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Feito por Hanna L. ETIOLOGIA DO TEA FATORES GENETICOS Alguns estudos genéticos identificaram dois sistemas biológicos que são influenciados no autismo: níveis elevados de serotonina plaquetária (5-HT) e do alvo mTOR (do inglês mammalian target of rapamycin). O transtorno do espectro autista está associado a diversos biomarcadores, potencialmente resultantes da interação de genes e de fatores ambientais, que influenciam a função neuronal e o desenvolvimento de dentritos. Apesar de importantes, tais fatores genéticos não atuam sozinhos uma vez que estes são influenciados por fatores de risco ambientais, tais como: idade parental avançada no momento da concepção, nascimento prematuro, baixo peso ao nascer, infecção materna na gestação por citomegalovírus e rubéola, inflamação materna e ativação autoimune, exposição na gravidez ao ácido valproico e ao etanol FATORES PERINATAIS E PRE-NATAIS Os fatores pré-natais mais significativos associados a esse transtorno em descendentes são idade materna e paterna avançada no momento do nascimento do bebê, hemorragia gestacional materna, diabetes gestacional e bebê primogênito. Os fatores de risco perinatais incluem complicações no cordão umbilical, trauma no nascimento, desconforto fetal, feto pequeno para a idade gestacional, peso baixo ao nascer, baixo índice de Apgar no quinto minuto, malformação congênita, incompatibilidade do grupo sanguíneo ABO ou do fator Rh e hiperbilirrubinemia FATORES NEUROLÓGICOS Um dos fatores que contribui para o surgimento de alguns distúrbios no desenvolvimento neurológico no TEA é a interrupção do equilíbrio de sinalização excitatória e inibitória no cérebro no córtex pré- frontal. E, é no córtex pré-frontal que se localiza parte do sistema executivo capaz de planejar, raciocinar e julgar, permitindo também o desenvolvimento da personalidade, emoções e controle dos comportamentos sociais; tais funções, como veremos em seguida, estão prejudicadas em crianças com TEA. A amigdala também sofre alterações no cérebro de uma criança com TEA, pois tal estrutura começa a se desenvolver normalmente e em dado momento deixa crescer com o passar do desenvolvimento da criança repercutindo nas funções ligadas as emoções, medo e na coordenação das respostas entre córtex (sistema hipotalâmico) e tronco encefálico. Outras estruturas como telencéfalo e cerebelo são subdesenvolvidas, interferindo e culminando nos déficits notados no TEA. CONCEITO! Até o momento, o que se sabe é que no cérebro de uma criança com TEA há dificuldade na comunicação entre os dois hemisférios cerebrais, bem como uma dificuldade na coordenação e no processamento das informações SINTOMAS DO TEA Deficiências persistentes na comunicação e interação social. Padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades Perturbações no desenvolvimento e uso da linguagem Deficiência intelectual. Em torno de 30% das crianças com transtorno do espectro autista apresentam um nível intelectualmente incapaz no desempenho intelectual Irritabilidade Instabilidade no humor e no afeto Resposta a estímulos sensoriais: respondem de forma intensa a alguns estímulos e fraca a outros estímulos sensoriais (p. ex., ao som e à dor) Hiperatividade e desatenção Habilidades precoces: tais como habilidade prodigiosa para cálculos e aprendizagem de memória, geralmente além das capacidades dos pares normais, hiperlexia, uma capacidade precoce para leitura (mesmo que não entendam aquilo que estão lendo), memorização e TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) Feito por Hanna L. declamação e habilidades musicais (cantar ou tocar; ou reconhecer peças musicais) Insônia. Infecções menores e sintomas gastrintestinais: incluem arrotos excessivos, constipação e movimentos intestinais soltos. Observa-se também um aumento na incidência de convulsões febril DIAGNÓSTICO O diagnóstico do TEA deve ser o mais precoce possível o que se relaciona a melhores prognósticos, apesar de em alguns casos já ser possível notar alterações no comportamento precocemente aos 6 meses, OS SINTOMAS TORNAM-SE MAIS PERCEPTÍVEIS ENTRE OS 12-18 MESES DE VIDA. Apesar disso, grande parte das crianças só chegam a receber o diagnóstico de TEA entre 4-5 anos de vida o que é ruim, pois o diagnóstico tardio e consequente intervenção atrasada causam prejuízos no desenvolvimento da criança. Um instrumento importante neste acompanhamento, para além dos relatos dados espontaneamente por pais e cuidadores ao longo da consulta de puericultura, é o acompanhamento desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) através da Caderneta de Saúde da Criança. Em 2017 a Lei Nº 13.438 torna obrigató ria a aplicação de instrumento de avaliação formal do neurodesenvolvimento a todas as crianças nos seus primeiros 18 meses de vida CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS A. Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por história prévia: 1. Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de abordagem social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal a compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para iniciar ou responder a interações sociais. 2. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para interação social, variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal pouco integrada a anormalidade no contato visual e linguagem corporal ou déficits na compreensão e uso gestos, a ausência total de expressões faciais e comunicação não verbal. 3. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, por exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a contextos sociais diversos a dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas ou em fazer amigos, a ausência de interesse por pares. B. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, conforme manifestado por pelo menos dois dos seguintes, atualmente ou por história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos; ver o texto): 1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (p. ex., estereotipias motoras simples, alinhar brinquedos ou girar objetos, ecolalia, frases idiossincráticas). 2. Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal 3. Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco (p. ex., forte apego a ou preocupação com objetos incomuns, interesses excessivamente circunscritos ou perseverativos). 4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente aparente a dor/temperatura, reação contrária a sons ou texturas específicas, cheirar ou tocar objetos de forma excessiva, fascinação visual por luzes ou movimento) A gravidade baseia-se em prejuízos na comunicação social e em padrões restritos ou repetitivos de comportamento. C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento (mas podem não se tornar plenamente manifestos até Feito por Hanna L. que as demandas sociais excedam as capacidades limitadas ou podem ser mascarados por estratégias aprendidas mais tarde na vida). D. Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo no presente. E. Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por atraso global do desenvolvimento. Deficiência intelectual ou transtorno do espectro autista costumamser comórbidos; para fazer o diagnóstico da comorbidade de transtorno do espectro autista e deficiência intelectual, a comunicação social deve estar abaixo do esperado para o nível geral do desenvolvimento A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda, portanto, que toda criança seja triada para autismo entre 18 e 24 meses mesmo que não tenha sinais clínicos de alerta ou atrasos no DNPM. Para isto, a principal escala util izada para esta triagem é a Modifield Checklist fo Autism in Toddlers (M-CHAT). TRATAMENTO INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA Intervenções evolutivas e comportamentais intensivas precoces: lembrar do papel dos pais; Abordagens às habilidades sociais (Treinamento de habilidades sociais, prática de iniciar conversação social, cumprimentar as pessoas, iniciar jogos e prestar atenção.) Intervenções comportamentais e terapia cognitivo-comportamental para comportamentos repetitivos e sintomas associados (Terapia comportamental {recomenda-se a intervenção precoce para os casos de comportamentos repetitivos autolesivos}, Terapia cognitivo- comportamental (TCC). Intervenções para sintomas comórbidos no transtorno do espectro autista: Neurofeedback, Gerenciamento da insônia no transtorno do espectro autista.) Intervenções educacionais em crianças com o transtorno do espectro autista INTERVENÇÕES PSICOFARMACOLÓGICAS O foco principal das intervenções psicofarmacológicas no transtorno do espectro autista é melhorar os sintomas comportamentais associados, em vez das características básicas do transtorno. Os sintomas-alvo abrangem IRRITABILIDADE, incluindo em um sentido amplo, AGRESSÃO, ATAQUES DE MAU HUMOR e comportamentos AUTOLESIVOS, HIPERATIVIDADE, IMPULSIVIDADE e DESATENÇÃO. IRRITABILIDADE A RISPERIDONA é considerada o tratamento medicamentoso de primeira linha para crianças e adolescentes afetados por esse transtorno com irritabilidade grave. Efeitos colaterais: principais de GANHO DE PESO e AUMENTO NO APETITE; efeitos colaterais metabólicos, como hiperglicemia, elevação no nível de prolactina e dislipidemia; em combinação com outros efeitos adversos comuns, como fadiga, sonolência, tontura e sialorreia. A risperidona deve ser usada com muita cautela em indivíduos com anormalidades cardíacas ou hipotensão subjacente, considerando-se que esse medicamento pode contribuir para a incidência de hipotensão ortostática. OBS: A quetiapina é usada quando a risperidona e a olanzapina não são eficazes ou bem toleradas. A quetiapina vem sendo utilizada na prática clínica em doses de 50 a 200 mg por dia. Os efeitos adversos incluem sonolência, taquicardia, agitação e ganho de peso. O ARIPIPRAZOL no tratamento de ataques de mau humor, agressividade e autolesão em crianças e adolescentes com o transtorno chegaram à Feito por Hanna L. conclusão de que esse medicamento é eficaz e seguro. EFEITOS COLATERAIS: incluem sedação, tontura, insônia, acatisia, náusea e vômitos. Hiperatividade, impulsividade e desatenção Uso do METILFENIDATO: EFEITOS COLATERAIS: aumento nos estereótipos, desconforto gastrintestinal, problemas de sono e labilidade emocional. Uso do estimulante TOMOXETINA: Os EFEITOS COLATERAIS incluíram sedação, irritabilidade, constipação e náuseas. Comportamento repetitivo e estereotipado Usa-se inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), antipsicóticos de segunda geração (ASGs) e agentes estabilizadores do humor, como o valproato MEDICINA COMPLEMENTAR Uso da TERAPIA MUSICAL, para promover a comunicação e a expressão; e IOGA, para promover a atenção e diminuir o nível de atividade. O tratamento com MELATONINA, uma prática com base biológica, é considerado seguro e eficaz, sendo muito eficiente para diminuir a latência na fase inicial do sono em crianças. SÍNDROME DE RETT Esse tipo de síndrome foi observado sobretudo em meninas, e, até o presente momento, os relatos de caso indicam que há uma concordância total em gêmeas monozigóticas. Durante os primeiros 5 meses após o nascimento, as habilidades motoras dos lactentes são compatíveis com a idade, sendo a circunferência e o crescimento da cabeça normais. As interações sociais têm a qualidade recíproca esperada. Entretanto, no período dos 6 meses aos 2 anos de idade, essas crianças desenvolvem encefalopatia progressiva com inúmeras características típicas: perda de movimentos manuais intencionais, que são substituídos por movimentos estereotipados, como retorcer as mãos; perda da fala previamente adquirida; retardo psicomotor; e ataxia. A coordenação muscular é precária, com desenvolvimento de marcha apráxica instável e rígida. A desaceleração no crescimento da circunferência da cabeça produz microcefalia. Todas as habilidades linguísticas se perdem, e as habilidades comunicativas expressivas e sociais parecem estabilizar nos níveis evolutivos entre 6 meses e 1 ano de idade. DIAGNÓSTICO: Há um período pré-natal e perinatal aparentemente normal e desenvolvimento psicomotor aparentemente normal durante os primeiros 5 meses e circunferência craniana normal no nascimento. B. Há desaceleração de crescimento da cabeça entre 5 meses e 4 anos e perda de habilidades de mão intencionais adquiridas entre 5 e 30 meses de idade que estão associadas com disfunção de comunicação concomitante e interações sociais prejudicadas e o aparecimento de marcha e/ou movimentos de tronco mal coordenados/instáveis. C. Há grave prejuízo da linguagem expressiva e receptiva, juntamente com grande retardo psicomotor. D. Há movimentos de mão de linha média estereotipados (tais como torcedura da mão ou “lavagem das mãos”) com início no ou após o período em que movimentos de mão intencionais são perdidos. SÍNDROME DE ASPERGER A. Não há atraso geral clinicamente significativo na linguagem falada ou receptiva ou no desenvolvimento cognitivo. O diagnóstico requer Feito por Hanna L. que palavras isoladas tenham se desenvolvido aos 2 anos de idade ou mais cedo e que frases comunicativas sejam usadas aos 3 anos de idade ou mais cedo. Habilidades de autoajuda, comportamento adaptativo e curiosidade sobre o ambiente durante os primeiros 3 anos deveriam estar em um nível consistente com o desenvolvimento intelectual normal. Entretanto, os marcos motores podem ser um pouco atrasados e movimentos desajeitados são usuais (embora não um aspecto diagnóstico necessário). Habilidades especiais isoladas, frequentemente relacionadas a preocupações anormais, são comuns, mas não são necessárias para o diagnóstico. B. Há anormalidades qualitativas na interação social recíproca (critérios como para autismo). C. O indivíduo exibe um interesse incomumente intenso, circunscrito ou padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades (critérios como para autismo; entretanto, seria menos usual para estes incluir maneirismos motores ou preocupações com partes de objetos ou com elementos não funcionais de materiais de jogo). D. O transtorno não é atribuível às outras variedades de transtorno global do desenvolvimento; esquizofrenia simples; transtorno esquizotípico; transtorno obsessivo-compulsivo; transtorno da personalidade anancástica; transtornos de apego reativo ou desinibido da infância. TRANSTORNO DESINTEGRATIVO DA INFÂNCIA A. O desenvolvimento é aparentemente normal até a idade de pelo menos 2 anos. A presença de habilidades adequadas à idade normais em comunicação, relacionamentos sociais, jogo e comportamento adaptativo aos 2 anos de idade ou após é necessária para o diagnóstico. B. Há uma perda definida de habilidades adquiridas anteriormente ao tempo de início do transtorno. O diagnóstico requer uma perda de habilidades clinicamente significativa(não apenas um fracasso em utilizá-las em certas situações) em pelo menos duas das seguintes áreas: (1) linguagem expressiva ou receptiva; (2) jogo; (3) habilidades sociais ou comportamento adaptativo; (4) controle de intestino ou bexiga; (5) habilidades motoras. C. Funcionamento social qualitativamente anormal é manifestado em pelo menos duas das seguintes áreas: (1) anormalidades qualitativas na interação social recíproca (do tipo definido para autismo); (2) anormalidades qualitativas na comunicação (do tipo definido para autismo); (3) padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades, incluindo estereotipias motoras e maneirismos; (4) uma perda geral de interesse em objetos e no ambiente. D. O transtorno não é atribuível às outras variedades de transtorno global do desenvolvimento; afasia adquirida com epilepsia; mutismo eletivo; síndrome de Rett; ou esquizofrenia.
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