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dermatologia

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Débora Rodrigues – MED XXX 
 
 
 
 DEFINIÇÃO … . 
Os eczemas são dermatites caracterizadas pela presença de 
eritema, edema, vesiculação, secreção, formação de crostas, 
escamas e liquenificação. Essas lesões se sucedem ou se 
associam, formando os aspectos multiformes dos eczemas, e 
são acompanhadas do prurido, um sintoma constante, que 
pode ser mínimo, moderado ou intenso. 
➢ Eczema agudo: quando ocorre eritema, 
edema, vesiculação e secreção. 
➢ Eczema subagudo: eritema e o edema são 
menos intensos e predominam as 
manifestações de secreção com formação de 
crostas. 
➢ Eczema crônico: de evolução prolongada, 
com liquenificação. 
Por critério clínico e etiopatogênico, podem-se agrupar as 
seguintes formas de eczemas ou dermatites eczematosas: 
• Eczema ou dermatite eczematosa de contato. 
• Eczema ou dermatite eczematosa atópica. 
• Eczema ou dermatite numular. 
• Eczema ou dermatite de estase. 
• Eczema disidrótico ou disidrose. 
• Eczema microbiano ou dermatite eczematoide 
 infecciosa. 
 DERMATITE ATÓPICA … . 
ATOPIA: é uma resposta imunitária exagerada mediada pela 
IgE; todas as doenças atópicas são distúrbios de 
hipersensibilidade tipo I (mediadas por IgE). 
A dermatite atópica (DA), denominada também eczema 
constitucional ou neurodermite disseminada, é uma 
manifestação eczematosa peculiar, frequentemente associada 
à asma e/ou rinite alérgica e, eventualmente, à urticária. 
Caracteriza-se pelo curso crônico, com períodos de crises e 
de acalmia, de surtos de eczema, manifestando-se isolada ou 
simultaneamente ou intercalando-se com as crises de asma 
ou rinite. Cerca de 30% dos indivíduos com eczema atópico 
têm asma ou rinite alérgica e 15% têm surtos de urticária. 
Além disso, 70% referem antecedentes familiares de atopia 
(eczema, asma ou rinite alérgica). 
 ……. EPIDEMIOLOGIA …… ..…… 
IDADE DE INÍCIO: infância. 
SEXO: H> M. 
PREVALÊNCIA: no Brasil, a prevalência da dermatite 
atópica é similar à de outras partes do mundo, estando em 
torno de 10 a 15%. 
ASPECTOS GENÉTICOS: 60% dos adultos com DA 
tinham filhos também com DA. A prevalência em crianças é 
maior (81%) quando ambos os genitores têm DA. 
FATORES DESENCADEANTES: inalantes, ácaros da 
poeira e pólens, agentes microbianos, superantígenos, 
estreptococos do grupo A, autoalérgenos, anticorpos IgE 
direcionados contra proteínas humanas, alimentos. Os 
lactentes e as crianças, mas não os adultos, apresentam 
exacerbações da DA com a ingestão de ovos, leite, 
amendoim, soja, peixe e trigo. 
OUTROS FATORES AGRAVANTES: estação do ano 
(inverno) , área urbana, roupas (lã), pelos de animais, estresse 
emocional. 
queratocone. 
 
 
 
 
 
 
……. ETIOPATOGÊNESE …… ..… 
O paciente que apresenta eczema atópico deve ser 
compreendido como indivíduo cujo limiar de reatividade é 
anômalo, motivo pelo qual reage anormalmente a inúmeros 
estímulos – contactantes, ingestantes, inalantes e injetantes. 
Os mecanismos responsáveis por essa reatividade alterada 
não são completamente conhecidos, sabendo-se, porém, que 
participam na patogênese da DA fatores genéticos, 
mecanismos imunológicos e não imunológicos. 
★ FATORES GENÉTICOS 
 Estudos retrospectivos verificaram que, quando ambos 
os pais são atópicos, 79% das crianças desenvolvem 
manifestações atópicas, enquanto, quando apenas um 
dos pais é atópico, essa incidência cai para 58%. 
 Mais recentemente, identificaram-se, na dermatite 
atópica, mutações dos genes da filagrina e loricrina, que 
levam m alteração da barreira epidérmica, havendo 
diminuição do nível de ceramidas, aumento de enzimas 
proteolíticas e maior perda de água transepidérmica. 
Essas alterações diminuem a função barreira da 
epiderme, o que permite maior penetração de proteínas 
ambientais e favorece os estafilococos. 
★ FATORES NÃO IMUNOLÓGICOS 
 Alterações metabólicas: crianças com fenilcetonúria. 
 Alterações fisiológicas. 
➢ Fenômenos psicofarmacológicos. 
➢ Prurido: nos atópicos, o limiar do prurido é mais 
baixo e estímulos prurigênicos causam um 
prurido mais intenso e duradouro e em áreas mais extensas. 
➢ Sudorese: clinicamente, a sudorese, no atópico, é 
acompanhada de prurido, mas as bases fisiológicas do 
fenômeno são controversas. 
➢ Xerose cutânea: é constatação clínica habitual a 
sequidão da pele nos atópicos. Vários fatores devem 
contribuir para esse fenômeno – alterações sudorais e 
alterações do manto lipídico cutâneo. 
➢ Reatividade vascular cutânea anômala: a 
temperatura basal, especialmente nos segmentos acrais, é 
mais baixa nos atópicos e, com os aumentos de temperatura, 
a vasodilatação é bastante lenta. Nos atópicos, ocorre 
dermografismo branco. 
FATORES IMUNOLÓGICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Débora Rodrigues – MED XXX 
……. MANIFESTAÇÃO CLINICA …… …… 
O estudo das manifestações clínicas da DA compreende três 
períodos evolutivos: na infância; no período pré-puberal; e 
na idade adulta. Em qualquer uma das fases, ocorrem 
manifestações que representam critérios maiores e os 
chamados critérios menores. 
CRITÉRIOS ABSOLUTOS 
 Prurido: manifestação constante na dermatite atópica, 
em todas as suas fases. 
 Morfotopografia: localizações típicas da dermatite 
atópica: 
o Na criança: o acometimento facial com lesões 
eczematosas agudas e subagudas na fronte e regiões 
malares, poupando o maciço centrofacial. 
o No adulto: é característica a liquenificação nas áreas 
flexurais, dobras antecubitais, poplíteas e região do 
pescoço. 
 Tendência à cronicidade e/ou recidivas; 
CRITÉRIOS MENORES 
 História pessoal ou familiar de manifestações atópicas; 
 Positividade aos testes cutâneos imediatos; 
 Dermografismo branco ou vasoconstrição prolongada 
induzida por agentes colinérgicos; 
 Xerose (pele seca) e ictiose (escamosa) associada; 
 Exagero das linhas palmares; 
 Pitiríase alba e queratose pilar; 
 Palidez centrofacial com escurecimento orbitário; 
 Prega de Dennie-Morgan (representa uma dupla prega 
infrapalpebral ou, exacerbação da prega orbitária inferior 
por espessamento da pele); 
 Sinal de Hertogue (madarose da cauda das sobrancelhas 
por trauma determinado pelo prurido); 
 Tendência a dermatoses crônicas recidivantes das mãos; 
 Tendência a infecções cutâneas repetidas; 
ECZEMA ATÓPICO INFANTIL 
Surge a partir do 3º mês de 
vida, manifestando-se 
como lesões vesico-
secretantes-crostosas, 
localizadas nas regiões 
malares. Pode permanecer 
localizado nessa área ou 
estender-se, atingindo toda 
a face, couro cabeludo, 
nuca, dobras antecubitais e 
poplíteas e, nos casos mais graves, generalizar-se. 
O prurido é variável, podendo, às vezes, ser intenso e 
determinar estado de agitação na criança, pela coçadura 
quase contínua. 
● Complicação mais frequente: é a infecção 
secundária, devendo-se notar que, mesmo a despeito da 
intensa coçadura, nunca surge a liquenificação. 
● Complicação grave: é a infecção pelo contato com o 
vírus do herpes simples ou da vacina, que determinam o 
quadro da erupção variceliforme de Kaposi (eczema 
herpético – eczema vacinal). A criança desenvolve um 
quadro febril, com sinais de toxemia, ao mesmo tempo em 
que surgem lesões vesicopustulosas disseminadas, 
particularmente nas áreas eczematosas. 
● A evolução do eczema infantil dá-se por surtos, com 
predomínio nos dois primeiros anos de vida, quando tende a 
melhorar, podendo desaparecer completamente ou persistir 
em forma discreta com algumas lesões, surgindo na face ou 
nas áreas de dobras. 
ECZEMA ATÓPICO PRÉ-PUBERAL 
● Podese manifestar como uma continuação do 
eczema infantil ou surgir alguns anos após o 
desaparecimento deste. Nas formas mais comuns, são 
comprometidas as regiões de dobras como poplítea, pré-
cubital e regiões como face, punhos e dorso das mãos e dos 
pés. 
● O quadro clínico é de áreas de liquenificação com 
escoriações, isto é, de uma dermatite crônica. 
● Há, entretanto, fases de agudização com eritema, 
vesiculação e secreção, podendo, inclusive, ocorrer 
generalização do quadro. O prurido é variável, às vezes 
intenso e contínuo, porém, a despeito da coçadura, raramente 
há infecção secundária. 
● O quadro evolui por surtos e pode se agravar ou 
desaparecer. 
 
ECZEMA ATÓPICO DO ADULTO (NEURODERMITE 
DISSEMINADA) 
● O quadro de eczema atópico do adulto atinge 
preferencialmente as áreas de flexão como pescoço, 
antecubital, poplítea e a face (região periorbital). 
● Caracteriza-se por liquenificação e escoriações, 
sendo o prurido variável. A pele é seca e ligeiramente 
descamativa, apresentando o chamado dermografismo 
branco. 
● A evolução se dá por surtos, com períodos de 
melhora e de agudização, e o quadro pode, eventualmente, 
generalizar-se, chegando em síndrome eritrodérmica. 
……. DIAGNÓSTICO … … …… 
A diagnose é clínica, por meio de anamnese, morfotopografia 
das lesões, presença de prurido, cronicidade e, 
eventualmente, pode ser demonstrado, em particular nos 
casos em que a dermatite atópica se associa a manifestações 
atópicas respiratórias, aumento de IgE. 
 IgE: 
o Normal: só dermatite. 
o Aumentado: alergia respiratória. 
……. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL … … 
Devem ser consideradas outras dermatites eczematosas; 
na infância, particularmente dermatite seborreica; nos 
adultos, dermatite seborreica, dermatites de contato e líquen 
simples crônico. 
Pode ser necessária a diagnose diferencial com psoríase, 
eritrodermia ictiosiforme, dermatofitoses, candidoses, 
pitiríase rósea, líquen plano, histiocitose X, síndrome de 
Netherton, acrodermatite enteropática e síndrome da hiper-
IgE. 
 
 Débora Rodrigues – MED XXX 
……. TRATAMENTO … … 
A DA é uma afecção crônica, recidivante. Por não existir 
nenhum recurso para sua cura definitiva, o objetivo do 
tratamento deve ser o controle da afecção. 
★ CUIDADOS GERAIS 
● Deve ser dada a orientação sobre a dermatite e a sua 
evolução, além das pioras com a exposição ao frio e calor 
excessivos, e aos fatores ambientais, alimentares e 
psicológicos. Em crianças, é fundamental explicar aos pais a 
predisposição familiar, esclarecendo que a causa da DA 
ainda não é conhecida. Deve-se relatar sobre o resultado 
prospectivo do tratamento, que possibilita o controle da 
afecção, para evitar falsa perspectiva e o abandono da 
terapia. Informar aos pais que, com o crescimento, as 
condições da pele tendem a melhorar, com consequente 
diminuição dos surtos e melhora progressiva até a puberdade, 
quando pode ocorrer remissão do quadro. 
● Banhos: devem ser feitos em água morna, não 
demorando mais de 3 a 5 minutos. Os sabonetes utilizados 
precisam ser suaves (neutros), que, na realidade, têm o 
mesmo pH alcalino dos demais, com a única vantagem de 
não terem fragrância. Como a pele do atópico é desidratada, 
sem gordura, os sabões devem ser usados o menos possível, 
no máximo uma vez por dia, ou a cada 2 a 3 dias, 
eventualmente só nas áreas das dobras. Nunca friccionar a 
pele com esponjas ou similares. Após o banho, com a pele 
ainda úmida, passar emolientes, para a umectação da pele e 
prevenir a perda de água do estrato córneo. 
● Hidratação e lubrificação: a pele do atópico é seca, 
devendo sempre ser usadas substâncias emolientes ou 
lubrificantes que evitem a desidratação. 
● Vestuário: as roupas que entram em contato com a 
pele devem ser de algodão e folgadas, para permitir 
ventilação corporal adequada. O suor é um fator importante 
no desencadeamento do prurido. Deve-se evitar o contato da 
pele com tecidos de lã e fibras sintéticas. Portanto, quando 
for necessário um agasalho, este deve ficar sobre o tecido de 
algodão. 
● Corte de unhas: a consequência do prurido é a 
coçadura, cujo instrumentos são as unhas. Especialmente em 
crianças, deve-se cortar as unhas duas vezes por semana, o 
que evitará escoriações. 
● Ambiente: a habitação e o local de trabalho devem 
ser limpos e isentos de poeira que contenham aeroalérgenos 
IgE dependentes, ácaros, pelos de animais domésticos e 
fungos. Procura-se manter a temperatura estável (25 a 27°C), 
sem muita oscilação para calor ou frio e com umidade 
relativa do ar. Em regiões onde a umidade atmosférica é 
muito baixa, vaporizadores ou umidificadores durante a 
noite, contribuem para hidratar a pele. 
● Alimentos: o papel dos alimentos na DA é 
controverso. Há pesquisas que apontam melhora do quadro 
com dietas de eliminação, particularmente as que excluem 
ovos, leite de vaca e derivados. Para pesquisar alergênico 
alimentar, a prova mais conclusiva é de exclusão. Há 
trabalhos demonstrando que o uso isolado de leite materno 
em lactentes até 6 a 12 meses mostrou melhor evolução da 
DA do que quando o leite materno foi associado a outros 
alimentos. 
★ MEDICAMENTOS TÓPICOS 
● Corticosteroides tópicos: são os medicamentos mais 
úteis no tratamento da DA. 
● Imunomoduladores tópicos 
● Alcatrões. 
● Antibióticos tópicos. 
● Antissépticos. 
★ MEDICAMENTOS SISTÊMICOS 
● Corticosteróides. 
● Antibióticos. 
● Anti-histamínicos. 
● Imunomoduladores sistêmicos: 
➢ Talidomida. 
➢ Interferon-gama (IFN-γ). 
➢ Inibidores de fosfodiesterase-teofilina. 
★ OUTROS 
● Fototerapia: todas as formas de fototerapia mostram-
se úteis na dermatite atópica: UVB; UVB narrowband; UVA 
em combinação com UVB; e PUVA. 
● Sedativos: são muitas vezes necessários para 
melhorar o sono e evitar o ato compulsivo de coçar. 
● Psicoterapia: há aspectos psicológicos nos atópicos, 
porém não estão definidas relações específicas. Tratamentos 
psicológicos associados são indicados quando necessário. 
Pode afetar a auto estima. 
★ IMUNOSSUPRESSORES 
● Ciclosporina, Metotrexato, Azatioprina, 
Micofenolato de mofetil. 
 mDERMATITE DE CONTATO … . 
São dermatoses causadas por substâncias do meio ambiente 
que entram em contato com a pele e geram uma resposta 
inflamatória, por isso, é considerada de origem exógena. 
A dermatite de contato se apresenta como um eczema em sua 
fase aguda, subaguda ou crônica, localizado na região do 
corpo do indivíduo com a qual entrou em contato o agente 
desencadeante. 
Os elementos responsáveis pela dermatite de contato podem 
estar relacionados ao trabalho do paciente, caracterizando, 
assim, dermatose ocupacional, ou a medicamentos, 
cosméticos e outras substâncias com as quais o paciente 
entrou em contato. 
Com relação a etiopatogenia, a dermatite de contato é 
classificada em: dermatite de contato por irritante primário 
(DCIP); dermatite de contato alérgica (DCA); dermatite de 
contato fototóxica; e dermatite de contato fotoalérgica. 
……. EPIDEMIOLOGIA … … 
● Ocorrem com muita frequência, sendo mais comum 
o eczema de contato. 
● Com relação à faixa etária, o eczema de contato pode 
ocorrer em qualquer época da vida, sendo a dermatite das 
fraldas (eczema de contato por irritante primário) muito 
frequente no lactente, enquanto o eczema de contato por 
sensibilização é mais frequente após a infância. 
● O eczema atópico, em geral, inicia-se a partir do 3º 
ou 4º mês de vida, podendo ter início mais tardio, inclusive 
na adolescência e na idade adulta.Débora Rodrigues – MED XXX 
DERMATITE DE CONTATO POR IRRITANTE 
PRIMÁRIO (DCIP) 
● A DCIP é causada pela exposição a agentes com 
propriedades de provocar danos tecidual, sendo que não 
existe mecanismo imunológico na formação da reação 
inflamatória. 
● São irritantes comuns os sabões, detergentes, 
desinfetantes, xampus, limpadores industriais, solventes, 
álcalis, ácidos, óleos de corte, solventes orgânicos, agentes 
oxidantes, plantas, pesticidas, secreção de animais. 
 
 ETIOPATOGÊNIA 
● Há vários fenômenos consequentes na ação do 
agente irritante: remoção dos lipídeos da superfície cutânea, 
alterações na retenção de água, dano das membranas 
celulares dos queratinócitos e efeitos citotóxicos. 
● Embora não haja participação de fenômenos 
imunológicos, há liberação de citocinas (IL-1 α, IL-1 β, TNF-
α, GM-CSF, IL-6) e moléculas de adesão (ICAM-1 e LTA-
1) pelos queratinócitos lesados como resultado do processo 
inflamatório. 
A DCIP É DIVIDIDA EM VÁRIOS SUBTIPOS: 
DERMATITE DE CONTATO ALÉRGICA (DCA) 
● É uma reação inflamatória na pele decorrente da 
exposição a um agente capaz de causar irritação ou alergia. 
● A DCA surge após repetidas exposições a um 
produto ou substância. 
● Essa forma de dermatite de contato aparece, em 
geral, pelo contato com produtos de uso diário e frequente, 
como perfumes, cremes hidratantes, esmaltes de unha e 
medicamentos de uso tópico, entre outros. 
 ETIOPATOGÊNIA 
● Ocorre em virtude do aparecimento de sensibilidade 
em substância em contato com a pele. É uma reação do tipo 
celular-mediada (hipersensibilidade tipo IV), mediada por 
Th1. 
● Fase aferente: a substância química (hapteno) liga-se 
a proteínas epidérmicas e/ou dérmicas, originando um 
antígeno completo. As células de Langerhans processam esse 
antígeno apresentando-o aos linfócitos T, nos linfonodos 
regionais, onde ocorre proliferação desses linfócitos 
sensibilizados, que entram na circulação, disseminando-se 
por toda a pele. 
● Fase de elicitação: quando o indivíduo entra em 
contato novamente com o antígeno, os linfócitos T de 
memória, previamente sensibilizados, reconhecem o 
antígeno nos pontos de contato, liberando múltiplas 
citoquinas, que levarão ao processo inflamatório que 
constitui a dermatite eczematosa. 
● Fase de resolução: são liberadas citocinas inibidoras 
das reações imunológicas, particularmente a IL-10, 
determinando o término da reação inflamatória. 
 
 
 
● Registram-se variações ambientais; assim, a 
exposição aos raios UV diminui as respostas cutâneas aos 
antígenos de contato por várias alterações imunológicas, 
especialmente diminuição do número de células 
apresentadoras de antígenos. No inverno, a xerose cutânea 
com pequenas fissuras pode favorecer a penetração de 
antígenos na pele. A sudorese aumenta a possibilidade de 
sensibilização a antígenos de roupas e calçados, pois a maior 
umidade pode facilitar a solubilização de antígenos, 
favorecendo sua penetração cutânea. 
DERMATITE DE CONTATO POR IRRITANTE 
PRIMÁRIO ABSOLUTO 
● Desencadeia-se 
pela ação cáustica de 
substâncias em contato 
único com a pele. 
● O dano tecidual é 
tão intenso, que, 
imediatamente após o 
contato, o paciente refere 
sintomas de tipo ardor e 
queimação. 
● Surge eritema 
local acompanhado ou não 
da formação de bolhas. 
● O quadro clínico é 
de queimadura por agente 
químico. 
● Em geral, esse tipo de DCIP é desencadeado por 
contato acidental com ácidos e substâncias alcalinas. 
DERMATITE DE CONTATO POR IRRITANTE 
PRIMÁRIO ABSOLUTO DE EFEITO RETARDADO 
● A ação cáustica da substância manifesta-se cerca de 
12 a 24 horas após o contato com a pele. 
● Algumas substâncias utilizadas para tratamento de 
dermatoses têm esse mecanismo de ação, como a podofilina 
e a antralina. 
 
 Débora Rodrigues – MED XXX 
DERMATITE DE CONTATO POR IRRITANTE 
PRIMÁRIO RELATIVO 
● Trata-se da forma mais frequente de dermatite de 
contato por irritante, tanto na infância como na adolescência 
e na vida adulta. 
● A substância desencadeante necessita de vários 
contatos com a pele para agir como um irritante. Assim, pode 
surgir após dias, semanas, meses ou anos de exposição ao 
agente causador, dependendo do tempo e da periodicidade. 
● Na clínica, observa-se um quadro compatível com 
eczema crônico, com predomínio de liquenificação sobre o 
eritema. 
● A orientação dada ao paciente para evitar o contato 
com o agente não leva a cura imediata porque, na grande 
maioria das vezes, outros agentes, como a água, mantém a 
dermatite. O desaparecimento do quadro clínico ocorre de 
forma lenta e progressiva. 
● Cerca de 80% das dermatites das mãos, como o 
eczema do lar (“eczema da dona de casa”) e outros eczemas 
ocupacionais, são desencadeadas por irritação primária 
relativa. Na face, ocorre uma proporção inversa, sendo 80% 
dermatites de contato alérgicas e 20% por irritante primário 
relativo. 
● É importante ressaltar que, nos eczemas por irritação 
primária, os testes de contato são inúteis, já que não existe 
processo imunológico de sensibilização. A única maneira de 
investigar é a exclusão do agente suspeito, com a melhora do 
quadro e a recidiva pela re-exposição. 
 
● A urina e as fezes são irritantes primários relativos. 
A dermatite das fraldas é exemplo de dermatite de contato, 
desde o simples eritema até quadros graves. Em adultos com 
incontinência urinária ou de fezes, é frequente o quadro de 
dermatite de contato por irritante primário. 
● Subdivisões da dermatite de contato por irritante 
primário: 
➢ Reação irritante: semelhante à dermatite descrita, 
mas, com o tempo, a dermatose desaparece, por adaptação da 
própria pele do indivíduo. É frequentemente descrita em 
cabeleireiros que, no início da carreira, apresentam dermatite 
de contato desencadeada por xampus e, com o tempo, se 
adaptam, graças a um aumento da espessura da camada 
córnea (hardening), favorecendo o desaparecimento da 
irritação. 
➢ Xerose de pele/eczemátide: ocorre em pacientes com 
tendência m xerose de pele (pele seca), como nos atópicos, 
idosos e naqueles com hábito de tomar banho várias vezes ao 
dia com água quente e sabonete e esfregar a pele com buchas 
ou esponjas. A diminuição do manto lipídico sobre a camada 
córnea, aumenta a perda de água transepidérmica, 
favorecendo a xerose e, por consequência, o aparecimento de 
áreas tipo eczemátide. 
➢ Dermatite de contato irritativa traumática: além da 
substância irritante, está presente um fator traumático. 
Exemplo típico é a dermatite de fraldas; além da oclusão, o 
contato da pele com a urina e a fricção da fralda leva a um 
quadro eczematoso nas áreas de maior atrito. 
➢ Dermatite de contato irritativa obstrutiva, 
acneiforme e pustulosa: desencadeada por substâncias que 
levam em oclusão dos folículos, como graxas, óleos de corte, 
substâncias oleosas, fibra de vidro, metais etc. 
➢ Dermatite de contato sensorial ou subjetiva (pele 
sensível): caracteriza-se pela sensação de ardor, prurido e/ou 
queimação quando em contato com certas substâncias. 
Ocorre principalmente em face, em cerca de 10% de usuários 
de cosméticos, sendo mais comum em pacientes com 
dermatose preexistente, como dermatite atópica, rosácea e 
seborreica. Na maioria dos casos, o paciente apresenta 
apenas os sintomas já referidos acompanhados ou não de 
eritema no local. 
……. MANIFESTAÇÃO CLINICA …… …… 
O quadro clínico da dermatite de contato pode, em fase 
aguda, subaguda ou crônica, apresentar-se sob forma 
eritematosa ou várias modalidades eritemato-
vesiculosas, eritêmato-secretante-infiltrativa-liquenificadas e 
eritêmato-vésico-secretantes. 
 
● O prurido é um sintoma constante. 
● A delimitação e a localização do processo eruptivo 
são elementos importantes na diagnosedessa forma 
eczematosa. 
 
● Enquanto o eczema atópico tem localizações 
preferenciais, como as áreas de dobras, o eczema de contato 
situa-se regionalmente. 
● Por se tratar de uma dermatite exógena, as principais 
localizações são as correspondentes às partes do corpo com 
maior exposição aos materiais componentes do ambiente: em 
primeiro lugar, as mãos, seguidas da face, pescoço, pés e 
tronco. O local envolvido corresponde àquele da exposição 
principal ao contactante. 
● Entretanto, na dermatite alérgica e fotoalérgica de 
contato, as lesões podem ultrapassar o local do contato e até 
se estenderem a áreas distantes (pelo fenômeno de 
autossensibilização). As dermatites de contato fototóxico e 
fotoalérgica localizam-se nas áreas expostas em substância e 
nas radiações ultravioleta. 
 
 
 
 
 Débora Rodrigues – MED XXX 
……. DIAGNÓSTICO … … …… 
● O diagnóstico da dermatite de contato se faz pela 
história clínica e por exames clínico e histopatológico. 
● Na dermatite de contato alérgica e na dermatite de 
contato fotoalérgica, respectivamente, os testes de contato e 
o fototeste de contato confirmam o diagnóstico e determinam 
o agente responsável pelo quadro eczematoso. 
● História clínica: início das lesões, número de surtos 
apresentados, história de dermatite de contato, atividades 
ocupacionais, outras atividades habituais e hobbies e contato 
com químicos. 
● Quadro clínico: presença de lesão eczematosa em 
qualquer fase evolutiva. A localização da lesão, na maioria 
das vezes, fornece os agentes suspeitos como desencadeantes 
da dermatite de contato. 
● Histopatologia: não é, em geral, utilizada na 
diagnose de rotina das dermatites eczematosas de contato, já 
que o quadro é similar em todas as erupções eczematosas. 
Está indicada para auxiliar no diagnóstico diferencial de 
dermatoses não eczematosas. 
● Testes de contato ou epicutâneos (patch-test): são 
utilizados para confirmar o diagnóstico e investigar a causa 
da dermatite de contato. Seu mecanismo é o mesmo da 
dermatite de contato alérgica. A aplicação de substância 
suspeita, em uma parte do corpo (principalmente dorso), 
induz lesão clínica do tipo eczematoso naquele local. Depois, 
em 96 horas se faz uma nova e confirmatória leitura. Os testes 
epicutâneos são indicados unicamente na investigação de 
dermatite de contato alérgica. Na dermatite de contato por 
irritante primário, como referido, não existe mecanismo 
imunológico. A presença de teste positivo a certa substância, 
relacionada com a história clínica do paciente, possibilita 
identificar os materiais que, em contato com a pele, podem 
desencadear esse quadro, auxiliando o paciente e o médico 
no tratamento. 
➢ Indicações: pacientes com hipótese diagnóstica de 
dermatite de contato alérgica (para 
confirmar e identificar o alérgeno); casos de dermatite de 
contato relacionados com o trabalho; dermatites crônicas não 
controladas com os medicamentos comumente utilizados; 
outras dermatoses que mostram sinais de piora apesar do uso 
da medicação. 
● Baterias de testes de contato: as substâncias 
utilizadas nas baterias de testes são sensibilizantes comuns. 
As concentrações e os veículos utilizados para diluição das 
substâncias têm o objetivo de sensibilizar, e não irritar a pele. 
As substâncias a serem testadas devem ser diluídas em 
veículo adequado e em concentrações já padronizadas. 
● Técnica dos testes de contato: o paciente deve, no 
momento da aplicação, apresentar sua dermatose em fase 
inativa. Os testes, em geral, são aplicados no dorso dos 
pacientes, por se tratar de área que, pela sua extensão, 
possibilita colocação de número adequado de substâncias. 
Outras áreas, como coxas ou braços, também podem ser 
utilizadas. Após 48 horas de colocação, os testes são 
retirados e a primeira leitura é realizada. A segunda é feita 
depois de 96 horas. 
➢ Os critérios adotados para leitura são: (-) negativo; 
(+) discreto eritema com algumas pápulas; (++) eritema, 
pápulas e vesículas; (+++) intenso eritema, pápulas e 
vesículas confluentes. 
 
……. TRATAMENTO … … 
● O principal tratamento de dermatite de contato é 
evitar o contato. 
● Além da orientação para evitar o contato com as 
substâncias responsáveis pela dermatose, o tratamento da 
dermatite de contato deve ser orientado em relação à fase do 
quadro eczematoso: agudo; subagudo; e crônico. 
● Os principais medicamentos atuantes na inflamação 
da dermatite de contato são corticosteroides, pimecrolimo e 
tacrolimo. Excepcionalmente, podem ser empregadas outras 
terapias como metotrexato, ciclosporina e fototerapia. 
● Corticosteróides, pimecrolimo, tacrolimo, ciclosporina, 
metotrexato.

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