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psiquiatria infantil

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Débora Rodrigues – MED XXX 
 
 
 
 DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA . 
Há evidências suficientes de que os resultados observados no 
desenvolvimento evoluem a partir de interações entre 
substratos biológicos particulares e eventos ambientais 
específicos. Assim, a alostase, processo de obter estabilidade 
diante de eventos ambientais adversos, decorre de interações 
entre desafios ambientais específicos e determinados 
contextos genéticos que se combinam para produzir uma 
resposta. É amplamente aceita a probabilidade de que 
experiências adversas na infância (EAIs) alterem a trajetória 
do desenvolvimento em um indivíduo, assim como é 
admitido que, durante a fase inicial do desenvolvimento, o 
cérebro é bastante vulnerável a lesões. 
……….. PERÍODO PRÉ-NATAL …… ………..……. 
Período que transcorre desde a concepção até a oitava 
semana. 
Nos dias atuais, a influência de fatores uterinos endógenos e 
exógenos exige que os programas de desenvolvimento levem 
em consideração os eventos intrauterinos. O recém-nascido 
é influenciado por uma miríade de fatores que ocorreram no 
ventre materno. O estresse materno, por exemplo, influencia 
as características comportamentais. 
De maneira geral, a maior parte dos distúrbios é multifatorial, 
isto é, resultam de uma combinação de efeitos, alguns 
podendo ser complementares. De modo habitual, os danos 
que ocorrem no estágio fetal têm um impacto mais global, se 
comparados aos que acontecem após o nascimento, tendo em 
vista que o crescimento rápido torna os órgãos mais 
vulneráveis. Os meninos são mais suscetíveis aos danos do 
desenvolvimento do que as meninas; 
VIDA PRÉ-NATAL 
COMPORTAMENTO: 
 
SISTEMA NERVOSO: 
6º dia Placa neural  
sistema nervoso. 
 Tubo neural (6ª 
semana)  
vesicula cerebral 
 hemisférios 
cerebrais. 
16ª semana - 6º mês Córtex cerebral. 
As contrações uterinas podem contribuir para o 
desenvolvimento neural fetal estimulando o 
desenvolvimento da rede neural para receber e transmitir 
impulsos sensoriais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
PODA NEURONAL: refere-se à remoção programada 
durante o processo de desenvolvimento dos neurônios, das 
sinapses, dos axônios e de outras estruturas cerebrais, a partir 
da quantidade original presente no nascimento, reduzindo-a 
para um número menor. O cérebro fetal produz mais 
neurônios do que a quantidade que será necessária na vida 
adulta. Alguns neurônios, por exemplo, existem apenas para 
produzir fatores neutróficos ou de crescimento e são 
programados para morrer – processo conhecido por apoptose 
– depois que essa função for concluída. 
ESTRESSE MATERNO 
O estresse materno está correlacionado a níveis elevados de 
hormônios do estresse (epinefrina, norepinefrina e 
hormônios adrenocorticotróficos) na corrente sanguínea 
fetal, que agem diretamente na rede neuronal do feto, 
aumentando a pressão arterial, a frequência cardíaca e o nível 
de atividade. As mães com níveis elevados de ansiedade têm 
maior probabilidade de dar à luz bebês hiperativos, irritáveis 
e de baixo peso ao nascer, com problemas para se alimentar 
e para dormir, se comparadas àquelas com baixos níveis de 
ansiedade. Mães com febre provocam elevação na 
temperatura do feto. 
DISTÚRBIOS GENÉTICOS 
Em aproximadamente 2% das mulheres testadas, os 
resultados são positivos para algumas anormalidades, 
incluindo distúrbios com ligação ao X, defeitos no tubo 
neural (detectados por níveis elevados de α-fetoproteina), 
distúrbios cromossômicos (p. ex., trissomia do cromossomo 
21) e vários erros inatos de metabolismo (p. ex., doença de 
Tay-Sachs e lipoidoses). 
As técnicas diagnósticas mais utilizadas incluem 
amniocentese (aspiração transabdominal do líquido do saco 
amniótico), exames ultrassonográficos, estudos 
radiográficos, fetoscopia (visualização direta do feto), coleta 
de amostras do sangue e da pele fetais, coleta de amostras do 
vilo coriônico e rastreamento da α-fetoproteina. 
USO MATERNO DE DROGAS 
ÁLCOOL: principal causa de defeitos físicos e mentais de 
nascença em crianças. A síndrome do alcoolismo fetal 
caracteriza-se pelo retardo no crescimento com origem pré-
natal (altura, peso); anormalidades como microftalmia 
(globos oculares pequenos), fissuras palpebrais curtas, 
hipoplasia maxilar. Já as manifestações no SNC incluem 
microcefalia, história de desenvolvimento tardio, 
hiperatividade, déficits de atenção, dificuldades de 
aprendizado, déficits intelectuais e convulsões. Pode também 
contribuir para o TDAH. 
TABAGISMO: está associado a nascimentos prematuros e 
peso abaixo da média ao nascer. Alguns relatos associaram a 
síndrome da morte súbita infantil (SMSI) a mães fumantes. 
OUTRAS SUBSTÂNCIAS: o uso crônico da maconha está 
associado à baixo peso no nascimento, prematuridade e 
sintomas semelhantes a abstinência, incluindo choro 
excessivo, tremores e hiperêmese (vômito grave e crônico). 
O uso de crack por mulheres foi relacionado a anormalidades 
comportamentais, como aumento na irritabilidade e no 
choro, bem como redução no desejo de contato humano. Os 
lactentes nascidos de mães dependentes de narcóticos sofrem 
da síndrome de abstinência no nascimento. 
A exposição pré-natal às várias medicações (antibióticos, 
anticonvulsivantes) também poderá resultar em 
anormalidades. 
 Débora Rodrigues – MED XXX 
……….. PRIMEIRA INFÂNCIA …… ………..……. 
Período marcado desde o parto de um feto até a idade de 2 
anos. 
Depois de 26-28 semanas de gestação, o feto com nascimento 
prematuro tem boas chances de sobrevivência. 
Lactentes prematuros são definidos como aqueles com 
gestação inferior a 34 semanas ou peso de nascimento abaixo 
de 2.500 gramas. Eles têm um risco elevado de apresentar 
incapacidades de aprendizado, como dislexia; problemas 
emocionais e comportamentais; retardo mental; e de sofrer 
abuso infantil. 
 
MARCOS EVOLUTIVOS EM LACTENTES 
 
 
 Débora Rodrigues – MED XXX 
 
……….. INFÂNCIA …… ………..……. 
MARCOS EVOLUTIVOS 
DESENVOLVIMENTO LINGUÍSTICO E 
COGNITIVO: as crianças começam a ouvir explicações 
que ajudam a tolerar a espera. Criam novos comportamentos 
a partir dos antigos (originalidade) e envolvem-se em 
atividades simbólicas usando palavras e brincando com 
bonecas em situações nas quais as bonecas representam 
alguma coisa, como, por exemplo, uma sequência alimentar. 
As crianças possuem capacidades variadas de concentração 
e autorregulação. 
DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL E SOCIAL: 
sensação de prazer e desprazer; referencias sociais são 
aparentes; as crianças observam os pais e outras pessoas em 
busca de dicas sobre como responder a novos eventos. Elas 
mostram excitação exploratória, prazer assertivo e satisfação 
nas descobertas e no desenvolvimento de novos 
comportamentos (p. ex., novos jogos), incluindo provocar, 
surpreender e enganar os pais (p. ex., escondendo-se). São 
capazes de demonstrar amor de uma forma organizada, como 
quando sorriem e correm para abraçar e beijar os pais, assim 
como são capazes de protestar por meio de reações como se 
afastar dos cuidadores, chorar, bater, morder, agredir, gritar 
e chutar. A sensação de conforto junto com a família e a 
apreensão na presença de pessoas estranhas poderão se 
intensificar. A ansiedade parece estar relacionada à 
desaprovação e à perda de cuidadores muito queridos e pode 
produzir efeitos desorganizadores. 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO SEXUAL: a diferenciação sexual 
torna-se evidente a partir do nascimento, quando os pais 
começam a vestir e a tratar os lactentes de uma forma 
diferenciada em razão das expectativasrelacionadas à 
tipificação do sexo. A convicção de ser masculino ou 
feminino, começa a se manifestar aos 18 meses de idade e 
com frequência permanece fixa aos 24-30 meses de idade. 
TREINAMENTO PARA USO DO TOALETE: o controle 
urinário durante o dia está completo com 2 anos e meio e, em 
geral, durante a noite, por volta dos 4 anos, quando as 
crianças começam a controlar a bexiga. 
DESAFIOS DOS CUIDADOS PARENTAIS: nesse 
estágio, os pais devem tomar muito cuidado para não ser 
excessivamente autoritários; as crianças devem agir por si 
mesmas e aprender com seus próprios erros, e, nas situações 
em que os desafios estiverem além de suas capacidades, a 
proteção e a assistência dos pais é fundamental. 
Provavelmente as crianças lutem pela exclusividade do 
carinho e da atenção dos pais. Quando as demandas de posse 
exclusiva não forem atendidas com eficiência, o resultado 
provável é a competitividade invejosa em relação aos pares e 
às pessoas amadas. 
…….. PERÍODO PRÉ-ESCOLAR … . 
As crianças já estão preparadas para ir à escola, aos 5 ou 6 
anos. Elas passaram a dominar as tarefas de socialização 
primária, ou seja, conseguem controlar os intestinos e a 
bexiga, vestir-se e alimentar-se sem qualquer ajuda e 
controlar as lágrimas. 
MARCOS EVOLUTIVOS 
DESENVOLVIMENTO LINGUISTICO E 
COGNITIVO: as crianças passam a se comunicar por meio 
de frases. As crianças não conseguem se colocar no lugar de 
outras crianças e são incapazes de sentir empatia. Seu 
pensamento é intuitivo e pré-lógico, e, portanto, elas não 
compreendem as relações causais. 
COMPORTAMENTO EMOCIONAL E SOCIAL: as 
crianças conseguem expressar emoções complexas, como 
amor, infelicidade, ciúmes e inveja, de forma pré-verbal ou 
verbal. As emoções ainda são facilmente influenciadas por 
cansaço e fome. A ansiedade está relacionada à perda de uma 
pessoa querida de quem a criança dependia e à perda da 
aprovação e aceitação. Aos 4 anos, as crianças estão 
aprendendo a compartilhar e a se preocupar com outras 
pessoas. No final do período pré-escolar, as crianças 
experimentam muitas emoções bastante estáveis. 
Expansibilidade, curiosidade, orgulho e entusiasmo 
contagiante são reações equilibradas com retraimento, 
timidez, medo, ciúmes e inveja, vergonha e humilhação. 
Capacidades para empatia e amor são desenvolvidas, mas são 
fragéis e se perdem facilmente se houver a interferência do 
esforço competitivo e dos ciúmes. A ansiedade e os medos 
estão relacionados com lesões corporais, perda de respeito, 
amor e com a autoestima emergente. Sentimentos de culpa 
são uma possibilidade. 
RIVALIDADE ENTRE IRMÃOS: o nascimento de um 
irmão nesse período é um teste para a capacidade da criança 
na fase pré-escolar de colaborar e de compartilhar, porém 
também pode despertar o espírito de rivalidade, o que é muito 
provável que ocorra nesse momento. A rivalidade entre 
irmãos depende da prática de criação das crianças. 
BRINCADEIRAS: os jogos de faz-de-conta ajudam a testar 
situações da vida real de uma forma descontraída. As 
brincadeiras dramatizadas, nas quais as crianças 
desempenham algum tipo de papel, como o de dona de casa 
ou de motorista de caminhão, são muito comuns. 
 Débora Rodrigues – MED XXX 
COMPANHEIROS IMAGINÁRIOS: essas figuras são 
sempre amigáveis, aliviam o sentimento de solidão e 
diminuem a ansiedade. 
…….. ANOS INTERMEDIÁRIOS … . 
Período que se estende desde os 6 anos de idade até a 
puberdade. 
MARCOS EVOLUTIVOS 
DESENVOLVIMENTO LINGUÍSTICO E 
COGNITIVO: durante esse período, elas desenvolvem 
habilidades conceituais, e o pensamento torna-se organizado 
e lógico. O aprimoramento da coordenação motora e da 
resistência muscular lhes permite escrever com fluência e 
produzir desenhos artísticos. Além disso, conseguem 
executar tarefas e atividades motoras complexas, tais como 
jogar tênis, golfe e basebol, fazer ginástica e andar de skate. 
As crianças apresentam então uma capacidade maior de 
independência, aprendizado e socialização. 
MELHOR AMIGO: Harry Stack Sullivan postulava que a 
presença de um companheiro ou melhor amigo é um 
fenômeno importante durante os anos escolares. 
RECUSA ESCOLAR: algumas crianças recusam ir à escola 
nesse momento da vida, geralmente devido à ansiedade 
causada pela separação. Habitualmente, a recusa em ir à 
escola não é um problema isolado; é comum as crianças com 
esse tipo de problema evitarem outros tipos de situações 
sociais. 
 CRITÉRIOS DE APGAR . 
 
 ACOMPANHAMENTO PÓS-PARTO . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO . 
……….. AUTISMO …… ………..……. 
CONCEITO 
O transtorno do espectro autista (TEA) é um grupo 
fenotipicamente heterogêneo de síndromes neuroevolutivas, 
com hereditariedade poligênica, que se caracteriza por uma 
ampla gama de problemas na comunicação social e por 
comportamentos restritos e repetitivos. 
O transtorno do autismo era caracterizado pela presença de 
problemas em três domínios: comunicação social, 
comportamentos restritos e repetitivos e desenvolvimento e 
uso de linguagem aberrante. É frequente que as crianças com 
transtorno do espectro autista mostrem algum interesse 
idiossincrático intenso em uma pequena faixa de atividades, 
resistam a mudanças e, de forma típica, não reajam ao 
ambiente social conforme seus pares. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
 8 a cada 10 mil crianças. 
 Inicio: fase inicial do desenvolvimento. 
 4x maior em meninos do que em meninas. 
ETIOLOGIA 
 FATORES GENÉTICOS 
 O TEA tem uma contribuição hereditária 
significativa; entretanto, não parece ser 
completamente penetrante. Na maior parte das 
situações sua expressão depende de múltiplos genes. 
 Houve um aumento nas taxas de incidência do TEA 
nos irmãos de uma criança em algumas famílias com 
duas ou mais crianças com TEA. 
 FATORES IMUNOLÓGICOS 
 Incompatibilidade imunológica (i.e., anticorpos 
maternos direcionados ao feto) pode contribuir para 
o TEA. Os linfócitos de algumas crianças autistas 
com anticorpos maternos permitem pensar que os 
tecidos neurais embrionários tenham sido lesionados 
durante a gestação. 
 FATORES PRÉ-NATAIS E PERINATAIS 
 PRÉ-NATAL: hemorragia gestacional materna, 
diabetes gestacional e bebe primogénito. 
 PERINATAL: complicações no cordão umbilical, 
trauma no nascimento, desconforto fetal, feto 
pequeno para a idade gestacional, peso baixo ao 
nascer, baixo índice de Apgar no quinto minuto, 
malformação congénita, incompatibilidade do grupo 
sanguíneo. 
 Débora Rodrigues – MED XXX 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS (DSM-V) 
 
Deficiências persistentes na comunicação e interação 
social: não desenvolvem sorrisos sociais, contato com os 
olhos menos frequente e mais fraco, não reconhecem ou 
diferenciam explicitamente as pessoas mais importantes em 
suas vidas, ansiedade extrema quando sua rotina normal é 
interrompida, timidez, ausência de conversas convencionais, 
menor compartilhamento de interesses e uma quantidade 
menor de gestos corporais e faciais, dificuldade para 
desenvolver empatia, em geral gostam de fazer amizade. 
Padrões restritivos de comportamentos, interesses e 
atividades: não usam brinquedos ou objetos da maneira 
habitual; as brincadeiras parecem ser mais rígidas, repetitivas 
e monótonas. Comportamentos compulsivos espontâneos. 
Apego por objetos inanimados. Alterações na rotina podem 
causar pânico. 
SINTOMAS 
 PERTUBAÇÃONO DESENVOLVIMENTO E 
USO DA LINGUAGEM: retardo no 
desenvolvimento da linguagem, dificuldade para 
organizar as frases, vocalizem ruídos (cliques, 
guinchos ou silabas sem sentido), fala com ecolalia 
ou frases estereotipadas que parecem fora de 
contexto, pode aprender a ler fluentemente na idade 
pré-escolar. Embora consigam ler muitas palavras, 
crianças muito jovens com transtorno do espectro 
autista compreendem muito pouco o sentido daquilo 
que foi lido. 
 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL. 
 IRRITABILIDADE: agressão, comportamentos 
autolesivos e ataques graves de birra. 
 INSTABILIDADE NO HUMOR E AFETO: 
respondem de forma intensa a alguns estímulos e 
fraca a outros estímulos. 
 HIPERATIVIDADE E DESATENÇÃO. 
 HABILIDADES PRECOCES: habilidade 
prodigiosa para cálculos e aprendizagem de 
memória, geralmente além das capacidades dos 
pares normais. Outras habilidades precoces 
potenciais incluem hiperlexia, uma capacidade 
precoce para leitura (mesmo que não entendam 
aquilo que estão lendo), memorização e declamação 
e habilidades musicais (cantar ou tocar; ou 
reconhecer peças musicais). 
 INSÔNIA. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
 Transtorno da comunicação social. 
 Esquizofrenia com início na infância. 
 Incapacidade intelectual com sintomas 
comportamentais. 
 Transtorno da linguagem. 
 Surdez congénita ou deficiência auditiva. 
 Privação psicossocial. 
CURSO E PROGNÓSTICO 
Costuma durar a vida toda. Os prognósticos são melhores 
para crianças com transtorno do espectro autista com QI 
acima de 70 e habilidades adaptativas médias e que 
desenvolvem linguagem comunicativa nas idades de 5 a 7 
anos. O prognóstico de uma determinada criança com o 
transtorno em geral melhora quando há apoio no ambiente 
doméstico. 
TRATAMENTO 
 Focar comportamentos básicos para melhorar as 
interações sociais e a comunicação; ampliar as 
estratégias de integração escolar; desenvolver 
relacionamentos significativos com os pares; e 
aumentar as habilidades para viver uma vida 
independente no longo prazo. As intervenções nos 
tratamentos psicossociais têm como foco principal 
ajudá-las a desenvolver habilidades nas convenções 
sociais, estimular comportamentos socialmente 
aceitáveis e prossociais com os pares e diminuir os 
sintomas de comportamentos estranhos. Muitos 
casos exigem soluções linguísticas e acadêmicas. 
Incluir a redução de comportamentos irritáveis e 
disruptivos que possam surgir na escola ou em casa. 
 Intervenções psicofarmacológicas. 
QUAL O PAPEL DO PSIQUIATRA NO 
TRATAMENTO? 
……….. TDAH …… ………..……. 
CONCEITO 
O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é 
uma condição neuropsiquiátrica que afeta pré-escolares, 
crianças, adolescentes e adultos em todo o mundo, tendo 
como característica um padrão de redução sustentada no 
nível de atenção e uma intensificação na impulsividade ou 
hiperatividade. 
Antes, havia dois subtipos: tipo envolvendo déficit de 
atenção e tipo hiperativo/impulsivo. Entretanto, no DSM-5, 
esses subtipos foram substituídos por três especificadores 
que, em essência, denotam os mesmos grupos: 
(1) apresentação combinada; (2) apresentação 
predominantemente desatenta; (3) apresentação 
predominantemente hiperativa/impulsiva. 
EPIDEMIOLOGIA 
 7-8% entre crianças em idade pré-puberal que 
frequentam escolas elementares; 5% dos jovens; 
2,5% da população adulta. 
 Mais prevalente em meninos. 
 Sintomas em crianças surgem aos 3 anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Débora Rodrigues – MED XXX 
ETIOLOGIA 
 FATORES GENÉTICOS 
 O TDAH é basicamente genético (75%). 
 Houve um aumento na concordância em gêmeos 
monozigóticos, em comparação a gêmeos 
dizigóticos, assim como um marcante risco elevado 
de 2 a 8 vezes para irmãos e pais de crianças com 
TDAH, em comparação ao risco na população em 
geral. 
 70% preenchem critérios de algum transtorno 
psiquiátrico comórbido: transtornos de 
aprendizagem, ansiedade, humor, da conduta e por 
uso de substâncias. 
 Maioria dos genes que influenciam o metabolismo 
ou ação da dopamina. 
FATORES NEUROQUIMICOS 
 Dopamina e o córtex pré-frontal foi envolvido com 
base no papel que desempenha na atenção e na 
regulação do controle de impulsos. 
 Locus ceruleus (neurónios noradrenérgicos) também 
têm uma função importante na atenção. 
FATORES NEUROANATÔMICOS 
 Presença de correlações neuroanatômicas entre os 
córtices superior e temporal, focalizando a atenção; 
nas regiões parietal e estriatal externas com funções 
motoras executivas; no hipocampo com codificação 
de traços de memória; e no córtex pré-frontal, 
deslocando-se de um estímulo para outro. 
FATORES RELACIONADOS AO 
DESENVOLVIMENTO 
 Nascimento prematuro. 
 Infecções durante o período de gestação. 
 Infecção, inflamação ou trauma na fase inicial da 
infância. 
FATORES PSICOSSOCIAIS 
 Abuso cronico grave, maus-tratos e negligencia , 
incluindo falta de atenção e controle precário dos 
impulsos. 
CARACTERISTICAS CLÍNICAS (DSM-V) 
 
 
 
 
 
 
 
LACTENTES: ativos no berço, dormem pouco e choram 
bastante. 
CRIANÇAS: podem engajar rapidamente, porém não têm 
paciências para esperar. Impulsividade e incapacidade para 
esperar elogios são reações típicas. Podem ter 
comportamentos de agressão e desafio. Geralmente, 
possuem dificuldades tanto de aprendizagem quanto 
comportamentais. 
CURSO E PROGNÓSTICO 
Os sintomas persistem na adolescência em 60 85% dos casos 
e, na vida adulta, em aproximadamente 60%. Geralmente, a 
remissão ocorre entre as idades de 12 e 20 anos. Ela pode ser 
acompanhada de uma vida adolescente e adulta produtiva, de 
relacionamentos interpessoais satisfatórios e de poucas 
sequelas significativas. 
Na maioria dos casos, os problemas de aprendizagem 
persistem durante toda a vida. A maioria das crianças com 
TDAH tem alguma dificuldade social. 
TRATAMENTO 
 FARMACOTERAPIA: 
o Estimulantes do SNC  aumentam a 
disponibilidade sináptica de noradrenalina e 
dopamina, inibindo os transportadores de 
noradrenalina e dopamina, reduzindo a 
recaptação sináptica. 
o Ritalina, dextroanfetaminas, venvanse, 
atomoxetina (não estimulante). 
 INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL. 
QUAL O PAPEL DO PSIQUIATRA NO 
TRATAMENTO? 
…… DEFICIÊNCIA INTELECTUAL … … 
CONCEITO 
Se caracteriza por limitações significativas no desempenho 
intelectual (raciocínio, aprendizagem e solução de 
problemas) e no comportamento adaptativo (conceitual, 
social e habilidades práticas) que surgem antes da idade de 
18 anos. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
 1-3% da população. 
 Os relatos de incidência mais elevada de deficiência 
intelectual se referem às crianças em idade escolar, 
com idades máximas de 10 a 14 anos. 
 1,5x mais comum em homens do que em mulheres. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Débora Rodrigues – MED XXX 
ETIOLOGIA 
FATORES GENÉTICOS: 
 Causas de gene único: síndrome do X frágil. 
 Causas cromossómicas visíveis e submicroscópicas: 
síndrome de down. 
FATORES ADQURIDOS E EVOLUTIVOS: 
 As principais enfermidades maternas crônicas que 
afetam o desenvolvimento normal do SNC fetal são: 
diabetes sem controle, anemia, enfisema e consumo 
prolongado de bebidas alcoólicas e de narcóticos. 
comprovadamente, as infeções maternas (rubéola, 
sífilis, toxoplasmose) durante a gestação, em 
especial as virais (HIV, citomegalovirus) produzem 
lesões fetais e deficiências intelectuais. 
 Exposição pré-natal ao álcool e drogas. 
 Complicações da gestação: diabetes, hemorragia, má 
nutrição materna. 
 Período perinatal: bebes prematuros com baixo peso. Distúrbios adquiridos na infância: infecção 
(encefalite, meningite), traumatismo craniano, 
asfixia, exposição a longo prazo (chumbo, cirurgia e 
quimioterapia). 
FATORES AMBIENTAIS E SOCIOCULTURAIS 
 Privação significativa de nutrição e estímulos, 
ambientes pré-natais comprometidos, gravidez na 
adolescência (complicações obstétricas, 
prematuridade e peso baixo ao nascer), cuidados 
médicos precários, exposição a substâncias toxicas, 
traumas físicos. 
COMORBIDADE 
 Aqueles cuja deficiência era mais grave tinham 
maior probabilidade de atender aos critérios para 
transtorno do espectro autista e apresentavam 
sintomas como autoestimulação e automutilação. 
 Os transtornos psiquiátricos entre pessoas com 
deficiência intelectual variam significativamente e 
incluem os do humor, esquizofrenia, transtorno de 
déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e da 
conduta. 
 Crianças diagnosticadas com deficiência intelectual 
grave apresentam uma taxa particularmente elevada 
de transtorno do espectro autista comórbido. 
 Transtornos neurológicos. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
 Maus-tratos infantis graves (negligencia ou abuso). 
 Deficiências sensoriais: surdez e cegueira. 
 Paralisa cerebral. 
 Síndromes orgânicas especificas: alexia, agrafia, 
afasia. 
 Transtornos na fala. 
 Doenças sistémicas cronicas e debilitantes. 
CARACTERISTICAS CLÍNICAS (DSM-V) 
 
 
 
 
 
DIAGNÓSTICO 
 HISTÓRIA DA CRIANÇA: gestação da mãe, parto, 
HF de DI, consanguinidade, distúrbios hereditários. 
 ENTREVISTA PSIQUIATRICA: habilidades 
verbais, indivíduos com DI leve tem consciência de 
suas diferenças e deficiências (podem ficar ansiosos 
e envergonhados). 
Em geral, os exames psiquiátricos de crianças ou 
adolescentes com deficiência intelectual devem 
revelar como enfrentaram os estágios do 
desenvolvimento. Tolerância a frustrações, controle 
de impulsos e comportamento motor e sexual são 
áreas importantes que devem ser focadas nas 
entrevistas. É igualmente relevante extrair dos 
pacientes informações sobre autoimagem, áreas de 
autoconfiança e uma autoavaliação da tenacidade, 
persistência, curiosidade e disposição para explorar 
o ambiente. 
 EXAME FISICO: dimensões da cabeça (dicas sobre 
microcefalia, hidrocefalia, síndrome de down), 
peculiaridades, como hipertelorismo, ponte nasal 
achatada (síndrome do alcoolismo fetal). 
Características faciais adicionais: opacidade da 
córnea, alterações na retina, orelhas pequenas, língua 
proeminente e distúrbios na dentição. 
Dermatoglifia (observam padrões atípicos nas mãos 
com DI). 
 EXAME NEUROLÓGICO: alterações sensoriais, 
complicações auditivas, distúrbios visuais, 
distúrbios convulsivos. Perturbações nas áreas 
motoras (hipotonia, hiperreflexia, movimentos 
involuntários. 
CURSO E PROGNÓSTICO 
Pode ser influenciado de forma positiva por ambientes ricos 
e com suporte. 
Em geral, pessoas com deficiências intelectuais e mentais de 
leves moderadas têm mais flexibilidade para se adaptar a 
vários tipos de condições ambientais. 
Os transtornos psiquiátricos comórbidos causam impactos 
negativos no prognóstico geral. Nas situações em que houver 
sobreposição de transtornos psiquiátricos e deficiências 
intelectuais, os tratamentos-padrão para os transtornos 
mentais comórbidos costumam ser benéficos, embora as 
respostas sejam menos robustas e o aumento na 
vulnerabilidade aos efeitos colaterais de agentes 
psicofarmacológicos ocorra com bastante frequência. 
 
TRATAMENTO 
 Prevenção primaria: triagem de bebes para 
fenilcetonuria e administração de dietas com baixo 
teor de fenilamina, educação para o publico em geral 
para prevenir a DI, aconselhamento familiar e 
genético. 
 Prevenção secundaria e terciaria: atendimento 
imediato das complicações e minimização das 
sequelas ou deficiências consequentes. 
o Intervenções secundarias, intervenções 
cognitivo-comportamental, educação 
familiar, intervenção social e intervenções 
psicofarmacológicas (risperidona  trata 
agressão, irritabilidade e automutilação). 
QUAL O PAPEL DO PSIQUIATRA NO 
TRATAMENTO? 
 
 Débora Rodrigues – MED XXX

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