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Situações críticas Profª: Dra. Bianca Saguie Objetivos da aula ➢ O que é trauma? ➢ Alterações metabólicas – importância clínica; ➢ SIRS e sepse; ➢ Queimadura; ➢ Terapia nutricional. Trauma Evento agudo que altera a homeostase – alterações metabólicas persistentes. Acidentes com veículos, tiros, facadas, quedas e queimaduras. Sepse Trauma Queimadura Cirurgia Resposta metabólica ao estresse • Complexa e envolve muitas vias metabólicas; • Catabolismo intenso – balanço nitrogenado negativo; • FASE DE CHOQUE E FASE DE FLUXO: • Fase de choque - até estabilização; • Hipovolemia, choque; hipóxia tecidual; baixo DC, tºC e consumo O²; • Fase de fluxo • Aumento do DC, consumo de o² e tºC, aumento de glicose e AGs, insulina, catecolaminas, glucagon e cortisol. Resposta metabólica ao estresse Fase de choque Fase de fluxo Resposta metabólica ao estresse Resposta metabólica ao estresse Resposta metabólica ao estresse LOWRY; COYLE, 2016. Resposta metabólica ao estresse LOWRY; COYLE, 2016. Resposta metabólica ao estresse Sepse e SIRS Sepse – infecção sistêmica por organismo identificável Síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) – inflamação generalizada (infecção, traumatismos, choque, etc). Sepse e SIRS DEFINIÇÕES DOS QUADROS CLÍNICOS SEGUNDO AMERICAN COLLEGE OF CHEST PHYSICIANS E SOCIETY OF CRITICAL CARE MEDICINE (1991) Sepse e SIRS Sepse e SIRS Choque – hipoperfusão; no intestino é fonte de mediadores pró-inflamatórios. Íleo paralítico, falta de peristaltismo, disfunção intestinal. Sepse e SIRS Síndrome da multidisfunção orgânica (SMDO). Falência pulmonar, fígado, intestinos, rins, cardíacas e sangue, alterações do SNC. Pode ser primária – dano direto do trauma, ou secundária decorrente da inflamação sistêmica. • Principal causa de morte nas UTIs; • Uma das principais causas de mortalidade hospitalar tardia; • Alta mortalidade → 65% dos casos (Brasil); • Principal geradora de custos nos setores público e privado. Não são modificadas com a administração de nutrientes, como se dá no jejum Sepse e SIRS Queimadura • Lesões graves com hipermetabolismo persistente – até 2a; • Liberação de catecolaminas, cortisol e mediadores inflamatórios; • Esgotamento das proteínas musculares (CATABOLISMO); • TMB suprafisiológica; circulação hiperdinâmica; catabolismo de ossos e músculos; suscetibilidade a infecções; RI. Queimadura • Comprometimento da pele – maior órgão do corpo; • Termorregulação, absorção de vit D, sudorese, barreira física, etc; Queimadura • Metabolismo proteico: • Catabolismo proteico - massa muscular - disfunção orgânica; • Aas do catabolismo – gliconeogênese hepática e ptns agudas; Trauma APACHE II: Avaliar a severidade do comprometimento orgânico. Avaliação de severidade Parâmetros de avaliação do APACHE II: APACHE II: Avaliar a severidade do comprometimento orgânico. Avaliação de severidade Escore SOFA: Registrar as variações do processo de disfunção/falência orgânica ao longo do tempo. Avaliação de severidade Trauma Avaliação dos pacientes críticos • Triagem de risco nutricional (NRS, 2002; NUTRIC; ASG); • Exames físicos; • Exames bioquímicos. Necessidades nutricionais • Aumento das necessidades energéticas; • 10 a 20% nas lesões ósseas; • 20 a 60% nos traumas com infecção; • 40 a 100% após queimaduras extensas; • Calorimetria indireta ou equações preditivas; • TMB – Harris – Benedict (1919) Minimizar hiperglicemia, uremia, hiperosmolaridade, desidratação, produção excessiva de CO2, síndrome de realimentação Sexo Fórmula Masculino 66 + [13,7 x peso (kg)] + [5 x altura (cm)] – [6,8 x idade (anos)] Feminino 665 + [9,6 x peso (kg)] + [1,8 x altura (cm)] – [4,7 x idade (anos)] Cálculo do Gasto Energético Total (GET) GET = TMB x fator estresse x fator térmico Necessidades nutricionais Fator atividade (FA) Fator injúria (FI) Fator térmico (FT) Acamado ao ventilador - 1,1 Paciente não complicado/ PO sem complicação - 1,0 38° - 1,1 Acamado - 1,2 Cirurgia eletiva/ pacientes clínicos - 1,1-1,2 39° - 1,2 Acamado + móvel - 1,25 Pós-operatório câncer - 1,1 40° - 1,3 Ambulante - 1,3 Fraturas - 1,33 41° - 1,4 Pós-trauma - 1,35-1,5 Sepse - 1,5-1,7 Trauma + infecção - 1,79 Peritonite - 1,4 Multitrauma reabilitação - 1,5 Multitrauma + sepse - 1,6 Queimadura 30-50% - 1,7 Queimadura 50-70% - 1,8 Queimadura 70-90% - 2,0 Necessidades nutricionais • CHO – 50-60% - mín 130g/dia e máx 7g/kg/dia; • PTN – 0,8 – 1,0g/kg/dia; • Estresse metabólico = 1,5 a 2,0g/kg/dia; • Pacientes queimados: 2,0 – 2,5g/kg/dia Necessidades nutricionais • LIP – 20-35% - máx 2,5g/kg/dia • Triglicerídeo > 500mg/dL: suspender emulsão lipídica (intravenosa); • Ômega 3 - pode ser prevista a suplementação; • Fibras – 15-30g/dia; 75% insolúveis e 25% solúveis; • Líquidos • 30 a 40ml/kg/dia ou 1,0 a 1,5ml/kcal. Necessidades nutricionais • Precursor dos ácidos nucleicos, carreador de nitrogênio e substrato de cels de proliferação rápida (enterócitos, linfócitos e macrófagos); • Enteral 0,5 a 0,7g/kg/dia (queimados e politraumatizados) • Parenteral (Alanil-glutamina) = 0,3 a 0,5g/kg/dia • Pacientes queimados: 25 a 40g/dia (via enteral ou intravenosa). Nutrientes - Glutamina Nutrientes - Glutamina • Na sepse: Nutrientes - Arginina • Reduz excreção nitrogenada, aumenta síntese proteica; • Cicatrização e função imunológica, precursora de óxido nítrico; • Estabilidade hemodinâmica, sem infecção; • 2% VET. Nutrientes - Arginina • Estresse metabólico maior necessidade; • FDA – Suplementação enteral segura e pode chegar a 15g/L; • NPT – Poucos dados; • Pacientes sépticos: pode ser tóxico (vasodilatação): Nutrientes – Ômega 3 35 ÔMEGA 3 • Óleo de peixe, canola, linhaça; • Ácido alfa-linolênico, ácido eicosapentaenoico e o ácido docosahexaenoico; • Formação de prostaglandinas e leucotrienos da série impar (antinflamatório). ÔMEGA 6 • Óleos vegetais; • Incorporado às membranas celulares na forma de Ácido araquidônico; • Formação de prostaglandinas, leucotrienos da série par (pró-inflamatórios e imunossupressores). KUDSK, 2016. Nutrientes – Ômega 3 • Vitamina A; • Carotenoides – retinol; • Lipossolúvel; • Crescimento, visão, integridade estrutural e funcional do tecido epitelial, reprodução e formação de dentes e ossos; • Síntese proteica e de membranas celulares, • Proteção de barreira mucosa. Nutrientes – Vitamina A • Vitamina C; • Antioxidantes – combate radicais livres; • Auxilia no sistema imune; • Síntese de colágeno e serotonina; • Ferro férrico em ferroso; • Participa da fagocitose e liberação de IFN; • DRI H 90mg e M 70mg. Nutrientes – Vitamina C • Vitamina E; • Tocoferóis e tocotrienóis; • Antioxidante; • Inibe proliferação celular (anti-neoplásico); • Neuroprotetor (bainha de mielina); • Protege da oxidação de lipoptn; • Evita agregação plaquetária. Nutrientes – Vitamina E • Zinco; • Carreado à albumina no plasma; • Utilizado na síntese de código genético; • Enzimas estruturais do enterócito; • Cofator de enzimas; • Atua na imunidade celular; • Formação óssea; • Mobilização da vitamina A; • Antioxidante (ZnCu SOD). Nutrientes – Zinco • Selênio; • Constitui enzimas antioxidantes; • Potencializa a ação da vitamina E; • Previne alguns tumores; • Saúde hepática e cardíaca. Nutrientes – Selênio • Jejum prolongado – adaptação metabólica; • Início da terapia nutricional - rápida passagem de líquidos e eletrólitos (em particular fósforo e potássio) para o intracelular, com queda nos níveis séricos; • Consequência - hipofosfatemia e hipopotassemia - insuficiência respiratória e disfunção cardíaca; Síndrome da realimentação Necessidades nutricionais Agora que já calculamos – como alimentar o paciente? Necessidades nutricionais 1) Triagem de risco em todos pacs em UTI; 2) Calorimetria ou equações preditivas baseadas no peso;3) Avaliação frequente da adequação de proteína; 4) TNE - 24-48 horas no pac crítico, após estabilidade hemodinâmica; 5) No comprometimento hemodinâmico – interromper; 6) Sonda pós-pilórica - pacs de alto risco para aspiração; 7) TNE não deve ser interrompida em diarreia – avaliar causa; 8) Glutamina enteral ou parenteral suplementar não deve ser rotina; 9) Pac alto risco ou desnutridos prévios – RAPIDEZ na terapia; 10) Obesos críticos - 11 a 14kcal/kg (IMC entre 30 e 50kg/m²); 22 a 25kcal/kg peso ideal/dia (IMC > 50kg/m²). PTN – 2,0g/kg de peso ideal (IMC 30 a 40kg/m²) e > 2,5 g/kg de peso ideal (IMC > 40kg/m²). Recomendações atuais 1) Instituir TN precoce – primeiras 48 horas de internação; 2) Todo paciente crítico é considerado em risco para desnutrir; 3) A dieta oral é a preferência entre a enteral e parenteral; 4) Infusão em bolus em detrimento da infusão contínua; 5) Gástrico é preferência; intolerância - posição pós-pilórica; 6) Calorimetria indireta é a preferência para estimar o gasto energético. 7) A Nutrição hipocalórica deve ser instituída na fase aguda inicial. 8) Para doentes críticos, deve-se prever 1,3g/kg/dia de proteína. 9) Glicose (TNP) ou CHO (TNE) críticos máx 5mg/kg/min; 10) Pacs c mais de 20% de superfície corporal queimada, suplementar glutamina na ordem de 0,3 a 0,5mg/kg/dia por 10 a 15 dias. 11) Ômega 3: sem benefícios em altas doses. Recomendações atuais bianca.saguie@estacio.br M.C.G, masculino, 33 anos, passou por acidente automobilístico grave sofrendo politraumatismo com fraturas. Foi admitido no hospital, onde foi submetido a cirurgia para colocação de pinos no fêmur. Paciente no pós- operatório apresentava-se estável, ventilação espontânea. O médico liberou o paciente para iniciar alimentação você deve escolher e justificar: 1- Qual tipo de alimentação (oral, enteral ou parenteral)? 2- Qual dieta (entre hospitalares NO, integridade na NE ou periférica ou central na NP)? 3- Qual VET da dieta? 4- Distribuição de macros? 5- Cuidado com algum nutriente específico? Caso clínico 10 Peso atual (PA): 80kg Altura: 185 cm Temperatura corporal: 37°C