Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
e-book www . p a o l a p u c c i . c om . b r PRATICANDO Copyright © 2020, PAOLA PUCCI, Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte desse e-Book, sem autorização prévia por escrito do autor, poderá ser reproduzida ou transmi�da sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. Conteúdo Redação Paola Pucci Raquel Fornaziero Gomes site www.paolapucci.com.br e-mail contato@paolapucci.com.br Supervisão de Casos Clínicos PRATICANDO Paola Pucci - Pra�cando AFASIA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Aqui, vou expor algumas discussões de casos que tive com os alunos do Praticando Afasia, sobre os pacientes que eles estão acompanhando. Supervisão de Casos Clínicos 04 Caso 1 Aluna: Tenho uma paciente de 44 anos, afásica, com apraxia. Era faxineira e só estudou até o 6º ano do ensino fundamental. Teve o primeiro AVC em 02.12.2019. No dia 10.02.2020, durante o atendimento, percebi que ela estava tendo o segundo AVC e foi levada para a emergência. Não foi detectada alteração na tomografia, nem grande impacto no tratamento. Compreensão visual: média. Compreensão auditiva: está melhor. Ela tinha boa compreensão para coisas simples, mas quando eu usava um texto grande, por exemplo, ela já não conseguia entender. Agora, já melhorou bastante e consegue compreender melhor. Expressão oral: no início, só se comunicava por jargão e agora já está falando algumas palavras, como “isso”, “sim”, “não” e os nomes dos familiares. Eu posso fazer isso? Eu fico um pouco frustrada, porque gostaria que ele falasse mais coisas; e a família também tem essa expectativa. Pra ter mais consciência da evolução dela, comecei a fazer o que você ensinou, de gravar um discurso dela toda sessão. E eu tenho uma dúvida sobre isso: quando estou gravando, eu posso dar pistas, pra ajuda-la a falar? Porque às vezes eu preciso mostrar como articula, preciso dar a primeira sílaba... Paola Pucci - Pra�cando AFASIA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Supervisão de Casos Clínicos 05 Ainda sobre gravar o discurso dela: é uma ótima estratégia, mas também não pode ficar só nisso o tratamento inteiro. Vai chegar um momento (quando ela estiver falando melhor, já conseguindo planejar o que vai dizer, só com dificuldade na velocidade), em que você vai precisar expor sua paciente a situações mais reais do dia a dia. Por exemplo, fazê-la ligar para o salão de cabeleireiro, leva-la até a padaria para ela comprar dois pães... Ela precisa treinar com desconhecidos, treinar a “surpresa”, o “de repente”, o inesperado, já que o mais difícil para o apráxico é justamente quando tem uma pergunta inesperada, que o força a planejar. O treino do discurso, com o tempo, vai ficando fácil, porque os pacientes vão criando um script mental. É um exercício ótimo, sem dúvida, mas quando ela acomodar, você cria uma nova dificuldade. Paola: Pode! Oferecer pistas para o paciente é excelente para o treinamento, mas desde que a pista que você oferece na sessão seja a mesma que ela recebe dos familiares no dia a dia. Vocês vão estabelecer um novo código de ajuda, entende? Então, o que você pode fazer (e orientar os familiares/cuidadores a fazer também) é: quando ela estiver com dificuldade de falar, em vez de oferecer a pista auditiva, falando pra ela, você pode usar a escrita. Assim, ela vai se esforçar mais, porque você estará usando o grafema. Escrever a palavra, apesar de tornar mais difícil para o paciente, é um excelente treino pra ele. No começo, você pode dar as duas pistas simultaneamente e depois vai tirando a fala e deixando só a escrita. Por exemplo: a sua paciente quer falar “cabelo”; em vez de só dizer “ca”, você vai escrever a palavra cabelo, mostrar pra ela e dizer “ca...”, pra ela completar. Mais pra frente, vai parando de falar e só mostra a palavra escrita; depois, para de escrever a palavra inteira e escreve só a primeira sílaba; depois, só a primeira letra... E assim vai evoluindo, diminuindo as pistas e dando autonomia pra ela. Mas o mais importante é combinar isso com a família, para que todos façam a mesma coisa. Eu costumo até dar de presente um caderninho pra cada pessoa da família, pra que cada um já tenha à mão, na hora que precisar dar a pista. Paola Pucci - Pra�cando AFASIA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Supervisão de Casos Clínicos 06 Paola: A fonêmica é quando existe troca de fonema (por exemplo, fala Saola em vez de Paola). A verbal você acertou, é quando troca palavras de campos semânticos diferentes. E essa em que há troca de palavras dentro do mesmo campo é a parafasia semântica! Aluna: Não, nesse caso ele busca o correto. Aluna: Paciente com compreensão boa, mas com expressão comprometida: ou ele fala a palavra incompleta, ou ele troca por outra palavra do mesmo campo semântico (por exemplo, troca banana por laranja). Nesse caso, preciso fazer a estimulação da semântica mesmo? Paola: Você lembra como chama essa parafasia? Caso 2 Aluna: A parafasia verbal é quando troca campos diferentes, né? Não sei. É a fonêmica? Nesse caso, é bom você testar cada campo semântico, pra ver se o paciente confunde o nome das coisas com o input auditivo. Então, você vai colocar pra ele a uva e a banana, vai tampar a boca (pra não dar pista visual) e vai dizer “pega pra mim a banana”. Se ele pegar a uva, é porque realmente está acontecendo uma alteração semântica, ou seja, ele tem compreensão, mas na hora de buscar ele erra, ele acha que é outra coisa. Paola: Então, a alteração dele não é semântica. O que está acontecendo é que ele vai acessar o arquivo dele e quando entra na “gaveta” das frutas, não consegue encontrar, porque ele não se lembra dos fonemas! Se ele tem a parte fonêmica ruim, ele não vai conseguir pensar “eu quero a uva, que começa com U”, ele vai procurar pela memória, mas a memória operacional dele é ruim. Então, acaba evocando a palavra errada e fala “banana” em vez de “uva”. Portanto, só pra reforçar, a parafasia semântica não é necessariamente uma alteração semântica! Às vezes, o paciente tem uma boa semântica, mas ele busca dentro do campo a palavra pelo fonema e não tem o fonema. Faz sentido? Paola Pucci - Pra�cando AFASIA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Supervisão de Casos Clínicos 07 Aluna: Então, eu preciso reforçar o fonema? Paola: Sim. Você vai escolher um fonema pra começar e vai trabalhar com ele a semana inteira. Vamos supor que você vai começar pelo /p/. Ele vai ler palavras com /p/, vai escrever, você vai trabalhar músicas que ele gosta e grifar o /p/ na letra da música, pra ele reforçar esse fonema; depois, você vai pegar palavras e retirar esse fonema pra ele completar; aí você vai fazer treino de produção... Enfim, vai deixar ele muito bom no /p/; quando você mostrar um P, ele já vai falar /p/. Daí, você troca de fonema. É interessante fazer um treino fonêmico puro, pelo menos uns 6 a 8 minutos por sessão, toda sessão. No seu caso, isso é muito importante, pra ele não estagnar. Aluna: Muito obrigada! Paola Pucci - Pra�cando AFASIA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Supervisão de Casos Clínicos 08 Agora, refiz a avaliação e incluí as provas de compreensão, observei atenção, memória (operacional, episódica e límbica), planejamento e execução. Minha dúvida é a seguinte: antes da lesão, a paciente lia, mas superficialmente (devido à baixa escolaridade). Então, optei por não usar o apoio na escrita, porque sei que é um recurso que ela não tinha muito antes. Agora, não sei bem o que fazer, se avanço mais, vou mais adiante, ou se mantenho como está. Pra onde eu vou? Ela compreende mímica, gestos, objetos, associa o objeto à palavra e àfigura. Aluna: Paciente de 35 anos, com ensino fundamental incompleto (estudou só até a quarta série), que teve um AVC isquêmico extenso, por má- formação de uma artéria. Chegou pra mim com mutismo e quando fiz a primeira avaliação, não vi nenhuma habilidade cognitiva, porque ainda não era sua aluna e nem imaginava que isso era necessário. Então, passei direto para avaliação da linguagem expressiva. Concluí que ela tinha apraxia de fala com apraxia bucofacial. Parecia muito com paciente de gagueira. Observei também que a rota fonológica mais afetada é a fonêmica, então é essa que eu estou treinando: eu mostro os cartões semânticos (por exemplo, o café) e ela fala “ixi...” e eu dou a pista “é o ca...”, ela complementa falando “café”. Essa paciente já evoluiu muito, porque antes ela não conseguia falar nem os nomes dos filhos. Como todos começam com /k/ (Cláudio, Caio, Caíque), decidi começar trabalhando esse fonema, que é importante pra ela e que ela queria muito falar. Caso 3 Paola Pucci - Pra�cando AFASIA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Supervisão de Casos Clínicos 09 Paola: Muito bem. Primeiro, quero te parabenizar por ter refeito a avaliação quando percebeu que estava incompleta. É muito importante avaliar corretamente, porque um dos maiores problemas de pacientes que não evoluem é uma avaliação inadequada. Então, sempre que você tiver um paciente que não está evoluindo, reavalie! Agora, vamos combinar que “optei por” não vai mais existir nas nossas condutas? Pensa assim: faz de conta que você tem uma empresa que faz material para fonoaudiólogos (a minha empresa, por exemplo). Na sua equipe, tem as pessoas que produzem os cartões com as fotos (eles recebem as fotos e produzem os cartões semânticos). Vamos supor que essa equipe inteira pegou coronavírus e precisou parar de trabalhar. Quem poderia resolver o problema da produção de material? As pessoas que trabalham no call center, vendendo, ou as pessoas que trabalham na pintura do material? Com certeza, as pessoas que fazem a pintura. Certo? É um trabalho muito mais próximo da produção. Porque quando você fala que “optou por” não usar a escrita, você está dizendo que foi uma opção. Mas a sua paciente escrevia antes da lesão, não escrevia? Escrevia o quê? Escrevia nomes? Então, você pode trabalhar os nomes escritos! O sistema linguístico é formado por tudo que o paciente estruturou de linguagem no cérebro ao longo da vida. Nessa lesão, por exemplo, a paciente tem uma dificuldade de planejar e expressar o que vai dizer. Você, lindamente, está trabalhando cognição (a mãe do tratamento) e o planejamento dela, mas talvez você esteja perdendo a chance de trabalhar um input importante, porque pode ser que a via dela de percepção dos nomes dos familiares seja escrita. Talvez ela tenha se dedicado muito a escrever o próprio nome e os nomes dos filhos, das pessoas da família, e você não está explorando isso, está perdendo esse input fonêmico. Quando a gente faz produção escrita e de leitura na sessão, a gente facilita até que outros grupos fonêmicos sejam reaprendidos, por generalização. Paola Pucci - Pra�cando AFASIA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Supervisão de Casos Clínicos 10 Paola: Excelente pergunta. Eu recebo várias dessa, todos os dias! Paola: Exatamente! É muito boa a sensação de chegar no final da sessão e perceber que a gente trabalhou um monte e parece que passou só um minuto. Parabéns pela sua evolução e obrigada pelo depoimento! Aluna: Que bom! Mais uma dúvida: quando avaliei automatismos, pedi pra ela contar de 1 a 5 e ela contou “3, 5...”. Eu devo trabalhar automatismos nas sessões ou só avalio? Então, se você está precisando recrutar células para ajudar na expressão oral, as células mais úteis pra isso vão ser as que já trabalham com expressão da linguagem: as que fazem a leitura, as que escrevem... E não as que fazem a paciente andar! Concorda? É claro que com pacientes analfabetos muitas vezes nós tratamos apraxia estimulando essa memória motora das células que ajudavam ele a andar. Mas a sua paciente já sabia ler e escrever, ela não é analfabeta. Portanto, insira no seu treino o pontilhado da palavra escrita, a leitura da palavra, a separação silábica... Porque são exercícios simples e, como ela não é analfabeta, creio que não terá problema com isso. Aluna: Ótimo. Mais uma coisa: minhas terapias nunca mais foram monótonas, depois que eu entendi que preciso trabalhar tudo que está alterado. Agora, 40 minutos de terapia é pouco! O automatismo não é uma prova de linguagem; é uma habilidade linguística. Então, precisa trabalhar em terapia! Você pode treinar meses do ano, dias da semana, contagem, sempre usando o auxílio do grafema, do seu modelo falando e do ritmo (pra ter ajuda do hemisfério direito). Então, enquanto você escreve, você conta junto com ela, fazendo aquela melodia da contagem. E se perceber que contar até 5 continua muito difícil pra ela, começa contando até 2; no dia seguinte, conta até 3... Vai bem devagarzinho. Paola Pucci - Pra�cando AFASIA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Supervisão de Casos Clínicos 11 Paola: Ele faz fisioterapia? Paola: Bom caso! A primeira coisa que eu preciso fazer é reforçar com você que nós nunca vamos “priorizar” ou “optar por” nada. Nós não fazemos escolhas. Os pacientes e os familiares podem ter as prioridades deles, mas a gente precisa explicar que vai trabalhar tudo, porque isso vai ajudar, inclusive, ele a comer mais rápido e melhor, já que estaremos trabalhando cognição. Nós não negligenciamos a queixa do paciente ou a prioridade dele, pelo contrário, nós otimizamos o ganho! Aluna: Meu paciente tem 68 anos e teve um AVC isquêmico há 10 anos. Ele é analfabeto, sempre morou na fazenda, trabalhando como motorista de trator. Caso 4 Agora, vamos lá. Você avaliou linguagem e viu que a compreensão dele parou nos objetos. Ele reconhece e dá função, certo? O próximo passo, então, é associar esses objetos a fotografias. Aluna: Eu tentei e ele não consegue associar com fotografia. E ele também não dá função sozinho pra objeto, precisa de ajuda, de modelo. Por exemplo, se eu dou um pente na mão dele, ele não penteia o cabelo, fica só olhando para o pente. Mas eu não sei se é uma limitação de movimentou ou se ele realmente não sabe para que serve. Faz mais ou menos um mês que estou acompanhando esse caso e ele já está se alimentando por via oral. Mas na avaliação de linguagem, eu não consigo avaliar outra coisa que não seja compreensão de objetos e mímica, porque ele não responde a mais nada, além disso. Fica apático, olhando pra minha cara. Ele dá sorrisinho pra dar “tchau”, faz um “jóia” com a mão, mas não faz mais nada. Quero saber o que eu posso fazer, porque não consigo evoluir, não consigo fazer mais nada. Inicialmente, eu estava trabalhando só deglutição, porque essa era a motivação do filho dele; o filho não fazia questão que ele voltasse a falar, achava mais importante que ele voltasse a comer; então, priorizei isso. Paola Pucci - Pra�cando AFASIA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Supervisão de Casos Clínicos 12 Paola: E você já acompanhou alguma sessão da fisio? Aluna: Não, porque nossos horários não coincidem. Aluna: Faz. Paola: Ok. Bom, esse é um caso bem grave, né? Além de ser uma lesão muito antiga, o paciente é analfabeto. São duas coisas que realmente pioram o caso. Associar a sua sessão com a fisio também é bom pra montar sequências do que ele está fazendo. Por exemplo: a fisio pede pra ele pegar a enxada e fazer o movimento de levar até o chão. Quando ele pegar na enxada, você bate uma foto; quando ele colocar a enxada no chão, você bate outra. Assim, você tem a sequência de movimentos que leva a enxada até o chão. Essa é uma sequência linguística,e você vai precisar trabalhar muitas sequências linguísticas com ele. Poderia fazer sequência lógico-temporal com figuras, mas ele ainda não consegue nem dar função para os objetos, nem associar com fotos. Então, nesse momento, ele precisa ter uma rotina muito ativa, do ponto de vista físico. Tem que andar, tomar sol, sair de casa, tomar banho, ter bastante atividade motora. Quanto mais ele fizer isso, mais ele vai assimilar os objetos com os quais tiver contato durante essas atividades e você vai poder usar esses objetos para trabalhar sequência. Antes da lesão, o seu paciente trabalhava na fazenda, dirigia trator, tinha muita atividade motora. Então, era uma vida onde as habilidades cognitivas de planejamento e execução estavam voltadas para o motor, para atividades físicas. Portanto, de onde você vai tirar o treinamento linguístico dele? Justamente do que era mais utilizado pelo sistema límbico, pelo cotidiano, que é a atividade motora. Isso significa que, por mais difícil que seja, você precisa se reunir com a fisioterapeuta dele e explicar que, pra ele voltar a falar, você vai precisar que a sessão motora seja aproveitada pra linguagem. Por exemplo, você pode treinar automatismos durante os exercícios da fisio, contando “1, 2, 3...”. Paola Pucci - Pra�cando AFASIA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Supervisão de Casos Clínicos 13 Faz sentido pra você? Você vai passar uns 15 minutos fazendo isso e depois vai trabalhar as outras coisas; vai fazer um treino cognitivo puro. Por exemplo: coloca vários potes da cozinha em cima da mesa, alguns redondos, outros quadrados, de tamanhos diferentes, e ele tem que encaixar um no outro. Como ele tem muita alteração cognitiva, é possível que ele tente colocar o quadrado dentro do redondo... Você vai mostrar que não dá certo, explicar que não cabe, mostrar como faz. É você que vai ensaiar ele pra fazer coisas cognitivas, entende? Vamos supor que nesse momento o que ele mais faz é autocuidado de higiene (toma banho, escova os dentes etc.). Você já pode trabalhar dois objetos com ele: por exemplo, o sabonete e a escova. Então, vocês dois vão para frente do espelho, vão pegar esses objetos e treinar a função. Você vai dar o modelo pra ele, porque agora você não está mais avaliando, certo? Você já sabe que ele não dá função, então você vai mostrar pra ele. Pega o sabonete, lava as mãos na pia, mostra o sabonete pra ele, fala “esse aqui é o sabonete”, fala muitas vezes a palavra sabonete, “olha, estamos lavando as mãos com o sabonete”, “o sabonete serve para lavar as mãos” etc. Depois, pega a escova e faz a mesma coisa, dá a função, mostra pra ele, nomeia. Então, a sua sessão precisa ter: um treinamento motor; um treinamento de sequência com objetos que ele mais usa no dia a dia; treinamento de memorização do som/nome do objeto (“sabonete”); uso prático dos objetos; treinamento cognitivo puro (jogo da memória com pouquíssimos pares; seriação – como a atividade de encaixe de potes de cozinha; associar sons de animais que ele conhece ao animal correspondente; categorização – por exemplo, colocar dentro de uma caixa itens de higiene e numa outra caixa itens de escritório, mas com um item de higiene também, e ele precisa organizar, colocar cada coisa na sua caixa). Para fazer o treinamento cognitivo, você precisa fazer coisas básicas mesmo, como se estivesse estimulando uma criança, mas você vai usar material adulto, não vai infantilizar o paciente. E usa sempre elementos do universo dele! Paola Pucci - Pra�cando AFASIA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Supervisão de Casos Clínicos 14 Muito bem! Esses foram os quatro casos discutidos nessa supervisão, mas é importante que você aprofunde o estudo, lendo dois livros fundamentais: Aluna: Nossa, faz muito sentido. Eu não tinha pensado por esse lado. Foi bom falar com você, porque agora vou mudar toda a estratégia. Paola: Perfeito! Lembre sempre que: enquanto a cognição estiver ruim, não tem como melhorar a linguagem. Ele precisa da cognição pra poder fazer qualquer coisa. - “Distúrbios neurológicos adquiridos – Linguagem e cognição”, da Karin Ortiz. - “Neurolingüística: princípios para a prática clínica”, da Letícia Lessa Mansur e da Márcia Radanovic. www . p a o l a p u c c i . c om . b r
Compartilhar