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Resenha - O Ecologismo dos Pobres de Joan Martínez Alier

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Aspectos levantados do texto “ O Ecologismo dos Pobres ” de Joan Martínez Alier 
 
 
“A desigual incidência de danos ambientais ante não só as demais espécies ou as futuras 
gerações de humanos, mas em nossa própria época, justifica o nascimento do ecologismo 
popular ou do ecologismo dos pobres.” 
 
 
O autor trabalha com a tese da ecologia popular ou ecologismo dos pobres através 
de alguns estudos de caso específicos onde ele busca provar suas premissas. Para Alier, 
todo desenvolvimento econômico implica em um conflito ambiental e todo conflito 
ambiental é necessariamente um conflito social. Afirma que o ambiente esta ameaçado 
pelo crescimento populacional, pelo consumo cada vez mais desenfreado e pelo próprio 
estado capitalista agindo em comunhão com grandes empresas. 
Percorrendo os estudos de caso citados, percebi algo comum entre todos eles que é 
justamente esse sólido envolvimento de grandes corporações, grandes companhias e 
multinacionais, sendo as legítimas responsáveis por gerir grandes mineradoras e por gerir 
também os resíduos e possíveis contaminações que as atividades produtivas possam 
apresentar. Na grande maioria dos casos o que vemos é um único interesse privado que 
visa o lucro. O meio ambiente e as populações que neste ambiente habitam são questões 
menos importantes ou até ignoradas, inclusive com a co-particpação e cumplicidade do 
Estado. O autor trabalha o tempo todo com essa articulação entre as relações de poder 
existentes, suas forças, seus interesses e sua dimensão ambiental e espacial. 
Dessa forma a ecologia dos pobres para Alier seria a busca por uma justiça 
ambiental por parte dessas comunidades afetadas. É a resistência dos pobres a esses 
avanços se embasando na idéia de que o posicionamento dessas populações tradicionais é 
sem dúvida ecológico porque eles tem como objetivo a defesa do bem comum, da 
manutenção inclusive de espaços para convívios sociais e culturais e não a defesa de 
interesses privados. Com isso vejo também a questão da propriedade privada sendo 
freqüentemente questionada pelo autor. É em torno da propriedade e do papel do estado 
que se desenvolverão a maioria dos conflitos ambientais. 
O texto se relaciona com os debates em sala de aula e com o texto de Veiga Filho 
porque, na minha opinião, reforça a idéia de que o sistema capitalista em desenvolvimento 
vai em desencontro a qualquer forma prática e teórica de ecologia ou ecologismo. As 
produções massificadas e que atendem a determinados mercados e determinados interesses 
privados estarão sempre na contramão de qualquer viabilidade de um projeto ecológico 
sustentável real. 
Alier cita diversas cidades, contaminações, intervenções, discursos, relações de poder e de 
interesses, articulações desses poderes entre si até nos apresentar os inúmeros massacres 
de populações que ocorreram por conta desses conflitos ambientais que em sua essência 
são conflitos sociais, e isso é frisado o texto todo. 
Mas adiante o autor coloca os aspectos englobados pela ecologia política como 
sendo “os conflitos ecológicos distributivos, isto é, os conflitos pelos recursos ou serviços 
ambientais, comercializados ou não, são estudados pela ecologia política....e que a 
primeira sessão deste capítulo poderia ter sido intitulada a Ecologia Política da Mineração 
do Cobre...”. 
Nesta passagem, assim como grande parte do texto, podemos observar claramente a 
intenção do autor de salientar a necessidade de se politizar o discurso sobre os conflitos 
ambientais, de trazê-lo para dentro das discussões sócio-espaciais e compreendê-los como 
mais um fenômeno social que pode ser combatido, para Alier, pela resistência dos pobres 
à esses “avanços” muitas vezes denominado “progresso” do sistema capitalista em 
desenvolvimento.

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