Buscar

adbe5d8d-b81d-60933e58

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Apostila 
Teorias da Aprendizagem 
 
Sumário 
Introdução 
1. Henri Bergson e sua Relevância para a Educação 
2. Bergson e a Superação das Vertentes Filosóficas Dicotômicas 
3. O Desenvolvimento Cognitivo Segundo Jean Piaget 
4. Célestin Freinet e a Pedagogia do Brincar 
5. A Filosofia da Educação de Maria Montessori 
6. O Currículo Pré-Escolar do Método Montessori 
7. A Atuação Docente no Método Montessori 
8. Prós e Contras do Método Montessori 
Bibliografia – Literatura Complementar 
 
 
 
 
Introdução 
As teorias da aprendizagem descrevem como os alunos recebem, processam e retêm conhecimento 
durante a aprendizagem. Influências cognitivas, emocionais e ambientais, bem como experiências 
anteriores, todas desempenham um papel em como a compreensão, ou uma visão de mundo, é adquirida 
ou alterada e o conhecimento e as habilidades são retidos. 
A aprendizagem é definida como um processo que reúne experiências e influências pessoais e ambientais 
para adquirir, enriquecer ou modificar os próprios conhecimentos, habilidades, valores, atitudes, 
comportamento e visões de mundo. As teorias de aprendizagem desenvolvem hipóteses que descrevem 
como esse processo ocorre. 
Existem muitas teorias de aprendizagem consolidadas com as quais os professores podem aprender 
enquanto se preparam para ajudar os alunos em sala de aula. Os professores que entendem as teorias de 
aprendizagem podem usar diferentes técnicas em suas salas de aula para atender a diferentes tipos de 
aprendizagem. Isso pode ajudar todos os alunos a ter sucesso no aprendizado. 
Enxergar o ensino como um processo imparcial é inocência, pois tal concepção apenas nos afasta de 
problematizar nossa parcialidade como professores perante os processos educadores. Tendo consciência 
disso, é imprescindível que o docente, consciente de sua parcialidade inevitável, se esforce ao máximo para 
incentivar a autonomia e o senso de pertencimento do aluno à sua comunidade cultural, evitando impingir 
a estes seus próprios conceitos de ordem filosófica ou política, mas apresentando as posições diversas sem 
prejuízo da explicitação de sua ´posição pessoal, a qual obviamente deve ser relativizada como tal. 
Diante essa posição de sujeito ativo na vida dos alunos, devemos nos perguntar como escolheremos os 
melhores caminhos e técnicas didáticas para estimularmos a autonomia e capacidade de reflexão, que 
 
pode fornecer ferramentas conceituais operacionais adequadas para a implementação das escolhas de 
cada sujeito. Ou seja: é necessário ao pedagogo uma continua reavaliação sobre seus métodos, procurando 
fomentar no aluno a autonomia e a capacidade crítica pelo exemplo de vida e coerência de pensamento, e 
não pela imposição de ideologias próprias. 
Para isso, é necessário se obter o domínio das ferramentas metodológicas, pois a problematização filosófica 
nos fornece uma base para observarmos o que realmente pode funcionar para elaborarmos as decisões 
sobre como interagir com nossa metodologia Educacional no sentido de aumentar a vitalidade e riqueza do 
sistema humano com o qual interagimos. 
De uma certa maneira, a concepção filosófica que aqui apresentamos, não reforça a posição do professor 
como moldador da mente do estudante, procurando fornecer as ferramentas metodológicas necessárias 
para a elaboração de metodologias próprias, adequadas a campos de estudo do interesse do aluno, visando 
a construção de um indivíduo consciente, que procure entender as falácias das engrenagens que 
movimentam os conflitos dos seres humanos, inclusive os próprios. 
 
 
1. Henri Bergson e sua Relevância para a Educação 
Apresentamos aqui uma abordagem da filosofia da educação que busca amplitude de análise e criatividade 
na elaboração de metodologias educacionais. Para isso, avaliamos que o resgate e a explicitação de um 
filósofo que foi praticamente esquecido pelas correntes filosóficas atuais, pode ser de grande valia para a 
 
ampliação dos horizontes e a capacidade de autonomia dos estudantes. Trata-se de Henri Bergson, nascido 
em paris em 1859, tendo ganhado o Prêmio Nobel de Literatura de 1927 por sua obra filosófica escrita. 
Atualmente, quando Bergson não é virtualmente excluído do debate filosófico, ele é totalmente 
deformado, a ponto de sua filosofia se tornar irreconhecível e caricata, como na obra de Gilles Deleuze. Em 
função disso, procuramos trazer aqui uma discussão filosófica baseada na obra de Bergson, que tem por 
intuito situar o aluno quanto ao que se está querendo dizer com as nomenclaturas utilizadas para 
denominar as principais correntes filosóficas, demonstrando como o intuicionismo bergsoniano pode 
conceder amplitude e precisão de análise no que concerne os conhecimentos úteis e aplicáveis na prática. 
Também é importante salientar aqui que as posições de Bergson derivam basicamente da constatação de 
que nossa memória cronológica de imagens, a qual constitui nossa própria identidade, não pode estar 
armazenada no cérebro, visto ser este formado pelo entrelaçamento de neurônios e células da bainha de 
mielina e da glia, os quais tem por ÚNICA função a transmissão de potenciais elétricos utilizados na 
movimentação do sistema sensório-motor. Não existem estruturas de armazenamento de imagens no 
cérebro. Este é um fato corroborado por todo o aparato de imageamento e análise molecular das 
estruturas e componentes moleculares do sistema nervoso central e periférico e, no entanto, simplesmente 
não é assimilado pela ciência dominante, de forte influência materialista, a qual acredita, sem o menor 
embasamento científico, em um armazenamento cerebral da memória de imagens. 
Esta constatação de Bergson foi desenvolvida por ele em argumentação baseada na fisiologia cerebral e na 
análise de casos patológicos de perda de memória, e pode ser encontrada em seu livro Matéria e Memória, 
o qual desenvolve extensamente esse tema. 
Em função desse rompimento de Bergson com o materialismo que se arroga como fundamento da ciência, 
sua abordagem foi assimilada ao espiritualismo, o que também não é verdade, como o leitor poderá 
constatar nos textos a seguir sobre as diversas escolas filosóficas. 
Estamos cientes de que não é fácil assimilar os conceitos de Bergson, mas esperamos desenvolver suas 
ideias de forma resumida e prática, para que o aluno tenha um primeiro contato com um saber filosófico 
profundo e estimulador da autonomia de pensamento, podendo avaliar por si mesmo quais as posições 
filosóficas mais válidas para o seu próprio trabalho. 
 
 
Henri Bergson 
 
 
2. Bergson e a Superação das Vertentes Filosóficas Dicotômicas 
O filósofo francês Henri Bergson (1859-1941) em seu trabalho “Matéria e Memória”, chama a atenção para 
um debate antigo entre as duas principais correntes filosóficas: Idealismo e Realismo. Enquanto os 
idealistas tomam a perspectiva da percepção individual, a qual determina a mudança da realidade ao nosso 
redor conforme nos movemos e sentimos, os realistas partem do mundo externo à mente; aquele que 
permanece constante apesar de nossas percepções subjetivas. Uns tomam a ciência como uma expressão 
provisória da percepção e da representação mental, enquanto os outros tomam a percepção e a 
representação como uma ciência difusa e temporária, enquanto a própria ciência é somente uma 
expressão simbólica da realidade. 
Esta dicotomia deveria ser natural e integrada em nós, seres humanos, visto que esses são os dois sistemas 
de imagens nos quais vivemos como seres conscientes individualizados: um que muda com cada uma de 
nossas ações e afetos e outro que nós percebemos como constante e referencial, permitindo ações 
planejadas e previsíveis no espaço e no tempo. Entretanto, a filosofia geralmente tem tomado um partido 
ou outro, deixando muito que não é visto e não é explicado. Visto que consistimos de ambos os sistemas de 
imagens, sempre deverá haver deformaçõese pontos cegos em nossa expressão metafísica da realidade se 
polarizarmos nossa escolha em um deles. Seria nos condenarmos a uma “discussão estéril”. Questão de 
crença. 
Idealismo/construtivismo 
A abordagem idealista psicológica é representada por aqueles pesquisadores que aplicam aos seus estudos 
o conceito de “arquétipo” de Carl Gustav Jung: figuras psicológicas ideais lentamente sedimentadas pela 
experiência coletiva humana e que se tornam símbolos universais, interpretados de maneira diferente por 
diferentes ambientes culturais. Estes símbolos são concebidos como estando armazenados nos processos 
biológicos hereditários de nossa espécie, de maneira mais ou menos obscura, através de nosso inconsciente 
coletivo. São, portanto, determinantes de tudo que concebemos como realidade. 
Os idealistas construtivistas, como Jean Piaget e Noah Chomsky, também postulam a existência de 
“construções” ou esquemas mentais endógenos ao sujeito, os quais determinam seu desenvolvimento 
segundo uma cronologia e sequência detectável, visto serem fruto do desenvolvimento fisiológico 
intrínseco do indivíduo. 
A abordagem idealista psicológica de C.J. Jung tem sido algumas vezes confundida na mente do público com 
a abordagem espiritualista, visto que ambas percebem profundos significados espirituais em símbolos 
arquetípicos e ideais. 
Realismo/espiritualismo 
Os espiritualistas concebem uma “realidade espiritual” independente de nossas mentes individuais e de 
nossa percepção. 
Esta realidade espiritual manifesta-se em nosso mundo material através de mestres iniciados; pessoas que 
foram capazes de sobrepujar a ilusão da matéria para estar em contato direto com o mundo espiritual 
eterno e imutável. Para atingir esta visão espiritual deve-se purificar a percepção da influência da matéria 
através de um caminho definido de iniciação que figure cada passo a ser seguido pela alma que deseja 
 
abandonar a materialidade, comunicado a nós mortais por aqueles mestres iniciados em sua visão 
espiritual. 
Esta abordagem tem relação com o platonismo e seu eterno e imutável mundo de ideias, visto que nossa 
percepção material e imperfeita fornece, para ambas as linhas de pensamento, apenas uma sombra 
indefinida de uma realidade imaterial perfeita. Neste sentido, os espiritualistas preenchem os requisitos de 
uma abordagem realista. Esta realidade determinada obviamente pressupõe um futuro determinado, o 
qual poderia ser predito pela adequada análise dos fatores que compõem a realidade. 
Realismo/materialismo 
 Pode surpreender o leitor que o materialismo esteja na mesma categoria de filosofia realista que o 
espiritualismo. No entanto, ambas as linhas de pensamento partem do pressuposto de que é uma realidade 
externa que determina o sujeito. A realidade espiritual, no caso do espiritualismo. A realidade material, no 
caso do materialismo. 
 O realismo materialista considera que o sujeito nada mais é que a resultante casual do conjunto de 
variáveis do mundo físico e social no qual está incluído, sendo que sua psique será totalmente formada por 
conteúdos sociais aprendidos, dissolvendo-se assim a noção de “indivíduo” e mesmo a de “sujeito”. 
 Intuicionismo 
O intuicionismo, como abordagem filosófica, escapa da definição de filosofia parcial, por assumir os dois 
sistemas de imagens, objetivo e subjetivo, como componentes da experiência de percepção e reflexão 
humana. 
Uma escola intuicionista bastante influente no meio acadêmico, tem como seu principal defensor o filósofo 
britânico Sir Michael Anthony Eardley Dummett, que propõe um tipo de intuicionismo filosófico pode ser 
facilmente inserido em uma abordagem materialista/realista, verdadeiramente oposta à visão espiritualista 
e idealista: a realidade material e social é determinante de nossa visão de mundo. Esta abordagem é 
coerente com a visão intuicionista específica de Dummet, fortemente influenciada pelo realismo de Frege e 
baseada nas noções de “prova” e condições concretas para realizarem-se afirmações verificáveis possíveis 
de serem comunicadas: 
Henri Bergson é considerado um intuicionista e compartilha a rejeição dos intuicionistas ao “princípio de 
ambivalência”, ainda assim seu entendimento do intuicionismo tem consequências metodológicas muito 
diferentes das de Dummet, visto que o “Método da Multiplicidade” de Bergson, não parte da comunicação 
e da “prova” como referenciais mas antes toma o objeto em si mesmo como o foco principal da atenção 
consciente, gerando um circuito entre objeto e percepção, o qual desvela camadas virtuais da realidade do 
objeto em conexão com camadas cada vez mais profundas da memória do observador. 
Mais que uma tentativa de subir acima da percepção, como os filósofos desde Platão sempre desejaram, a 
intuição sensorial deve ser promovida. Ele nos encoraja a mergulhar e inserir nossa vontade na percepção, 
aprofundandoa, alargando-a e expandindo-a enquanto o fazemos. Por estes meios totalmente naturais 
deveremos ser capazes de distinguir os graus de espacialidade necessários para nos livrar de qualquer 
necessidade de entidades de outro mundo de quaisquer tipos. 
 
Poderíamos dizer que, enquanto a metodologia de Dummet parte de um ponto de vista intersubjetivo, o 
“Método da Multiplicidade” de Bergson adota uma perspectiva intrassubjetiva, e as duas abordagens 
podem ser complementares. 
A efetividade da ferramenta metodológica proposta por Bergson pode ser avaliada em seu esquema sobre 
a percepção atenta e consciente, que delineamos abaixo. 
O Acordeom de Bergson 
 Em seu livro “Matéria e Memória” Bergson propõe um diagrama como uma analogia para o que ele chama 
“percepção reflexiva”: 
 
 
Fig.1 (BERGSON, 1991, p.104) 
 
Nós apelidamos esta figura como “Acordeom de Bergson” porque um acordeom (o instrumento musical) 
descreve remotamente o formato da figura e suas qualidades de contração e expansão ressonantes da 
memória e das camadas virtuais da realidade no objeto, além de nos fornecer um nome sintético para 
mencioná-la. Este é o tipo de percepção que temos quando estamos atentos a um objeto, desejando 
revelar nele, através de um circuito expansivo com nossa memória (A,B,C,D), as camadas virtuais de 
realidade já presentes, as quais nos permitirão uma crescente percepção dos detalhes, direcionada para 
nossas ações sobre o próprio objeto (O, B’,C’,D’). A profundidade de visão assim atingida nos permitirá, a 
cada camada expansiva, uma maior versatilidade em nossas ações, ou esboços de ações, que poderiam ser 
efetuadas com o objeto percebido. 
 Começamos com a memória mais contraída e próxima à percepção; aquela que reconhece um 
objeto como constante no tempo; para gradualmente expandir os níveis de memória no “Acordeom de 
Bergson” para diferenciações e correlações mais complexas. Na medida em que os níveis de memória se 
expandem, através de ações ressonantes convenientes nós atualizamos todas as camadas visíveis de 
realidade dadas virtualmente, no objeto, de tal maneira que possamos analisá-las e discuti-las. 
 
 
 
3. O Desenvolvimento Cognitivo Segundo Jean Piaget 
Compreender a evolução das habilidades mentais é um complemento fundamental ao estudo da 
organização e do funcionamento da mente humana. Pode-se correlacionar a maturação de funções 
cognitivas específicas com estágios característicos do desenvolvimento neural. 
A diferença entre as capacidades dos recém-nascidos e a dos adultos são evidentes. Recém-nascidos não 
podem caminhar, não sabem segurar objetos, não articulam a fala. Poderíamos abordar essas diferenças 
de dois modos: os recém-nascidos teriam todo o potencial dos adultos, mas ainda não assimilaram suas 
habilidades pela experiência, ou recém-nascidos podem ser diferentes dos adultos em capacidades de 
processamento neural e/ou cognitivas. 
A primeira afirmação postula que os recém-nascidos possuem um circuito neural completamenteformado, 
aguardando os estímulos do ambiente para que o desenvolvimento aconteça. A segunda proposição 
postula que recémnascidos ainda não possuem estruturas neurais e cognitivas para atuar como adulto e 
que esse desenvolvimento abarca mudanças fisiológicas e cognitivas qualitativas. Esta abordagem tem sido 
a mais aceita pelas teorias do desenvolvimento com base em evidências neurológicas e psicológicas. 
Uma abordagem clássica que postula que recém-nascidos são significativamente diferentes dos adultos, é 
aquela desenvolvida pelo cientista suíço Jean Piaget. Piaget postula que a cognição é um processo e, como 
tal, deveria ser estudada segundo o modo como o conhecimento muda e evolui. Assim, define sua 
 
epistemologia genética como a disciplina que investiga os mecanismos e processos através dos quais se 
passa de estados de conhecimento mais simples aos estados de conhecimento mais complexos. 
Segundo a abordagem piagetiana, o sujeito é um organismo ativo que seleciona as informações que lhe 
chegam do mundo exterior no processo de aquisição de novos conhecimentos, filtrando-as e conferindo-
lhes sentido. Conhecer, é atuar na realidade transformando-a através de ações. Assim, atuar não é 
simplesmente realizar movimentos e ações externas. Essa atividade é também interna, mental, ainda que 
possa estar baseada na manipulação de objetos físicos. 
Segundo Piaget, todas as crianças atravessam quatro estágios cognitivos aproximadamente nas mesmas 
idades, independentemente do ambiente cultural em que vivem. Nenhum dos estágios pode ser anulado, 
visto que as habilidades adquiridas em estágios anteriores são estruturais para o desenvolvimento dos 
estágios posteriores. 
Alguns estudos relativizam as proposições de Piaget, argumentando que recém-nascidos possuem alguma 
medida de integração de experiências sensoriais através da visão, da audição e do tato. Demonstrou-se 
que crianças recém-nascidas, ao serem apoiadas em um suporte de cabeça adequado, buscam localizar 
visualmente a origem de sons produzidos experimentalmente. Este fato sugere uma habilidade precoce 
bastante desenvolvida de integração visual e auditiva. 
Existem diversos exemplos de competência cognitiva em crianças mais precoce do que a esperada. Existem 
também diversas discrepâncias no nível do desempenho que não parecem ser dependentes dos processos 
construtivos de ação sobre a realidade com os quais Piaget definiu seus estágios. Entretanto, Piaget 
contribui muito para a ciência da cognição, esboçando a cronologia do desenvolvimento cognitivo e 
investigando as fases em que as crianças são capazes de realizar tarefas perceptivas, motoras e cognitivas 
complexas. 
A demonstração da variação da idade exata em que um processo específico ocorre, ou de que os estágios 
descritos por Piaget sejam mais graduais do que os que foram propostos, não diminui em nada o valor de 
seu conceito de desenvolvimento cognitivo. A descrição de uma linha do tempo de maturação cognitiva é 
extremamente útil, se levarmos em conta as mudanças adequadas, visto que um dos objetivos da 
neurociência cognitiva é relacionar a cronologia do desenvolvimento cognitivo com o desenvolvimento 
fisiológico neuronal, visando esclarecer as bases biológicas da cognição. Neste sentido, Jean Piaget postula 
seus quatro estágios de desenvolvimento: 
 
Estágio sensório-motor: a criança investiga o ambiente desenvolvendo seus esquemas cognitivos 
principalmente através de seus sentidos e atividades motoras. Este estágio vai do nascimento até o 
período de linguagem significativa, ao redor de 2 anos. As crianças possuem ainda conceitos rudimentares 
sobre os objetos de seu mundo. 
Um conceito fundamental desse estágio é o de permanência do objeto, que consiste na habilidade de 
saber que um objeto não passa a ser inexistente simplesmente porque não está no campo de visão da 
criança. 
Com aproximadamente quatro meses, crianças que manipulam um objeto que será depois ocultado, agem 
como se o objeto nunca tivesse existido. Já um bebê ao redor de 10 meses de idade, busca de forma ativa 
um objeto que foi retirado de seu campo visual, demonstrando consciência de que o objeto continua 
existindo, ainda quando não está visível. 
O estabelecimento dessa estrutura cognitiva delineia o final do estágio de inteligência sensório-motora, 
visto ser resultante de uma habilidade recém adquirida de representação de objetos e atos que não 
ocorrem em seu campo visual. 
Estágio pré-operacional: este estágio ocorre aproximadamente dos 2 aos 7 anos, sendo que a linguagem 
progride substancialmente na medida em que a criança começa a pensar de forma simbólica, utilizando 
símbolos, assim como palavras, para representar conceitos. A criança, entretanto, ainda não é capaz de 
realizar operações ou processos mentais reversíveis, adotando ainda a perspectiva egocêntrica, em que é 
incapaz de distinguir suas próprias percepções das de outras pessoas, sendo incapaz de compreender que 
há pontos de vista diversos dos seus. 
Estágio de operações concretas: ocorre dos 7 aos 11 anos, quando emergem muitas habilidades 
importantes de raciocínio. O pensamento da criança se encontra mais organizado, caracterizando-se por 
uma lógica de operações reversíveis. Inicialmente, as crianças são capazes de realizar operações 
quantitativas apenas com eventos concretos. Ainda é incapaz de operar com hipóteses. 
Estágio de operações formais: acontece dos 11 anos em diante, quando as crianças são capazes de fazer 
representações abstratas de relações. Crianças dessa faixa etária são capazes de generalizar relações 
matemáticas e manifestar pensamento hipotético-dedutivo, gerando e testando hipóteses sobre a 
realidade. 
 
 
 
4. Célestin Freinet e a Pedagogia do Brincar 
Célestin Freinet foi um pedagogo que se debruçou sobre o estudo da formação do ser cultural, 
apropriando-se da contribuição das artes e de suas linguagens para elaborar práticas pedagógicas que se 
adequassem à sua proposta, a qual procura promover uma situação educacional onde não ocorram 
relações autoritárias entre adultos e crianças, e onde o sujeito possa expressar o seu ser, realizando seu 
papel individual, social e político. 
Para Freinet, era preciso dar à criança o direito de viver plenamente como criança, sob todos os aspectos. 
Era fundamental o respeito à sua pessoa, para que pudesse desenvolver suas capacidades e sua 
personalidade, sem perder de vista uma finalidade social mais ampla. Freinet era, em primeiro lugar, um 
humanista. O respeito ao ente humano, implícito no respeito à criança, era a certeza de realizações futuras, 
possibilitando à criança, quando adulta, estar capacitada para defender seus direitos e o de todos, 
aprendendo a trabalhar com senso coletivo. 
Enquanto era vivo, Freinet elaborou uma concepção voltada para a formação integral da criança e, de 
modo indissociável, centrada nas atividades nela, articulando o saber de todas as áreas de conhecimento e 
considerando seu lugar de pertencimento no mundo, com características específicas de desenvolvimento. 
Na metodologia pedagógica que propôs, a arte teve lugar de primazia para o desenvolvimento infantil, em 
que atividades, como o desenho, eram valorizadas, empregando-se todo o corpo para executá-lo, assim 
como a dramatização, a música e a escultura/modelagem. 
No conceito de Freinet, com a valorização da livre expressão da criança, diversas atividades eram 
propostas, estimulando e favorecendo o desenvolvimento integral infantil. As atividades artísticas no 
trabalho pedagógico eram desenvolvidas em ateliês, com técnicas de expressão próprias e com a utilização 
 
de diversas modalidades: desenho, música, poesia, canto, dramatização, pintura e outros, sempre 
estimulando a expressão da criança. 
Assim, Freinet contribuiu com sua metodologia voltada para a infância, propondo um trabalho pedagógico 
específico e diferente,fundamentado em um conceito de atividade sustentado por Adolphe Ferrière, que 
propunha, como ponto inicial da educação, partir da atividade espontânea da criança, de suas atividades 
manuais e construtivas, de suas atividades mentais, de suas afeições, de seus interesses, de seus gostos 
predominantes, de suas manifestações morais e sociais tais como se apresentam na vida livre e natural de 
todos os dias, segundo as circunstâncias e os acontecimentos previstos ou imprevistos. 
 
 
 
5. A Filosofia da Educação de Maria Montessori 
Maria Montessori trabalhou durante grande parte de sua vida para desenvolver uma filosofia orientadora 
destinada a ensinar melhor as crianças. É uma abordagem fascinante da educação e suas implicações na 
sala de aula são de longo alcance. 
A Filosofia da Educação Maria Montessori é um desafio à tradicional dinâmica professor-aluno. Em vez do 
professor como o detentor do conhecimento e a criança como nada mais do que um recipiente a ser 
preenchido com conhecimento, o objetivo é tratar as crianças como indivíduos naturalmente inquisitivos 
 em vez de prescrever uma abordagem homogeneizante. 
Existem duas ideias principais que podem ser ressaltadas: 
1. As crianças criam seu próprio senso de “eu” por meio da interação com seu ambiente. Em vez de 
sentar em uma mesa e receber lições, as crianças são incentivadas a fazer coisas. Brincar com uma seleção 
 
de brinquedos, explorar uma seleção de áreas; experimentar coisas novas e ver o que funciona para eles em 
um nível individual. 
2. As crianças têm seu próprio caminho inato para um desenvolvimento psicológico saudável. É apenas 
seguindo esse caminho altamente pessoal para o desenvolvimento psicológico que elas podem alcançar um 
equilíbrio saudável. 
Maria Montessori e seu filho, Mario, identificaram uma série de características universais que 
chamaram de "tendências humanas". Elas são as seguintes: 
a) Abstração; 
b) Atividade; 
c) Comunicação; 
d) Exatidão; 
e) Exploração; 
f) Manipulação do Meio Ambiente; 
g) Ordem; 
h) Orientação; 
i) Repetição; 
j) Auto perfeição; 
k) Trabalho ou “atividade proposital”. 
A filosofia de Montessori instrui que a educação deve ser construída em torno desses princípios para 
melhor facilitar um desenvolvimento psicológico saudável - de preferência com a intenção de desenvolver 
independência em todas as áreas listadas. 
Por serem tendências “universais”, pode-se razoavelmente supor que os sistemas educacionais 
estabelecidos com um respeito saudável por essas características terão mais facilidade para estabelecer 
uma base ou alicerce, a partir da qual podem construir suas instruções mais individualizantes, visto que há 
uma ênfase estrita na aprendizagem por meio da interação com o ambiente, nesta filosofia. 
Montessori encoraja o que chama de “atividade livre” dentro de um “ambiente preparado” pré-
estabelecido. O que essa atividade pode ser, e até mesmo que tipo de ambiente é necessário, depende do 
professor individual - e em parte, deve ser inspirado pelas necessidades individuais do aluno. A filosofia 
 
fornece algumas orientações sobre como esses ambientes devem ser e recomenda que os professores 
levem em conta alguns fatores importantes: 
- Um arranjo que facilita o movimento e a atividade; 
- Beleza, harmonia e limpeza do meio ambiente; 
- Construção arquitetônica em proporção à criança e suas necessidades; 
- Limitação de materiais, de modo que somente o material que apoie o desenvolvimento da criança 
seja incluído; 
- Ordem; 
- Contato com a Natureza na sala de aula e fora da sala de aula. 
 
 
 
6. O Currículo Pré-Escolar do Método Montessori 
Existem várias possibilidades para uma estrutura pré-escolar Montessori, mas a maioria enfatiza a 
importância de um “ninho”. Este ninho é ideal para crianças que são capazes de andar sem ajuda – as 
crianças menores geralmente caem, entre as idades de dois e quatorze meses. Destinam-se a atender 
crianças até os três anos de idade, com alguma margem de manobra dependendo das políticas da escola. 
 
Eles priorizam o uso de materiais, brinquedos, ambientes e atividades adequadas ao tamanho e ao 
desenvolvimento psicológico da criança. 
Nesse estágio, é dada ênfase especial ao desenvolvimento da confiança no uso do banheiro. Quando a 
criança fica um pouco mais velha, entre três e seis anos, ela é transferida para o que se chama de “Casa das 
Crianças”. Esta “Casa das Crianças” serve como uma configuração de sala de aula mais tradicional. Tem 
capacidade para vinte a trinta crianças em grupos de várias idades e conta com professores e assistentes 
devidamente formados. A sala está cheia de móveis adequados para crianças. Tudo está ao seu alcance - 
todas as mesas são pequenas, todas as prateleiras e estantes são pequenas; em relação a um adulto, todos 
os móveis serão menores que a altura da cintura. 
O professor irá fornecer uma série de atividades, e cada criança vai ser incentivada a desenvolver 
habilidades dentro da atividade que elas escolheram. O professor não os empurra para uma atividade 
específica. Em uma sala de aula Montessori, o papel do professor é guiar. Nada mais. 
As atividades têm como foco o desenvolvimento da capacidade física, como esfregar ou varrer; mas 
também oferecem mais atividades baseadas na ciência, além de desenvolver a compreensão matemática e 
as habilidades da linguagem. Por exemplo, as crianças são incentivadas a usar letras de lixa em vez de 
caneta e papel ao aprender a escrever. As crianças traçam ao redor dessas letras de lixa, dizendo o nome da 
letra ao fazê-lo. A filosofia argumenta que este sistema estabelece as bases do entendimento, sobre as 
quais as lições futuras serão construídas. 
A filosofia Montessori é facilmente transferida para o lar. Como consequência da liberdade preconizada em 
relação às aulas e atividades, uma sala de aula não é necessária. Cada uma das lições prescritas por uma 
abordagem Montessori pode ser replicada dentro de casa, mas a criança lutará para se desenvolver nos 
aspectos sociais da filosofia enquanto não tiver contemporâneos para se relacionar. Isso pode ser um 
problema, uma vez que o aluno se desenvolve para os estágios elementares de escolaridade. 
 
 
 
7. A Atuação Docente no Método Montessori 
O Método Montessori, quando aplicado à crianças do Ensino Fundamental, preconiza uma forte ênfase na 
escolha independente e no seguimento dos próprios interesses dos alunos dentro da classe. Neste estágio 
de desenvolvimento, o aluno pode esperar ser apresentado a tópicos como história e biologia - e ser 
encorajado a explorar ainda mais aquele que for mais atraente para ele. Eles serão introduzidos no início do 
período escolar, e o aluno se aprofundará no assunto à medida que o período escolar avança. 
Com mais ênfase no cuidado infantil, o Método de Montessori é um tanto vaga quando estendido a alunos 
mais velhos. Maria Montessori não desenvolveu um programa para adolescentes em sua vida, mas várias 
escolas tentaram estender os ensinamentos aos adolescentes. O consenso comum entre essas escolas é 
que a filosofia funciona melhor quando aplicada em áreas rurais, sugerindo que pode ser melhor para os 
alunos deixarem cidades mais movimentadas para estudar no campo. 
Algumas recomendações genéricas para os docentes montessorianos são: 
- Diversifique suas aulas, introduzindo adereços e elementos. 
- Faça os alunos mexerem em objetos tangíveis e incentive-os a desenvolver as habilidades pelas quais 
demonstram uma paixão genuína. 
- Considere as ramificações de se afastar da tradicional dinâmica aluno professor. 
- Em vez de ser um instrutor para transmitir conhecimento a um recipiente vazio, na esperança de 
enchê-lo, trate os alunos como seres naturalmente curiosos. 
Os métodos, conceitos e princípios básicos da Teoria Montessori podem ser aplicados em todas as idades. Édentro desses conceitos que encontramos o raciocínio por trás do porquê as coisas são assim em um 
ambiente Montessori. A seguir estão os objetivos e crenças de Maria Montessori em relação à sua 
abordagem para educar as crianças. 
Princípios do Método Montessori 
1. Independência 
“Nunca ajude uma criança com uma tarefa na qual ela sente que pode ter sucesso.” (Maria Montessori). 
É sempre um objetivo da educação Montessori nas salas de aula tornar a criança independente e ser capaz 
de fazer as coisas por si mesma. Isso é conseguido dando oportunidades às crianças. Oportunidades de se 
locomover, de se vestir, de escolher o que querem fazer e de ajudar os adultos nas tarefas. Quando as 
crianças são capazes de fazer coisas por si próprios, aumenta a sua autoconfiança, autoconfiança e estima 
que podem continuar ao longo da vida. 
2. Observação 
Observação, ou observar a criança, é fácil para os pais. Podemos passar inúmeras horas apenas observando 
as crianças e ver como elas estão se divertindo, explorando seu ambiente. Este foi o método simples com 
 
que Maria Montessori aprendeu sobre crianças e desenvolveu suas teorias sobre o desenvolvimento 
infantil. Ela observou sem ideias pré-concebidas que a ajudaram a desenvolver materiais de que as crianças 
precisavam e estavam interessadas. A observação também é a maneira como os adultos podem aprender 
sobre as necessidades da criança. Por exemplo, se uma criança pequena começa a bater em objetos, isso 
significa que ela precisa daquela atividade motora grosseira, então dê a ela um tambor. Se as crianças 
estiverem empurrando coisas pela sala e precisarem andar, mas ainda não conseguirem fazer isso sozinhas, 
ajude-as ou dê-lhes um carrinho para empurrar. É assim que a observação pode ajudar a criar harmonia, 
atendendo às necessidades atuais da criança. 
3. Seguir a criança 
Siga a criança, pois elas vão mostrar o que precisam fazer, o que precisam desenvolver em si mesmas e em 
que área precisam ser desafiadas. O objetivo das crianças que perseveram no trabalho com um objeto 
certamente não é “aprender”; elas são atraídas para o objeto pelas necessidades de sua vida interior, que 
deve ser reconhecida e desenvolvida por seus meios. 
Através do que foi observado nas ações das crianças, siga-as no que elas precisam fazer. Se elas querem 
escalar, dê-lhes a oportunidade de escalar de uma maneira segura, não seja superprotetor. Seguir a criança 
também significa não ser diretivo, não diga a ela o que fazer o tempo todo. Dê ao aluno a liberdade de 
escolher o que ele quer ou precisa fazer e de agir por conta própria. 
Não diga a eles o que eles têm que fazer, mas sim apresente-lhes opções de diferentes 
materiais/brinquedos. Além disso, fique para trás e observe a criança e o que ela faz; não há necessidade 
de intervir o tempo todo, a menos que ela se torne realmente destrutiva e esteja prestes a machucar a si 
mesma ou aos outros. Saber quando intervir é uma habilidade que os docentes aprenderão à medida que 
conhecerem seus alunos. 
4. Corrigir a criança 
As crianças cometem erros. Elas podem derramar algo ou derrubar comida sem intenção. Não há 
necessidade de erguer a voz em situações como essas. Em vez disso, reconheça calmamente o erro. Esta é 
uma oportunidade para propor à criança que ela faça um trabalho prático para corrigir seu erro. Você vai 
descobrir que as crianças gostam de limpar as coisas, pois enxergam isso como algo que os adultos fazem. 
As crianças cometerão erros e precisamos ensiná-las de maneira gentil. Dar liberdade e escolha às crianças, 
apoiá-las em suas escolhas, certificandose de que estão seguras, alimentando suas mentes questionadoras 
de uma forma que possam compreender e observar suas necessidades e atendê-las, pode ser a chave para 
ajudar seus alunos a desenvolver todo o seu potencial. 
5. Ambiente preparado 
“O primeiro dever do professor é zelar pelo meio ambiente, e isso tem precedência sobre todo o resto. Sua 
influência é indireta, mas a menos que seja bem feita, não haverá resultados efetivos e permanentes de 
qualquer tipo, físico, intelectual ou espiritual.” (Maria Montessori). 
O ambiente preparado é parte importante do Método Montessori. É o ponto de ligação para uma criança 
aprender com os adultos. Os aposentos são do tamanho de uma criança, com atividades planejadas para o 
sucesso e permitem a liberdade de movimento e escolha. O ambiente deve ser seguro para a criança 
 
explorar livremente. O ambiente tem que estar pronto e bonito para as crianças para que as convide ao 
trabalho. 
As salas de aula e áreas externas montessorianas são configuradas para atender às necessidades de uma 
faixa etária específica, bem como às personalidades individuais de cada criança para estimular a 
autoaprendizagem e o jogo colaborativo. Os ambientes preparados facilitam o movimento e a atividade e 
incluem apenas materiais de aprendizagem facilmente acessíveis que apoiam o desenvolvimento da 
criança. 
Com uma variedade de atividades e recursos disponíveis para elas, as crianças têm a oportunidade de se 
envolver com a atividade de sua escolha e entre si pelo tempo que quiserem, em vez de ter um cronograma 
definido para o dia. Um ambiente configurado dessa forma proporciona às crianças um nível mais profundo 
de compreensão das diferentes áreas de aprendizagem, como linguagem e matemática, bem como 
interação social e muito mais. 
Os recursos de aprendizagem dentro do ambiente são organizados por área de assunto, como linguagem 
ou matemática, e estão disponíveis livremente para a criança interagir. 
Montessori se refere ao trabalho como uma atividade que a criança faz ou o que muitas pessoas chamam 
de “brincadeira”. Ela chama isso de trabalho, pois é por meio disso que elas se educam e não é apenas uma 
brincadeira. O jogo delas é o seu trabalho prazeroso. O papel do adulto, então, é construir o ambiente no 
qual elas aprenderão. O desenvolvimento da criança depende, portanto, do ambiente em que ela se 
encontra, e esse ambiente também inclui os pais. 
6. Mente absorvente 
Montessori observou como as crianças aprendiam a sua língua nativa sem ninguém as ensinar diretamente. 
Isso despertou sua ideia para a “mente absorvente”. Crianças menores de três anos, não precisam ter aula 
para aprender, simplesmente absorvem tudo do ambiente vivenciando-o, fazendo parte dele. Portanto, é 
importante que o ambiente configurado seja bom, agradável e positivo, pois é isso que a criança vai 
absorver, queira ou não. 
7. Ordem e estrutura 
Mesmo que as crianças tenham liberdade para explorar o ambiente de aprendizagem como desejarem, a 
ordem e a estrutura são reconhecidas como uma parte importante para permitir que as crianças 
prosperem. Quando uma criança termina uma atividade específica, ela é ensinada a assumir a 
responsabilidade e colocá-la de volta no lugar antes de prosseguir. 
Os recursos e atividades em uma sala de aula Montessori apoiam todos os aspectos do desenvolvimento 
infantil. Os exemplos incluem o aprendizado sensorial usando materiais naturais, como madeira em vez de 
plástico, para atividades abertas ao ar livre, como pneus e tábuas de madeira. 
Os docentes montessorianos 
Os docentes montessorianos são altamente treinados e orientam, em vez de instruir, e focam no apoio ao 
desenvolvimento social e emocional das crianças. Eles garantem que os ambientes de aprendizagem sejam 
cuidadosamente preparados para apoiar a escolha espontânea e os interesses pessoais das crianças e, em 
seguida, observam e incentivam a criança a se envolver com as atividades. 
 
Na educação Montessori, a disciplina é vista como algo que deve vir da própria criança e não ser imposta. 
Os professores evitam recompensas e punições e só intervêm se a criança é perturbadora. Em vez de tentar 
fazer uma criança ler ou escrever em uma certa idade, a abordagem Montessori diz que as crianças passam 
por períodossensíveis quando são especialmente receptivas ao aprendizado de novas habilidades. 
Os professores observam as características e tendências de cada criança individualmente e ficam atentos 
quando a criança está particularmente receptiva ao aprendizado de uma nova habilidade, como escrever. 
Então, orientam a criança para essas atividades para despertar seu interesse e ajudá-la durante o processo. 
 
 
 
8. Prós e Contras do Método Montessori 
A principal vantagem do Método Montessori é que ele foi projetado para ajudar as crianças a desenvolver 
um conceito de totalidade. Em vez de trabalhar em um aspecto de sua educação, eles trabalham em seu 
próprio ritmo e aprendem da maneira que melhor lhes convém. Eles podem trabalhar individualmente ou 
com pequenos grupos que estão em seu próprio nível. Isso cria a base da automotivação para muitas 
crianças. 
A principal desvantagem do Método Montessori é que ele realmente é mais do que apenas uma ênfase 
educacional. É uma ênfase no estilo de vida. Adotar esse método, do ponto de vista familiar, significa fazer 
inúmeras mudanças no ambiente doméstico. Pode até significar mudar para uma abordagem diferente dos 
pais, que pode parecer desconfortável ou natural. 
Aqui estão alguns prós e contras adicionais do Método Montessori: 
 
Vantagens 
1. Cada criança é avaliada de forma individualizada. 
O Método Montessori não se preocupa com os testes padronizados ou com o 
desempenho de todo o grupo de alunos. Os professores que usam o Método Montessori avaliarão 
cada criança para determinar quais são suas necessidades individualizadas. Este método trata cada 
criança como um indivíduo - uma "entidade singular". Esse processo torna mais fácil para os 
professores identificarem as habilidades de cada criança para que possam trabalhar em seu próprio 
ritmo. 
2. Existe uma gama mais ampla de disciplinas que são ensinadas. 
O Método Montessori vê o mundo todo como uma oportunidade potencial de 
aprendizado. Eles exploram vários tópicos, incluindo ciência, história e geografia, de um ponto de 
vista holístico. Há mais tempo ao ar livre com o Método Montessori e há mais projetos práticos que 
são concluídos com essa abordagem. Em troca, as crianças ficam ocupadas, têm menos distrações e 
têm a chance de aprender mais sobre o mundo que está ao seu redor. 
3. As crianças aprendem boas maneiras. 
A maneira como as boas maneiras são ensinadas no Método Montessori é muito diferente da abordagem 
tradicional. Em vez de ser direcionado para comportamentos específicos, muitas vezes sem instrução, o 
Método Montessori usa a encenação para ajudar as crianças a aprender como lidar com situações da vida 
real. Isso inclui habilidades que envolvem cortesia e graça pessoais, como recusar um convite sem ferir os 
sentimentos de alguém. 
4. É um ambiente de aprendizagem de várias idades. 
Embora o Método Montessori tenha se tornado popular na pré-escola, é uma abordagem educacional que 
também pode incluir crianças mais velhas. Existem muitas oportunidades nesta abordagem para 
desenvolver habilidades de liderança, habilidades claras de comunicação, habilidades sociais e emocionais e 
até habilidades vocacionais. Quando várias idades são combinadas em ambientes de grupo, as experiências 
das crianças mais velhas muitas vezes podem melhorar os processos de aprendizagem das crianças mais 
novas. 
5. É uma abordagem educacional baseada na comunidade. 
As crianças que aprendem por meio do Método Montessori costumam se envolver com sua comunidade. 
Você os encontrará fazendo pequenas viagens de campo para explorar os negócios locais, tendo aulas em 
um parque ou fazendo uma caminhada para fazer algum exercício. As escolas que usam essa abordagem 
também são altamente ativas em projetos de serviço comunitário, especialmente se houver alunos mais 
velhos matriculados no programa. 
 
6. É um método de aprendizagem baseado na curiosidade. 
Muitas formas de educação moderna ditam aos alunos os conceitos que eles devem aprender. Com o 
advento dos testes padronizados, isso levou à ideia de que os professores devem “ensinar para o teste” 
para garantir que os alunos estejam aprendendo as disciplinas obrigatórias. As crianças ficam entediadas 
neste tipo de ambiente porque sua curiosidade não está envolvida. O Método Montessori concorda que 
existem conceitos necessários para aprender, mas trata a curiosidade de uma criança como um 
componente igualmente importante do aprendizado. 
7. Espere projetos em vez de planilhas. 
O Método Montessori incentiva a memorização, mas do ponto de vista de experiências 
pessoais. A ideia de preencher planilhas nesta abordagem educacional raramente é utilizada. 
Raramente há listas de informações que devem ser memorizadas. Em vez disso, os alunos são 
incentivados a aprender com base em projetos que precisam ser concluídos. Isso permite que os 
alunos identifiquem seu papel natural em ambientes de grupo, trabalhem em seu bemestar social e 
emocional e uma série de benefícios adicionais. 
8. O dever de casa é uma raridade no Método Montessori. 
Embora existam programas que enviam lição de casa para os alunos, essa não é sua tarefa de casa típica. Os 
alunos podem ser solicitados a fazer um diário sobre seus sentimentos, concluir tarefas do projeto ou 
descobrir algo novo sobre seu ambiente. Enviar para casa problemas repetitivos para resolver, como testes 
de ortografia ou planilhas de matemática, nunca faz parte dessa abordagem educacional para alunos de 
qualquer idade. 
Desvantagens 
1. Pode ser difícil aprender matemática usando este método. 
Embora algumas disciplinas sejam naturalmente adequadas ao Método Montessori, a matemática não é 
uma delas. Matemática é uma linguagem baseada em fatos e regras específicas. Se você tiver 1 + 1 como 
problema, então sabe que a resposta deve ser “2”. O desenho do Método Montessori sugeriria que a 
resposta poderia ser qualquer coisa que fosse necessária naquele momento para a criança. Em outras 
palavras, usando um exemplo extremo, 1 + 
1 pode ser igual a “Pizza”. 
2. Pode minimizar a importância das amizades. 
O Método Montessori incentiva pequenos grupos, de forma que os alunos que estão engajados nesta 
abordagem educacional estejam frequentemente com as mesmas crianças, o tempo todo. Embora isso 
possa levar a amizades para a vida toda, também pode minimizar a importância desses relacionamentos. As 
amizades formadas podem ser vistas como parte do processo educacional ao invés de ser um componente 
social da vida. Para alguns alunos, esse processo pode dificultar a formação de relacionamentos no futuro. 
 
3. Pode ser difícil se adaptar a outros tipos de escola. 
Uma vez que o aluno encontra o Método Montessori, pode ser difícil para ele se ajustar às estruturas 
rígidas da escola tradicional. Muitos alunos que passaram mais de 3 anos no Método Montessori 
encontram-se lutando com certas regras e expectativas em escolas tradicionais. Eles estão acostumados a 
explorar o mundo com uma abordagem prática. Sentar em uma sala de aula, explorando o mundo por meio 
de livros e palestras, é um conceito estranho para eles que os deixa desconfortáveis. 
4. Nem todo aluno se adapta ao conceito de “gentileza”. 
Os alunos que vêm de ambientes familiares difíceis tendem a lutar na abordagem Montessori. Seu instinto 
natural ao formar relacionamentos é dominá-los. Como a abordagem exige um método prático de 
desenvolvimento de relacionamento, algumas crianças tendem a levar essa ideia muito a sério. Crianças 
que são agressoras tendem a ter menos barreiras para interromper seu comportamento neste ambiente, 
contando com a criança-alvo para se defenderem. 
5. Exige que o aluno aprenda a automotivação para ter sucesso. 
Os alunos geralmente têm uma curiosidade natural que os leva a certos assuntos do Método Montessori. 
“Normalmente” não é uma garantia. Haverá alunos nesta abordagem educacionalque serão motivados a 
assistir TV o dia todo, jogar videogame ou sair para brincar no parquinho o dia todo. A ideia de aprender 
habilidades linguísticas ou resolver problemas de matemática não os interessa de forma alguma. Sem 
algumas intervenções diretas, alunos como este podem ficar em desvantagem em sua carreira profissional 
à medida que envelhecem. 
6. Nem toda comunidade tem uma escola Montessori. 
Embora a abordagem Montessori seja comum, ela não está disponível em todas as comunidades. Nem todo 
distrito escolar público tem uma opção Montessori. Em algumas comunidades, apenas escolas particulares 
oferecem essa opção e algumas nem mesmo oferecem. De qualquer forma, os pais são solicitados a se 
envolverem mais com o processo educacional, incluindo o transporte do aluno. Dependendo do horário de 
trabalho dos pais, as solicitações do distrito escolar podem não ser algo que os pais possam atender. 
7. Qualquer escola pode afirmar ser uma escola Montessori. 
Não há restrições ao termo “Montessori”. Não há definições ou diretrizes específicas que devam ser 
atendidas para usar este nome. Isso significa que qualquer escola pode se chamar de escola Montessori. 
Isso significa que cabe a cada pai realizar a devida diligência para determinar se a escola pode atender às 
necessidades de seus filhos. Mesmo assim, às vezes pode ser difícil encontrar um professor autêntico. 
Os prós e contras do uso do Método Montessori serão sempre debatidos com veemência. Alguns pais 
confiam nessa abordagem educacional, enquanto outros acham que isso prejudica o processo de 
aprendizagem e coloca seus filhos em desvantagem. Não há uma resposta “certa” ou “errada” aqui. A 
educação deve ser uma abordagem individualizada e os alunos devem estar matriculados em um programa 
que atenda às suas necessidades atuais e futuras com eficácia consistente. 
 
 
 
 
 
Bibliografia – Literatura Complementar 
MONTESSORI, M. Para Educar o Potencial Humano. Papirus, 2014. 
MONTESSORI, M. A Descoberta da Criança: Pedagogia Científica. Kírion, 2017. 
MOREIRA, M. A. Teorias de Aprendizagem. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, LTDA. 1999. 
MULLARKEY, J.C. Bergson’s Method of Multiplicity, Metaphilosophy, vol. 26/3, pp.230-259. 1995. 
POZO, Juan Ignácio. Teorias Cognitivas da aprendizagem. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. 
STENBERG, Robert J. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2000. 
TOVAR, Sônia Maria; ROSA, Marilaine Bauer da Silva Santa.(ORG) Psicologia da aprendizagem. Rio de 
Janeiro: Agua-Forte, 1990.

Outros materiais