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Episódio - A Apuração da Notícia I (cruzamento de informações)

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INTRODUÇÃO AO 
JORNALISMO 
Guaracy Carlos
Revisão técnica:
Deivison Campos
Bacharel em Filosofia
Mestre em Sociologia da Educação
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB -10/2147
S581i Silveira, Guaracy Carlos da.
Introdução ao jornalismo / Guaracy Carlos da Silveira,
Letícia Sangaletti, Cristina Wagner ; [revisão técnica: 
Deivison Campos]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018.
258 p. : il. ; 22,5 cm
ISBN 978-85-9502-336-9
1. Jornalismo. I. Sangaletti, Letícia. II. Wagner,
Cristina. III. Título.
CDU 070
A apuração da notícia I: o 
cruzamento de informações
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer a importância da apuração da notícia. 
 � Escolher a melhor forma de cruzar informações. 
 � Analisar a importância do jornalismo de dados.
Introdução
O rigor na hora de apurar e checar as informações é um dos critérios 
básicos da prática profissional do jornalismo, e um dos padrões em que 
a qualidade de seu trabalho é aferida. Uma notícia mal-apurada induz as 
pessoas ao erro, compromete o veículo e pode levar a prejuízos sociais, 
econômicos e traumas psicológicos. Assim é fundamental que o repórter 
compreenda como se dá a apuração e o cruzamento das informações ao 
redigir sua notícia. Neste capítulo vamos entender melhor esses processos 
que auxiliam para uma informação de qualidade.
O jornalista e a apuração da notícia
O espírito investigador é uma das principais características de um bom jor-
nalista, assim como a facilidade e a habilidade para escrever. Contudo, existe 
uma distância entre a atividade idealizada e a realidade do dia a dia. Para o 
pleno desenvolvimento de suas atividades, o jornalista precisa entender que o 
seu papel não se limita a resumir conteúdos de relatórios, mas sim a explicar as 
conexões dos eventos que produziram o fato. É nesse processo de explicação 
da sequência dos acontecimentos que ocorre o cruzamento de informações.
O profissionalismo do jornalista tem reflexos sobre a credibilidade da 
notícia. Nesse sentido, o trabalho dele é, de fato, objetivo quando garante o 
equilíbrio entre o pró, o contra, e os demais ângulos da notícia. Ou seja, na 
apresentação das partes ou das possibilidades em conflito.
A apuração dos fatos integra a construção da notícia, que, por sua vez, 
que começa pelo levantamento de informações. É a apuração precisa das 
informações, a investigação dos fatos que faz um relato ser jornalismo e não 
literatura. Dessa forma, toda notícia tenta apresentar resposta a um aconteci-
mento ou lançar uma hipótese sobre a realidade do fato. Ou seja, não busca 
confirmar o que já se sabe sobre aquele acontecimento. A apuração é o completo 
levantamento dos dados para se escrever a notícia. Antecede à formulação 
do texto final. Nela devem predominar a exatidão dos fatos e a qualificação 
das fontes. Segundo Bahia (1990, p. 41), a apuração da notícia pode ser feita:
pela observação direta; pela simples coleta (via telefone, mediante teste-
munha); pelo levantamento das circunstâncias, indícios e outros elementos; 
pela investigação (que é uma forma especializada de observação direta); pelo 
despistamento (com o emprego de formas indiscretas ou incomuns que não 
contrariem a ética profissional); pela comparação (método usual entre os que 
recolhem certas informações confidenciais ou reservadas que, para serem 
publicadas, exigem uma prévia confirmação de alguma fonte envolvida no 
assunto); pela análise (quando a notícia deve passar por um processo crítico 
ou por uma confrontação de dados relativos que permitam uma perspectiva 
do acontecimento)”.
O autor ainda nos alerta ressaltando que nenhuma dessas formas de apura-
ção é mais importante que a observação pessoal direta que envolve o repórter 
(fisicamente e mentalmente) com os fatos no momento e no local em que eles 
ocorrem. Para ele, esta é a forma mais eficaz de cobrir um assunto, porque 
identifica o repórter com a ação, seus efeitos, seus participantes e as reações 
que passam a gerar de imediato (BAHIA, 1990).
A apuração da notícia I: o cruzamento de informações142
Para as pesquisadoras Ana Elisa Ribeiro e Camila Gonzaga-Pontes (2013), da Universidade 
Federal de Minas Gerais, as notícias escritas nas redes digitais já podem ser conside-
radas como um gênero com características próprias e diferentes da impressa. Seu 
principal diferencial é que na internet, o texto noticioso pode ser reescrito enquanto 
é apurado. No trabalho Ler e recarregar a página: um exercício analítico sobre a reescrita 
da webnotícia, elas apuram como em cerca de pouco mais de duas horas uma notícia 
foi reescrita sete vezes. 
Para as autoras, a principal diferença entre os processos é que no jornalismo impresso 
a apuração passa por sistemas “estanques” que podem ser definidos como: 
1. Apuração, em que por meio do cruzamento de informações verifica-se a veraci-
dade do fato; 
2. Produção, em que se redige a notícia podendo fazer correções e sofrendo inter-
venções do editor; 
3. Publicação, em que, no caso de correções ao texto impresso ou veiculado, é feita 
uma errata.
Já no jornalismo on-line, é mais correto falar em um “fluxo” do que em etapas de 
correção, em que a informação vai sendo constantemente reescrita de forma trans-
parente, uma “produção revelada” do texto enquanto ele é produzido. 
Confira o texto das autoras em:
https://goo.gl/fhrsKo
Cruzamento de informações
A construção da notícia é feita com base nas fontes. Por isso é preciso consultar 
mais de uma, além de procurar outras esferas para se obter o maior número 
possível de informações sobre o fato. A premissa do jornalismo é captar – 
antes mesmo de acontecer o processo de apuração. Trata-se de ouvir todos os 
lados possíveis; isso não quer dizer, porém, que o jornalista deve escutar uma 
grande quantidade de fontes. No jornalismo, a qualidade vale mais do que a 
quantidade; ou seja, a pluralidade desses agentes é que dará consistência à 
notícia. Nesse contexto, Nilson Lage (2001, p. 67) propõe que consultar três 
fontes “[...] que não se conhecem nem trocaram informações entre si” continua 
sendo um bom critério para a construção da notícia.
143A apuração da notícia I: o cruzamento de informações
https://goo.gl/fhrsKo
Durante a apuração é preciso ir além das informações oficiais. O jornalista 
não deve se limitar à consulta e utilização de dados informados por organi-
zações ou representantes oficiais, como assessores de imprensa ou jurídicos 
e porta-vozes.
Recorrer a mais de uma fonte é evitar que o repórter se torne refém de 
informações filtradas por um único olhar. Dessa maneira, o cruzamento de 
informações permite que o jornalista escape dos tons monótonos e tenden-
ciosos. Conforme Machado (2003) é necessário a inclusão de outras fontes 
no texto jornalístico, bem como o próprio alargamento do conceito de fonte.
O jornalista deve evitar as aspas ou quotes (citações). O motivo é que ambos 
têm a função clara de repassar uma visão específica e limitada sobre o fato. 
Karam (1997, p. 45) tem essa preocupação ao declarar: “Como conciliar os 
métodos de jornalismo investigativo, que desconfia das declarações, com um 
modelo de jornalismo declaratório, que esconde bastidores?”. 
Outro fator que merece atenção no processo de apuração da notícia diz 
respeito à utilização de release. É comum jornalistas utilizarem release como 
fonte primária para a produção da notícia, o que é muito arriscado. Isso limita 
o alcance a outros vieses igualmente relevantes a respeito do assunto a ser 
noticiado. Já na década de 1980, Lima (1985) questionava o uso excessivo do 
release nos jornais, que na ocasião era o reflexo da dificuldade do acesso às 
fontes. Da mesma forma, ainda é comum os jornalistas pautarem suas matérias 
partindo de releases recebidos de assessorias, as chamadas pautas próprias 
podem ser tendenciosas, por isso merecem cuidado quando utilizadas.
O release, ou press release, consiste no material informativo distribuídoentre jornalistas 
antes de solenidades, entrevistas, lançamentos de filmes, etc., com resumos, biografias 
e dados que facilitem o trabalho do profissional da comunicação. É uma ferramenta 
de assessoria de imprensa voltada às necessidades de informação do repórter. Tem 
formato específico, moldado para a leitura do jornalista, e sendo assim, não é indicado 
para divulgação ao público geral. 
A apuração da notícia I: o cruzamento de informações144
Cruzar informações também é contextualizar o fato. Assim, desprezar o 
contexto pode levar a dificuldades de compreensão por parte do receptor. O ato 
de contextualizar é como inserir o máximo possível de peças ao quebra-cabeça 
noticioso. Isso vai contribuir para que o episódio faça parte de uma história, 
e não seja conhecido de forma isolada. Sobre a falta de contextualização do 
fato, Pena (2005, p. 54) declara que pode “induzir a uma interpretação fria 
que, por sua vez, leva a conclusões absurdas”.
O fato de o jornalista dispor de pontos de vista de diferentes fontes em uma 
notícia não é garantia da diversidade de ângulos de um mesmo acontecimento. 
Essas visões não devem ser apenas jogadas ao leitor, mas confrontadas com 
informações que a corroboram, completam e evidenciam melhor essas opi-
niões. Da mesma maneira, utilizar enfoques diferentes só será eficiente se o 
jornalista conseguir expor e comprovar como as alegações podem se mostrar 
falaciosas ou fortes quando apresenta das lado a lado aos fatos correspondentes.
No jornalismo, pecar pelo excesso nem sempre é ruim, desde que o profis-
sional mantenha o controle da situação. Em se tratando de apuração, contar 
com mais informações proporciona mais garantias para a notícia final do 
que somar poucos dados. Isso porque a falta de elementos pode dificultar a 
estruturação da matéria, tornando-a assim desinteressante. Cabe ao jornalista 
saber selecionar as informações. É claro que nem todos os dados apurados 
serão utilizados. No entanto, tê-los em mãos proporciona mais segurança 
durante a redação da notícia. Além disso, pode significar menor probabilidade 
de imprecisões, conforme garante Pereira Júnior (2006, p. 76): “A disciplina 
de verificação tem, por princípio, o desafio de criar antídotos à incerteza de 
base que caracteriza o jornalismo”.
O jornalismo é feito de histórias que precisam ser contadas. Assim o pro-
fissional da comunicação não tem como fugir da busca pelo maior número 
de informações possíveis para que narre os relatos mais extensos. O papel do 
repórter nesse processo é que ele se comporte como um narrador, utilizando 
elementos que o auxiliem a contar, narrar e descrever os fatos.
Por fim, é preciso que o repórter/jornalista enxergue além dos números 
oficiais. Os pareceres e informações provenientes de fontes oficiais devem 
vigorar como ponto de partida. Não como pauta e textos prontos. Cabe ao 
repórter aprofundar a apuração. Muitas vezes informações aparentemente 
irrelevantes podem até não resultar em nada, mas também não raro, podem 
revelar dados preciosos e passíveis de investigação pormenorizada. Ir além, 
antes de ser um tiro no escuro, tem grandes chances de revelar notícias de peso.
145A apuração da notícia I: o cruzamento de informações
A importância do cruzamento das informações pode ser verificada no Caso Escola Base, 
em que a ausência deste acarretou na destruição da vida de inocentes. O jornalista Emílio 
Coutinho (2017) realizou trabalho investigativo sobre o tema, que resultou na obra Caso 
Escola Base: Onde e como estão os protagonistas do maior crime da imprensa brasileira. 
Tido como um dos erros mais graves já cometidos pela imprensa brasileira, o Caso 
Escola Base ocorreu em 1994, e até hoje é comentando nas universidades de jornalismo 
do país. Naquele ano, os donos da Escola infantil Base, localizada na capital paulista, 
foram acusados por duas mães de terem abusado sexualmente de seus filhos. A 
imprensa não tardou a divulgar a versão das mães, sem apurar os fatos e ouvir outros 
lados. Como resultado da pressa, a escola foi depredada, os donos sofreram agressões 
físicas e psicológicas, perderam seus investimentos e tiveram suas vidas expostas. Tudo 
isso sem prova concreta. Segundo o autor, “as mães acusaram, a imprensa julgou e o 
público praticou justiça com as próprias mãos”. 
O caso foi arquivado por falta de provas e os acusados inocentados pela justiça. Os 
envolvidos, porém, tiveram suas vidas e reputações destruídas. O livro conta a vida 
dos implicados na história após o caso. 
Livro-reportagem: 
COUTINHO, E. Escola Base: onde e como estão os protagonistas do maior crime da 
imprensa brasileira. São Paulo: Casa Flutuante, 2017. 
Jornalismo de dados
O termo jornalismo de dados, baseado no Data-Driven Journalism (jornalismo 
guiado por dados), surgiu em 2006 com o programador Adrian Holovaty ao 
publicar um artigo intitulado A fundamental way newspaper sites need to 
change. A proposta do autor era incorporar técnicas de gerenciamento de 
bases de dados no dia a dia das redações, com o objetivo de simplificar o 
reaproveitamento das informações apuradas no trabalho dos jornalistas. No 
mesmo ano apareceu um importante projeto, que contribui para uma maior 
projeção do jornalismo de dados, o WikiLeaks. 
Os escândalos desencadeados pelo vazamento de informações por parte 
da WikiLeaks abriram uma discussão crucial para o jornalismo de dados. 
Questionamentos tais como: os jornalistas têm competência para analisar 
certos tipos de informações e/ou quantidade de dados? As fontes são legítimas? 
Qualquer tipo de dado pode ser revelado? 
A apuração da notícia I: o cruzamento de informações146
Em meio a discussões é importante ressaltar que o jornalismo guiado 
por dados (Data-Driven Journalism) tem contribuído para o processo de 
apuração das informações, pois é composto por um sistema de consecução, 
estruturação, crivação, investigação e exibição de bases de dados, com o 
propósito de gerar notícias. 
O conceito é derivado do Jornalismo de Precisão e da Reportagem Assistida 
por Computador (RAC) ou Computer-Assisted Reporting (CAR). O Jornalismo 
de Precisão é uma metodologia proposta pelo norte-americano Philip Meyer, 
na década de 1960, que surgiu como um novo caminho para uma prática que 
utilizava, até então, técnicas literárias. De acordo com Lage (2001), Meyer 
aproximou o jornalismo da ciência por meio de métodos científicos de inves-
tigação social e psicossocial. A coleta de informações, o uso de técnicas das 
ciências sociais e da análise de bases de dados procuram incorporar elementos 
do método científico ao cotidiano das redações jornalísticas, resultando em 
maior objetividade e precisão no noticiário.
As funcionalidades das bases de dados para o jornalismo são percebidas 
tanto quanto à gestão interna dos produtos como em relação às mudanças no 
âmbito da estruturação das informações, da configuração e da apresentação 
da notícia (âmbito da narrativa), assim como da recuperação das informações. 
Num produto digital estruturado em bases de dados, as possibilidades combi-
natórias entre os itens ou notícias inseridas podem gerar mais conhecimento 
com valor noticioso, produzindo diferentes configurações para as informações 
e, inclusive, novas tematizações ou elementos conceituais para a organização 
e apresentação dos conteúdos (BARBOSA, 2007, p.130).
O jornalismo de dados abre novas possibilidades no que diz respeito à 
tradicional combinação do faro jornalístico com a habilidade para se contar 
uma história. Porque é capaz de envolver em proporção e alcance absolutos 
da informação digital agora disponível. A técnica pode ajudar o jornalista a 
elaborar uma reportagem complexa por intermédio de infográficos atrativos.
É importante ressaltar que toda e qualquer produção jornalística é feita 
com dados. No entanto, o jornalismo feito a partir de grandes quantidades de 
dados é o que chamamos jornalismo de dados. A diferença estabelecida entre 
os dois conceitos é que no mundo digital quasetudo se expressa em números. 
Ao contrário do jornalismo antes da era digital.
147A apuração da notícia I: o cruzamento de informações
Algumas considerações a respeito do jornalismo de dados:
1. Os dados ajudam a contar a história, mas não se tornam a história.
2. Em um mundo extremamente digital como o atual, em que as notícias giram a 
todo instante e por diferentes meios, é comum as pessoas comentarem e com-
partilharem as informações. Nesse contexto, o jornalismo de dados é importante 
para filtrar o que o olho humano não poderia ver rapidamente. 
3. Os dados revelam informações que possivelmente o jornalista/repórter não con-
seguiria de outra forma. 
4. Permite transformar o abstrato em concreto para as pessoas compreenderem com 
mais facilidade o que está sendo comunicado.
5. O jornalista que trabalha com dados e o cientista de dados não podem trabalhar 
apenas no campo da comunicação, pois as grandes organizações buscam pro-
fissionais mais especializados, capazes de executar algo concreto partindo de 
dados abstratos.
6. O jornalismo de dados não surgiu para substituir o jornalismo tradicional, mas sim 
para agregar valor à produção jornalística.
7. As duas principais finalidades do jornalismo de dados para os veículos de comu-
nicação são encontrar notícias inéditas e preservar viva a chama da profissão em 
seu papel social. 
Fonte: Crucianelli (2013).
Por que os jornalistas devem usar dados?
Muito além de uma novidade, o jornalismo de dados é resultado da necessi-
dade de ajustamento que o processo de apuração da notícia exige, diante da 
difusão das novas tecnologias, bem como de um conjunto de mudanças na 
sociedade, especialmente aquelas voltadas à comunicação e à disponibilização 
de informação. 
Hoje, a informação tem velocidade muito rápida. O que se compartilha nas 
redes sociais, por exemplo, em menos de uma hora já foi visualizado e multi-
plicado milhares de vezes. As notícias fluem na medida em que acontecem, a 
partir de variadas fontes, testemunhas e informações que chegam até nós sem 
dificuldades maiores. É por isso que o jornalismo de dados é tão importante 
nos dias atuais. Reunir informações, filtrar e gerar o que acontece, além do 
que os olhos podem alcançar, tem um grande significado. 
A apuração da notícia I: o cruzamento de informações148
1. Para o pleno desenvolvimento 
de suas atividades, o jornalista 
precisa entender que o seu 
papel não se limita a resumir 
conteúdos de relatórios, mas 
sim . Qual das 
alternativas abaixo completa a 
frase de forma mais precisa?
a) compreender o que irá escrever.
b) explicar o seu ponto de vista.
c) explorar os fatos a partir 
do seu ponto de vista.
d) explicar a conexão dos eventos 
que produziram o fato.
e) compreender o que a 
fonte quer dizer.
2. O texto jornalístico se caracteriza 
pelo volume de informação factual 
e é o resultado da apuração e 
tratamento dos dados. Assim, 
o texto jornalístico deve:
a) refletir a opinião do repórter 
e ser fiel à sua visão.
b) levar o leitor ao conhecimento 
da verdade objetiva.
c) ser informativo e não buscar 
convencer o leitor.
d) construir uma versão subjetiva 
A utilização dos dados no processo de apuração e produção da notícia pode 
confirmar as informações que estão sendo relatadas. Os dados permitem que 
o jornalista saia a campo para coletar as informações por meio de pesquisas, 
entrevistas e reportagens até a conclusão dos fatos. Isso tudo garante credi-
bilidade ao trabalho jornalístico. Além disso, a informação por dados pode 
ser estruturada por meio de gráficos, tabelas e infográficos, bem como por 
uma simples narração dos fatos apurados, proporcionando ao consumidor da 
notícia uma melhor compreensão do que está sendo comunicado.
Daniel Magalhães entende que alguns vazamentos de dados em larga escala causaram 
uma série de transformações significativas na prática jornalística. Em função disso, 
redações de jornais investiram em tecnologia e profissionais capazes de transformar 
grandes quantidades de dados em material jornalístico relevante, como nos casos do 
WikiLeaks e do Panama Papers.
Confira o artigo em: 
https://goo.gl/MyWSF7 
149A apuração da notícia I: o cruzamento de informações
https://goo.gl/MyWSF7
dos dados para o leitor.
e) analisar os fatos e interpretá-los 
segundo o critério do repórter.
3. O processo de produção 
da notícia pode ser melhor 
descrito com a seguinte 
sequência de etapas: 
a) I) Apuração da informação 
por meio de entrevistas com 
os gestores da instituição; 
II) Redação; III) Distribuição 
no horário de fechamento 
dos veículos de imprensa.
b) I) Follow up; II) Redação da nota 
seguindo os princípios do texto 
informativo, com linguagem 
conotativa; III) Narrar os fatos ao 
pé da letra com base no lead.
c) I) Apuração e redação da 
informação; II) Anúncio de 
coletiva de imprensa para a 
divulgação da nota; III) Revisão 
do material coletado.
d) I) Distribuição no horário de 
fechamento dos veículos 
de imprensa; II) Follow 
up; III) Distribuição para o 
mailing de jornalistas.
e) I) O fato é apurado para dar vida a 
um texto noticioso; II) O jornalista 
elabora a notícia com base nas 
informações coletadas durante 
a apuração; III) O texto final da 
notícia é publicado ou veiculado.
4. O conceito de jornalismo de 
dados proposto por Adrian 
Holovaty foi criado para incorporar 
técnicas de gerenciamento de 
bases de dados no dia a dia das 
redações com o objetivo de:
a) tornar o processo de 
apuração da notícia mais 
ágil, porém menos eficaz.
b) simplificar o reaproveitamento 
das informações apuradas no 
trabalho diário dos jornalistas.
c) com o propósito exclusivo 
de gerar mais notícias.
d) facilitar o trabalho do 
jornalista que na era digital 
não precisa sair da redação 
para coletar as informações.
e) reunir fontes oficiais de uma 
mesma área ou segmento.
5. Qual a diferença nas técnicas 
utilizadas entre o jornalismo 
tradicional e o de dados? 
a) Ambos trabalham na busca da 
notícia, porém no jornalismo 
de dados são utilizadas 
ferramentas distintas.
b) Não existe diferença, pois 
toda e qualquer produção 
jornalística é feita com dados.
c) Não existe diferença, pois 
independentemente da técnica 
utilizada é preciso pesquisar 
profundamente os fatos.
d) A diferença está na abordagem 
dada pelo jornalista, que ao 
receber a informação vai se 
aprofundar nas pesquisas.
e) A diferença é que o jornalismo 
tradicional não se aprofunda 
em dados coletados por 
métodos científicos.
A apuração da notícia I: o cruzamento de informações150
BAHIA, J. Jornal, história e técnica. 4. ed. São Paulo: Ática, 1990. 2 v.
BARBOSA, S. Jornalismo digital em bases de dados (JDBD): um paradigma para produ-
tos jornalísticos digitais dinâmicos. 2007, 329 f. Tese (Doutorado em Comunicação e 
Culturas Contemporâneas) - Faculdade de Comunicação, Universidade Federal da 
Bahia, Salvador, 2007. Disponível em: <http://www.facom.ufba.br/jol/pdf/tese_su-
zana_barbosa.pdf.> Acesso: 06 dez. 2017.
CRUCIANELLI, S. 12 pontos para entender o jornalismo de dados. Blog Jornalismo 
nas Americas, Austin, 2013. Disponível em: <https://knightcenter.utexas.edu/pt-br/
blog/00-13735-12-pontos-para-entender-o-jornalismo-de-dados>. Acesso em: 07 
dez. 2017.
COUTINHO, E. Escola Base: onde e como estão os protagonistas do maior crime da 
imprensa brasileira. São Paulo: Casa Flutuante, 2017.
HOLOVATY, A. A fundamental way newspaper sites need to change. Blog Adrian 
Holovaty, Amsterdam, 2006. Disponível em: <http://www.holovaty.com/writing/
fundamental-change/>. Acesso em: 10 jan. 2018.
KARAM, F. J. Jornalismo, ética e liberdade. São Paulo: Summus, 1997.
LAGE, N. A Reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística.12. ed. 
Rio de Janeiro: Record, 2001.
LIMA, G. M. Releasemania: uma contribuição para o estudo do press-release no Brasil. 
São Paulo: Summus, 1985.
MACHADO, E. O Ciberespaço como fonte para os jornalistas. Salvador: Calandra, 2003.
MAGALHAES, D. Da WikiLeaksaos Panama Papers: como os vazamentos de dados 
ajudaram a reconfigurar o Jornalismo. Temática, João Pessoa, v. 13, n. 2, 2017. Dis-
ponível em: <http://periodicos.ufpb.br/index.php/tematica/article/view/33007>. 
Acesso em: 10 jan. 2018.
PENA, F. Teoria do Jornalismo. São Paulo: Contexto, 2005.
PEREIRA JÚNIOR, L. C. P. A Apuração da notícia: métodos de investigação na imprensa. 
Petrópolis: Vozes, 2006. (Coleção Fazer Jornalismo).
RIBEIRO, A. E.; GONZAGA-PONTES, C. Ler e recarregar a página: um exercício ana-
lítico sobre a reescrita da webnotícia. Revista Brasileira de Linguistica Aplicada, Belo 
Horizonte, v. 13, n. 1, p. 105-121, mar. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-63982013000100006&lng=en&nrm=iso>. 
Acesso em: 10 jan. 2018.
Leitura recomendada
MANUAL de redação. 3. ed. Estadão, São Paulo, 2016. Disponível em: <http://www.
estadao.com.br/manualredacao/esclareca/n>. Acesso em: 06 dez. 2017.
151A apuração da notícia I: o cruzamento de informações
http://www.facom.ufba.br/jol/pdf/tese_su-
https://knightcenter.utexas.edu/pt-br/
http://www.holovaty.com/writing/
http://periodicos.ufpb.br/index.php/tematica/article/view/33007
http://www.scielo.br/
http://estadao.com.br/manualredacao/esclareca/n
 
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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