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Fluidos extravasculares

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Fluidos extravasculares
Quando se fala em fluidos extravasculares, haja vista o nome autoexplicativo, é um tanto evidente a referência aos líquidos que não correm dentro dos vasos sanguíneos ou linfáticos do corpo humano. Entre os principais fluidos extravasculares, é possível citar o líquor, o suor, o líquido ascítico, o sinovial, o pleural e o amniótico.
Nesse sentido, faz-se de grande valia abordar, de forma separada, as características do líquor, do suor e do líquido ascítico, bem como os exames físicos, os químicos, os citológicos e as provas complementares, a fim de diferenciar seu estado normal do patológico. Compreender a propriedade de cada fluido auxilia não apenas na distinção e identificação entre eles, mas num melhor diagnóstico.
Outro ponto importante a ser destacado diz respeito a um bom exame clínico no paciente, o que é possibilitado por meio de exames mais específicos, de modo a chegar num diagnóstico correto o mais rápido possível, evitando tratamentos induzidos por diagnósticos incorretos e/ou algum efeito colateral previsível no diagnóstico.
LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO 
O líquido cefalorraquidiano, também conhecido como líquor ou pela sigla LCR, é uma substância produzida pelo plexo coroide e está presente tanto no cérebro como na medula vertebral. Suas principais funções envolvem o transporte de nutrientes para o tecido nervoso, bem como a retirada de substâncias consideradas como resíduo, evitando o seu acúmulo. Outro ponto importante é a proteção mecânica que ele produz no cérebro e na medula, que faz com que ocorra uma amortização da energia imposta em situações de grande impacto, como traumatismo craniano, diminuindo o dano da lesão.
Para compreender a localização do LCR, no esquema da Figura 1, o líquido cefalorraquidiano está ilustrado em azul. O cérebro e a medula estão revestidos por camadas chamadas de meninges, divididas em três: a dura-máter (mais externa), a aracnoide (mediana) e a pia-máter (mais interna). O líquido circula pelo espaço subaracnóideo, entre a aracnoide e a pia-máter, mas sua produção ocorre nos plexos coroides dos ventrículos cerebrais,
A quantidade normal de produção do LCR é de 20 ml por horas num adulto saudável, mantendo uma circulação de 90 a 150 ml nos adultos e de 10 a 60 ml em crianças. Entretanto, a produção é contínua e, para que não se ultrapasse essa quantidade máxima no espaço subaracnóideo, existe um mecanismo de reabsorção do líquido pelos capilares sanguíneos presentes nas granulações aracnoides numa proporção igual, isto é, a mesma quantidade produzida é reabsorvida.
Vale salientar que o líquor é fabricado por uma ultrafiltração do plasma sanguíneo feita de maneira muito seletiva, sendo que sua composição química é 99% água e o restante de magnésio, íons clorídricos, ácido úrico, glicose, cálcio, fosfato e proteínas. Essa seletividade está relacionada à presença da barreira hematoencefálica, que evita que substâncias presentes em outros fluidos corporais entrem em contato com o cérebro e prejudiquem seu funcionamento.
Para a análise do líquido cefalorraquidiano, se executa um procedimento conhecido como punção lombar, ilustrado na Figura 2, em que se insere uma agulha em pontos específicos da região lombar da coluna vertebral até chegar na cavidade subaracnóidea onde se encontra o líquor. Não é considerado um procedimento complexo e nem perigoso, mas deve ser feito com cautela e com o profissional específico.
A amostra deve ser retirada de maneira lenta, por gotejamento em 3 frascos estéreis, a fim de evitar que a pressão do espaço subaracnóideo se desregule. O primeiro frasco é destinado a testes químicos e sorológicos, uma vez que o líquido que saiu primeiro tem chances de contaminação menores, por isso, é feito o teste químico. O segundo vai para área de microbiologia, enquanto o terceiro é utilizado para contagem celular, isto é, a área hematológica. Um quarto tubo pode ser solicitado para testes adicionais ou retestagem, caso haja algo muito fora do comum e que necessite de confirmação.
A parte do exame classificada como físico é quando o aspecto do material coletado é observado e, no caso do LCR, ele deve ser cristalino e límpido. Em casos patológicos, é possível que tenham aparência turva, leitosa, xancrômica e sanguinolenta, o que sugere o aumento de proteínas, lipídeos ou glóbulos vermelhos e brancos, além de bactérias. O aspecto xancrômico define quando há um sobrenadante na amostra, que pode ter cor rosada, amarela ou laranja, causada por degradação de hemácias e bilirrubina aumentada.
No exame químico, o mais importante é a análise de dosagem de proteínas presentes como as de proteínas totais que, em situação normal, devem variar de 15 a 45 mg/dl. Como o LCR é um ultrafiltrado do plasma sanguíneo, os tipos de substâncias são semelhantes ao plasma, todavia, em quantidades diferentes. Ou seja, pré-albumina, albumina, ceruloplasmina, transferinas, IGG e IGA encontram-se em menor concentração, além do que o IGM não é visto no líquor em condições fisiológicas.
No terceiro tubo, é a vez da análise citológica, que deve ser preparada da forma correta para a contagem das células. Primeiro, o tubo é levado para a centrífuga em baixa rotação para que, logo em seguida, seja preparada a lâmina com o sedimento formado a ser observado num microscópio óptico. As principais células estudadas nessa parte são os leucócitos (glóbulos brancos) e as hemácias (glóbulos vermelhos) que, em quantidades maiores que valores de referência, são indicativos de patologias importantes. Caso haja divergência nos valores, podem ser necessárias provas complementares para buscar outros tipos de substância e garantir um diagnóstico. Desse modo, na Tabela 1, constam os parâmetros e os respectivos valores de referência numa amostra de líquido cefalorraquidiano.
SUOR E LÍQUIDO ASCÍTICO
Ao se exercitar ou permanecer num ambiente com temperaturas altas, o corpo humano age de maneira fisiológica para manter a temperatura corporal estável, em torno de 36,5 ºC. Para tanto, acontece a liberação de água pelos poros da pele, mais conhecida como o suor, classificado como um fluido extracorpóreo e que, se estudado de maneira mais profunda, pode informar sobre a saúde de um indivíduo.
Em certas pessoas, algumas partes do corpo liberam mais líquido por axilas, planta dos pés e couro cabeludo, por exemplo, pois há maior quantidade de glândulas responsáveis pela fabricação presentes nesses locais, mesmo considerados pontos estratégicos para baixar mais rápido a temperatura em casos patológicos. Tais glândulas são denominadas sudoríparas e estão ilustradas na Figura 4.
A glândula sudorípara é localizada na pele, ou seja, não há esse tipo de glândula na parede do estômago ou do intestino. É constituída por dutos com um canal que se estende até a parte externa no corpo para que o suor seja liberado. O teste do suor é realizado em recém-nascidos a fim de diagnosticar uma patologia conhecida como fibrose cística, além de outras doenças que também podem ser descobertas em crianças ou adultos. O exame físico consiste em observar a quantidade de líquido perdido após um estímulo, bem como o cheiro, uma vez que o suor deve ser inodoro, e a coloração deve ser transparente e límpida.
Muitas pessoas acreditam que o suor tem cheiro ruim, mas isso não é verdade. O suor nada mais é do que a eliminação de água com sais minerais através dos dutos das glândulas exógenas chamadas de sudoríparas. Acontece que há bactérias que se alimentam dos nutrientes desse fluido biológico e liberam seus excrementos, os quais possuem mau cheiro e são eliminados junto com o suor. Alguns indivíduos tendem a ter uma grande quantidade de suor, o que produz maior quantidade de bactérias e cheiro mais evidente, contudo, há tratamento para a hiperidrose e para a multiplicação descontrolada das bactérias.
No exame químico, o mais importante é a quantidade de sais encontrados, em especial de sódio, o qual possui valor de referência de 80 a 146 mEq/L. Assim, quantidades elevadas de sódio do suor, sem falar napele mais salgada que o normal, indicam alguma patologia. 
A ascite é classificada como um líquido peritoneal, marcada pela presença de líquido dentro da cavidade abdominal cujas causas são variadas. Na Figura 4, a ilustração compara a região do abdômen normal (no lado esquerdo) e com ascite (no lado direito) para salientar que os órgãos do trato gastrointestinal ficam submersos no líquido e a circunferência da cintura aumenta, gerando uma pressão interna. 
O acúmulo de mais de 25 ml de líquido na cavidade peritoneal caracteriza ascite, sendo o diagnóstico feito primeiro por exame físico, a partir da presença de 1500 ml, além de aumento de volume do abdômen, falta de ar, dor ao pressionar e desconforto na área afetada. Porém, para diagnosticar qual o tipo de líquido e a causa, são necessários exames mais específicos, além do que são levadas em conta patologias já diagnosticadas, como cirrose hepática, insuficiência cardíaca, câncer, tuberculose, insuficiência renal e doenças pancreáticas, fatores que contribuem para o aparecimento de ascite.
No exame químico, é fundamental retirar o líquido através de um procedimento chamado de paracentese, no qual é introduzida uma agulha na fossa ilíaca esquerda ou na linha média infraumbilical e, através da agulha, é realizada uma punção. A partir da coleta da amostra, se inicia a análise microscópica do líquido, sendo que a cor indica qual órgão pode estar relacionado à causa.
Por exemplo, em casos de cirrose hepática, o líquido é amarelo citrino quando não há infecções e turvo em casos infecciosos. Se a coloração for marrom, o paciente está com icterícia. Em situações pós-cirúrgicas ou traumáticas, a amostra tem aparência de líquido hemorrágico, cujas células são contadas para confirmar a quantidade de hemácias e a presença de neutrófilos, o que indica uma infecção bacteriana em conjunto.
O exame químico do líquido ascítico busca dosar proteínas totais e suas frações, priorizando a contabilização da albumina sérica, e a sigla para esse exame é GSAA. Seus valores de referência variam de acordo com a etiologia da ascite e, quando a GSAA é maior que 1,1 g/dl, há um indício de hipertensão portal. Em valores abaixo desses, a ascite pode ter diferentes origens, por isso, se deve dosar as proteínas totais para complementar.
No exame citológico, a presença de leucócitos, hemácias e bactérias são os mais relevantes para se diagnosticar hemorragias e infecções. Os valores de referência dos leucócitos sugerem infecção com a presença de mais de 500 leucócitos/mm3, de modo que, caso se suspeite da presença de bactérias, é pedida a cultura do material, do qual se espera um crescimento bacteriano em placas específicas, o que ajuda a saber qual tipo de bactéria e o tratamento mais eficaz.
Se for preciso, o médico solicita outros exames complementares para auxiliar no diagnóstico, como no exame chamado de citologia oncótica, solicitado em suspeitas de câncer e no qual é avaliada a hipótese de carcinomatose peritoneal. Outro tipo é a adenosina-deaminase (ADA) que, quando o valor está acima de 40 U/L, pode apontar tuberculose, sem falar em problemas pancreáticos, detectados por alterações de valores de amilase na amostra do fluido peritoneal.
PROVAS IMUNOLÓGICAS
As provas imunológicas são utilizadas para identificar a presença de anticorpos numa amostra por meio de antígenos específicos de uma patologia. Isto é, esse tipo de exame determina se o indivíduo está doente ou se já teve contato com aquele tipo de microrganismo e desenvolveu as células de defesa específicas, os anticorpos. O primeiro teste é conhecido como VDRL, uma sigla em inglês para Veneral Disease Research Latoratory, empregado para detectar pacientes portadores da patologia conhecida como sífilis, uma infecção sexualmente transmissível (IST). O microrganismo responsável por desenvolver essa doença é uma espiroqueta de nome Treponema pallidium, que também pode ser transmitida, além das relações sexuais, por vias transplacentárias e transfusão sanguínea.
O exame consiste em procurar a presença de anticorpos no soro, plasma ou líquido cefalorraquidiano. Para isso, a amostra é colocada numa placa com vários círculos junto com o reagente. Se ocorrer uma floculação, ou seja, a presença de partículas mais escuras, como pequenos cristais observados na Figura 5, a amostra é reagente ou positiva.
Embora de origem desconhecida e causadora de inúmeras mortes ao longo da história, é possível se proteger da sífilis usando camisinha ou optando pela abstinência sexual. O tratamento com antibióticos é executado com a aplicação de penicilina G benzatina. Nas pessoas alérgicas, se aplicam doxiciclina e tetraciclina, enquanto portadores de neurossífilis recebem penicilina G potássica ou ceftriaxona.
Um outro teste, conhecido como Pandy, é usado para detectar infecções crônicas, como a neurossífilis, que é quando o microrganismo que causa a sífilis atinge o tecido cerebral, ou a esclerose múltipla, uma doença autoimune. Nesse exame, uma substância chamada de fenol reage com globulinas, proteínas presentes em fluidos biológicos em quantidades maiores que os de valores de referência em casos de patologias como as já citadas. 
Esse teste é semiquantitativo porque, por vezes, detecta apenas se há ou não presença de globulinas e não a quantidade exata, o que pode gerar um falso positivo, classificando-o como um método de diagnóstico limitado. Nesses casos, outros exames complementares, assim como os exames clínicos, são imprescindíveis para um diagnóstico correto. Um teste mais específico para detectar globulinas no líquido cefalorraquidiano é conhecido como Nonne-alpert, mas só é empregado como complemento caso o teste de Pandy dê positivo.
Por fim, o teste de Takata-ara é aproveitado para detectar a reação de floculação do líquido cefalorraquidiano em pessoas portadoras de sífilis. Nas amostras reagentes, é possível observar que o líquido fica com uma coloração azul. De maneira menos específica, também é possível fazer uma avaliação da função hepática, haja vista a reação do teste à insuficiência hepática.
MÉTODOS DE COLORAÇÃO
A coloração de uma lâmina serve para olhar as partículas, a princípio, transparentes por meio de um microscópio ótico. Cada tipo de substância tem características próprias e afinidade com um tipo de corante, o que permite que se distinga que tipo de material que está sendo observado de acordo com a cor que aparece. Um exemplo clássico é a coloração de Gram, que permite observar bactérias e diferenciar os tipos bacterianos com base na coloração que impregna em cada um.
Desse modo, uma bactéria classificada como Gram negativa é observada com a cor mais rosa/avermelhada, como na ilustração à esquerda na Figura 6. Bactérias Gram positivas têm afinidade basófila, apresentando a cor azulada, vista na imagem à direita. Outro tipo de coloração utilizada é a tinta da China, específica para detectar a presença de um fungo chamado de Cryptococcus neoformans, presente no líquido cefalorraquidiano.
A coloração define, de forma específica, a meningite criptocócica, patologia causada pelo fungo, isto é, uma meningite fúngica. A doença é mais comum em pacientes imunossuprimidos e tem um mal prognóstico, no qual muitos pacientes falecem de maneira rápida, o que se agrava por sintomas inespecíficos e de rápida evolução, que causam insuficiência de órgãos e dificultam o tratamento.
Líquidos cavitários
O corpo humano é formado por vários órgãos. Tanto dentro como fora deles, há cavidades com diferentes funções, seja para passar um fluido, um espaço vazio para movimento ou até mesmo para manter uma pressão interna adequada ao funcionamento.
Nesse sentido, no estudo da biomedicina e dos fluidos corporais em geral, se torna algo de extrema importância conhecer as cavidades mais importantes, bem como compreender quais as consequências que podem acarretar a presença de líquidos extracelulares em tais espaços.
PLEURA
O pulmão é responsável pela troca gasosa, isto é, recebe o oxigênio e libera o gás carbônico residual através dos brônquiose traqueia. Entretanto, o órgão é revestido por uma capa que confere proteção, chamada de pleura e formada por duas camadas como ilustrado na Figura 7. A camada mais externa é denominada pleura parietal e a mais interna conhecida como pleura visceral, de modo que entre elas existe um pequeno espaço chamado de espaço pleural.
O espaço pleural é preenchido por uma pequena quantidade de líquido que auxilia no deslizamento dos pulmões durante a inspiração e expiração dentro da caixa torácica. Contudo, existem algumas patologias que aumentam a quantidade de fluido na área, o que acarreta em graves problemas. Na Figura 8, são ilustradas quatro situações anormais nessa região.
A primeira é o pneumotórax, caracterizado por acúmulo de ar entre as pleuras do pulmão, fazendo com que o órgão não tenha espaço para se inflar e impedindo a entrada de ar. Ao lado, aparece um pulmão com hemotórax, ou seja, há sangue dentro da cavidade pleural, algo comum após traumatismos em acidentes automobilísticos.
Na segunda imagem do lado esquerdo, está o hidrotórax, que é o acúmulo, em especial de água, na cavidade pleural e que pode ser limpa ou infecciosa, dependendo da etiologia. Algumas patologias prévias podem facilitar esse acúmulo de líquido, como a insuficiência cardíaca congestiva (ICC), cujos derrames são bilaterais e acontecem nos dois pulmões. 
Por último, no hemopneumotórax, se acumula tanto sangue como ar no espaço pleural, limitando muito a expansão do pulmão e causando outros problemas, como a atelectasia. Nesse caso, pode haver uma compressão do órgão, fazendo com que ele perca a função até que se realize uma intervenção cirúrgica a fim de eliminar os fluidos, caso contrário, se corre o risco de levar o paciente a óbito.
PERICÁRDIO
Assim como no pulmão, o coração também tem uma camada que o reveste, chamada de pericárdio. Da mesma forma, o tecido é dividido em dois: na parte mais externa do coração, o pericárdio é chamado de fibroso e parietal, enquanto a parte mais interna é denominada pericárdio visceral. Como observado na Figura 9, entre as camadas se forma um espaço chamado de cavidade pericárdica, na qual corre um líquido chamado líquido pericárdico cuja função é diminuir o atrito entre as superfícies cardíacas.
A quantidade normal desse líquido é de 20 a 30 ml com aspecto seroso, produzido pelas células do pericárdio. Porém, há patologias que causam o derrame pericárdico, isto é, o aumento excessivo do fluido na cavidade pleural. Patologias comuns que tendem a aumentar o volume desse líquido são de etiologia viral ou tumores, apesar da tuberculose também causar esse tipo de complicação.
O diagnóstico é feito através do exame clínico, em que o paciente vai ao centro de saúde se queixando de dor, falta de ar, tosse, soluço e rouquidão. Em seguida, é necessária uma radiografia ou ultrassonografia do coração para analisar a quantidade de líquido presente entre as camadas do pericárdio. Vale salientar que muitos pacientes são assintomáticos, ou seja, não apresentam sintomas, algo que pode acarretar na demora do diagnóstico e na complicação do quadro.
Em casos leves, nos quais a função do coração não está comprometida, é possível fazer tratamentos com medicamentos que variam de acordo a causa, como anti-inflamatórios, antibióticos e corticoides. Dessa forma, o paciente é monitorado para observar se há regressão da inflamação e dos sintomas, todavia, a intervenção cirúrgica, muitas vezes de urgência, é necessária em casos mais graves.
SINOVIAL
Outro fluido extracelular importante que compõe o corpo humano é chamado de líquido sinovial, parte do sistema locomotor assim como ossos, músculos e ligamentos, uma vez que, se os ossos ficassem encostando um no outro durante as atividades diárias, com certeza eles se desgastariam em pouco tempo devido ao atrito formado, impedindo os movimentos em pouquíssimo tempo.
Assim, entre alguns dos ossos, como os do joelho e dos ombros, existe a presença de um espaço conhecido como cavidade sinovial, no qual está o líquido sinovial, ilustrado na imagem à esquerda da Figura 10. Sua principal função é a lubrificação das articulações das regiões, facilitando o movimento e evitando o aparecimento de dores durante atividades simples.
Entretanto, uma batida ou uso inadequado de ombros e joelhos podem gerar uma inflamação do líquido sinovial, o que faz com que aumente sua quantidade e limite sua função. Assim, ocorre inchaço, dor e limitação do movimento por conta das dores localizadas, desencadeando uma patologia chamada de sinovites, como na imagem à direita da Figura 10, que devem ser tratadas com medicamento anti-inflamatório e alguns dias de repouso.
LÍQUIDO AMNIÓTICO
 O líquido amniótico possibilita o desenvolvimento fetal. Logo após a fecundação, por volta da segunda semana de gestação, a bolsa amniótica começa a se formar com uma quantidade bem pequena de líquido, aspecto de plasma sanguíneo, cuja função é proteger o feto contra impactos, infecções e manter a temperatura ideal para seu desenvolvimento. Até o quarto mês, quem se responsabiliza pela fabricação desse fluido é a própria placenta, mas com o começo do funcionamento dos rins do feto, ele passa a engolir o líquido amniótico e eliminar pela urina o que gera uma mudança na composição.
Dessa forma, a quantidade de líquido dentro do saco amniótico é um indicativo de como está a saúde do bebê e de quão próxima está a hora do parto. Por volta das 34 semanas, a quantidade de fluido chega na produção máxima, em torno de 1000 ml, e vai baixando até o dia do nascimento. Na Figura 11, é possível ver um esquema de uma gestação no qual se observa a placenta, a bolsa amniótica e o líquido interno envolvendo o feto.
Todavia, o fluido amniótico contém informações muito importante sobre o bebê e, caso necessário, é retirada uma amostra com uma seringa, como ilustra a Figura 11, através de um procedimento chamado de amniocentese. Através de exames específicos, é possível diagnosticar doenças genéticas como síndrome de Down, anencefalia, espinha bífida bem como má formação do tubo neural.
Fisiopatologia dos derrames serosos
Os líquidos corporais extracelulares ficam localizados em partes específicas do corpo, como já explicitado. Porém, quando extravasam e se acumulam em cavidades, tais líquidos causam fisiopatologias classificadas como derrames, cujas origens e locais variam conforme sua natureza.
Nesse sentido, se faz premente descrever três problemas relacionados com os líquidos extracelulares quando há um derrame ou há inflamação dos locais em que ficam os fluidos. Tais informações são fundamentais tanto na análise quanto no diagnóstico e tratamento de um derrame.
EFUSÃO PLEURAL
A efusão pleural é o nome dado à patologia antes chamada de derrame pleural, caracterizada pelo acúmulo de líquido do espaço pleural. Como dito no tópico anterior, a pleura é uma capa com duas camadas que revestem o pulmão e formam um espaço entre elas designado como espaço pleural que, por sua vez, contém uma quantidade pequena de líquido que facilita a inspiração e expiração. Quando a quantidade de fluido aumenta devido a algum trauma ou patologia adjacente, isso passa a ser chamado de derrame pleural. 
Na Figura 12, a ilustração do lado esquerdo mostra uma quantidade de líquido considerável no espaço pleural, que faz com que o pulmão não se estenda e limite a entrada de ar e a troca gasosa. Existem casos em que a quantidade de líquido não causa tantos desequilíbrios e o próprio corpo é capaz de reverter a situação através da reabsorção dos excessos de fluido. Porém, em outros casos, é necessária uma intervenção mais invasiva como a toracocentese, vista na imagem à direita da Figura 12.
A toracocentese é um procedimento no qual se introduz uma agulha nas costas e entre as costelas do paciente até chegar na pleura, aspirando o líquido presente até retirar em torno de 1 a 1,5 l ou até o paciente apresentar tosse. É importante retirar uma quantidade da amostra para análise laboratorial para saber sua origem e se está contaminada com algum tipo debactéria.
DERRAME PERICÁRDICO E PERICARDITE
O derrame pericárdico, como o próprio nome indica, é um acúmulo de fluidos em maior quantidade do que o normal entre as camadas visceral e parietal do pericárdio, o qual reveste o coração. O excesso de líquido pode causar diversos problemas para o coração, uma vez que dificulta a diástole e a sístole, levando a uma insuficiência cardíaca.
Outra patologia grave que acomete o líquido pericárdico se chama pericardite, caracterizada pela inflamação da membrana que recobre o coração e o aumento de líquido de forma secundária, como na Figura 13. Em geral, apenas a inflamação é assintomática, porém, os sintomas passam a se manifestar quando aumenta a quantidade de fluido acumulado nesse espaço ou há formação de fibras endurecidas no pericárdio.
As causas são variáveis e nem sempre se pode garantir a etiologia. O que se sabe é que ele pode ter origem viral, bacteriana ou fúngica, o que afeta a forma de tratamento. Os sintomas são bem parecidos, começando de maneira súbita com uma pontada forte bem no meio do peito, que aumenta quando o indivíduo está deitado e melhora quando se senta. O diagnóstico se dá por meio de exames clínicos e radiográficos e o tratamento pode ser por medicamentos antibióticos, anti-inflamatórios ou antifúngicos.
 BURSITE
As bursas são como bolsas com líquido que lubrificam e amortecem locais que sofrem maior pressão entre tendões, ossos e músculo. Em todo o corpo humano, há mais de 150 bursas, mas as mais significativas estão localizadas no ombro, no quadril e nos joelhos.
Quando ocorre um trauma, um esforço acima do suportado ou um mal uso das articulações, acontece a inflamação da bursa, o que se chama bursite. A fim de evitar que os tendões se lesionem, na Figura 14, a ilustração de uma bursite de ombro mostra como a bolsa se localiza bem no lugar com movimento do ombro quando se levanta, abaixa ou rotaciona. 
A partir do momento que essa região se inflama, o indivíduo sente dores nos movimentos simples do dia a dia, o que passa a limitar seus movimentos. Nesse caso, é necessário um tratamento com medicamentos. Se não solucionar, o médico indica infiltração com anti-inflamatório de forma direta na bursa.
SINTETIZANDO
Nesta unidade, foram abordados conceitos, exames laboratoriais e fisiopatologias relacionadas aos fluidos extracelulares que compõem o corpo humano. De início, foi explanado o Líquido cefalorraquidiano (LCR), também conhecido como líquor, que se localiza no espaço subaracnóideo da região cerebral e da medula espinal. A análise do fluido é feita através da sua retirada pela técnica de punção em locais específicos, cuja análise física, química e citológica ajuda a detectar patologias. A mais comum é a meningite causada por bactéria, vírus ou fungos que se multiplicam no LCR com rápida evolução e grandes chances de deixar sequelas e levar a morte quando não tratada. Saber identificar os valores de referência, bem como conhecer qual o aspecto normal e patológico do líquor é importante para dar um diagnóstico rápido e correto.
Em seguida, foram estudados o suor e o líquido ascético, dois fluidos que apontam patologias distintas. O suor é aproveitado para fazer o teste do suor, que pode indicar uma patologia conhecida como fibrose cística nos recém-nascidos. No caso da ascite, a retirada da amostra e os exames laboratoriais podem demonstrar problemas adjacentes a essa situação, como insuficiência cardíaca ou cirrose hepática. Doenças imunológicas podem ser descobertas através de provas imunológicas que relacionam o antígeno com o anticorpo, o que indica que a pessoa está com a doença ou, em algum momento, entrou em contato com o microrganismo e produziu células de defesa. Além desses testes, foram apresentados o VDRL, o Pandy e o Takaka-ara, que determinam se o indivíduo está ou se já esteve com sífilis. Outro estudo que facilita a busca de alguma anormalidade são as colorações de materiais coletados como a coloração de Gram, que diferenciam tipos de bactérias, ou a tinta da china, que colore de maneira específica o microrganismo que causa a meningite fúngica.
Os principais líquidos cavitários são o pleural, o pericárdico, o sinovial e o amniótico. O líquido pleural se localiza no espaço pleural, formado entre as camadas da pleura, facilitando inspiração e expiração, enquanto o líquido pericárdico fica entra as camadas do pericárdio, auxiliando nos movimentos cardíacos e funcionamento do coração. O líquido sinovial auxilia nos principais movimentos das articulações como do ombro e do joelho para evitar o atrito e o desgaste dos ossos. Por seu turno, o líquido amniótico mantém boas condições para o desenvolvimento do feto durante a gestação.
As fisiopatologias que envolvem os derrames dos fluidos extracelulares podem se manifestar no coração, no pulmão, na cavidade abdominal e em bursas, presentes por todo o corpo. O derrame pleural se dá pelo extravasamento de líquido na cavidade pleural, causando muitos danos, mas possui tratamento por medicamentos ou intervenção cirúrgica. Nos derrames pericárdicos, há um aumento de líquido entre as camadas do pericárdio gerado por diferentes motivos, embora outra patologia possa estar relacionada, como as pericardites que, por seu turno, suscitam uma inflamação do pericárdio, motivada pela presença de microrganismos e cujo tratamento se faz com medicamentos específicos a cada um.
Por fim, foi abordada a bursite, caracterizada pela inflamação das bursas, localizadas entre tendões, osso e músculos. Como são responsáveis por facilitar o deslizamento das articulações durante o movimento, tal patologia leva a dores e limitações de movimento, tratadas com anti-inflamatórios e infiltrações.

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