabelecida a pluralidade dos sócios. Com efeito, segundo o art. 
1033, IV, do CC, a sociedade limitada que ficar com apenas um sócio 
deve restabelecer a pluralidade de sócios no prazo de 180 (cento e 
oitenta dias), sob pena de dissolução. 
- Quanto a esse dispositivo legal, registre-se que a Lei 
Complementar nº 128/08 trouxe uma pequena alteração. Com efeito, a 
referida LC acrescentou um parágrafo único ao art. 1.033 do CC, com o 
seguinte teor: “não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio 
remanescente, inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas 
da sociedade sob sua titularidade, requeira no Registro Público de 
Empresas Mercantis a transformação do registro da sociedade para 
empresário individual, observado, no que couber, o disposto nos arts. 
1.113 a 1.115 deste Código”. 
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- Em regra, as decisões mais corriqueiras da sociedade são 
tomadas pelo(s) administrador(es). No entanto, aquelas decisões mais 
complexas – como, por exemplo, a relativa à alteração do contrato 
social ou à referente à fusão com outra sociedade – exigem uma 
deliberação colegiada. No seu art. 1.071, o CC previu, em rol 
meramente exemplificativo, que “dependem da deliberação dos sócios, 
além de outras matérias indicadas na lei ou no contrato: I - a aprovação 
das contas da administração; II - a designação dos administradores, 
quando feita em ato separado; III - a destituição dos administradores; 
IV - o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato; 
V - a modificação do contrato social; VI - a incorporação, a fusão e a 
dissolução da sociedade, ou a cessação do estado de liquidação; VII - a 
nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das suas contas; 
VIII - o pedido de concordata” (onde há concordata, leia-se hoje 
recuperação judicial ou extrajudicial). Outras matérias que também 
dependem de deliberação social são as hipóteses de exclusão de sócio – 
seja a do sócio remisso ou a do sócio faltoso. 
 - O órgão específico responsável pela tomada das deliberações 
sociais é a assembléia dos sócios. Todavia, o CC trouxe, nessa 
matéria, mais uma inovação: nas sociedades limitadas menores, de até 
10 sócios, o Código previu que o regime de assembléia pode ser 
substituído pelo de reunião de sócios. Já nas sociedades limitadas 
maiores, com mais de dez sócios, o regime assemblear é imposto pela 
lei: “a deliberação em assembléia será obrigatória se onúmero dos 
sócios for superior a dez” (art. 1.072, § 1º, do CC). CUIDADO COM 
ESSA DISTINÇÃO! ATÉ 10 SÓCIOS, PODE SER REUNIÃO OU 
ASSEMBLÉIA. MAIS DE 10 SÓCIOS, TEM QUE SER ASSEMBLÉIA. 
 - Embora a sociedade empresária seja uma pessoa jurídica, ente 
ao qual o ordenamento confere personalidade e, conseqüentemente, 
capacidade de ser sujeito de direitos, ela não possui vontade. Sendo 
assim, as sociedades atuam através de seus legítimos representantes 
legais; ou, como preferem alguns, de seus presentantes legais (de fato, 
como órgão integrante da própria sociedade, e portanto pertencente à 
própria estrutura dela, o administrador é mero órgão da pessoa jurídica 
que externa a sua própria vontade, ou seja, torna-a presente). 
- A sociedade limitada, de acordo com o que dispõe o CC em seu 
art. 1.060, “é administrada por uma ou mais pessoas designadas no 
contrato social ou em ato separado”, às quais cabe, privativamente, o 
uso da firma ou da denominação social, ou seja, a possibilidade de atuar 
em nome da sociedade, exercendo direitos e assumindo obrigações. 
- Nas sociedades limitadas menores – com dois ou três sócios, por 
exemplo – é comum que a administração da pessoa jurídica seja 
atribuída a todos os sócios, o que fica estabelecido no próprio ato 
constitutivo. Todavia, nesses casos, é importante destacar que se um 
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novo sócio ingressar nessa sociedade posteriormente, a atribuição de 
administrar a sociedade não se estende de pleno direito a ele, em 
obediência ao disposto no art. 1.060, parágrafo único, do Código. Por 
conseguinte, para que esse novo sócio também adquira o poder de 
administração da sociedade, terá que ser feita alteração no contrato 
social para que isso fique expressamente estabelecido. 
- Outro ponto importante disciplinado pelo Código foi a 
possibilidade de pessoas estranhas ao quadro social administrarem a 
sociedade. Isso é possível, desde que o contrato social permita. E mais: 
a eleição de administradores não-sócios depende de quorum 
bastante expressivo. Com efeito, dispõe o CC, em seu art. 1.061, que 
enquanto o capital social não estiver integralizado, a eleição de não-
sócios para o cargo de administrador da sociedade limitada depende da 
aprovação de todos os sócios. Por outro lado, se o capital social já 
estiver integralizado, a eleição depende de aprovação de 2/3, no 
mínimo. 
 - Dispõe o art. 1.015 do CC que “no silêncio do contrato, os 
administradores podem praticar todos os atos pertinentes à gestão da 
sociedade (...)”. Ao destacar que esse poder geral de administração 
existe quando o contrato social silencia, deixou claro o legislador que 
pode o ato constitutivo da sociedade limitar os poderes de seus 
administradores, caso em que a atuação fora desses limites 
configurará excesso de poder. Segundo o disposto no art. 1.015, 
parágrafo único, do CC “o excesso por parte dos administradores 
somente pode ser oposto a terceiro se ocorrer pelo menos uma das 
seguintes hipóteses”, as quais são descritas nos incisos I, II e III do 
dispositivo normativo em análise: (i) quando a limitação estiver 
registrada na Junta; (ii) quando a sociedade provar que o terceiro 
conhecia a limitação de poderes; (iii) quando o ato do administrador for 
evidentemente estranho ao objeto social. Vê-se, pois, que pela 
interpretação a contrario sensu do parágrafo único, do art. 1.015 do CC, 
em regra a sociedade responde por todos os atos de seus 
legítimos administradores, ainda que os mesmos tenham atuado 
com excesso de poderes. Só não responderá nos 3 casos 
mencionados, casos em que a responsabilidade dos administradores 
será pessoal e direta. 
 - Ponto interessante e também inovador do CC acerca das 
sociedades limitadas foi o relativo à possibilidade de ditas sociedades 
instituírem conselho fiscal. Com efeito, dispõe o art. 1.066 que, “sem 
prejuízo dos poderes da assembléia dos sócios, pode o contrato instituir 
conselho fiscal composto de três ou mais membros e respectivos 
suplentes, sócios ou não, residentes no País, eleitos na assembléia anual 
de que trata o art. 1.078”. Trata-se, é bom destacar, de mera 
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faculdade, a qual só tem sido exercida pelas sociedades limitadas 
maiores. 
 - Faculta-se à maioria dos sócios a exclusão extrajudicial de 
determinado sócio faltoso, o que está disciplinado no art. 1.085 do 
CC. São basicamente cinco, portanto, os requisitos a serem observados 
no procedimento de exclusão extrajudicial de sócio faltoso: a) previsão 
expressa no contrato social; b) prática de atos de inegável gravidade 
por parte de determinado sócio; c) convocação de assembléia ou 
reunião específica; d) cientificação do acusado com antecedência 
suficiente para possibilitar o seu comparecimento e defesa; e e) quorum 
de maioria absoluta. Muito cuidado com esse art. 1.085!!! 
 
- Outro tipo societário utilizado no Brasil é a sociedade anônima, 
que possui origem muito mais remota e configura espécie societária 
bastante atrativa para os grandes empreendimentos. No Brasil, as 
sociedades anônimas são regidas por lei específica: trata-se da Lei nº 
6.404/76. Desde 1976, ano de sua edição, a LSA sofreu apenas algumas 
alterações em sua redação, provocadas pela Lei nº 9.457/97, que 
preparou-a para o processo de privatizações, e pela Lei nº 10.303/01, 
que procurou proteger os interesses dos acionistas minoritários e tornar 
o mercado de capitais mais seguro e atrativo para os investidores. Mais 
recentemente, a LSA sofreu novas alterações, provocadas pela Lei nº 
11.638/07 e pela Lei nº 11.941/09, que basicamente trouxe novas 
regras acerca da elaboração e da divulgação das demonstrações 
financeiras desse tipo societário. 
 - Quanto a essas últimas alterações da LSA, levadas a efeito pela 
Lei nº 10.303/01 e pela Lei nº 11.638/07, cumpre destacar que elas 
foram introduzidas em nosso ordenamento jurídico para adaptá-lo às 
novas tendências do direito societário, sobretudo no que tange à 
chamada governança corporativa. 
 - Dentre as principais características da sociedade anônima, 
podemos destacar quatro: a) sua natureza capitalista (a entrada de 
estranhos ao quadro social independe da anuência dos demais sócios); 
b) sua essência empresarial (a S/A é uma sociedade empresária, 
independentemente do seu objeto); c) sua identificação exclusiva 
por denominação (a S/A não pode usar forma social); d) a 
responsabilidade limitada dos seus sócios. 
- CUIDADO!!! Segundo o art. 4º da LSA, “a companhia pode ser 
aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão 
estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores 
mobiliários”. Melhor dizendo, a S/A será aberta quando tiver autorização 
para negociar seus valores mobiliários no mercado de capitais, e 
fechada quando não tiver autorização para tanto. Essa autorização para 
abertura do capital, com a possibilidade de negociação dos valores 
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mobiliários no mercado de capitais, é concedida pela Comissão de 
Valores Mobiliários, autarquia federal ligada ao Ministério da Fazenda 
que atua, junto ao Banco Central, no controle e fiscalização das 
operações realizadas no mercado de capitais. 
- A atuação da CVM, entidade autárquica federal de natureza 
especial, com qualidade de agência reguladora, é extremamente 
relevante para o bom funcionamento do mercado de capitais. Essa 
competência da CVM no controle e na fiscalização do mercado de 
capitais se exerce, pode-se dizer, de três diferentes formas: a) 
regulamentar,uma vez que cabe à CVM estabelecer o regramento 
geral relativo ao funcionamento do mercado de capitais; b) 
autorizante, uma vez que é a CVM que autoriza a constituição de 
companhias abertas e a emissão e negociação de seus valores 
mobiliários; e c) fiscalizatória, uma vez que a CVM deve zelar pela 
lisura das operações realizadas no mercado de capitais, sendo investida, 
para tanto, de poderes sancionatórios. 
 - A bolsa de valores, ao contrário do que muitos podem pensar, 
não é órgão que integra a Administração Pública. Trata-se de associação 
privada formada por sociedades corretoras que, através de autorização 
da CVM, presta serviço de interesse público inegável, consistente na 
manutenção de local adequado à realização das operações de compra e 
venda dos diversos valores mobiliários emitidos pelas companhias. A 
grande finalidade da bolsa de valores é dinamizar as operações do 
mercado de capitais, ampliando o volume de negócios através da 
realização de pregão diário em que os agentes das diversas corretoras 
que a compõem, obedecendo às regras do mercado mobiliário, se 
encontram e mantém relações constantemente. 
 - Sendo a sociedade anônima uma sociedade institucional, e não 
contratual, ela se constitui não através de um contrato social, mas de 
um ato institucional ou estatutário. E mais: ausente a contratualidade, a 
constituição da sociedade anônima deve seguir uma série de requisitos 
formais previstos na legislação acionária. Estes requisitos estão divididos 
na LSA em duas etapas distintas: na primeira, devem ser observados os 
chamados requisitos preliminares; na segunda, devem ser observadas 
algumas formalidades complementares. 
 - De acordo com o art. 80 da LSA, “a constituição da companhia 
depende do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares: I - 
subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que 
se divide o capital social fixado no estatuto; II - realização, como 
entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das 
ações subscritas em dinheiro; III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou 
em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores 
Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro”. Vê-se, pois, que 
também se exige a pluralidade sócios para a constituição de uma 
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sociedade anônima, não sendo permitida a criação de sociedade 
anônima unipessoal, com exceção da chamada sociedade subsidiária 
integral, disciplinada pelo art. 251 da LSA. 
 - As companhias abertas se constituem por meio de subscrição 
pública de ações. Nessa modalidade de constituição, exigem-se algumas 
formalidades específicas, tais como (i) o registro prévio na Comissão de 
Valores Mobiliários (CVM), (ii) a colocação das ações à disposição dos 
investidores interessados e (iii) a realização de assembléia inicial de 
fundação. Ademais, o fundador de uma companhia aberta deverá 
necessariamente contratar os serviços de uma instituição financeira 
especializada para constituí-la (serviços de underwriting), cabendo a 
essa empresa contratada não apenas colocar as ações junto aos 
investidores – etapa seguinte do procedimento constitutivo da 
companhia – mas também cuidar de uma série de documentos a serem 
apresentados à CVM (estudo de viabilidade econômica e financeira do 
empreendimento, projeto do estatuto social e prospecto), assinando-os. 
Caberá ainda à instituição financeira underwriter, após deferido o 
registro pela CVM, captar recursos no mercado, atraindo investidores 
para o empreendimento a ser desenvolvido pela companhia. Sua tarefa 
é de extrema importância, porque nas companhias abertas todo o 
capital social deve ser subscrito, sob pena de cancelamento do registro 
de emissão anteriormente concedido pela CVM. 
 - Em se tratando de constituição, por sua vez, de companhias 
fechadas, o procedimento é bem mais simplificado, uma vez que é 
realizado por meio de subscrição particular, sem a captação de recursos 
junto a investidores no mercado de capitais. Nesse caso, podem ser 
adotadas duas modalidades de constituição: (i) a realização de 
assembléia dos subscritores ou (ii) a lavratura de escritura pública em 
cartório. 
 - Uma vez ultrapassadas todas as etapas analisadas acima, que 
correspondem, como visto, aos requisitos preliminares e demais 
providências para a subscrição do capital social – que pode ser pública 
ou particular –, passa-se então à fase denominada pela lei de 
formalidades complementares da constituição da sociedade anônima, 
que compreende, basicamente, os procedimentos de registro na Junta 
Comercial, além de outras pequenas medidas de cunho administrativo e 
operacional. Cumpridas todas essas formalidades, a sociedade anônima 
poderá, enfim, entrar em funcionamento. Caso comece a exercer suas 
atividades antes de cumpridas essas formalidades complementares, será 
considerada irregular. 
- A ação é o principal valor mobiliário emitido pela companhia. 
Trata-se de valor mobiliário que representa parcela do capital social, 
conferindo ao seu titular o status de sócio, o chamado acionista. Existem 
duas classificações importantes das ações de uma S/A: uma que leva 
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em conta os direitos e obrigações que elas conferem aos seus titulares, 
e outra que leva em consideração a forma de transferência. 
- Quantos aos direitos e obrigações que conferem, as ações são 
classificadas em: a) ordinárias, que conferem direitos normais ao seu 
titular; b) preferenciais, que conferem uma preferência ou vantagem 
ao seu titular; e c) de fruição, que conferem apenas direitos de gozo ao 
seu titular. 
 - Dentre os direitos conferidos aos ordinarialistas está o direito de 
voto, o qual, ao contrário do que se possa pensar, não constitui um 
direito essencial de qualquer acionista (vide art. 109 da LSA). Sendo 
assim, como o titular da ação ordinária possui o direito de voto, é 
normalmente entre os ordinarialistas que se estabelece a maioria 
controladora e os minoritários. A legislação que regula as sociedades 
anônimas há muito se preocupa com as relações entre esses dois grupos 
de sócios, tentando na medida do possível compatibilizar o exercício do 
poder de controle e a proteção aos interesses da minoria (governança 
corporativa). 
 - CUIDADO!!! As vantagens ou preferências que a ação 
preferencial confere aos seus titulares também devem vir especificadas 
no estatuto social da companhia. O art. 17 da LSA estabelece que essas 
preferências ou vantagens podem consistir: “I – em prioridade na 
distribuição de dividendo, fixo ou mínimo; II – em prioridade no 
reembolso de capital, com prêmio ou sem ele; ou III – na acumulação 
das preferências ou vantagens de que tratam os incisos I e II”. 
- Outra classificação é a que leva em conta a forma de 
transferência das ações. Segundo essa classificação, as ações podem ser 
de dois tipos: a) nominativas; e b) escriturais. As ações nominativas 
são aquelas que se transferem mediante registro levado a efeito em 
livro específico escriturado pela S/A para tal finalidade (trata-se do livro 
“Registro de ações nominativas”, mencionado no art. 31 da LSA). O 
registro no livro, portanto, é condição indispensável para que se opere 
validamente a transferência da propriedade da ação. As ações 
escriturais estão previstas no art. 34 da LSA, o qual dispõe que “o 
estatuto da companhia pode autorizar ou estabelecer que todas as 
ações da companhia, ou uma ou mais classes delas, sejam mantidas em 
contas de depósito, em nome de seus titulares, na instituição que 
designar, sem emissão de certificados”. As ações escriturais, portanto, 
são mantidas em contas de depósito junto a instituições financeirasdesignadas pela própria companhia, devendo essas instituições possuir 
autorização da CVM para prestar esse tipo de serviço (art. 34, § 2º, da 
LSA). 
 - Registre-se que até 1990 as ações, quanto à forma de 
transferência, podiam ser de quatro tipos distintos: além das já 
mencionadas ações nominativas e escriturais, havia também as ações 
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endossáveis, transmissíveis por endosso praticado no próprio 
certificado, e as ações ao portador, transmissíveis pela mera tradição 
desse documento. Todavia, a Lei nº 8.021/90 determinou que, no 
prazo de dois anos a partir da sua vigência, as ações endossáveis 
e ao portador fossem retiradas de circulação. É bem verdade que 
na LSA ainda podem ser vistas algumas normas que fazem menção a 
essas espécies de ações. Forçoso reconhecer, entretanto, que esses 
dispositivos da lei estão tacitamente revogados. NÃO HÁ MAIS AÇÕES 
ENDOSSÁVEIS NEM AÇÕES AO PORTADOR! 
- CUIDADO COM O ART. 109 DA LSA, que trata dos direitos 
essenciais dos acionistas. São direitos essenciais de qualquer 
acionista os direitos (i) de participação nos lucros sociais, (ii) de 
participação na partilha do acervo líquido da companhia, nos casos em 
que esta for dissolvida, (iii) de fiscalização da gestão da sociedade, (iv) 
de preferência na subscrição de novos valores mobiliários e (v) de 
retirada. Nenhum desses direitos poderá ser retirado do acionista, seja 
qual for a espécie de ação que ele titularize. Perceba-se que dentre os 
direitos essenciais do acionista não se encontra o direito de voto, razão 
pela qual se conclui, obviamente, que tal direito não é essencial. 
 - Sobre esse direito de voto, dispõe o § 2º do art. 110 que “é 
vedado atribuir voto plural a qualquer classe de ações”. Atribuir voto 
plural a uma determinada ação seria atribuir mais de um voto a uma 
mesma ação. Essa prática é vedada expressamente pela lei. Claro que 
certo acionista pode ter várias ações, e nesse caso ele terá tantos votos 
quantas forem suas ações. O que não se admite é a atribuição de mais 
de um voto a uma mesma ação. Deve-se atentar também para a 
distinção entre voto plural e voto múltiplo, este expressamente admitido 
pela LSA, no art. 141, na assembléia-geral que elege os membros do 
conselho de administração. Leiam esse artigo 141 da LSA!!! 
- CUIDADO!!! De acordo com o art. 116 da LSA, “entende-se por 
acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de 
pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que: a) 
é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a 
maioria dos votos nas deliberações da assembléia-geral e o poder de 
eleger a maioria dos administradores da companhia; e b) usa 
efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o 
funcionamento dos órgãos da companhia”. Vê-se que para a 
configuração do acionista controlador são necessários dois 
requisitos, um de natureza objetiva – percentual do capital 
votante que confira maioria na assembléia e possibilidade de 
eleição da maioria dos administradores – e outro de natureza 
subjetiva – uso efetivo do percentual do capital votante para 
comandar a gestão dos negócios sociais. 
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- A LSA se preocupou em disciplinar a atuação do acionista 
controlador, determinando que ele “(...) deve usar o poder com o fim de 
fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e 
tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da 
empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, 
cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender” (art. 116, 
parágrafo único). Note-se que a preocupação do legislador vai além da 
previsão de regras de orientação de conduta, havendo também a 
previsão de regras de responsabilização do controlador que usar seu 
poder de forma abusiva. Nesse sentido, dispõe o art. 117 que “o 
acionista controlador responde pelos danos causados por atos praticados 
com abuso de poder”. 
- Um outro tema extremamente relevante no que se refere às 
relações entre os sócios de uma companhia é o chamado acordo de 
acionistas, que alguns autores também chamam de contrato 
parassocial, e que está disciplinado no art. 118 da LSA: “os acordos de 
acionistas, sobre a compra e venda de suas ações, preferência para 
adquiri-las, exercício do direito a voto, ou do poder de controle deverão 
ser observados pela companhia quando arquivados na sua sede”. Vê-se, 
pois, que o acordo de acionistas pode se referir a (i) compra e venda de 
ações, (ii) preferência para aquisição de ações, (iii) exercício do direito 
de voto ou (iv) exercício do poder de controle da companhia. Nesses 
casos, se o acordo for arquivado na sede da sociedade anônima, ela 
deverá respeitá-lo, podendo o interessado, inclusive, requerer a 
execução judicial do que foi acordado, conforme disposto na própria lei: 
“nas condições previstas no acordo, os acionistas podem promover a 
execução específica das obrigações assumidas”. 
- A força do acordo de acionistas é tão grande que, além de o 
interessado poder executá-lo judicialmente, conforme visto, a LSA 
determina ainda que “O presidente da assembléia ou do órgão 
colegiado de deliberação da companhia não computará o voto 
proferido com infração de acordo de acionistas devidamente 
arquivado” (art. 118, § 8º). E mais: “o não comparecimento à 
assembléia ou às reuniões dos órgãos de administração da companhia, 
bem como as abstenções de voto de qualquer parte de acordo de 
acionistas ou de membros do conselho de administração eleitos nos 
termos de acordo de acionistas, assegura à parte prejudicada o direito 
de votar com as ações pertencentes ao acionista ausente ou omisso e, 
no caso de membro do conselho de administração, pelo conselheiro 
eleito com os votos da parte prejudicada” (art. 118, § 9º). 
- Além das ações, que, como visto, são o principal valor mobiliário 
emitido por uma S/A, as sociedades anônimas também emitem outros 
valores mobiliários, dentre os quais de destacam as debêntures, as 
partes beneficiárias e os bônus de subscrição. 
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- Os valores mobiliários configuram, para a sociedade anônima, 
instrumentos extremamente úteis para a captação de recursos no 
mercado de capitais. Para os seus titulares, por sua vez, os valores 
mobiliários representam uma importante oportunidade de investimento. 
- Segundo o art. 52 da LSA, “a companhia poderá emitir 
debêntures que conferirão aos seus titulares direito de crédito contra 
ela, nas condições constantes da escritura de emissão e, se houver, do 
certificado”. Assim, embora o dispositivo em questão não traga uma 
definição específica para as debêntures, pode-se afirmar que 
debênture é uma espécie de valor mobiliário emitido pelas 
sociedades anônimas que conferem ao seu titular um direito de 
crédito certo contra a companhia, nos termos do que dispuser a sua 
escritura de emissão ou o seu certificado. Destaque-se ainda que, 
segundo a legislação processual, a debênture é considerada título 
executivo extrajudicial, nos termos do art. 585, inciso I, do CPC. 
- Outro valor mobiliário emitido pelas sociedades anônimas é parte 
beneficiária, a qual, de acordo com o art. 46, § 1º, da LSA é título que 
confere aos seus titulares um direito de crédito eventual contra a 
companhia, consistente na participação nos lucros anuais. O direito de 
crédito conferido é eventual porque depende de o resultado da 
companhia, no respectivo exercício social, ter sido positivo,pois do 
contrário não haverá lucros a serem partilhados. 
 - Há ainda outro valor mobiliário emitido pelas companhias, menos 
conhecido do que os demais, que é o chamado bônus de subscrição, os 
quais asseguram ao seu titular o direito de preferência na 
subscrição de novas ações (art. 75 da LSA). Com efeito, sempre que 
a sociedade anônima emite novas ações (operação chamada, como 
visto, de capitalização) são os acionistas da companhia respectiva que 
têm preferência para subscrevê-las, em obediência ao art. 109, inciso 
IV, da LSA. Assim, numa sociedade que está muito bem no mercado, 
com muitos investidores interessados em se tornarem seus acionistas, 
as suas ações com certeza estarão muito valorizadas. Diante dessa 
realidade, sabendo-se que a sociedade irá, num futuro próximo, 
capitalizar-se, ou seja, aumentar o seu capital social com a emissão de 
novas ações, ela pode aproveitar o bom momento de seus negócios e 
emitir bônus de subscrição, captando recursos junto a investidores 
interessados em adquirir as novas ações a serem emitidas. Assim, 
quando do efetivo aumento do capital social e da conseqüente emissão 
das novas ações, elas terão que ser oferecidas, primeiramente, aos 
titulares dos bônus, nos termos do seu certificado. Perceba-se que o 
bônus não confere aos seus titulares a ação, mas apenas um direito de 
preferência na sua subscrição, razão pela qual o investidor, na hora de 
exercer esse direito, terá de pagar, obviamente, o preço de emissão da 
ação. 
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- Os principais órgãos da estrutura orgânica das companhias são 
(i) a assembléia-geral, (ii) o conselho de administração, (iii) a 
diretoria e (iv) o conselho fiscal. 
 - A assembléia-geral, como o próprio nome já sugere, é o órgão 
máximo de deliberação da sociedade anônima, que possui competência 
para tratar de todo e qualquer assunto relacionado ao objeto social. 
- Nem todos os acionistas de uma companhia possuem direito de 
voto, mas todos eles podem comparecer às assembléias. Afinal, ainda 
que determinados sócios não tenham direito de votar nas deliberações, 
eles possuem o chamado direito de voz, que lhes permite discutir as 
matérias em debate antes da decisão ser tomada. É o que prevê 
expressamente o parágrafo único do art. 125: “os acionistas sem direito 
de voto podem comparecer à assembléia-geral e discutir a matéria 
submetida à deliberação”. 
 - De acordo com o art. 131 da LSA, a assembléia-geral pode ser 
ordinária (AGO) ou extraordinária (AGE). Enquanto a assembléia-geral 
ordinária só pode tratar das matérias previstas no art. 132 da LSA, a 
assembléia-geral extraordinária será sempre convocada para tratar das 
demais matérias que exijam a sua deliberação (vide art. 122). 
 - A assembléia-geral ordinária (AGO), de acordo com o art. 132 da 
LSA, deve ocorrer todo ano, nos quatro primeiros meses após o fim do 
exercício social. Com efeito, dispõe o dispositivo em questão que 
“anualmente, nos 4 (quatro) primeiros meses seguintes ao término do 
exercício social, deverá haver 1 (uma) assembléia-geral para: I - tomar 
as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as 
demonstrações financeiras; II - deliberar sobre a destinação do lucro 
líquido do exercício e a distribuição de dividendos; III - eleger os 
administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso; IV 
- aprovar a correção da expressão monetária do capital social (artigo 
167)”. Vê-se, pois, que, conforme já afirmamos acima, a AGO somente 
pode deliberar sobre as matérias constantes dos incisos do art. 
132. Qualquer outra matéria que exija deliberação assemblear 
deverá ser tomada em sede de AGE. 
 - No que se refere aos órgãos de administração da companhia, a 
LSA adotou um sistema dual, em que a administração é subdividida 
entre dois órgãos: o conselho de administração e a diretoria. Com 
efeito, dispõe o art. 138 da LSA que “a administração da companhia 
competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho de administração 
e à diretoria, ou somente à diretoria”. A referência, no final do 
dispositivo, à possibilidade de a administração da companhia caber 
exclusivamente aos diretores se dá porque o conselho de 
administração é órgão facultativo nas sociedades anônimas 
fechadas, sendo obrigatório apenas nas companhias abertas, nas de 
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capital autorizado e nas sociedades de economia mista (arts. 138, § 2º, 
e 239, da LSA). 
 - No que tange à votação para a eleição dos membros do conselho 
de administração, pode-se adotar o critério majoritário ou o critério 
proporcional, cabendo ao estatuto social da companhia a escolha de um 
deles. No critério majoritário de votação, os acionistas podem votar em 
chapas (equipes previamente formadas) ou em cada cargo 
separadamente (isto é, realizam-se eleições isoladas, uma para cada 
cargo do conselho a ser preenchido), mas em ambas as situações cada 
ação com direito de voto corresponderá a um voto, como ocorre 
normalmente, nos termos do art. 110 da LSA. Perceba-se que, 
adotando-se o critério majoritário, o acionista controlador acaba 
conseguindo eleger, invariavelmente, todos os membros do conselho de 
administração. No critério proporcional de votação, por sua vez, não é 
possível a formação de chapas para a disputa dos cargos. Ademais, não 
são feitas eleições isoladas para cada cargo do conselho, mas apenas 
uma, que servirá ao preenchimento de todo o órgão. Assim, nesse 
critério são eleitos para os cargos do conselho os candidatos mais 
votados, conforme a quantidade de cargos a serem preenchidos, o que 
acaba por produzir um órgão provavelmente de composição 
heterogênea, com participação de membros eleitos pelos controladores 
e também pelos minoritários, de maneira proporcional. 
 - Além dessas duas modalidades de votação analisadas, a LSA 
ainda prevê uma outra modalidade especial, em que se adota o critério 
de voto múltiplo. Assim, de acordo com o seu art. 141, que disciplina 
essa modalidade de votação, “na eleição dos conselheiros, é facultado 
aos acionistas que representem, no mínimo, 0,1 (um décimo) do capital 
social com direito a voto, esteja ou não previsto no estatuto, requerer a 
adoção do processo de voto múltiplo, atribuindo-se a cada ação tantos 
votos quantos sejam os membros do conselho, e reconhecido ao 
acionista o direito de cumular os votos num só candidato ou distribuí-los 
entre vários”. Vê-se, desde logo, que a modalidade de voto múltiplo é 
uma faculdade outorgada pela lei aos acionistas minoritários com direito 
de voto. Trata-se, enfim, de um modelo especial de votação 
proporcional, em que cada ação votante corresponderá a tantos 
votos quantos forem os membros do conselho de administração. 
E mais: cada acionista poderá usar os votos que suas ações lhe 
conferem da forma que bem entender, ou seja, pode concentrá-
los todos num único candidato ou distribuí-los em candidatos 
distintos. 
 - Como a legislação acionária brasileira, como visto, adota o 
modelo dualista de administração para as sociedades anônimas, além do 
conselho de administração, estudado no tópico antecedente, um outro 
órgão encarregado da administração da companhia é a diretoria, que 
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corresponde, na verdade, ao órgão realmente incumbido de 
desempenhar, de maneira efetiva, a gestão dos negócios sociais. Assim, 
os diretores são os verdadeiros executivos da sociedade anônima, sendo 
responsáveis pela sua direção e pela sua representação legal (art. 138, 
§ 1º, da LSA). 
 - De acordo como art. 143 da LSA, “a Diretoria será composta por 
2 (dois) ou mais diretores, eleitos e destituíveis a qualquer tempo pelo 
conselho de administração, ou, se inexistente, pela assembléia-geral, 
devendo o estatuto estabelecer: I - o número de diretores, ou o máximo 
e o mínimo permitidos; II - o modo de sua substituição; III - o prazo de 
gestão, que não será superior a 3 (três) anos, permitida a reeleição; IV 
- as atribuições e poderes de cada diretor”. Ressalte-se que, ao 
contrário do que ocorre em relação ao conselho de administração, os 
membros da diretoria – os diretores – não precisam ser acionistas, mas 
devem ser pessoas físicas e residirem no território nacional. Destaque-
se também que alguns membros do conselho de administração podem 
também ocupar a posição de diretores. É o que prevê o § 1º do art. 
143. 
 - No que diz respeito às normas comuns aplicáveis aos 
conselheiros e diretores da companhia, isto é, aos seus administradores, 
ressalta a importância das regras relativas aos seus deveres e 
responsabilidades. Dentre os deveres específicos regulados 
expressamente na lei do anonimato, destacam-se, por exemplo, o 
dever de diligência (atuar em conformidade com os padrões de gestão 
fixados pela ciência da administração de empresas), o dever de 
lealdade (sigilo acerca de informações relevantes sobre os negócios da 
sociedade, sobretudo quando se trata de companhia aberta), o dever 
de informação, dentre outros. 
 - Por fim, completando a lista dos quatro órgãos de cúpula da 
sociedade anônima, disciplina a legislação acionária a composição, o 
funcionamento, a estrutura e as atribuições do conselho fiscal, órgão 
interno de fiscalização da gestão da administração da companhia. 
 - De acordo com o art. 161 da LSA, “a companhia terá um 
conselho fiscal e o estatuto disporá sobre seu funcionamento, de modo 
permanente ou nos exercícios sociais em que for instalado a pedido de 
acionistas”. Diante do que dispõe a norma em questão, costuma-se 
afirmar que o conselho fiscal, nas sociedades anônimas, é órgão 
de existência obrigatória, mas de funcionamento facultativo. 
 - CUIDADO!!! É muito importante a leitura dos arts. 158 e 
159 da lsa, que tratam da responsabilidade da sociedade 
anônima pelos atos de seus administradores. De acordo com o art. 
158 da LSA, “o administrador não é pessoalmente responsável pelas 
obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato 
regular de gestão; responde, porém, civilmente, pelos prejuízos que 
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causar, quando proceder: I - dentro de suas atribuições ou poderes, 
com culpa ou dolo; II - com violação da lei ou do estatuto”. Veja-se, 
pois, que quem responde pelos atos de gestão dos administradores da 
companhia é a própria companhia. Caberá a ela, no máximo, exigir 
reparação civil de danos eventualmente causados por atos dos 
administradores que (i) tenham agido com culpa ou dolo ou que (ii) 
violem o estatuto ou a lei. 
 - Visto, portanto, que quem responde pelos atos de gestão dos 
administradores da companhia é a própria companhia, cabendo a ela, 
quando muito, exigir dos administradores respectivos a 
responsabilização civil pelos danos eventualmente causados por seus 
atos, nos termos das regras que analisamos acima, deve a sociedade 
promover essa responsabilização ingressando com ação própria, que a 
LSA chama de ação de responsabilidade. De acordo com o art. 159 da 
LSA, “compete à companhia, mediante prévia deliberação da 
assembléia-geral, a ação de responsabilidade civil contra o 
administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio”. Em 
princípio, frise-se, a deliberação acerca da propositura da referida ação 
contra os administradores compete à assembléia-geral ordinária, já que 
é ela quem possui competência, nos termos do art. 132, inciso I, da 
LSA, para tomar as contas dos administradores. Todavia, pode também 
a deliberação pela propositura de ação de responsabilidade ser tomada 
em assembléia-geral extraordinária, caso alguma questão discutida e 
deliberada nela acarreta essa necessidade. Nesse sentido, dispõe o § 1º 
do artigo em comento: “a deliberação poderá ser tomada em 
assembléia-geral ordinária e, se prevista na ordem do dia, ou for 
conseqüência direta de assunto nela incluído, em assembléia-geral 
extraordinária”. 
 - Já vimos que de acordo com o art. 1.179 do CC todos os 
empresários e sociedades empresárias são obrigados a seguir um 
sistema de contabilidade baseado na escrituração de seus livros e a 
levantar anualmente os balanços patrimonial e de resultado econômico. 
Trata-se do dever de escrituração do empresário. 
 - No caso das sociedades anônimas, a LSA também se preocupou 
em disciplinar suas obrigações contábeis e escriturais, determinando em 
seu art. 176 que “ao fim de cada exercício social, a diretoria fará 
elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as 
seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza 
a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no 
exercício: I - balanço patrimonial; II - demonstração dos lucros ou 
prejuízos acumulados; III - demonstração do resultado do exercício; IV 
– demonstração dos fluxos de caixa; e V – se companhia aberta, 
demonstração do valor adicionado”. 
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 - Relembre-se que a disciplina das demonstrações contábeis das 
sociedades anônimas sofreu recentemente algumas alterações 
importantes, levadas a efeito pela Lei nº 11.638/07 e pela Lei nº 
11.941/09, que incorporaram à nossa legislação preceitos básicos de 
governança corporativa. 
 - Dentre as principais funções das demonstrações contábeis está a 
de definir o lucro líquido da sociedade ao fim do exercício social, que 
terá duração de 01 (um) ano e a data do término será fixada no 
estatuto. O lucro líquido é o resultado do exercício, depois de deduzidos 
(i) os prejuízos acumulados, (ii) a provisão para o imposto de renda e 
(iii) as participações estatutárias de empregados, administradores e 
partes beneficiárias. 
 
 - No campo do direito societário, são muito comuns as chamadas 
operações societárias, nas quais as sociedades se relacionam entre si, 
transformando-se, fundindo-se, incorporando outras ou transferindo 
parcela de seu patrimônio a outras. Em todos esses casos – 
transformação, incorporação, fusão e cisão –, haverá mudanças 
relevantes na estrutura das sociedades, que trarão conseqüências 
jurídicas relevantes. 
 - A matéria está disciplinada tanto na Lei nº 6.404/76 (LSA) 
quanto no Código Civil. Assim, se numa determinada operação 
societária há a participação de uma sociedade anônima, o que é o mais 
comum, aplicam-se as regras previstas na LSA, em razão da 
especialidade desse diploma legislativo. Todavia, se a operação não 
conta com a participação de uma sociedade anônima, o que é raro, 
aplicam-se as regras do CC. 
 - TRANSFORMAÇÃO é a mudança de tipo societário, que ocorre, 
por exemplo, quando uma sociedade limitada se transforma em uma 
sociedade anônima, e vice-versa. Ressalte-se, porém, que as 
transformação não se dá apenas entre sociedades limitadas e anônimas. 
Usa-se sempre esse exemplo porque, conforme já destacamos mais de 
uma vez, trata-se dos dois tipos societários disparadamente mais 
usados na prática empresarial brasileira. No entanto, nada impede, por 
exemplo, que uma sociedade em nome coletivo se transforme numa 
sociedade limitada ou que uma sociedade em comandita simples se 
transforme numa sociedade em comandita por ações. 
 - INCORPORAÇÃO é quando uma sociedade absorve outra. Na 
incorporação, portanto, haverá a extinção da(s) sociedade(s) 
incorporada(s), mas não surgirá uma nova sociedade. Apenas a 
sociedadeincorporada desaparecerá, e será sucedida em todos os seus 
direitos e obrigações pela sociedade incorporadora. 
- FUSÃO é quando duas ou mais sociedades se unem para dar 
origem a uma nova sociedade. Vê-se, pois, que enquanto na 
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incorporação não há o surgimento de uma nova sociedade, na 
fusão há o surgimento, sim, uma nova sociedade, resultado da 
união das sociedades fundidas. CUIDADO COM ESSA DISTINÇÃO!!! 
 - CISÃO é transferência de patrimônio de uma sociedade para 
outra. Se se transferem apenas alguns bens da sociedade cindida, há 
uma cisão parcial. Por outro lado, havendo a transferência de todos os 
bens da sociedade cindida, há uma cisão total, e nesse caso a sociedade 
cindida se extingue. 
 
- Quando se estuda a dissolução das sociedades, é preciso fazer 
duas observações relevantes, de início. Em primeiro lugar, é 
imprescindível distinguir o procedimento de dissolução da sociedade 
com o ato de dissolução da sociedade. Este precede aquele, isto é, antes 
há o ato de dissolução, que pode ser extrajudicial ou judicial, e após 
esse ato se desencadeia todo o procedimento dissolutório, que abrange 
ainda a liquidação e a partilha. 
 - Em segundo lugar, deve-se atentar para o fato de que existem 
dois regimes distintos de dissolução das sociedades no direito brasileiro, 
um aplicável às sociedades contratuais e previsto no Código Civil, outro 
aplicável às sociedades institucionais e previsto na LSA (Lei nº 
6.404/76). O leitor mais atento, todavia, perceberá que os regimes de 
dissolução do CC e da LSA são muito parecidos, seguindo ambos uma 
mesma seqüência lógica e tendo ambos uma série de regras idênticas. 
 
(AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL - 2002 - ESAF) 
A emissão das ações por sociedade em comandita por ações, regida pela 
lei 6.404/76 com as alterações posteriores, aprovada em assembléia 
geral, pauta-se por: 
 
a) emissão apenas de ações sem direito de voto para oferta pública. 
b) limitação das ações objeto da oferta a menos de 50% do capital 
social. 
c) responsabilidade ilimitada de acionistas titulares de ações votantes 
por obrigações da sociedade. 
d) impossibilidade de acionistas comanditados limitarem sua 
responsabilidade pelas obrigações sociais. 
e) inadimissibilidade do tipo de operar em bolsa. 
 
As sociedades em comandita por ações são regidas pela Lei nº 
6.404/76 (arts. 280 a 284) e pelo CC (arts. 1.090 a 1.092). Nelas 
somente os acionistas podem assumir a condição de diretores, e 
estes possuem responsabilidade ilimitada pelas obrigações 
sociais. Não há nenhuma regra legal, nem no CC nem na Lei nº 
6.404/76, que ampare as assertivas feitas nas letras A, B, C e D. 
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Por outro lado, a letra E está correta porque de realmente a 
sociedade em comandita por ações não podem “abrir o capital” e 
negociar seus valores mobiliários em Bolsa, algo restrito às 
companhias (sociedades anônimas) abertas, que possuem 
autorização da CVM para tanto, nos termos do art. 4º da Lei nº 
6.404/76. 
 
(AFC/CGU - 2008- ESAF) 
A respeito da responsabilidade dos administradores na legislação das 
sociedades anônimas, é incorreto afirmar: 
 
a) o administrador não é pessoalmente responsável pelas obrigações 
que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular 
de gestão. 
b) o administrador responde civilmente pelos prejuízos que causar, 
quando proceder, dentro de suas atribuições ou poderes, com 
culpa ou dolo. 
c) o administrador responde civilmente pelos prejuízos que causar, 
quando proceder, dentro de suas atribuições ou poderes, com 
violação da lei ou do estatuto. 
d) compete à companhia, mediante prévia deliberação do conselho 
fiscal, a ação de responsabilidade civil contra o administrador, 
pelos prejuízos causados ao seu patrimônio. 
e) os administradores são solidariamente responsáveis pelos 
prejuízos causados em virtude do não-cumprimento dos deveres 
impostos por lei para assegurar o funcionamento normal da 
companhia, ainda que, pelo estatuto, tais deveres não caibam a 
todos eles. 
 
• A Lei nº 6.404/76 tem duas regras específicas muito 
importantes sobre a responsabilidade dos administradores 
(arts. 158 e 159). O art. 158 expõe, com detalhes, os casos 
em que o administrador será responsabilizado, e o art. 159 
detalha o procedimento a ser adotado pela sociedade para 
reaver dos administradores os prejuízos que estes 
causarem ao patrimônio da companhia. A letra D é a única 
alternativa incorreta, porque não cabe ao conselho fiscal 
deliberar sobre a propositura da ação de responsabilidade, 
mas à assembléia geral. As letras A, B, C e E correspondem, 
respectivamente, ao disposto nos seguintes dispositivos 
legais: art. 158, caput; art. 158, I; art. 158, II; e art. 158, 
§2º. 
 
(AFC/CGU - 2008- ESAF) 
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No âmbito dos administradores das sociedades anônimas, a corporate 
governance, paulatinamente indissociável da gestão das companhias 
abertas, e a figura do insider trading, delineada pela doutrina norte-
americana, relacionam-se, sobremaneira, a dois deveres, que são, 
respectivamente: 
 
a) dever de diligência e de informar. 
b) dever de informar e de zelo. 
c) dever de sigilo e de lealdade. 
d) dever de zelo e de diligência. 
e) dever de lealdade e de sigilo. 
 
• “Um dos temas mais atuais relacionados às sociedades 
anônimas é o referente ao estudo das chamadas práticas de 
governança corporativa (corporate governance), 
decorrente de estudos e trabalhos desenvolvidos 
inicialmente na Inglaterra e nos Estados Unidos. Trata-se, 
basicamente, de um movimento que visa a estabelecer 
padrões de gestão para os negócios explorados em 
sociedade, centrados, fundamentalmente, na (i) 
transparência, na (ii) eqüidade no tratamento entre os 
acionistas (majoritários e minoritários) e na (iii) prestação 
de contas confiável (accountabillity).” (RAMOS, André Luiz 
Santa Cruz. Curso de direito empresarial. 3ª ed. Bahia: 
JusPodivm, 2009). O insider trading, por sua vez, 
corresponde ao dever de sigilo, previsto no art. 155 da Lei 
nº 6.404/76. A prática do chamado insider trading consiste, 
grosso modo, no uso de informações internas e/ou 
sigilosas para obtenção de vantagem. 
 
(AFC/CGU - 2008- ESAF) 
Na eleição dos conselheiros de administração das sociedades anônimas, 
é facultado aos acionistas que representem, no mínimo, um décimo do 
capital social com direito a voto, esteja ou não previsto no estatuto, 
requerer a adoção de um processo especial de votação, atribuindo-se a 
cada ação tantos votos quantos sejam os membros do conselho, e 
reconhecido ao acionista o direito de cumular os votos num só candidato 
ou distribuí-los entre vários. Esse processo é designado: 
 
a) voto plural. 
b) voto múltiplo. 
c) voto multilateral. 
d) voto em bloco. 
e) voto disjuntivo. 
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O voto múltiplo está previsto no art. 141 da Lei nº 6.404/76. 
Trata-se de um importante mecanismo de defesa dos 
minoritários, na medida em que lhes permite, com um pouco de 
organização e senso de união, eleger um ou mais membros do 
conselho de administração. 
 
(AFT – 2006 – ESAF) 
As sociedades cooperativas: 
 
a) Caracterizam-se por serem de natureza mutualista. 
b) Têm capital fixo ou variável. 
c) não têm capital, pois usam os bens dos seus cooperados. 
d) são consideradas sociedades empresáriaspara todos os fins de 
direito. 
e) podem operar exclusivamente na atividade agrícola e 
agropecuária. 
 
As questões sobre cooperativas geralmente são formuladas com 
base nos arts. 982, parágrafo único, e 1.094, ambos do CC. O 
primeiro dispõe que as cooperativas são sempre sociedades 
simples, independentemente do seu objeto. O segundo elenca as 
principais características das cooperativas, dentre as quais de 
destaca justamente a variabilidade do capital social, o que faz da 
letra B a assertiva correta. 
 
(PGE-DF 2004 ESAF) 
Numa sociedade limitada: 
a) apenas sócios podem ser administradores. 
b) a responsabilidade dos sócios é limitada ao valor de suas quotas, não 
havendo solidariedade. 
c) o conselho fiscal é obrigatório. 
d) o capital social é dividido em ações. 
e) mesmo após a integralização de todo o capital social, o patrimônio 
dos sócios pode ser responsabilizado por obrigações da sociedade, no 
caso da desconsideração da personalidade jurídica. 
 
A letra A está errada porque não-sócios podem administrar a 
sociedade limitada (art. 1.061 do CC). A letra B está errada 
porque os sócios, embora tenham responsabilidade limitada ao 
valor de suas quotas, são solidariamente responsáveis pela 
integralização do capital social (art. 1.052 do CC). A letra C está 
errada porque na limitada o conselho fiscal é órgão facultativo. A 
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letra D está errada porque na sociedade limitada o capital social 
é dividido em quotas. 
 
(PGE-DF 2004 ESAF) 
Uma sociedade anônima aberta denominada Banco de Taguatinga S/A, 
com ações dotadas de alta liquidez e dispersão no mercado, convocou 
uma assembléia geral para deliberar sobre realização de uma fusão com 
outro banco. 
Nessa situação: 
a) trata-se de assembléia geral ordinária. 
b) caso seja realizada a fusão, ambos os bancos deixarão de existir. 
c) a decisão final será do conselho de administração, que apenas ouve a 
assembléia geral. 
d) os titulares de ações, sem direito a voto, não podem sequer 
comparecer à assembléia. 
e) não será necessária assembléia no outro banco. 
 
A letra A está errada porque a AGO só trata das matérias 
previstas no art. 132 da LSA. A letra C está errada porque a 
competência para decidir sobre fusão da S/A é da AGE. A letra D 
está errada porque os titulares de ações sem direito a voto 
podem comparecer à assembléia e exercer seu direito de voz. A 
letra E está errada porque é necessário fazer assembléia nas 
duas sociedades que estão se fundindo.

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