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DESCOMPLICANDO A NUTRIÇÃO ENTERAL CASOS CLÍNICOS Prof. Cristina Fajardo Diestel e Prof. Priscilla Barreto Entre 20 e 45% dos pacientes internados no hospital estão desnutridos e muitos saem com o mesmo EN Um estudo constatou que 63% dos pacientes que permaneceram pelo menos 7 dias no hospital permaneceram no mesmo EN em que foram admitidos, e cerca de 20% pioraram Entre 50-80% dos pacientes hospitalares relatam dificuldades alimentares e 30-70% relatam falta de apetite Laur C, et al. Healthcare (Basel). 2018;6(1):9. SOD < 70% VO TNP < 60% NE TNED < 60% VODIRETRIZ TN DOMICILIAR BRASPEN BRASPEN J 2018; 33 (Supl 1): 37-46 Sonda Ostomia NE Paciente - enfermaria Caso Clínico - 1 Caso Clínico 1 - Enfermaria Paciente: Paciente sexo masculino, 77 anos. Admitido com PNM, por provável BCP. Avaliado pela Fonoaudiologia durante a internação que contraindicou alimentação por via oral. Passada SNE e liberado início de Nutrição Enteral. Exames laboratoriais sem alterações, diabético em uso de metformina e relato de tendência a constipação. Triagem Nutricional: NRS 2002 > 4 pontos na admissão Avaliação Nutricional: Peso habitual relatado: 65,0kg - Estatura relatada: 1,76m Peso aferido (cama-balança) : 62,5kg IMC: 20,1 kg/m2 (adequado p/ idade pelo IMC, mas próximo do limite inferior) Caso Clínico 1 – Enfermaria Meta calórica Dose / Meta Terapia Nutricional Terapia Nutricional Meta proteica / lipídica / glicídica Peso atual/ ideal / seco Peso estimado Caso Clínico 1 – Enfermaria • Cálculo das Necessidades Nutricionais • Enfermaria • História Nutricional Caso Clínico 1 – Enfermaria Nutr Clin Pract. 2020 Apr;35(2):178-195. Caso Clínico 1 – Enfermaria 15 - 25kcal/kg 3 primeiros dias Baixo risco 5 - 10kcal/kg 3 primeiros dias Alto risco 10 - 15kcal/kg 3 primeiros dias Médio risco Caso Clínico 1 – Enfermaria Caso Clínico 1 – Enfermaria • Indicado início de Terapia Nutricional - D1 Terapia Nutricional: • VET 940kcal – 15kcal/kg • Fórmula polimérica, 1,2kcal/ml, 64g proteína/L (60% ptn do soro do leite e 40% caseinato de cálcio) 940kcal 1000ml 1200kcal x ml 940kcal x = 940 x 1000 / 1200 Caso Clínico 4 – Paciente Crítico x = 780ml Proteína 1000ml 64g 780ml x x = 780 x 64 / 1000 x ~ 50g ptn Caso Clínico 4 – Paciente Crítico 50g / 62,5kg= 0,8g/kg Caso Clínico 1 – Enfermaria • D3 Terapia Nutricional: • VET 1250kcal – 20kcal/kg • Fórmula polimérica, 1,2kcal/ml, 64g proteína/L (60% ptn do soro do leite e 40% caseinato de cálcio) • Volume 1000ml – velocidade de infusão: 50ml/h • 64g proteína – 1,0g/kg Caso Clínico 1 – Enfermaria • Pleno - Terapia Nutricional: • VET 1875kcal – 30kcal/kg • Fórmula polimérica, 1,5kcal/ml, 75g proteína/L 1875kcal 1000ml 1500kcal x ml 1875kcal x = 1875 x 1000 / 1500 Caso Clínico 4 – Paciente Crítico x = 1250ml Vel = 62ml/h 1250ml 1000ml 75g ptn 1250ml x g ptn x = 1250 x 75 / 1000 Caso Clínico 4 – Paciente Crítico x = 94g ptn Ptn = 1,5g/kg Gastrostomia Caso Clínico - 2 Caso Clínico 2 - Gastrostomia Paciente: Paciente sexo masculino, 77 anos, alta hospitalar pós AVE. Avaliado pela Fonoaudiologia durante a internação que contraindicou alimentação por via oral. Passada SNE e posteriormente submetido a GTT por EDA e programada alta hospitalar. Exames laboratoriais sem alterações, diabético em uso de metformina e relato de tendência a constipação. Triagem Nutricional: NRS 2002 > 4 pontos na admissão Avaliação Nutricional: Peso habitual relatado: 65,0kg - Estatura relatada: 1,76m Peso aferido na alta hospitalar (cama-balança) : 62,5kg IMC: 20,1 kg/m2 (adequado p/ idade pelo IMC, mas próximo do limite inferior) Caso Clínico 2 - Gastrostomia Terapia Nutricional: No dia da alta paciente recebendo: Fórmula polimérica, densidade 1,5kcal/ml, 77g de proteína, com volume de 1000ml, velocidade de infusão de 50ml/h sem adição de módulos, sem adição de água VET: 1500kcal/dia => 24kcal/kg Proteína – 1,2g/kg Após visita e conversa com familiar optado por OA com dieta artesanal • Bolus • Seringa ou frasco • Industrializada, Artesanal ou Mista Ichimaru S. Nutr Clin Pract. 2018 Dec; 33(6):790-795. Caso Clínico 2 - Gastrostomia Caso Clínico 1 - Gastrostomia • Calcular as necessidades nutricionais • Escolher a fórmula (opções, densidade calórica) • Artesanal ou Industrializada ou mista • Dividir o volume total em 5 ou 6 etapas • Utilizar seringa de 50 ou 60ml para administração • Protocolo de prescrição • Horário da manipulação – 24h validade (em geladeira) • Temperatura da dieta • Higiene do preparo e administração • Posicionamento do paciente – 30˚ ou sentado Boullata JI, et al. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2017 Jan;41(1):15-103. Caso Clínico 2 - Gastrostomia Caso Clínico 2 - Gastrostomia Preparações Horários Ingredientes Quantidade Modo de preparo DESJEJUM/ LANCHE E CEIA: Vitamina de frutas (07 / 16 / 22h) -Leite integral -Fruta - Suplemento Nutricional em Pó (SNPó) -200 ml (01 copo) -1 porção - Medida lata colheres de sopa SNPó - Separar todos os ingredientes e liquidificar por 1 minuto; - Após liquidificar, coar em peneira (avaliar necessidade) Caso Clínico 2 - Gastrostomia Preparações Horários Ingredientes Quantidade Modo de preparo COLAÇÃO: Suco de fruta (10 h) -Suco de fruta (variar) ou água de coco -Legume/ Verdura (variar)- Cenoura ou Couve ou Beterraba -Água -01 unidade (125g) -1 pedaço pequeno (60g) -01 copo tipo requeijão - Liquidificar todos os ingredientes (crus) com água; - Coe em peneira Caso Clínico 2 - Gastrostomia Preparações Horários Ingredientes Quantidade Modo de preparo ALMOÇO E JANTAR Sopa de legumes com carne ou frango (13 / 19h) -Batata inglesa ou batata doce ou aipim ou inhame ou batata baroa -Feijão ou lentilha ou ervilha ou grão de bico -Abóbora ou cenoura ou chuchu ou beterraba -Berinjela ou couve-flor ou brócolis -Carne ou frango -Folhosos (1 tipo) -Azeite extra virgem -Sal - 02 col. sopa ou 2 pedaços pequenos (60g) - 1 concha rasa média - 2 pedaços pequeno (120g) - 2 pedaços pequeno (120g) - 04 col. Sopa (100g) - 02 col. Sopa (50g) - 02 col. sopa (16ml) - 01 col. Chá rasa (5g) - Liquidificar todos os ingredientes (crus) com água; - Coe em peneira - Acrescentar o azeite 6 etapas de 250ml – 7-10-13-16-19-22 ou 6-9-12-15-18-21h 4x seringa de 60ml Caso Clínico 2 - Gastrostomia UTENSÍLIOS -Os utensílios devem ser lavados com água e sabão e mantidos em solução higienizante (1 colher de sopa de cloro ou água sanitária, para 1 litro de água filtrada) por 15 minutos. Utilizar o menor número de utensílios possíveis; -Após retirar os utensílios da solução, secá-los, preferencialmente, com papel toalha descartável e guardá-los em um pote/recipiente plástico com tampa. -Todos os utensílios necessários para o preparo da dieta são de uso exclusivo do paciente; Caso Clínico 2 - Gastrostomia INFUSÃO -Posicionar a cabeceira da cama elevada a 45º durante a infusão da dieta. Manter esta posição até 30 minutos após o término da infusão; -A dieta deve ser infundida sempre à temperatura ambiente e lentamente (infusão em bolos) conforme orientação nutricional. Requer auxílio de seringa de 60ml; -Após a infusão de cada etapa da dieta e administração de medicação, a sonda deve ser lavada com 20ml de água filtrada ou mineral, para a retirada de resíduos, evitando assim, sua obstrução; -Manter a sonda limpa e seca. Evitar tracionar a mesma ao utiliza-lá. Caso Clínico 2 - Gastrostomia Necessidade Hídrica 62,5kg x 25ml/kg ~1500ml/dia 1500ml dieta + 120ml água Caso Clínico 2 - Gastrostomia Gastrostomia - Industrializada Caso Clínico - 3 Paciente: Pacientesexo masculino, 77 anos, alta hospitalar pós AVE. Avaliado pela Fonoaudiologia durante a internação que contraindicou alimentação por via oral. Passada SNE e posteriormente submetido a GTT por EDA e programada alta hospitalar. Exames laboratoriais sem alterações, diabético em uso de metformina e relato de tendência a constipação. Triagem Nutricional: NRS 2002 > 4 pontos na admissão Avaliação Nutricional: Peso habitual relatado: 65,0kg - Estatura relatada: 1,76m Peso aferido na alta hospitalar (cama-balança) : 62,5kg IMC: 20,1 kg/m2 (adequado p/ idade pelo IMC, mas próximo do limite inferior) Caso Clínico 3 – Gtt dieta industrializada Caso Clínico 3 – Gtt dieta industrializada Terapia Nutricional: No dia da alta paciente recebendo: Fórmula polimérica, densidade 1,5kcal/ml, 77g de proteína, com volume de 1000ml, velocidade de infusão de 50ml/h sem adição de módulos, sem adição de água VET: 1500kcal/dia => 24kcal/kg Proteína – 1,2g/kg Após visita e conversa com familiar optado por OA com dieta industrializada Med Devices (Auckl). 2014 Aug 19;7:291-8. Caso Clínico 3 – Gtt dieta industrializada Exemplo Fórmula hipercalórica/hiperproteica – 1,5kcal/ml e 77g proteína/litro Prescrição: Volume de dieta 1000ml/dia Volume de água: 500ml/dia 5 etapas de 200ml – 08h – 11h – 14h – 17h – 20h 5 etapas de 100ml – 08h – 11h – 14h – 17h – 20h Lavar o circuito com 20ml de água potável ou filtrada após a administração das etapas (usar a seringa de 20ml + 80ml) Caso Clínico 3 – Gtt dieta industrializada Gotas = volume ml x 20 Tempo (min) Gotas = 200 ml x 20 60 Gotas = 66 gts/min Caso Clínico 3 – Gtt dieta industrializada Exemplo Fórmula hipercalórica/hiperproteica – 1,5kcal/ml e 77g proteína/litro Prescrição: Volume de dieta 1000ml/dia Volume de água: 500ml/dia 5 etapas de 200ml – 08h – 11h – 14h – 17h – 20h - 66 gotas/min 5 etapas de 100ml – 08h – 11h – 14h – 17h – 20h Lavar o circuito com 20ml de água potável ou filtrada após a adm das etapas (usar a seringa de 20ml + 80ml) Paciente crítico Caso Clínico - 4 Caso Clínico 4 – Paciente Crítico Paciente: Paciente masculino, 28 anos, profissional de atletismo. Admitido em regular estado geral, sedado, hipocorado, acianótico, anictérico. Abdome: RHA+, flácido, sem sinais de irritação peritoneal. Vìtima de atropelamento com amputação traumática MID e trauma abdominal com necessidade de esplenectomia. Tax 38.6ºC; FC 105 – 106 bpm, FR 20 ipm, PA 110 x 60 mmHg , TOT + VM. sedado com midazolan, analgesia com fentanil, iniciada noradrenalina 0,38mcg/kg/min. Passada SNE e feita confirmação radiológica do posicionamento. RISCO NUTRICIONAL Avaliação Nutricional: Peso relatado: 71kg (usado para cálculo) - Estatura relatada: 1,76m Peso cama –balança: 71,9kg (com edema, necessário para acompanhamento). IMC: 22,9 kg/m2 (eutrófico pelo IMC). Eutrófico segundo IMC mas com risco nutricional Caso Clínico 4 – Paciente Crítico • Momento da doença (Fase) • Calcular as necessidades nutricionais • Escolher a fórmula (opções, densidade calórica) • Dividir o valor calórico pela densidade • Dividir o volume total pelo tempo de infusão Van Zanten; Moonen et al. Journal of Intensive Care (2021) 9:8 Fase Aguda Precoce Não Hiperalimentar Método de administração Ichimaru S. Nutr Clin Pract. 2018 Dec;33(6):790-795. Caso Clínico 4 – Paciente Crítico • D1 Terapia Nutricional • Indicado início de Terapia Nutricional - D1 de Nutrição enteral - Fórmula oligomérica, 1,0kcal/ml, hiperproteica (92g/L), 100% whey protein: Volume 400ml –18ml/h, trófica (22h de infusão) VET 400kcal – 6kcal/kg * Proteína 0,5g/kg 1,0kcal/ml = 400kcal = 400ml 400ml = 18ml/h 22h Caso Clínico 4 – Paciente Crítico 400kcal ~ 6kcal/kg 71kg 92g ptn/L 1000ml 92g 400ml x x = 92 x 1000 / 400 x ~ 37g ptn Caso Clínico 4 – Paciente Crítico 37g / 71,0kg = 0,5g/kg Caso Clínico 4 – Paciente Crítico • D2 Terapia Nutricional Paciente mantendo sedoanalgesia e o uso de noradrenalina, menor dose, 0,26mcg/kg/min. GSA: sem distúrbio. Mantendo boa diurese, sem evacuar desde a admissão, abdome hipertimpânico, parâmetros inflamatórios mostrando discreta melhora. Sugerida medida laxativa. D2 de Nutrição enteral - Fórmula oligomérica, 1,0kcal/ml, hiperproteica (92g/L), 100% whey protein: Volume 550ml – 25ml/h (22h de infusão) / VET 550kcal – 8kcal/kg * Proteína 0,7g/kg • D3 Terapia Nutricional Iniciado desmame de sedação e evoluindo com menor dose de amina, noradrenalina: 0,11mcg/kg/min. GSA: sem distúrbio, PF 304. Mantendo boa diurese, 1 episódio de evacuação pós medida laxativa, parâmetros inflamatórios em queda. Sem febre. D3 de Nutrição enteral - Fórmula oligomérica, 1,0kcal/ml, hiperproteica (92g/L), 100% whey protein: Volume 770ml – 35ml/h (22h de infusão) / VET 770kcal – 11kcal/kg * Proteína 1,0g/kg Caso Clínico 4 – Paciente Crítico • D4 Terapia Nutricional Paciente com dripping de precedex, despertar combativo. Sem aminas. GSA: sem distúrbio, P/F 373. Mantendo boa diurese, 2 episódios de evacuação, parâmetros inflamatórios mantendo curva de melhora. Sem febre. D4 de Nutrição enteral - Fórmula oligomérica, 1,0kcal/ml, hiperproteica (92g/L), 100% whey protein: Volume 1000ml – 45ml/h (22h de infusão) VET 1000kcal Proteína 1,7g/kg (adição de 30g de módulo de whey protein, em 2 etapas/dia) Aporte total: 1120kcal – 16kcal/kg Crit Care 22, 156 (2018). Adequação proteica 92g ptn/L 1000ml 92g 92g + 30g whey protein total = 112g ptn Ideal : 2 etapas de 15g de whey protein Caso Clínico 4 – Paciente Crítico 112g / 71,0kg = 1,5g/kg Caso Clínico 4 – Paciente Crítico • D5 Terapia Nutricional Paciente com dripping de precedex. Sem aminas. Evacuação regular, parâmetros inflamatórios mantendo curva de melhora. Sem febre. D5 de Nutrição enteral - Fórmula polimérica, 1,5kcal/ml, hiperproteica (77g/L): Volume 1000ml – 45ml/h (22h de infusão) / VET 1500kcal * Proteína 1,6g/kg (adição de 40g de módulo de whey protein, em 2 etapas/dia) Aporte total: 1660kcal - 23kcal/kg Caso Clínico 4 – Paciente Crítico Não hiperalimentar – Fase Aguda Não hipoalimentar – Fase crônica Monitorar tolerância NE Escolha dos Nutrientes Atenção às metas Terapia nutricional Monitorar Monitoramento da TN Intercorrências relacionadas à TN Intolerância a NE Distensão abdominal/RG Diarreia / Constipação < 60% das necessidades • Rever tipo de formulação • Polimérica x oligomérica • Densidade calórica • Volume da dieta • Rever a estratégia da TN Mensagens finais Triagem Nutricional / Avaliação Nutricional Requerimentos nutricionais Exames basais (pré TN) Indicação de início e de manutenção Identificar os pacientes em risco para SR Monitorar exames, sinais e sintomas Monitorar EN e garantir a continuidade da TN @priscillabarreto_nutri Muito Obrigada!
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