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LITERATURA 
 
Editora Exato 5 
AS GERAÇÕES ROMÂNTICAS 
1. PRIMEIRA GERAÇÃO ROMÂNTICA 
Primeira Geração romântica: os indianistas, 
ou nacionalistas. 
No período regencial, houve rebeliões de gran-
de participação popular em oposição declarada aos 
antigos colonizadores. O povo brasileiro, embora 
constituído de diferentes etnias, buscava identidade 
como nação. 
Na Europa, o inglês Walter Scott, com “Iva-
nhoé” e o português Alexandre Herculano, com “Eu-
rico, o presbítero,” têm na idade feudo-clerical a 
trama de seus romances históricos. No Brasil, ao 
tempo da Idade Média, fizeram história as culturas 
indígenas. Assim, os cavaleiros, heróis e castelos eu-
ropeus foram substituídos por aborígenes e matas 
tropicais. A primeira geração da poesia romântica i-
dealizou o índio, por isso denomina-se, também, ge-
ração indianista. 
Os caracteres românticos europeus, transplan-
tados para o Brasil, fizeram surgir orgulho pela vari-
ante brasileira da língua portuguesa. Com a poética 
romântica, nasceu o desejo de nacionalizar as artes, a 
literatura em especial, pretendendo que à indepen-
dência política se seguisse a independência cultural. 
Destacam-se, nesta geração, dois poetas india-
nistas: 
a) Domingos José Gonçalves de Magalhães 
(1811 – 1882) teve o grande mérito de ser o introdu-
tor do Romantismo no Brasil com a obra Suspiros 
poéticos e saudades, que possui traços de religiosida-
de e têm em seu prefácio as características do Ro-
mantismo. O poema indianista épico A confederação 
dos tamoios apresenta o caráter nacionalista e inicia 
uma polêmica com José de Alencar, relativa à visão 
de cada autor sobre o índio. 
b) Antônio Gonçalves Dias (1823 - 1864) con-
solidou o Romantismo no Brasil. O poeta maranhen-
se trabalhou todos os temas iniciais: o indianismo, a 
natureza pátria, a religiosidade, o sentimentalismo, o 
espírito de brasilidade. Considerava-se uma espécie 
de síntese do brasileiro, pois era filho de português e 
cafuza (*mistura de negro e índio). Didaticamente, 
sua obra pode ser dividida em: 
� Poesia lírica: nela, os textos possuem tra-
ços de subjetivismo, marcados pela dor e 
pelo sofrimento de amores frustrados. Os 
poemas líricos mais famosos são. “Se mor-
re de amor”, “Ainda uma vez - adeus!”, 
“Como, és tu?” e “Não me deixes”. 
� Poesia medieval: reúne uma série de poe-
mas escritos em português arcaico, à moda 
dos trovadores medievais e estão sob o títu-
lo de Sextilhas de Frei Antão. 
� Poesia nacionalista: ora exalta a pátria dis-
tante, ora idealiza a figura do índio. Os 
chamados poemas saudosistas são marca-
dos pelo exílio e desembocam numa exalta-
ção da natureza brasileira. Na “Canção do 
Exílio”, o poeta nunca se refere ao elemen-
to humano, mas apenas aos elementos natu-
rais, pois a tendência era exaltar a nação 
recém-independente. 
Mas é no indianismo que o poeta consagra-se. 
Apesar de idealizado, o índio de Gonçalves Dias está 
mais próximo à realidade do que o índio enfocado 
por José de Alencar, por ter o primeiro profundo co-
nhecimento sobre a tradição, os costumes e a língua 
dos nativos. Continua, entretanto, o índio dotado de 
sentimentos e atitudes artificiais europeizadas. Entre 
os poemas indianistas destacam-se “I-Juca Pirama”, 
“Marabá”, “O canto do piaga”, “Canção do Tamoi-
o”, “Leito de folhas verdes”, além do poema épico 
inacabado “Os timbiras”. Também consta de sua obra 
um dicionário da língua tupi. 
Quanto aos aspectos formais, a poesia da pri-
meira geração apresenta-se ainda atrelada a modelos 
anteriores. Gonçalves Dias, na “Canção do Exílio”, 
utiliza a redondilha maior e a rima oxítona marcada, 
obtendo, assim, ritmo e musicalidade. Em “I-Juca Pi-
rama”, utilizam-se recursos da métrica e a redondilha 
menor. 
2. POESIA 2ª GERAÇÃO - MAL DO SÉCULO 
O segundo momento da poesia romântica bra-
sileira inspira-se em Byron e Musset. Lord Byron, 
nobre inglês e aventureiro, identificava-se com suas 
personagens; era boêmio, idealista, extravagante e 
rebelde; deixou obras impetuosas, de espírito satírico. 
Alfred de Musset, francês de gênio romântico, her-
deiro imediato de futuro incerto (a França arrasada 
pela Revolução Francesa), pregava o ceticismo e cer-
to ar de deboche. 
Características como: o individualismo, a sub-
jetividade, o pessimismo, o ceticismo e temas como: 
o amor, a morte, a dúvida, o tédio, a tristeza, a angús-
tia diante da vida norteavam os poetas brasileiros di-
tos ultra-românticos ou byronianos, da segunda 
geração. Esse conjunto de comportamento ficou co-
nhecido como “mal do século”, escritores jovens e-
ram excessivamente boêmios e morriam cedo por 
tuberculose ou pelas conseqüências da bebida. 
Merecem destaque os seguintes poetas: 
a) Manuel Antônio Álvares de Azevedo 
(1831-1852): foi responsável pelos contornos defini-
 
Editora Exato 6 
tivos do “mal do século”; tinha a obra influenciada 
por Lord Byron, de quem era leitor e tradutor, e por 
Musset, de quem herdou as características do “sple-
en”- do inglês, baço, órgão ao qual era atribuído o es-
tado melancólico ou depressivo, originando o 
sarcasmo, a ironia e a autodestruição. Suas poesias 
falam de um amor idealizado, irreal, povoado de 
donzelas ingênuas, virgens sonhadas, mulheres mis-
teriosas que habitam sonhos adolescentes nunca ma-
terializados. Daí, a frustração, a dor, o sofrimento 
acalmados pelas figuras da mãe e da irmã. A morte 
física foi presença marcante e dolorosa em sua vida: 
a morte prematura do irmão, de seus colegas de fa-
culdade e a “dor no peito” que cedo o levaria. Tam-
bém a morte, em sentido conotativo, como fuga, foi 
abordada por fruto de sensação de impotência diante 
das adversidades. 
Na poesia, destacam-se: “Lira dos vinte anos”: 
e “Poema do frade”; para o teatro, escreveu: “Macá-
rio,” e, em prosa, “Noite na taverna”, livro de contos 
fantásticos narrados por jovens em uma taverna. Le-
vados pelo delírio, provocado por excesso de bebida, 
os jovens contam histórias que giram em torno de in-
cestos, bacanais, necrofilia, assassinatos hediondos, 
enfim, tudo ao gosto de Satan, já que a “moda” era o 
satanismo. 
b) Luís Nicolau Fagundes Varela (1841-
1875): influenciado por Byron, teve o pessimismo e a 
fuga reforçados pela morte do filho, golpe do qual 
nunca se recuperaria, entregando-se ao alcoolismo. 
Deste fato, surgiu o “Cântico do calvário”, do “Livro 
das sombras”. Sua religiosidade é notória e também a 
escravidão entra como tema de sua obra, assim como 
a natureza, escolhida para evasão. Produziu ainda: 
“Noturnas”, “Cantos religiosos”, “Diário de Lázaro”, 
“O estandarte auriverde”, “Cantos meridionais” e 
outros. 
c) Casimiro José Marques de Abreu (1839-
1860): apresenta o amor totalmente idealizado e o li-
rismo saudosista. Em seus textos, há predomínio da 
simplicidade e da fluência; os versos, em seu poema 
mais famoso, “Meus oito anos”, caracterizam-se pelo 
aspecto direto, sem abstrações ou segundas intenções. 
Sua obra principal é “Primaveras”. 
A esta segunda geração pertenceram também 
Junqueira Freire (1832-1855), monge beneditino, que 
manifestava em seus textos a religiosidade, o pessi-
mismo, o desejo de morrer, revelados em “Inspira-
ções do Claustro”. Há, ainda, Laurindo Rabelo 
(1826-1864) e José Bonifácio, o moço (1827-1886). 
A produção literária desta geração apresenta-se des-
vinculada de rígidos modelos quanto à métrica e à 
rima. São, portanto, predominantes os versos livres e 
brancos, a estrofação livre ou inexistente, simetria e 
paralelismo não recorrentes. 
 
 
3. POESIA 3ª GERAÇÃO – CONDOREIRA, 
OU HUGOANA 
Caracterizada pela poesia social e libertária, 
essa geração reflete as lutas internas da segunda me-
tade do reinado de Dom Pedro II: principalmente, a 
favor dos movimentos abolicionista e republicano. 
Os escritores sofrem intensa influência de Victor Hu-
go, poeta francês, daí o nome “hugoana”. O termo 
“condoreirismo” é conseqüência do símbolo de liber-
dade refletido pelo condor, águia da cordilheira dos 
Andes que voa livree alto. Castro Alves, Tobias Bar-
reto e Sousândrade são expoentes desta época. 
a) Antônio Frederico de Castro Alves (1847-
1871) condensa, em sua produção literária, as carac-
terísticas principais do Romantismo, acrescidas da 
universalização, isto é, amplia os horizontes a novas 
tendências. A temática de sua obra envolve o amor, a 
mulher, a morte, o sonho, o “eu”, e também a Repú-
blica, o abolicionismo, a igualdade, as lutas de clas-
ses, os oprimidos. Quanto à forma, apresenta traços 
marcadamente românticos, como os exageros na me-
táfora, comparações grandiosas, antíteses, hipérboles 
e apóstrofes. 
Distinguem-se, na sua obra, dois aspectos te-
máticos importantes. A poesia lírico-amorosa evolui 
da idealização para a concretização das virgens so-
nhadas pelos românticos da 2ª geração, o amor não é 
mais tão inatingível ou inacessível; a mulher é indi-
vidualizada, de carne e osso, sensível e voluptuosa, 
não mais um “anjo de candura”. A poesia social sofre 
influência das mudanças internacionais: a Questão 
Coimbrã, em Portugal; o positivismo de Comte; o so-
cialismo científico de Marx e Engels; o evolucionis-
mo de Darwin, e das mudanças nacionais: a 
decadência da Monarquia; a luta abolicionista; a 
Guerra do Paraguai, o pensamento republicano. 
Espumas flutuantes e Hinos do Equador são 
coletâneas nascidas de amores vividos e não apenas 
sonhados. Os escravos reúnem os poemas abolicio-
nistas de maior divulgação: “Vozes d’África” e “O 
navio negreiro”. Também publicou a peça Gonzaga 
ou A Revolução de Minas. 
b) Joaquim de Sousa Andrade (1833-1902) 
Sousândrade como ele próprio apelidou-se. Canta o 
nativo americano como herói sacrificado pelos con-
quistadores. Seus escritos propunham uma crítica so-
cial, revelando simpatia às lutas anticolonialistas, em 
tom de denúncia às contradições do capitalismo, lan-
çou-se à problemática internacional, engajando-se 
nos grandes temas político-sociais da época. 
Harpas Selvagens, A casca da caneleira, 
Obras poéticas, entre outras, figuram como suas o-
bras; a mais representativa delas é Guesa Errante, po-
ema épico, de treze cantos, quatro deles inacabados. 
Nele, o autor narra uma lenda do povo Inca, em que 
um índio é predestinado a peregrinar, reproduzindo 
na terra a trajetória do deus-sol dos Incas, por isso, 
 
Editora Exato 7 
aos quinze anos, deve ser sacrificado. Sua obra traz a 
contribuição de neologismos em que mistura línguas 
nativas ao inglês americano. 
Mais de meio século depois de criada, sua obra 
foi redescoberta pelos irmãos Augusto e Haroldo de 
Campos, que escreveram Revisão de Sousândrade. 
Este fato vem a confirmar uma previsão do próprio 
Sousândrade, que comentou: “Ouvi dizer já por vezes 
que o Guesa Errante será lido cinqüenta anos depois; 
entristeci - decepção de quem escreve cinqüenta anos 
antes”. 
4. PROSA URBANA 
Após a independência e em meio a tantos con-
flitos sociais, houve a urbanização do Rio de Janeiro, 
transformado em Corte, criando, assim, uma socieda-
de consumidora representada pela aristocracia rural, 
profissionais liberais, jovens estudantes, todos em 
busca de entretenimento. O jornalismo toma impulso 
e promove a divulgação em massa de folhetins em 
que se publicaram muitos dos romances românticos. 
A propósito, o romance foi a grande inovação 
deste período. Antes dele, já existia a narrativa, cuja 
mais rica representação era a epopéia, que tratava de 
um mundo heróico e sublime. Também havia a nove-
la, que era uma série de episódios, quase sempre, a 
respeito dos grandes feitos dos cavaleiros. 
O romance do século XIX idealizava o mundo 
e a sociedade e assim a espelhava; respondia, na mai-
oria das vezes, às exigências do público leitor da é-
poca. Os enredos giravam em torno da descrição dos 
costumes urbanos, ou de amenidades das zonas ru-
rais, ou de imponentes selvagens, apresentando per-
sonagens idealizados pela imaginação romântica com 
os quais o leitor se identificava, vivendo a realidade 
que lhes convinha. 
Cronologicamente, o primeiro romance brasi-
leiro foi O filho do pescador, publicado em 1843, cu-
jo autor é Teixeira e Sousa (1812-1881). 
Sua trama é confusa e há sentimentalismo exa-
cerbado. Em 1844, publicou-se A moreninha, de Joa-
quim Manuel de Macedo, e, pela aceitação obtida 
junto ao público, convencionou-se adotar esse ro-
mance como o primeiro representativo da prosa bra-
sileira. 
Feições gerais da prosa romântica: 
� História de amor ligado a casamento; 
� Pintura dos caracteres e costumes da socie-
dade (normalmente a burguesia carioca); 
� Tensão dramática baseada no choque de 
classes sociais; 
� Tentativa de fusão da fantasia com a reali-
dade; 
 
� Presença idealizada da mulher, quase sem-
pre intocável e pura; 
� Tendência para o romance histórico. 
Vejamos alguns autores que se dedicaram à 
prosa urbana: 
a) Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882): 
foi o escritor da classe média carioca em oposição à 
aristocracia rural. Seus romances retrataram os cos-
tumes da sociedade, suas festas e tradições, com cará-
ter documental, estilo fluente e leve, em linguagem 
simples; as tramas envolviam intrigas de amor e mis-
tério em final vitorioso e feliz, os personagens eram 
jovens estudantes idealizados, moçoilas casadoiras, 
ingênuas e puras. Além de A moreninha, destacam-se 
também O moço loiro, A luneta Mágica, Os dois a-
mores, O cego, O forasteiro, O fantasma branco e ou-
tros. 
b) Manuel Antônio de Almeida (1831-1861): 
abandona a visão da burguesia urbana para retratar o 
povo em toda a sua simplicidade. Publica as Memó-
rias de um Sargento de Milícias, que é o documento 
da época de D. João VI no Brasil, em que surgiram as 
transformações da mentalidade colonial para a vida 
da Corte. Nesta obra, não há somente relato de cos-
tumes, mas juízo de valor sobre eles, percebe-se do 
autor uma preocupação em datar e localizar os acon-
tecimentos. O personagem principal pode ser encara-
do como herói picaresco que foge ao padrão 
romântico de bom moço, já que é oriundo da classe 
popular. Por essas características, alguns estudiosos 
consideram-no pré-realista, mas apresenta aspectos 
marcantes do romantismo, como o estilo folhetinesco 
e a linguagem frouxa, por vezes descuidada, além do 
final feliz tipicamente romântico. 
c) José Martiniano de Alencar (1829-1877): 
aparece na literatura brasileira como o consolidador 
do romance. Sua obra retrata suas posições políticas e 
sociais; era conservador, monarquista, escravocrata, 
proprietário rural, nacionalista. Transparece, em seus 
livros, a tentativa de fazer um painel do Brasil, co-
brindo-o de Norte a Sul, o litoral e o sertão, o presen-
te e o passado, o urbano e o rural, numa linguagem 
“brasileira”. Por essa diversidade temática, pode-se 
dividir sua obra em cinco categorias: romances urba-
nos ou de costumes, romances históricos; romances 
regionais; romances rurais; romances indianistas. 
Em seus romances urbanos, ou de costumes, 
além de retratar a sociedade carioca na época do rei-
nado de D. Pedro II, Alencar aponta alguns aspectos 
negativos da vida urbana e dos costumes burgueses. 
As tramas giram em torno de intrigas de amor e desi-
gualdade econômico-social entre os amantes, em que 
até pode-se encontrar certa crítica a respeito dos valo-
res burgueses; porém a mensagem final é a mesma: o 
amor sempre triunfa e, de preferência, a felicidade 
vem associada ao poder econômico. São exemplos de 
romances urbanos, ou de costumes, de José de Alen-
car: Cinco minutos, A viuvinha, Sonhos d’ouro, En-
carnação e os três perfis de mulher: Lucíola, Diva e 
 
Editora Exato 8 
Senhora. Romances Indianistas: O guarani, Iracema e 
Ubirajara. 
Romances Regionalistas: O sertanejo e O gaú-
cho. 
Romances Rurais: “Til” e O tronco do Ipê. 
5. PROSA REGIONALISTA E INDIANISTA 
O romance brasileiro do século XIX também ex-
plorou a temática regionalista e indianista. Abai-
xo, citamos alguns autores dedicados ao romance 
regionalista e voltamos a José de Alencar que ex-
plorou,além do regionalismo, o indianismo. 
a) Joaquim da Silva Bernardo Guimarães 
(1825-1884): participou do grupo “mal do século” a 
que pertencia Álvares de Azevedo, mas, depois, reti-
rou-se para o interior e produziu obras enfocando a 
natureza e os conflitos sociais. Seus personagens esti-
lizados representam a própria temática de seus livros; 
eram eles o sertanejo, o mestiço, o garimpeiro, o pa-
dre do interior, o estudante de seminário, o índio e a 
escrava, todos contextualizados na região de que pro-
vinham. São suas obras: A escrava Isaura, O garim-
peiro, O seminarista, O ermitão de Munquém, 
Maurício e Jupira. 
b) João Franklin da Silveira Távora (1842-
1888) retratou figuras típicas do nordeste, como o 
vaqueiro, o matuto, o cangaceiro, seu modo de vida, 
sua psicologia e a paisagem em que se inseriam. Tem 
sua importância confirmada por criar o romance re-
gionalista nordestino, em busca de uma literatura na-
cional com feitos heróicos, tradição e poesia 
próprios. Seus títulos são: O cabeleira, Lourenço, O 
matuto e Um casamento no Arrabalde (novela). 
c) Alfred d’Escragnolle Taunay - Visconde 
de Taunay (1843-1899) foi militar, participou da 
Guerra do Paraguai. Com Inocência, marca o limite 
entre Romantismo e Realismo, pois, apesar de sua 
concepção do amor ser romântica, percebe-se, já, a 
profundidade psicológica e proximidade com o real 
em suas descrições; a heroína sofre por amor e morre, 
sem concretizá-lo, o que destoa dos finais românticos 
tradicionais, desta feita, alguns estudiosos julgam-no 
pré-realista. Também escreveu: Manuscrito de uma 
mulher, Ouro sobre azul, A mocidade de Trajans, 
Amélia Smith. 
Como já ressalvamos, analisaremos as outras 
categorias do romance de José de Alencar, além do 
romance urbano ou de costumes. 
As obras regionalistas de Alencar: O sertanejo 
e O gaúcho mostram o relacionamento entre o ho-
mem e o meio físico. Na paisagem nordestina, nota-
se o autor mais desenvolto e próximo ao real, conhe-
cedor da região e do homem. Já na região sul, há ide-
alização e falhas na descrição do ambiente, fruto do 
desconhecimento. A sua tentativa de fazer um “pai-
nel” do Brasil não o desvia da idealização dos perso-
nagens, que são moldados sob o conceito do “bom 
selvagem”. 
A categoria dos romances rurais não dispensa 
o caráter regionalista, mas são obras voltadas para o 
meio rural, ambientadas em fazendas do interior de 
São Paulo e norte do Rio de Janeiro. Til e O tronco 
do Ipê encaixam-se nesta classificação. 
Mas foram os romances indianistas que trouxe-
ram maior popularidade a Alencar: O guarani, Irace-
ma e Ubirajara. Neles, o autor defende a troca de 
favores entre o nativo e o europeu colonizador: o 
primeiro oferecia a natureza virgem, o solo esplêndi-
do, o segundo, a cultura. Da soma desses fatores, re-
sultaria o Brasil independente, novo povo, fruto da 
convivência entre colonizadores e colonizados. Po-
rém, nesta relação, Alencar deixa transparecer as re-
lações medievais entre o branco e o índio, 
respectivamente, senhor e vassalo. 
Além do indianismo, que reflete o nacionalis-
mo e a exaltação da natureza pátria, há a preocupação 
histórica, pois percebe-se a pesquisa do autor em do-
cumentos quinhentistas e sobre costumes e lendas in-
dígenas. Os personagens indígenas são idealizados, 
como nos romances europeus: Peri é civilizado, tido 
como super-herói de romances europeus medievais 
de cavalaria; Iracema é o símbolo do primeiro nativo 
em contato com o branco colonizador e dela nasce o 
primeiro brasileiro fruto desse amor, de acordo com a 
lenda do surgimento do Ceará. Ubirajara é o índio em 
seu estado mais puro e idealizado. 
ESTUDO DIRIGIDO 
1 Leia o texto para responder aos itens. 
 
Soneto 
Perdoa-me, visão dos meus amores. 
Se a ti ergui meus olhos suspirando!.. 
Se eu pensava num beijo desmaiando 
Gozar contigo a estação das flores! 
 
De minhas faces os mortais palores. 
Minha febre noturna delirando. 
Meus ais, meus tristes ais vão revelando 
Que peno e morro de amorosas dores.. 
 
Morro, morro por ti! na minha aurora 
A dor do coração, a dor mais forte. 
A dor de um desengano me devora. 
 
Sem que última esperança me conforte. 
Eu - que outrora vivia! - eu sinto agora 
Morte no coração, nos olhos morte! 
 
a) Podemos afirmar que, nesse soneto, reconhe-
cemos duas constantes da obra de Álvares de 
Azevedo: a idealização da mulher, sempre ina-
cessível ao poeta, e a angústia da morte. 
 
Editora Exato 9 
Transcreva passagens do texto que justifiquem 
essa afirmação. 
__________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________ 
 
b) Que passagem do texto especifica a causa da 
morte do poeta? 
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________ 
 
c) Em uma das estrofes, ocorre uma figura de es-
tilo chamada antítese que consiste na aproxi-
mação de idéias contrárias com o objetivo de 
destacar essa oposição ou contraste. Transcre-
va essa passagem. 
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________ 
 
d) Por que esse soneto pode ser considerado um 
exemplo da tendência ultra-romântica? 
__________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________ 
EXERCÍCIOS 
1 Leia as seguintes afirmações e julgue os itens: 
1111 A segunda geração romântica cultivou uma 
poesia acentuadamente sentimental e egocên-
trica. 
2222 O livro Primeiros Cantos, de Gonçalves Dias, 
é considerado o marco inicial do Romantismo 
brasileiro. 
3333 O Romantismo surgiu inicialmente na Alema-
nha e na Inglaterra por volta de 1836. 
4444 Álvares de Azevedo e Junqueira Freire são po-
etas ultra-românticos. 
5555 O Indianismo é a única linha temática que foi 
bastante explorada por todas as gerações ro-
mânticas. 
 
2 Entre as alternativas a seguir, marque a que me-
lhor define o tipo de humor explorado pelo poeta 
na estrofe aqui transcrita. 
“Coração, por que tremes? Vejo a morte, 
Ali vem lazarenta e desdentada... 
Que noiva! ... E devo então dormir com ela? 
Se ela ao menos dormisse mascarada!” 
a) humor negro, cético, em que zomba de sua 
própria dor. 
b) sátira, com o propósito de reformar determina-
da situação. 
c) humor colérico, aplicado com o intuito de iro-
nizar, castigar. 
d) espírito de troça, pilhéria para divertir e provo-
car riso nos leitores. 
e) oposição entre o racional e o irracional, a pon-
to de deturpar as formas naturais. 
 
3 (CESUPA) O assunto desta questão é o Roman-
tismo em terras brasileiras. Leia as alternativas 
com atenção e assinale a correta: 
Gonçalves Dias e Castro Alves viveram, respec-
tivamente, a experiência romântica, nas fases in-
dianista e condoreira. O primeiro, envolvido por 
um sentimento apaixonado, amou o Brasil e a na-
tureza de sua terra. O segundo lutou pelas causas 
sociais que lhe pareceram mais justas e, em al-
guns momentos, aproximou-se da estética parna-
siana. Os dois, contudo, igualam-se no instante 
em que abrem o coração e deixam a emoção falar 
mais alto. Mesmo que Gonçalves dias tenha, nes-
se aspecto, sonhado situações que Castro Alves 
colocou em prática. 
a) O comentário sobre os dois poetas é absoluta-
mente correto e não há reparos de caráter lite-
rário a serem feitos. 
b) No que diz respeito a Castro Alves está tudo 
certo. O problema é que as afirmativas sobre 
Gonçalves Dias são incorretas. 
c) Sobre Castro Alves, há imprecisões, que dei-
xam de existir quando o assunto é Gonçalves 
Dias. 
d) O texto é impreciso e ambíguo, não deixando 
ao leitor possibilidade de exercer juízo crítico. 
e) O texto comete dois erros graves: o primeiro, 
quando afirma que ambosforam românticos: o 
segundo, quando afirma que Castro Alves teria 
se aproximado do Parnasianismo. 
 
4 Tomadas em conjunto, as obras de Gonçalves 
Dias, Álvares de Azevedo e Castro Alves de-
monstram que, no Brasil, a poesia romântica 
a) pouco deveu às literaturas estrangeiras, conso-
lidando de forma homogênea a inclinação sen-
timental e o anseio nacionalista dos escritores 
da época. 
b) repercutiu, com efeitos locais, diferentes valo-
res e tonalidades da literatura européia: a dig-
nidade do homem natural, a exacerbação das 
paixões e a crença em lutas libertárias. 
c) constituiu um painel de estilos diversificados, 
cada um dos poetas criando livremente sua lin-
guagem, mas preocupados todos com a afirma-
ção dos ideais abolicionistas e republicanos. 
 
Editora Exato 10 
d) refletiu as tendências ao intimismo e à morbi-
dez de alguns poetas europeus, evitando ocu-
par-se com temas sociais e históricos, tidos 
como prosaicos. 
e) cultuou, sobretudo, o satanismo, inspirado no 
poeta inglês Byron, e a memória nostálgica das 
civilizações da Antigüidade clássica, represen-
tadas por suas ruínas. 
 
5 Com relação ao Romantismo e seus autores, jul-
gue os itens: 
1111 O índio, presente na literatura romântica, não é 
um ser idealizado. 
2222 “Lira dos vinte Anos” reúne grande parte da 
melhor poesia lírica de Casimiro de Abreu. 
3333 “Harpas Selvagens” nos mostra expressivos 
momentos da poesia indianista de Gonçalves 
Dias. 
4444 Os poetas do ultra-romantismo desenvolveram 
várias características, exceto a obsessão pela 
morte. 
5555 Álvares de Azevedo encarna a melhor poesia 
ultra-romântica exercitada no Brasil. 
6666 “Senhora” e “Lucíola” são obras em que José 
de Alencar estudou os chamados “perfis femi-
ninos”. 
7777 Servindo-se do romance histórico, José de A-
lencar recriou, literariamente, alguns fatos de 
relevância nacional. 
8888 Castro Alves faz da poesia um grito de protes-
to ou de reivindicação. 
 
6 (UFPR) Qual das informações sobre José de A-
lencar é correta? 
a) Alencar inaugurou a ficção brasileira com a 
publicação de sua obra Cinco Minutos. 
b) Alencar foi um cronista que soube conciliar um 
romantismo exacerbado com certas reminis-
cências do Arcadismo, manifestas, principal-
mente, na linguagem clássica. 
c) Alencar, apesar de todo o idealismo romântico, 
conseguiu, nas obras Lucíola e Senhora, captar 
e denunciar certos aspectos profundos, recal-
cados da realidade social e individual, onde 
podemos detectar um pré-realismo ainda inse-
guro. 
d) A obra de Alencar, objetivando atingir a Histó-
ria do Brasil e a síntese de suas origens, volta-
se exclusivamente para assuntos indígenas e 
regionalistas, sem incursões pelo romance ur-
bano. 
e) O indianismo de José de Alencar baseou-se em 
dados reais e pesquisa antropológica, apresen-
tando, por isso, uma imagem do índio brasilei-
ro sem deformações ou idealismo. 
 
7 (FATEC) Assinale a alternativa INCORRETA. 
a) O que se conhece como condoreirismo é poe-
sia de vertente social, defendendo ideais em 
favor de fatos históricos como a Proclamação 
da República, a industrialização e abolição da 
escravatura, entre outros. 
b) “Metamos o martelo nas teorias, nas poéticas e 
nos sistemas. Abaixo este velho reboco que 
mascara a fachada da arte! Nada de regras nem 
de modelos!” (Victor Hugo). As palavras do 
poeta caracterizam a postura romântica de 
rompimento dos princípios e regras clássicas 
no nível estético, principalmente. 
c) O sertanismo representa, no quadro do movi-
mento romântico, a mais alta expressão da bra-
silidade, abolindo o artificialismo das 
personagens e do próprio conteúdo romântico. 
d) Destacado como responsável pela ampliação 
da faixa de público no período romântico, o 
romance incorporou ao universo literário situ-
ações e personagens até então distanciadas 
desse universo. 
e) “Verdes mares bravios da minha terra natal, 
onde canta a jandaia nas frondes de carnaúba.” 
O parágrafo inicial de Iracema, de José de A-
lencar, mostra uma atitude romântica marcante 
nesse romance; a valorização do elemento na-
cional, do colorido local. 
 
8 (CEAP) 
“Ela embebeu os olhos do seu amigo e lânguida 
reclinou a loura fronte. O hálito ardente de Peri 
bafejou-lhe a face. 
Fez-se no semblante da virgem um ninho de cas-
tos rubores e lânguidos sorrisos: os lábios abriram 
como as asas púrpuras de um beijo saltando o vôo. 
A palmeira arrastada pela torrente impetuosa fu-
gia... 
E sumiu-se no horizonte...” 
O Guarani – José de Alencar 
Qual das afirmações seguintes não encontra cor-
respondência no trecho final do romance “O Gua-
rani”, acima transcrito? 
a) “Extinto pelo dilúvio (a tempestade) o passado 
dos dois jovens (Peri e Cecília), superam-se as 
relações de vassalagem que havia entre ambos. 
Bem como se superam as diferenças sociais e 
culturais”. 
b) No final do romance, o amor de Peri por Cecí-
lia permanece vassalo, fraterno, platônico. 
c) A bela união amorosa entre Peri e Cecília, su-
gerida por Alencar, simboliza a origem da raça 
brasileira. 
d) A rica adjetivação, a comparação, a metáfora e 
a prosopopéia são traços estilísticos da prosa 
alencarina, presentes no texto. 
 
Editora Exato 11 
e) O heroísmo do índio Peri salvando Cecília re-
flete, no romance, a teoria do “bom selvagem”. 
 
9 (UFAL) Assinale C ou E: 
1111 Dos mais ricos, esse período literário floresceu 
no século das Luzes, impulsionado pelos sen-
timentos nativistas e pela indignação dos brasi-
leiros contra o domínio português. 
2222 A prova maior de que a literatura desse perío-
do foi marcada pelo forte sentimento naciona-
lista é a obra daquele grande escritor, na qual 
os temas indianistas e regionalistas alternam-se 
com os retratos urbanos, tudo configurando um 
projeto estético a serviço da representação de 
nossas múltiplas realidades. 
3333 Gonçalves Dias e seu indianismo; Álvares de 
Azevedo e seu intimismo; Castro Alves e seu 
abolicionismo: eis, pela ordem de aparição, as 
três poesias representativas do esforço máximo 
dos poetas do período em explorar as ricas ver-
tentes da arte romântica. 
4444 Esses novos escritores serão, na sua obra, me-
nos atormentados que seus antecessores barro-
cos; sem perder a impregnação religiosa nem o 
respeito à monarquia, vão-se preocupar com 
assuntos mais imediatos e concretos, como a 
prática da virtude civil, a busca da harmonia 
social pela obediência às leis da natureza, a 
procura da felicidade na terra. 
5555 Os traços de relevo dessa escola literária são o 
gosto da descrição nítida, as concepções tradi-
cionalistas sobre metro, ritmo e rima e, no fun-
do, o ideal de impessoalidade que 
compartilhavam com os realistas do tempo. 
 
GABARITO 
Estudo Dirigido 
a) Espera-se que os alunos percebam que a mu-
lher é descrita como uma “visão”, como um ser 
superior a quem o poeta “ergue” os olhos sus-
pirando. E o poeta morre “de amorosas dores” 
porque não consegue realizar o desejo expres-
so na primeira estrofe: “Se eu pensava num 
beijo desmaiando / Gozar contigo a estação das 
flores!”. 
b) A morte provocada por um desengano amoro-
so aparece claramente expressa no verso: “Que 
peno e morro de amorosas dores...” e em toda 
a terceira estrofe. 
c) “Eu – que outrora vivia! – eu sinto agora / 
Morte no coração, nos olhos morte!”. 
d) Porque nele transparece a poesia emotiva e 
sentimental, típica dessa tendência, com o poe-
ta fechado em seu mundo interior, lamentando 
a impossibilidade de realização amorosa. 
Exercícios 
1 C, E, E, C, E 
2 E/D/B/C/A 
3 A 
4 B 
5 E, E, C, E, C, C, E, C 
6 C 
 
7 C 
8 B 
9 E, C, C, C, E

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