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AULA 4 Carcinogênese: Oncogenes e Genes supressores tumorais Prof. Higo Nasser S. Moreira Doctor Scientiae em Bioquímica Aplicada Universidade Federal de Viçosa - Brasil Boa Vista – Roraima UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA - UERR CURSO DE MEDICINA Disciplina: Princípios Básicos de Oncologia CARCINOGÊNESE OU ONCOGÊNESE: COMO SE DESENVOLVE O CÂNCER O CÂNCER é um tumor maligno que se infiltra através das barreiras do tecido normal até as estruturas adjacentes, e então dissemina-se metastaticamente aos órgãos e tecidos distantes. SINAL DE MALIGNIDADE: Pequena invasão da lâmina basal COMO SE DESENVOLVE O CÂNCER? 1. CÂNCER IN SITU. As células afetadas tornam-se ainda mais anormais em seu crescimento e aparência (ANAPLASIA E PLEIOMORFISMO). O tumor já iniciou a invasão da lâmina basal e tecidos adjacentes, porém ainda não realizou metástase. 2. CÂNCER INVASIVO. Se as alterações genéticas permitirem que o tumor invada os tecidos subjacentes e suas células se espalhem para o interior dos vasos sanguíneos ou linfáticos (METÁSTASES) , a massa tumoral tornar-se-á MALIGNA. 3. METÁSTASES. Ao contrário do tumor benigno, o tumor maligno É INVASIVO e cresce irregularmente, emitindo tentáculos em todas as direções, estabelecendo outros locais de proliferação através das correntes sanguínea a linfática. As METÁSTASES causam desorganização de órgãos vitais, liberando SUBSTÂNCIAS ANGIOGÊNICAS, que promovem o surgimento de novos vasos de alimentação do tumor. O quadro sistêmico pode levar o indivíduo à óbito. ETAPAS DO PROCESSO DE CARCINOGÊNESE CRESCIMENTO TUMORAL2-NEOPLASIAS MALIGNAS ✓ CARCINOGÊNESE OU ONCOGÊNESE: Processo lento, gradual e complexo onde funções celulares são alteradas, acarretando o surgimento de um tumor maligno. ✓ Processo de múltiplas etapas no qual ocorrem MUTAÇÕES em células somáticas (câncer genético) ou germinativas (câncer hereditário). 1- VIAS DE SINALIZAÇÃO QUE ATUAM NO CONTROLE DO CICLO CELULAR 2- APOPTOSE 3- MECANISMOS DE REPARO 4- ADESÃO CELULAR EVENTOS MOLECULARES DURANTE A CARCINOGÊNESE Variantes de células normais que perderam a habilidade de controlar seu crescimento com as seguintes alterações: CÉLULAS CANCEROSAS OU MALIGNAS CÉLULA NORMAL CÉLULA MALIGNA ✓ Estima-se que 6-7 eventos devem ocorrer (em ~20-40 anos) para indução do câncer (alterações genéticas e epigenéticas) ✓ Em certos casos a propensão ao câncer é hereditária (caso as mutações ocorram em células germinativas) ✓ Todo câncer é genético, porém nem todo câncer é hereditário (minoria) ✓ Principais classes genes que, quando mutados, podem desencadear um processo de carcinogênese MUTAÇÃO E CÂNCER CLASSES DE GENES MUTADOS QUE DESENCADEIAM CARCINOGÊNESE ONCOGENES GENES SUPRESSORES DE TUMOR GENES REGULADORES DO REPARO DO DNA ANTÍGENOS DE MEMBRANA E PROTEÍNAS DE ADESÃO* *Metástase SISTEMA DE CONTROLE DO CICLO Cascata de transdução de sinal em resposta ao estímulo por EGF (fator de crescimento epidérmico) O CICLO CELULAR E CONTROLADO POR FATORES DE CRESCIMENTO Fatores de crescimento Fatores de transcrição envolvidos na transcrição de genes da fase S (vias de biossintese e divisão celular) CICLINA D: Ativa Cdk (S-Cdk) e promove a passagem da célula de G1 para S C-jun C-myc O CICLO CELULAR E CONTROLADO POR FATORES DE CRESCIMENTO ✓ NGF: Fator de Crescimento Neural ✓ EGF: Fator de Crescimento Epidérmico ✓ FGF: Fator de Crescimento de Fibroblasto ✓ PDGF: Fator de Crescimento Plaquetário ✓ IGF: Fator de Crescimento Tipo-Insulina ✓ Fatores de crescimento estimulam a passagem da célula de G1 para S ✓ Sem estes fatores, as células entram em G0: Proliferação interrompida ✓ FGF e PDGF tornam as células competentes para passar de G0 (estado de quiescência, para G1 (proliferação) ✓ EGF e IGF: Fatores de progressão de G1 para S. ONCOGENES VERSUS GENES DE SUPRESSÃO TUMORAL ONCOGENE (ACELERADOR) X SUPRESSOR TUMORAL (BREAK) ONCOGENE (ACELERADOR) X SUPRESSOR TUMORAL (BREAK) GENES SUPRESSORES DE TUMOR ONCOGENESONCOGENES 1- ONCOGENES E ONCOPROTEÍNAS 1. Fatores de crescimento 2. Receptores de fatores de crescimento 3. Proteínas G/Proteínas da transdução de sinal 4. Tirosino-quinases intracelulares 5. Serino/treonino- quinases citosólicas 6. Proteínas da sinalização celular (citosol/núcleo) 7. Fatores de transcrição 1 2 3 4 5 6 7 1- ONCOGENES E ONCOPROTEÍNAS (>100) Oncogene Cromossomo Tipo de Câncer Função proteína erbB1 7q12-13 Glioblastomas (50%); Carcinomas de células escamosas Receptor Tirosina Quinase (HER2) K-ras 6p12 Carcinomas de pulmão, ovário e bexiga Proteína G N-ras 1p13 Cânceres de cabeça e pescoço TF c-myc 8q24 Carcinomas e leucemias TF Ciclina D 11q13 Carcinomas de mama e células escamosas Ciclina G1 Cdk4-mdm2 12q13 Sarcomas CDK, antagonista de p53 ciclina Ciclina E 19q12 Cânceres de estômago Ciclina akt2 19q13 Cânceres de pâncreas e ovário Ser/thr cinase myb 6q23-24 Carcinoma de cólon, leucemias TF FGFR2 10q26 Carcinomas de mama Receptor Tirosina Quinase ALGUNS EXEMPLOS ONCOGENES E ONCOPROTEÍNAS FATORES DE CRESCIMENTO HST Câncer de estômago 11q13 SIS Glioma 22q12 PROTEÍNAS DE TRANSDUÇÃO DE SINAL K-RAS Melanoma, carcinoma tireoidiano 12p12 ABL Leucemia mielóide crônica, Leucemia mielóide aguda 9q34 FATORES DE TRANSCRIÇÃO N-myc Neuroblastoma, carcinoma pulmonar 2p24 MYB Melanoma maligno, linfoma, leucemia 6q22 Fos Osteossarcoma 14q24 MECANISMOS DE ATIVAÇÃO DE PROTO-ONCOGENES EM ONCOGENES 1. MUTAÇÃO PONTUAL 2. AMPLIFICAÇÃO GÊNICA 3. TRANSLOCAÇÃO CROMOSSÔMICA 4. ATIVAÇÃO VIRAL (ONCOGÊNESE VIRAL) 1 2 3 4 1-Mutação pontual em um oncogene Amplificação gênica 3- Translocação cromossômica ou 4-Ativação viral MECANISMOS DE ATIVAÇÃO DE PROTO-ONCOGENES EM ONCOGENES 1. MUTAÇÃO PONTUAL NO PROTO-ONCOGENE RAS: visão geral Ras é uma proteína G (ativa quando ligada à GTP e inativa quando ligada à GDP) que atua como uma das ativadoras da via de sinalização para ativação da expressão de genes relacionados à proliferação celular. MECANISMOS DE ATIVAÇÃO DE PROTO-ONCOGENES EM ONCOGENES 1. MUTAÇÃO PONTUAL: Outro exemplo é o proto-oncogene ras que se torna em oncogene por uma única substituição: GGC → GTC (troca do 12° Glicina por Valina). Outras substituições de Gly por outro aminoácido (exceto por Pro) também ativam a capacidade oncogênica de ras. MUTAÇÃO DOMINANTE: GANHO DE FUNÇÃO!!! ATIVIDADE NORMAL DE RAS MUTAÇÃO EM RAS MECANISMOS DE ATIVAÇÃO DE PROTO-ONCOGENES EM ONCOGENES 1. MUTAÇÃO PONTUAL: Mutações em ras ✓ Substituição no 12° códon GGC (Glicina) → GTC (Valina) causando CARCINOMA DE BEXIGA. ✓ 25-30% dos tumores de pulmão ✓ 50% dos cânceres de cólon. ✓ 90% dos carcinomas pancreáticos ✓ Presentes em lesões pré-malignas (possível papel de iniciação do processo carcinogênese) ✓ Mutações em proto-oncogenes podem ser induzidas por agentes carcinogênicos QUÍMICOS, FÍSICOS E BIOLÓGICOS. NO CÂNCER: Receptor do fator EGF está constitutivamente ativado! Sinal de proliferação celular constantemente ativado. SUPERPRODUÇÃO DO FATOR DE TRANSCRIÇÃO c-Myc! NORMAL CÂNCER 1- MUTAÇÃO PONTUAL: RECEPTORES TIROSINO-QUINASE HER2 (ErbB) PARA EGF Receptor HER2 Sempre ativo: oncogênico ✓ Glioblastomas (50%); 1- MUTAÇÃO PONTUAL: RECEPTORES TIROSINO-QUINASE (ErbB) PARA EGF RESULTADO: SUPERPRODUÇÃO DO FATOR DE TRANSCRIÇÃO c-Myc! ✓ Mutação e atividade constitutiva do fator de transcrição c-MYC. ✓ RESULTADO: Crescimento celular desordenado! ✓ Leucemias; ✓ Carcinomas de células escamosas 1. MUTAÇÃO PONTUAL: MYC 2. AMPLIFICAÇÃO GÊNICA Amplificação 50-100 vezes do n° de cópias do gene C-myc detectada por FISH Amplificação do número de cópias de 50-100 vezes!!! Regiões Coradas Homogeneamente (ou Homogenously Staining Region – HSR) 30% DOS NEUROBLASTOMAS E 20% DOS CARCINOMAS AUMENTO DO NÚMERO DE CÓPIAS DEVIDO À ERROS DURANTE O PROCESSO DE REPLICAÇÃO DO GENOMA 2-AMPLIFICAÇÃO GÊNICA NEUROBLASTOMA: Tipode câncer que acomete principalmente em crianças com menos de cinco anos de idade. ORIGEM: CÉLULAS NERVOSAS DO FETO E DO EMBRIÃO. Os tumores podem se desenvolver à partir de células nervosas de várias partes do corpo, como pescoço, tórax, abdômen, pélvis e tecidos da glândula suprarrenal. AMPLIFICAÇÃO DOS ONCOGENES c-neu e erbB é típica em 20% dos cânceres de mama. HER-2/c-neu ✓ Gene localizado na região 17q11 ✓ Amplificação deste gene foi descoberta em cânceres de bexiga; ✓ Relacionado à cânceres de mama e de pulmão ✓ Codifica proteína de membrana que se assemelha com o receptor do EGF. 2-AMPLIFICAÇÃO GÊNICA 3-TRANSLOCAÇÃO CROMOSSÔMICA: LINFORMA DE BURKITT Gene do fator de transcrição Myc é translocado para o Cromossomo 14, onde passa a ser controlado pelo promotor que controla o gene da cadeia pesada (H) da IgG 1) Abl expressa normalmente em condições controladas no checkpoint G1/S 2) Abl é superexpressa quando associada ao promotor de BCR (Cromossomo Philadelphia) Fenótipo maligno 3-TRANSLOCAÇÃO CROMOSSÔMICA: LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA (LMC) 3. TRANSLOCAÇÃO CROMOSSÔMICA: LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA (LMC) A proteína resultante (BCR-ABL) mantém a atividade de tirosino-quinase do gene abl mas seu padrão de expressão será muito mais alto, devido ao gene BCR e seu promotor forte. SUPEREXPRESSÃO DA PROTEÍNA ABL (controlada pelo promotor do gene BCR) 3-TRANSLOCAÇÃO CROMOSSÔMICA: LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA (LMC) Ativação de oncogenes por translocações (genes quiméricos) t(9;22) em leucemia mielóide crônica O cromossomo Philadelphia (Ph) 3-TRANSLOCAÇÃO CROMOSSÔMICA: LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA (LMC) Marcações: ✓BCR ✓ABL ✓Philadelphia 3-TRANSLOCAÇÃO CROMOSSÔMICA: LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA (LMC) ✓ Reconhecimento da base molecular de LMC: desenvolvimento de inibidor específico de tirosina-quinase Bcr/Abl - MESILATO DE IMATINIBE ✓ 85% pacientes com resposta positiva: desaparecimento t(9;22) ✓ Transplante como única terapia curativa ✓ Sucesso de mesilato de imatinibe limitou população de pacientes aos quais transplantes é oferecido 3-TRANSLOCAÇÃO CROMOSSÔMICA: LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA (LMC) GENES E PROTEÍNAS SUPRESSORAS TUMORAIS SUPRESSORES TUMORAIS ONCOGENES Quando mutadas, estão relacionadas com algum tipo de câncer em humanos ✓ AZUL: ONCOGENES ✓ VERMELHO: SUPRESSORES TUMORAIS ✓ p27 inibe o complexo Ciclina D – Cdk impedindo a progressão do ciclo para a fase S. GENES E PROTEÍNAS SUPRESSORAS TUMORAIS Bloqueio da divisão celular pela p53 e por pRb GENES E PROTEÍNAS SUPRESSORAS TUMORAIS p21, p53 e pRb atuam inibindo a progressão do ciclo para a fase S quando há dano no DNA ✓ Fase G1: Rb ligado a E2F/DP (fatores de transcrição que ativam a expressão de genes do relacionados à progressão do ciclo celular estão INIBIDOS PELA Rb) ✓ Fase tardia G1: Rb fosforilada por CDK/ciclina: Rb libera fatores de transcrição que se ligam em regiões para expressão de genes para progressão à fase S do ciclo celular ✓ Proteína Rb1 mutante (deleção no gene) → fatores de transcrição ficam ATIVADOS CONSTANTEMENTE: DIVISÃO CELULAR SEM CONTROLE → TUMOR GENES SUPRESSORES TUMORAIS RETINOBLASTOMA PROTEÍNA RB1- SUPRESSOR TUMORAL Checkpoint G1/S Genes relacionados Replicação do DNA Ex. RETINOBLASTOMA ✓ Tumor maligno raro da retina ✓ Maioria esporádica ✓ Leva a morte se não tratado ✓ 1/20.000 nascimentos ✓ Proteína RB1 INATIVADA! ✓ Controla ciclo celular ✓ Manifestação no primeiro ano de vida RETINOBLASTOMA PROTEÍNA RB1
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