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LITERATURA Editora Exato 11 FASES DO MODERNISMO O Modernismo brasileiro compreende três fa- ses, marcadas por três gerações diferentes e sucessi- vas: � Primeira fase (combativa ou heróica) - de 1922 a 1930; � Segunda fase (maturidade) - de 1930 a 1945; � Pós-Modernismo - de 1945 até a atualidade. É bom salientar que essa divisão é feita como um recurso didático apenas. Numa mesma fase, po- dem coexistir ideais variados; a maior parte dos escri- tores da 1ª fase continuou produzindo e, freqüentemente, passando por tendências diferentes. 1. PRIMEIRA FASE, OU GERAÇÃO DE 1922 Esta geração revolucionária teve como objeti- vo principal, demolir uma ordem social e política com caráter colonialista, uma arte e literatura baseada na imitação estrangeira e desligada da realidade na- cional. Teve como principais representantes na poe- sia: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida, Raul Bopp, Cassi- ano Ricardo e Menotti Del Picchia. Na prosa: Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Alcântara Macha- do. No primeiro momento, o Modernismo rompeu as barreiras da poesia e da prosa, valorizando o pro- saico e o humor, através de uma atitude demolidora e de uma crítica corrosiva contra o academicismo. 2. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA 1ª FASE 1. Negação do passado e uso de “pala- vras em liberdade”. Exemplo: “Sentaram-me num automóvel de pêsames”. (Oswald de Andrade - Memórias Sentimentais de João Miramar) 2. Busca do original e polêmico na li- teratura e apego à modernidade da época. Exemplo: “... E o médico veio de Chevrolet Trazendo um prognóstico e toda a minha infância nos olhos.” (Oswald de Andrade) 3. Ausência de rimas convencionais e utilização de versos livres. Exemplo: “Naquela casa mora, mora, ponhamos: guaraciaba.. A dos cabelos fogaréu! (Mário de Andrade) 4. Coloquialismo de linguagem. Exemplo: “- Qué apanhá sordado? - O quê? - Qué apanhá? Pernas e cabeças na calçada.” (Oswald de Andrade) 5. Valorização poética do cotidiano Exemplo: “Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió Para pior pió”. (Oswald de Andrade) 6. Utilização da paródia, do humor pela piada. Exemplo: “Minha terra tem palmares onde gorjeia o mar os passarinhos daqui não cantam como os de lá.” (Oswald de Andrade) 7. Nacionalismo intransigente, bairris- mo. Exemplo: “Recife morto, Recife bom, recife brasileiro como a casa de meu avô.” (Manuel Bandeira) 8. Tendência crítica e anarquista. Exemplo: “Eu insulto o burguês! O burguês níquel, O burguês-burguês a digestão bem feita de São Paulo!” (Manuel Bandeira) LITERATURA Editora Exato 12 9. Antipassadiano Exemplo: “Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado (...) Não quero mais saber do lirismo que não é [libertação.” 10. Flashes cinematográficos, simulta- neidade. Exemplo: “O céu jogava tinas de água sobre o noturno que me devolvia a São Paulo”. 11. Interesse pelo homem comum. Exemplo: “João gostoso era carregador de feira-livre e morava no morro da Babilônia...” (Manuel Bandeira) 3. SEGUNDA FASE, OU GERAÇÃO DE 1930 Principais Características da Prosa e da Poesia a partir de 1930 Prosa � “A bagaceira”, de José Américo de Almei- da, foi o marco inicial dessa fase, em 1928. � Os romances de 30 caracterizavam-se por apresentarem uma visão crítica das relações sociais. Os romancistas buscavam ressaltar o homem hostilizado pelo ambiente, pela terra, pela cidade, o homem devorado pelos problemas que o meio lhe impõe. � O trabalhador rural, a seca e a miséria eram temas desses romances de cunho regional e social. � Por meio de autores como Rachel de Quei- roz, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Érico Veríssimo e tantos ou- tros, a literatura mostra o homem como ali- cerce de cada uma das diversas áreas sócio- econômicas do país, mas quase sempre em luta desigual com ela. Poesia � A poesia da segunda geração modernista foi, essencialmente, uma poesia de questio- namento em torno da existência humana, do sentimento de “estar no mundo”, da inquie- tação social, religiosa, filosófica, amorosa etc. � Essa geração de poetas, livre do compro- misso de combater o passado, mantém mui- tas das conquistas da geração anterior, mas também se sente inteiramente à vontade pa- ra voltar a cultivar certas formas antes des- prezadas, em razão do radicalismo da primeira geração. É o caso dos versos regu- lares (metrificados), da estrofação criteriosa e de formas fixas como o soneto, a balada, o rondó, o madrigal etc. � São autores desta geração de poetas: Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Cecília Meireles, Jorge de Lima, Vinícius de Morais e Manuel Bandeira. 4. TERCEIRA FASE, OU PÓS-MODERNISMO Principais Características Da Poesia E Da Prosa Poesia � Maior apuro do verso; � Mais ênfase na palavra, no ritmo, na rima; � Tendência para uma arte mais racional, ce- rebral, às vezes até hermética; � Busca do regionalismo temático e do uni- versalismo; � Caráter “engajado” da poesia. Prosa � Investigação psicológica das personagens e seus conflitos íntimos; � A ação e o enredo perdem importância em favor das emoções, estados mentais e rea- ções das personagens; � A sugestão, a associação e a expressão indi- reta passam a ser os meios de veicular a ex- periência; � A literatura torna-se cada vez mais subjeti- va, interiorizada e abstrata, constituída de experiências mentais; � O princípio de seleção do material expande- se para incluir todos os motivos e assuntos; � Normalmente, o autor não faz o retrato do personagem: este vive e o leitor o conhece e julga. Principais Autores Poesia João Cabral de Melo Neto, Vinícius de Morais, Carlos Drummond de Andrade e Ferreira Gullar. Prosa Clarice Lispector e Guimarães Rosa. 5. PRODUÇÕES CONTEMPORÂNEAS Poesia As décadas de 50 e 60 assistiram ao lançamen- to de tendências poéticas caracterizadas por inovação formal, maior proximidade com outras manifestações artísticas e negação do verso tradicional, uma vez que deveriam acompanhar o progresso de uma civilização tecnológica e responder às exigências de uma socie- LITERATURA Editora Exato 13 dade impelida pela rapidez das transformações e pela necessidade de uma comunicação cada vez mais ob- jetiva e veloz. Procurava-se, assim, “o poema produ- to: objetivo útil”. Poema Concreto A palavra como coisa, o poema objetivo em que se utilizam múltiplos recursos: o acústico, o vi- sual, a carga semântica, o espaço tipográfico e a dis- posição dos vocábulos na página. Ex.: VAI E VEM E E VEM E VAI (José Lino) Principais Poetas Concretistas Oswald de Andrade, João Cabral de Melo Ne- to, Décio Pignatari, José Lino, Ronald Azevedo, A- roldo de Campos e Augusto de Campos. Poema Práxis Valoriza a palavra dentro de um contexto ex- tralingüístico, caracterizando-se pela periodicidade e repetição das palavras, cujo sentido e dicção mudam conforme sua posição no texto. Ex.: “(...) E na mão do primeiro o punhal se empunha se ergue chispando e em X pando desce: se crava cravo, na caixa de som”. (Colchão murcho coração) (Azevedo Filho) Principais Autores da Poesia Praxis Mário Chamie, Mauro Gama, Yone Fonseca, Armando Freitas Filho e Antônio Carlos Cabral. Poema Processo: Caracteriza-se mais como uma arte gráfica do que literária - a palavra dá lugar a símbolos gráficos. Pode-se citar como exemplo o poema código “Fome”, de José de Arimatéia Soares Carvalho. Poesia marginal: poema produzido e distribu- ído pelo próprio autor, nas ruas, bares, restaurantes etc. Prosa No romance, o regionalismo continua sendo um filão muito rico e produtivo, com autores consa- grados como Mário Palmério, Bernardo Elis, Antônio Calado, Josué Montello e José Cândido de Carvalho. O romance policial e/ou histórico também é muito cultivadopor autores contemporâneos como, por exemplo, Rubem Fonseca. A crônica e o conto são narrativas curtas con- sagradas na prosa das últimas décadas. O conto, po- rém, situa-se em posição privilegiada tanto em quantidade como em qualidade, se analisado no con- junto das produções contemporâneas. Entre os contis- tas mais significativos citam-se Dalton Trevisan, Moacyr Scliar, Luís Fernando Veríssimo, Luís Vile- la, Lygia Fagundes Teles e Domingos Pellegrini Jr. Principais Características da Prosa A partir do golpe militar de 1964, a circulação cultural esteve sob a mira da polícia e da política. A produção literária – quando tinha coragem de aparecer – era de caráter político e audacioso. É o caso, por exemplo de Quarup, de Antônio Callado, romance que refletiu, em 1967, a multiplicidade de formas sociais vigentes no Brasil. Características � Incorporação de técnicas: legitimação da pluralidade. Nos anos 70 e 80, não há mais limite entre o romance e o conto. São ro- mances que se parecem com reportagens; contos que se parecem com poemas em prosa ou com crônicas; autobiografias com aspectos de romances; narrativas que ga- nham jeito de cena teatral; textos que se fa- zem por justaposição de recortes, reflexões, documentos. � Desestruturação do enredo: o romance per- de a visão de conjunto, devido ao acúmulo de pormenores narrativos e, também, à des- crição de estado d’alma, estados físicos etc. A monotonia nas narrativas revela o fato de que para o autor não importa o que se con- ta, mas como se conta. O mundo interior vem à tona com todas as suas nuanças e o relato ganha tons psicanalíticos. � Ficcionalização de outros gêneros: os escri- tos trouxeram para o romance ou para o conto elementos do cinema, do teatro e da telenovela. Assim, por exemplo, a narrativa fim de século XX traz para o relato a coe- xistência entre o falado e o escrito, o monó- logo, a gíria, o texto completamente livre. � Realismo feroz, ultra-realismo: a nova nar- rativa, que adentra os anos 90, chega a a- gredir o leitor pela violência dos temas que aborda. É um ultra-realismo sem preconcei- tos, ao qual a própria linguagem também faz jus, não se economizando nem se res- guardando; todas as palavras são válidas, inclusive as de baixo calão. � Realismo mágico: trata-se de uma literatura que opta pelo fantástico para registrar um mundo que não pode ser impresso pela lin- guagem comum, devido à máquina repres- siva. O fantástico e o absurdo servem para camuflar uma realidade proibida de ser vei- culada. LITERATURA Editora Exato 14 Autores da Prosa Contemporânea � Antônio Carlos Callado – Vários persona- gens de seus livros foram inspirados em pessoas reais – gente cruel, participante do processo repressivo, que torturava e matava pessoas. No romance Sempreviva, por e- xemplo, o personagem Claudemiro repre- sentava o tenebroso delegado Sérgio Paranhos Fleury. Romances: Assunção de Salviano, A Madona de Cedro; Quarup; Re- flexos do baile; Sempreviva. � José J. Veiga – Representava uma linha da nova narrativa, que tem predileção pelo fan- tástico. A força do desconhecido atuando sobre o mundo conhecido é veementemente marcada em suas obras. Romances: A hora dos ruminantes; Aquele mundo de Vascon- celos; Sombras de Reis Barbudos; Os peca- dos da tribo; De jogos e festas. Contos: Os cavalinhos de Platiplanto; A má- quina extraviada. � Murilo Eugênio Rubião – Grande contista, trabalhou, também, o fantástico na literatu- ra. Contos: O pirotécnico Zacarias; O Ex- mágico; O homem do boné cinzento; A es- trela vermelha; Os dragões e outros contos; O convidado; A casa do girassol vermelho. � João Antônio Ferreira Filho – Conhece, como poucos, o mundo da boêmia e da marginalidade, optando por retratá-lo na li- teratura que escreve. É redator de jornal e publicitário. Contos: Malagueta, Perus e Bacanaço; Paulinho perna torta; Leão de chácara; Malhação do Judas Carioca; Casa de loucos; Calvário e pores do pingente A- fonso Henriques de Lima Barreto; Lambões de Caçarda abraçado ao mundo com o meu rancor. � Lygia Fagundes Teles – Uma das maiores contistas, escreve contos tradicionais e fan- tásticos. Lygia também possui a autoria de bons romances. Contos: Praia Viva; O cac- to vermelho; Venha ver o pôr-do-sol; Antes do Baile verde; Seminário de ratos; Seleta; O jardim selvagem, dentre outros. Roman- ces: As meninas; Ciranda de Pedra e Verão no Aquário. � Roberto Drummond – Um dos mais significativos autores do “boom” editorial dos anos 70. Contos: Quando fui morto em Cuba. Romances: Hilda Furação; O cheiro de Deus; Hitler manda lembranças; Sangue de Coca-Cola; O Dia em que Ernest He- mingway morreu crucificado; Ontem à noi- te era Sexta-Feira. 6. APÊNDICE Principais Autores e Obras Primeira Fase - Poesia: Mário Raul de Andrade - O “papa” do Mo- dernismo publica, em 1917, “Há uma gota de sangue em cada Poema”, sob o pseudônimo de Mário Sobral. Mário de Andrade considerava São Paulo a sua musa inspiradora. Deu à sua obra o caráter de missão, ou seja, considerou-se um arauto de novas idéias e colo- cou seus textos a serviço da renovação cultural e po- lítica do país. Assim, sua obra traz os traços da modernidade, ao mesmo tempo em que é participante de todos os movimentos democráticos da época. Obras do autor: “Paulicéia Desvairada”, “Há uma gota de sangue em cada poema”, “Amar, verbo intransitivo”, “Contos Novos” e “Macunaíma”. José Oswald de Sousa Andrade - Foi uma das figuras centrais na campanha preparatória para a Semana de Arte Moderna, de 1922. Oswald de An- drade lutou intensamente pela criação de uma litera- tura brasileira modernizada, de uma arte nacional. Obras do autor: “Estrela do absinto”, “Memó- rias sentimentais de João Miramar”, “Serafim Ponte Grande”, “O homem e o cavalo”, “A morta”, “O Rei da Vela” e “Marco zero”. Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho - Influenciado pelos simbolistas franceses Baudelaire e Verlaine, seus versos deixam transparecer a idéia da morte, do desalento. Com “Carnaval” (1919), Manuel Bandeira granjeia grande sucesso, porém, em con- traste com a euforia carnavalesca, a maioria dos po- emas desta obra traz a marca da decepção. Manuel Bandeira foi parnasiano antes de pensar em ser mo- dernista. Obras do autor: “Estrela da manhã”, “Poesias escolhidas”, “Poesias completas”, “A autoria das Cartas Chilenas”, “Mafuá do malungo” e “Itinerário de Pasárgada”. Segunda Fase - Prosa: José Américo de Almeida - “... José Américo de Almeida - que abriu para todos nós o caminho do moderno romance brasileiro.” (Guimarães Rosa) “O número de referências bibliográficas não dá idéia suficiente do êxito e da importância de “A ba- gaceira”, romance que abriu nova fase na história li- terária do Brasil”. (Otto Maria Carpeaux) Obras do autor: “A bagaceira”, “O boqueirão” e “Corteiros”. LITERATURA Editora Exato 15 José Lins do Rego - Sua estréia literária deu- se em 1932, com o livro “Menino de Engenho”, pon- to de partida para o ciclo da cana-de-açúcar. Os ro- mances de José Lins do Rego, conforme a temática, são reunidos em: a) Ciclo da cana-de-açúcar: “Menino de Engenho”, “Doidinho”, “Banguê”, “Moleque Ricardo” e “Fogo morto”. b) Ciclo da seca, do cangaço e do misticismo: “Pedra Bonita” e “Cangaceiros.” c) sem filiação a nenhum ciclo, mas ligados à paisa- gem do Nordeste, José Lins escreveu “Pureza”, “Riacho Doce”, “Água Mãe” e “Eurídice”. Rachel de Queiroz - em 1917, em companhia dos pais, vai de Fortaleza para o Rio de Janeiro, pro- curando esquecer os sofrimentos da terrível seca de 1915. Mais tarde, a romancista aproveita esse fato como tema de seu livro de estréia, “O Quinze.” Obras da autora: “O Quinze”, “João Miguel”, “Caminho de Pedras”, “As três Marias” e “O galo de Ouro”. Graciliano Ramos - O estilo de Graciliano Ramos é incisivo, direto e mesmo seco, coerente com a realidade que fixou. A linguagem é rigorosamentejusta e conscientemente trabalhada. Escreveu com exatidão e rigor fora do comum. Foi perfeito artista da palavra. Obras do autor: “São Bernardo”, “Angústia”, “Vidas secas”, “Histórias completas”, “Insônia”, e “Alexandre e outros heróis”. Jorge Amado - iniciou sua carreira com obras de cunho regionalista e de denúncia social, passando por várias fases até chegar à atual, voltada para a crônica de costumes. Sua obra apresenta altos e bai- xos, uma vez que revela certo descuido formal, abuso de clichês e lugares comuns, lirismo às vezes piegas, o que o impede de atingir o nível que se esperaria do mais conhecido romancista brasileiro. Obras do autor: “O país do carnaval”, “Cacau”, “Suor”, “Jubiabá”, “Mar morto”, “Capitães da Arei- a”, “Terras do sem-fim”, “São Jorge dos Ilhéus” e “Gabriela, cravo e canela”. Segunda Fase - Poesia: Carlos Drummond de Andrade - Drum- mond, além de poeta, é um excelente prosador, de es- tilo marcado pelo humor e pelo ceticismo, ou seja, estado de espírito de quem duvida de tudo. A obra de Drummond pode ser dividida de acordo com sua te- mática: reminiscência da infância, da família, de Ita- bira; a busca da poesia; o cotidiano; a busca de si mesmo, o filosófico e o metafísico; o amor e suas contradições, o corpo, o erotismo (última fase do poeta). Obras do autor: Poesia: “Alguma poesia” “Beijos das Almas”, “Sentimentos de Mundo”, “A rosa do povo”, “Claro enigma”, “Fazendeiro do Ar”. Prosa: “Contos de Aprendiz”, “Fala, amendo- eira”, “A bolsa e a vida”, “Boca de luar”, “O avesso das coisas” e “Cadeira de Balanço”. Cecília Meireles - “Como um todo uniforme e linear, presidido por três constantes fundamentais: o oceano, o espaço e a solidão (...)” Às vezes, se deixa seduzir pelo medievalismo e busca as sugestões do lirismo trovadoresco, incorrendo então num falso vir- tuosismo”. (In. CÂNDIDO, A. E CASTELLO, J.A. Presença da literatura brasileira, VIII. p. 112-113) Obras da autora: “Romanceiro da Inconfidên- cia”, “Mar absoluto”, “Amor em Lenoreta”, “Ou isto ou aquilo” (poesias infantis). Vinícius de Morais - Segundo o próprio autor, sua obra revela dois momentos bem distintos: - na primeira fase, os poemas têm cunho reli- gioso, melancólico e o verso é livre. - na segunda fase, o poeta afasta-se da religio- sidade e diversifica os temas e os processos poéticos. Os sonetos apresentam duas facetas: de um lado, em- pregam linguagem “nobre”; de outro, linguagem co- loquial, objetiva. Obras do autor: “O caminho para Distância”; “Forma e exegese”, “Poemas; canções e baladas”, “Pátria minha”, “Livro dos sonetos” e “Antologia po- ética”. Terceira fase ou geração de 45 até... João Cabral de Melo Neto - Ocupa um lugar todo especial na literatura brasileira pela inventivida- de verbal e pela participação nos problemas sociais. Distingue-se em nossa literatura pela preocupação com a construção e purificação da poesia. Obras do autor: “O engenho”, “Psicologia da composição”, “Pedra do sono”, “O cão sem plumas”, e “Morte e vida Severina”. “Escrevi Morte e vida Severina para aquele leitor do mercado de Recife que ouve o romanceiro de cordel.” (João Cabral de Melo Neto) Ferreira Gullar - Empregando muitas vezes ritmos e temas da literatura de cordel, Gullar põe a nu as tensões sociais, fazendo uso de uma poesia voltada para a denúncia e a crítica. Suas poesias expõem forte conteúdo ideológico. Obras do autor: “Um pouco acima do chão”, “Luta corporal”, “João Boa-Morte”, “Cabra marcado LITERATURA Editora Exato 16 para morrer”, “Quem matou Aparecida”, “Na verti- gem do dia” e “Barulho”. Prosa Clarice Lispector - Clarice aprofunda a son- dagem psicológica apresentando o fluxo da consciên- cia. Este fluxo cruza vários planos narrativos, sem haver preocupação com a lógica ou com a ordem nar- rativa. Obras da autora: “Perto do coração selvagem”, “O lustre”, “A paixão segundo G.H.”, “A hora da es- trela” e “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres”. João Guimarães Rosa - é uma das principais expressões da literatura brasileira. Seus romances de cunho regionalista, surpreendem em virtude da origi- nalidade de sua linguagem e de suas técnicas narra- tivas, que apontam uma mudança substancial na velha tradição regionalista. A grande novidade lin- güística introduzida pelo regionalismo de Guimarães foi a de recriar, na literatura, a fala do sertanejo, não apenas no nível do vocabulário, mas também no da sintaxe e na melodia da frase. Guimarães Rosa recria a própria língua portuguesa, a partir do aproveita- mento de temas em desuso, da criação de neologis- mos e do emprego de palavras tomadas de empréstimo a outras línguas. A prosa de Guimarães é carregada de recursos mais comuns à poesia, tais co- mo o ritmo, as aliterações, as metáforas, as imagens, obtendo assim, uma prosa altamente poética, nos li- mites entre a poesia e a prosa. Obras do autor: “Sagarana”(contos), “Grande Sertão: Veredas” (romance), “Corpo de baile” (nove- las), publicada, atualmente em três partes: “Manuel- zão e Miguilim”; “No urubuquaquá, no Pinhém”; e “Noites do sertão”. ESTUDO DIRIGIDO Poética Manuel Bandeira Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no di- cionário. o cunho vernáculo de um vocábulo Abaixo os puristas. Todas as palavras sobretudo os barbarismos univer- sais. Todas as construções sobretudo as sintaxes de exce- ção. Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis. 1 Além dos versos livres e da poesia em prosa, ou- tra característica formal modernista presente no poema é a ausência de sinais de pontuação, tais como são convencionalmente utilizados. Trans- creva um verso do poema que exemplifique si- multaneamente esses três aspectos estilísticos da primeira geração modernista. 2 Embora não possua uma seqüência linear, o texto pode ser dividido em duas partes, que se interca- lam. A primeira é de negação (estrofes 1, 2, 3, 5, 6) e a segunda, de afirmação (estrofes 7, 8). a) A que parte pertence a quarta estrofe? Por quê? b) Que elemento formal destaca a quarta estrofe do poema, pela sua modernidade? 3 Na parte de negação do poema, o sujeito poético rejeita o lirismo parnasiano, destacando critica- mente algumas de suas características. Escolha fragmentos de versos que exemplifiquem as ca- racterísticas mencionadas. Observe o exemplo. Contenção emocional, gerando a normativida- de academicista exacerbada, protocolar. "lirismo comedido" / "bem comportado" / "funcionário público com livro de ponto expedi- ente" / "protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor". a) Vocabulário elitizado, dicionarizante. b) Correção gramatical. 4 Além do Parnasianismo, outro estilo literário é rejeitado pelo sujeito poético. Identifique e cite duas de suas características, referidas no texto. EXERCÍCIOS 1 (Uneb-BA) Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor, e do aluno E do mulato sabido. Mas o bom negro e o bom branco da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro. Os versos acima ilustram: a) o pendor de Manuel Bandeira, inclinado a fa- zer poesia em torno de aspectos mais comuns da realidade. LITERATURA Editora Exato 17 b) o projeto modernista que propaga a desvincu- lação da cultura brasileira da arte estrangeira. c) a emoção e o lirismo que alimentam a inquie- tude de espírito de Mário de Andrade. d) o propósito de Oswald de Andrade no sentido de renovar a linguagem para aproximá-la da naturalidade da fala. e) a construção da poesia simples que, em Manu- el Bandeira, rompe os princípios parnasianos e inaugura o “lirismo-libertação". 2 (FCMSC-SP) Movimentos: I. Pau-Brasil II. Verde-Amarelo III. Antropofagia Objetivos: 1. Resposta ao conservadorismo manifestado pelo movimento daAnta. 2. Revalorização do primitivo, através de uma ar- te que redescobrisse o Brasil. 3. Proposição de uma estrutura nacionalista. A associação correta é: a) I-2; II-3; III-1 b) I-3; II-2; III-1 c) I-1; II-2; III-3 d) I-3; II-1; III-2 e) nenhuma. 3 (Universidade Estadual do Mato Grosso) Leia com atenção os textos a seguir: Iracema Capítulo II "Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal ro- çando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a ter- ra com as primeiras águas". (José de Alencar) Macunaíma Capítulo I "No fundo do mato-virgem nasceu Macunaí- ma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silên- cio foi tão grande escutando o murmurejo do Urari- coera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma. Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Se o incitavam a falar exclamava: -Ai! Que preguiça..." (Mário de Andrade) Confrontando os textos, percebe-se que: a) Mário de Andrade "copiou" de José de Alencar o início de seu romance. b) Em Iracema há um "herói", enquanto em Ma- cunaíma há um "anti-herói". c) Há um choque entre o pensamento do século XVIII e o do século XX. d) Ambos os romances são indianistas. e) José de Alencar e Mário de Andrade utilizam- se da mesma técnica narrativa. 4 Relacione as opiniões críticas do professor Al- fredo Bosi aos poetas a que se referem: a) Cecília Meireles b) Carlos Drummond de Andrade c) Murilo Mendes d) Vinícius de Moraes e) Jorge de Lima ( ) "Na verdade, [...] foi pelo prosaico, pelo irô- nico, pelo anti-retórico que [...] se afirmou como poeta congenialmente moderno. O rigor da sua fala madura, lastreada na recusa e na contenção, assim como o fizera homem de es- perança no momento participante de A rosa do povo, o faz agora homem de um tempo reedi- ficado até a medula pela dificuldade de trans- cender a crise de sentido e de valor que rói a nossa época, apanhando indiscriminadamente as velhas elites, a burguesia afluente, as mas- sas." (Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasi- leira. São Paulo, Cultrix.) ( ) "É poeta de aderência ao ser, poeta cósmico e social [...]. Tendo mantido firme a sua ânsia li- bertária, ânsia que partilhou com o Modernis- mo anterior a 30 [...] Místico, ele perfura a crosta das instituições e dos costumes culturais para morder o cerne da linguagem religiosa, que é sempre ligação do homem com a totali- dade. [...] Foi João Cabral de Melo Neto quem acertou no alvo quando reconheceu: (sua) poe- sia [...] me foi sempre mestra, pela plasticidade e novidade da imagem. Sobretudo foi ela quem me ensinou a dar precedência à imagem sobre a mensagem, ao plástico sobre o discursivo. Nessa caracterização, reconhecem-se o proces- so futurista da montagem e o processo surrea- lista da seqüência onírica; a combinação de ambos faz-se pelo traço comum, associativo, LITERATURA Editora Exato 18 que permite que se justaponham sintática e simbolicamente os dados da imaginação". (Alfredo Bosi. Op. cit. págs. 498 e 499.) ( ) "Este poeta, que, a certa altura da sua história espiritual, partilhou com Murilo Mendes o pro- jeto de restaurar a poesia em Cristo [...] Come- çou como sonetista neoparnasiano [...]. Mas o contato com o Modernismo em geral e, parti- cularmente, com o grupo regionalista do Reci- fe [...] ajudou o poeta a descobrir a sua vocação de artista de múltiplas dimensões (a social, a religiosa, a onírica), embora organi- camente lírico, isto é, enraizado na própria afe- tividade, mesmo quando aparente dispersar-se em notações pitorescas, em ritmos folclóricos, em glosas dos grandes clássicos. [...] Os poe- mas negros, que incorporam tantas vozes e ritmos da linguagem afronordestina, nos dão pistas para uma decifração mais completa da religiosidade a um tempo mística e terrena de Tempo e eternidade". (Alfredo Bosi. Op. cit. págs. 502, 503 e 504.) ( ) "(Seus) primeiros livros [...] também foram escritos sob o signo da religiosidade neo- simbolista [...]; mas a urgência biográfica logo deslocou o eixo dos temas desse poeta lírico por excelência para a intimidade dos afetos e para a vivência erótica. [...] será talvez, depois de Bandeira, o mais intenso poeta erótico da poesia brasileira moderna. [...] Alguns de seus sonetos deram vida nova à forma antiga e po- voaram de ecos camonianos o estilo de não poucos jovens estreados depois da guerra." (Alfredo Bosi. Op. cit. págs. 510 e 511.) ( ) "Com (o poeta) a vertente intimista [...] afi- na-se ao extremo e toca os limites da música abstrata. Mas, enquanto Murilo, Jorge de Li- ma, [...] Vinícius são líricos do ser e da pre- sença (religiosa, erótica ou social), o poeta de Solombra parte de um certo distanciamento do real imediato e norteia os processos imagéticos para a sombra, o indefinido, quando não para o sentimento da ausência e do nada. [...] Mas há outro neo-simbolismo [...] filiado às sondagens líricas [...] que conceberam a poesia como sen- timento transformado em imagem [...]. Nas pa- lavras (do poeta), ia poesia é grito, mas transfigurado'. A transfiguração faz-se no pla- no da expressividade. [...] (Foi) talvez o poeta moderno que modulou com mais felicidade os metros breves, como se vê [...] no trabalhadís- simo Romanceiro da Inconfidência." (Alfredo Bosi. Op. cit. págs. 512 e 513.) 5 Sobre a poesia da segunda geração modernista, responda as questões abaixo: a) Em que sentido podemos considerar a poesia da geração de 30 um prolongamento e, ao mesmo tempo, uma contraposição em relação à produ- ção poética da geração de 22? b) Por que os poetas da geração de 30 são consi- derados poetas de cosmovisão? Compare a poe- sia de Carlos Drummond de Andrade com a de Murilo Mendes e a de Jorge de Lima quanto a esse aspecto. c) Na produção poética da geração de 30, onde se encontram as vozes mais líricas, no sentido tra- dicional da palavra? Por quê? d) O que você entende por “lírica moderna”? Quem é seu principal representante no Brasil? Aponte uma obra desse escritor que justifique a sua resposta. e) Qual o significado da obra Tempo e Eternidade para o Modernismo brasileiro? Dos autores des- sa obra, qual escreveu poemas satíricos sobre a “História do Brasil”? Qual dedicou-se a trans- por para a literatura as tradições folclóricas a- fro-nordestinas? 6 (UFSM-RS) Sobre o romance de 30, afirma-se: I. Trata-se de narrativas de autores nordestinos que denunciam a injusta organização social do país. II. As narrativas que o integram têm como traço comum certos aspectos, como a problemática agrária e social brasileira. III. Não interrompe a seqüência da narrativa no Brasil, constituindo-se em uma frustração dos ideais de renovação modernista. Está(ão) correta(s): a) I apenas. b) II apenas. c) III apenas. d) I e II apenas. e) II e III apenas. 7 (Vunesp-SP) Em seu álbum póstumo, o cantor e compositor Cazuza diz, com sarcasmo: "A burguesia fede! A burguesia quer ficar rica! A burguesia não tem charme nem é discreta com suas perucas de cabelo de boneca A burguesia quer ser sócia do Country Quer ir em Nova lorque fazer compras". "Burguesia", Cazuza LITERATURA Editora Exato 19 Compare os versos apresentados com o seguinte poema concreto: Augusto de Campos. Viva vaia. São Paulo, Brasiliense, 1986. Releia ambos os textos e, a seguir, comente: a) O sentido de crítica social que os versos canta-dos por Cazuza e o poema de Augusto de Campos podem conter: b) Que relação pode existir entre a simbologia gráfica do tipo de letra "decorativa" ou "orna- mental" com que Augusto de Campos escreve a palavra "luxo" e os versos "A burguesia não tem charme nem é discreta/Com suas perucas de cabelo de boneca". 8 (EFSM-RS) Leia os fragmentos abaixo, de auto- ria de Ferreira Gullar: 1 As peras, no prato, apodrecem. O relógio, sobre elas, mede a sua morte? Paremos a pêndula. De- teríamos, assim, a morte das frutas? 2 Em usinas escuras, Homens de vida amarga E dura Produziram este açúcar Branco e puro Com que adoço meu café esta manhã Em Ipanema 3 Só cabe no poema O homem sem estômago A mulher de nuvens A fruta sem preço O poema, senhores, Não fede Nem cheira Considere as afirmações sobre os excertos apresenta- dos: I. O fragmento 1 insere-se na perspectiva moder- nista, pois se vale de objetos do cotidiano para fazer poesia. II. O fragmento 2, por meio da oposição entre o homem e o objeto, tematiza a problemática so- cial. III. O fragmento 3 NÃO assinala a inquietação do poeta que está em busca de novas expres- sões poéticas. Está(ão) correta(s): a) apenas a afirmativa I. b) apenas a afirmativa II. c) apenas a afirmativa I e II. d) apenas a afirmativa I e III. e) apenas a afirmativa II e III. 9 (UFS-SE) um movi mento compondo além da nuvem um campo de combate O poema acima representa a poesia concretista porque: a) liga a palavra e o contexto extralingüístico, es- tabelecendo uma ponte entre o poeta e a vida social. b) propõe uma arte mais comunicativa, voltada para os problemas reais. c) elimina o retórico, compondo um discurso poé- tico despojado. d) se relaciona com as artes plásticas e com a mú- sica. e) joga com as palavras, criando estruturas que se ligam visualmente. 10 (OBJETIVO-SP) Considere o texto: Posições do corpo Sob o azul Sobre o azul Subazul Subsol Subsolo (Cassiano Ricardo) Todas as características que seguem encontram- se no poema acima, exceto: a) aproveitamento do espaço concreto, em que a palavra se dimensiona visualmente. b) presença de sintaxe antidiscursiva, suprimidos os elementos de ligação tradicionais da frase. LITERATURA Editora Exato 20 c) incorporação de temas e formas do folclore, numa aproximação com o ufanismo romântico. d) tendência à criação vocabular, à sintaxe apura- da e à maior concisão de linguagem. e) técnica da repetição, como elemento decisivo para a fixação da mensagem nuclear do poema. 11 (MACK) Quando Caetano Veloso diz em Sam- pa: “da feia fumaça que sobe apagando as estre- las, eu vejo surgir seus poetas de campos e espaços”, refere-se a um grupo no qual se inclu- em Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Au- gusto de Campos. Sua proposta é, basicamente, usar todos os recur- sos de que a palavra dispõe, com os termos ad- quirindo validade não só pelo significado, como também pelos aspectos visuais. Tal tendência é conhecida como: a) Poesia Futurista. b) Poesia-práxis. c) Poema/Processo. d) Metapoema. e) Poesia Concreta. GABARITO Estudo Dirigido 1 O terceiro verso da primeira estrofe e o segundo verso da sexta estrofe são os melhores exemplos a serem citados. 2 a) A quarta estrofe pertence a ambas as partes, já que nela há um “corte” que interrompe a nega- ção (verso 1), substituindo-a pela afirmação (versos 2 e 3). b) O “corte” cinematográfico, que quebra a se- qüência linear do texto. 3 a) “... lirismo que pára e vai averiguar no dicioná- rio o cunho de um vocábulo”. b) “Abaixo os puristas”. 4 Trata-se do Romantismo. As características desse estilo referidas no texto são a obsessão pela temá- tica amorosa e a tendência à autodestruição. Exercícios 1 D 2 A 3 B 4 B, C, E, D, A 5 a) A segunda geração modernista pode ser consi- derada um prolongamento da primeira, em termos de produção poética, uma vez que in- corpora propostas de 22 às obras literárias. Ao mesmo tempo, a poesia de 30 se contrapõe à de 22, por seu caráter construtivo, de revalori- zação de elementos poéticos tradicionais. b) Os poetas da geração de 30 são considerados poetas de cosmovisão, porque transcendem o nacionalismo de 22, ampliando-o para uma consciência social e política de caráter univer- sal. Enquanto, em Drummond, essa cosmovi- são se revela por meio de uma poesia de denúncia social e política, que identifica o ca- pitalismo como responsável pelas desigualda- des e contradições, em Murilo Mendes e em Jorge de Lima, a crítica à realidade é feita de uma perspectiva místico-religiosa, bíblica, a- pocalíptica. c) As vozes mais líricas da poesia de 30 encon- tram-se nas obras de Vinícius de Moraes e de Cecília Meireles. Ambos são poetas mais inti- mistas, mais voltados para a realidade interior, a realidade das emoções, dos sentimentos e das sensações humanas, que caracteriza o lirismo tradicional. d) A lírica moderna é aquela que aborda os pro- blemas sociais, as questões coletivas, em ver- sos que não deixam de ser líricos, pois apresentam a realidade externa numa perspec- tiva humana densa, de envolvimento entre o mundo interior do sujeito poético e o mundo exterior, sobre o qual se posiciona. Seu maior representante no Brasil é Carlos Drummond de Andrade, principalmente em seus poemas pú- blicos, de conteúdo ideológico, social. A obra que melhor exemplifica essa característica da poesia do escritor é A rosa do povo, de 1945. e) Tempo e eternidade é a obra que trouxe para o contexto do Modernismo a poesia místico- religiosa e cristã, renovando-a artisticamente em seu catolicismo engajado, preocupado com as questões sociais. Murilo Mendes e Jorge de Lima são seus autores. A obra do primeiro in- clui poemas satíricos sobre a "História do Bra- sil" e a obra do segundo destaca-se por incorporar à literatura as tradições folclóricas afro-nordestinas. 6 D 7 a) Nos versos de Cazuza a crítica social é explíci- ta. O autor ataca hábitos e valores atribuídos à burguesia: O apego à riqueza material, à falta de LITERATURA Editora Exato 21 fineza de trato, o gosto de ostentação, a falta de autenticidade e o consumismo. Já, no poema de Augusto de Campos, a crítica social é “implíci- ta”. Manifesta-se no uso irônico dos tipos orna- mentais que compõem a palavra "luxo", repetida exaustivamente em corpo pequeno, até formar; em corpo maior, a palavra "lixo ". b) Os dois enunciados apresentam uma perspecti- va crítica da sociedade, sobretudo pela focali- zação do universo burguês. Na montagem de Augusto de Campos, essa crítica se realiza por contraste entre as palavras lixo e luxo, tão pa- recidas no significante quanto opostas no sig- nificado. Assim, o luxo burguês dissimula sua própria realidade que é o lixo moral da socie- dade de classes, e a função das letras "orna- mentais" denunciaram-se a si mesmas como aparência e ideologia que esconde o lixo. Pro- cesso semelhante aparece na canção "Burgue- sia", no qual a expressão "não tem charme" evoca imediatamente o seu contrário, celebra- do num filme de Buñnuel (O discreto charme da burguesia). 8 C 9 E 10 C 11 E 7. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA ABAURRE, Maria Luiza M. e PONTARA, Marce- la. Literatura Brasileira - tempos, leitores e lei- turas. Editora Moderna. FARACO, Carlos Emílio e MOURA, Francisco Marto de. Literatura Brasileira.. Editora Ática MAIA, João Domingues. Literatura: Textos & Téc- nicas.. Editora Ática.
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