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Gestão da Produção Planejamento e Controle da Capacidade Produtiva Desenvolvimento do material Vilson Vieira 1ª Edição Copyright © 2021, Afya. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Afya. Sumário Planejamento e Controle da Capacidade Produtiva Para Início de Conversa... ............................................................................... 3 Objetivo ......................................................................................................... 3 1. Conceitos de Capacidade. Restrições de Capacidade ....................... 4 2. Planejamento e Controle de Médio e Curto Prazo. Políticas Alternativas de Capacidade ...................................................................... 5 3. Introdução à Teoria de Filas ..................................................................... 14 Referências ......................................................................................................... 17 Para Início de Conversa... Chegamos à fase de nossos estudos em que iremos trabalhar com questões quantitativas nos processos de Gestão da Produção. Os conceitos de capacidade permitem conhecer todos os recursos disponíveis ao Gerente de Produção e seus desafios ao lidar com as restrições de capacidade. O planejamento em todas as suas esferas de curto, médio e longo prazo introduzem a visão técnica quanto às atividades inerentes aos processos de trabalho em uma organização e, para tal, iremos também conhecer as políticas alternativas de Capacidade. Como consequência das políticas de capacidade, a gestão de filas torna- se um aspecto a ser gerenciado e solucionado por Gerentes de Produção onde iremos estudar a Teoria das Filas. Objetivo Dimensionar, planejar e controlar a capacidade produtiva de uma organização, considerando suas restrições. Gestão da Produção 3 1. Conceitos de Capacidade. Restrições de Capacidade A capacidade e restrições de capacidade são fundamentos importantes para que o gestor possa entender os limites de produção dos recursos aos quais administra. O entendimento desses dois conceitos, ajudam a extrair melhores resultados do processo produtivo e será o que iremos aprender adiante. Conceitos de Capacidade Atender aos níveis de demanda constitui-se em uma atividade fundamental da Gestão da Produção, sendo o grande desafio da equipe gerencial, encontrar o equilíbrio ideal entre investimento em recursos e satisfação do consumidor. As decisões que acompanham a tarefa de atender à demanda passam por conceitos de grande importância, como: capacidade produtiva da organização, processos de trabalho, e a última está atrelada à responsabilidade de planejamento e controle da capacidade produtiva. A capacidade representa o máximo que um sistema produtivo pode comportar em um período observado. Vejamos alguns exemplos, pois sempre torna mais fácil a observação, entendimento e aprendizagem. Observe alguns casos: ▪ A capacidade do estacionamento do Shopping Estrela é de 750 carros. ▪ O hotel Nova Riviera possui a capacidade de 42 quartos. ▪ Um Hospital com capacidade para 30 leitos de enfermaria, 10 de CTI. Os casos citados anteriormente não apresentam a operação em seu nível máximo em todos os momentos, mas uma vez respeitado o tempo e o uso de recursos, podem atingir momentos com o número máximo informado sendo, então, a sua capacidade. Restrições de capacidade Grande parte das empresas trabalha abaixo de sua capacidade produtiva (máxima) e são diversas as respostas para possíveis perguntas que exijam explicações em não operar em nível máximo. São possíveis respostas: baixa demanda, decisões em operar abaixo da capacidade para obter maior velocidade de resposta a novas demandas e sazonalidade. Outra possibilidade para uma operação que não explora a sua capacidade máxima produtiva, pode estar relacionada a uma estratégia organizacional em ter mais de uma unidade produtiva e, a partir de então, distribuir a demanda com o “olhar de qualidade” para as suas unidades e operar de forma cuidadosa com erros mínimos ou até “zero defeito”. Em mais uma possibilidade, uma empresa em seu segmento de atuação opta por investimentos em inovação e pesquisa de novos produtos e Gestão da Produção 4 para este posicionamento, vir a operar em capacidade máxima não terá espaço para inovação. As organizações, em grande parte, apresentam áreas ou setores que operam no seu nível máximo de produção e outros setores que trabalham com níveis abaixo de sua capacidade produtiva e até com momentos de ociosidade. Esse aspecto nos apresenta as restrições da capacidade produtiva de uma organização que serão descritos mais adiante. 2. Planejamento e Controle de Médio e Curto Prazo. Políticas Alternativas de Capacidade As ações de Planejamento e Controle da Capacidade são responsáveis por atender à demanda por meio das operações e processos necessários ao atendimento do cliente. As ações de planejamento e controle vão incidir em três aspectos: Curto Prazo, Médio Prazo e Longo Prazo. Sendo o Curto Prazo, contemplado pelo momento presente e inclui as tarefas, procedimentos e operações desenvolvidas para atender a demanda atual. Por Operações e Planejamento que operam no Médio Prazo são as operações que acompanham o desenvolvimento da demanda, sua constância e a necessidade em adequar recursos para o seu atendimento em períodos de até dois anos. As operações de Longo Prazo, são aquelas que irão exigir investimentos futuros e demandam aumento de capacidade e ampliação de instalações. Neste livro, iremos estudar as abordagens de Médio e Curto Prazo. Planejamento e controle de médio e curto prazo A definição dos limites de produção e atendimento são denominadas capacidade produtiva. Uma vez essa definição estabelecida, a capacidade de produção de longo prazo pode ser projetada, então, é conhecido o poder de resposta de todo o sistema produtivo em relação à demanda. Os gerentes de produção, ao terem clareza da capacidade produtiva de longo prazo, podem gerenciar a produção de médio prazo. O corte temporal para o período de médio prazo pode ser considerado com a devida margem de segurança de períodos entre 3 a 24 meses; o longo prazo começa a considerar prazos começando de 2 anos em diante. O curto prazo, que é o nosso dia a dia, também recebe influência da demanda e que são percebidas nas variações de volume, vendas, necessidade de funcionários em operação para atendimento ou no caso Gestão da Produção 5 de fábrica, a necessidade funcionários para atuar na produção de mais itens. Na prática, as variações na demanda ocorrem em todo o tempo e, em muitos casos, fazer previsões exatas não são possíveis e para a gestão, responder à flutuação da demanda exige habilidade em mobilizar e desmobilizar estruturas que possam suportar a demanda. Exemplos dessa aplicação podem ser observados em hotéis, restaurantes e bancos. O Planejamento e Controle exercem influência importante nos processos de produção, pois irão ditar os parâmetros essenciais das operações desenvolvidas por meio das atividades nos setores e métricas relacionadas ao desempenho dos funcionários. No Quadro 1, a seguir, veremos alguns tipos de decisões estabelecidas nas atividades de Planejamento e Controle de Capacidade: Decisões Aspectos relacionados Os Custos de Operação O grande desafio é encontrar equilíbrio entre capacidade e demanda, pois uma capacidade muito superior à demanda representa utilização inferior dos recursos, o que acarreta em um elevado custo operacional, e o custo por unidade também fica alto. Obtenção de Receitas O equilíbrio entre capacidade e demanda traz a garantia de receita e sempre que a capacidade de produção for superior (a demanda), decisões quanto à venda e entrega podem ser tomadas sem que exista incerteza na entrega.Veja que a relação entre capacidade e demanda são antagônicas, ou seja, se há capacidade em atender a demanda, a venda ocorre. E se não existir capacidade de atender à demanda, a venda não poderá ocorrer, veja quanto que estamos tratando de um aspecto importante e extremamente profissional. O Capital de Giro Em alguns casos, a organização terá que “bancar” a produção e vir a fazer estocagem de produtos de forma antecipada à venda. Essa iniciativa permitirá atender à demanda do cliente prontamente e a organização financia este investimento. Sendo que o prejuízo só extingue quando ocorre a venda do produto em estoque e, para tal, é preciso ter capital de giro para suportar essa vacância. A Qualidade No caso de grandes flutuações de demanda, a gerência de operações precisa fazer a contratação de funcionários temporários, interromper e retomar processos de trabalho e isso pode afetar a qualidade dos produtos e serviços produzidos pela grande possibilidade de ocorrer erros de procedimento. A velocidade O investimento em estoque pode permitir maior velocidade de atendimento e evitar filas de espera. Gestão da Produção 6 A Confiança Estabelecida Na situação em que a capacidade esteja em níveis próximos da demanda, qualquer interrupção ou problema de fornecimento, pode ser percebido no atendimento à demanda. A Flexibilidade Se capacidade e demanda estiverem em níveis próximos, sempre que houver um aumento inesperado de volume na demanda, a operação não terá capacidade de absorção de forma imediata. Quadro 1: Decisões x Planejamento e Controle da Capacidade. Fonte: Adaptado de Slack (2006). Os estágios (etapas) relacionados ao Planejamento e Controle voltados a decisões de capacidade produtiva apresentam três etapas importantes que devem ser consideradas pelo gerente de produção, a saber: a. Medição b. Políticas c. Escolha A medição de capacidade e demanda são aspectos básicos que devem estar claramente definidos no plano de operações, e a área comercial possui expertise em fazer projeções de vendas, no entanto, é fundamental que a gerência de operações tenha essa previsão para projetar a operação necessária diante da demanda existente. Informações objetivas quanto à demanda são fundamentais para o planejamento de operações, pois poderão incidir na contratação de mão de obra, aquisição de equipamentos, ampliação ou descredenciamento de fornecedores e mais aspectos relacionados à atividade de produção. Cada negócio possui épocas de maior demanda e também períodos de demanda menor, isto é, chama-se de sazonalidade. Conhecer quais os períodos de sazonalidade, permite melhor preparo frente a variações inerentes ao comportamento da demanda conforme o segmento de negócio. Observe: Figura 1: A Sazonalidade. Fonte: Adaptada de Slack (2006). Causas da sazonalidade Climáticas Festivas Comportamentais Políticas Financeiras Sociais Alguns produtos e serviços sazonais Materiais de construção Serviços de viagem Bebidas (cerveja e refrigerantes) Férias Alimentos (sorvetes e bolos de natal) Processamento de imposto Vestuário (maiôs, sapatos) Médico (gripe endêmica) Itens de jardinagem (sementes, fertilizantes) Serviços de esporte Serviços de educação Fogos de artifício Gestão da Produção 7 Medida de capacidade produtiva A informação do volume da demanda, como já falado anteriormente, possibilita o planejamento da capacidade produtiva. Existem ramos de atividades em que a medição da demanda e capacidade não representa uma tarefa das mais simples, pois a complexidade da operação pode depender de variáveis diversas não sendo possível ignorar essa realidade. Os segmentos nos quais há alto grau de padronização, processos definidos e uso de técnicas, como pesquisa operacional, há maior grau de assertividade quanto ao dimensionamento da capacidade em razão da previsibilidade das operações. Para melhor entendimento de medida de capacidade produtiva, o Quadro 2, a seguir, trará alguns exemplos: Operação: Parâmetro de insumos: Aferição: Fabricação de geladeiras Tempo disponível para uso de máquinas Quantidades produzidas Atendimento em um hospital Leitos disponíveis Pacientes recuperados Escola Alunos matriculados Alunos aprovados Cinema Quantidade de acentos Clientes atendidos Transporte coletivo (ônibus) Viagens programadas Passageiros transportados Caixas de um mercado Registro de produtos vendidos Quantidade de produtos registrados Vendedores de uma região Visita a clientes Pedidos registrados Padaria Fornos para assar Pães produzidos Estudante Matérias do curso Coeficiente de Rendimento Pintor de parede Materiais de pintura Metros quadrados pintados Área com plantio de hortaliças Sementes Quantidade de hortaliças colhidas Parque de diversão Brinquedos Clientes atendidos Quadro 02: Operações x Insumos x Produtos. Fonte: Adaptado de Slack (2006). Gestão da Produção 8 Figura 2: Utilização e eficiência. Fonte: Adaptada de Slack (2006). Cálculos de utilização e eficiência Em um processo de produção, são projetados todos os ambientes necessários ao atendimento da proposta do Planejamento Estratégico da organização, seja o caso de uma indústria ou uma organização em que atue na prestação de serviços que recebe o nome de Planejamento de Capacidade. Uma vez instalados, todos os recursos do Planejamento de Capacidade, neste momento, não são considerados perdas. É como se fosse Em uma empresa, cada área que a compõe, possui características que podem contribuir na elaboração do melhor critério para ser estabelecido métricas e aferições, relacionadas ao estudo de capacidade, uso de insumos e cálculos de produtividade. É preciso conhecer bem a área e suas etapas e processos elaborados pelos funcionários. A definição clara da métrica adotada sendo esta explicada de forma a ser compreendida pelos funcionários, contribui positivamente para o direcionamento da equipe e maior empenho do grupo no desenvolvimento de suas tarefas. Para termos uma análise quantitativa da produção, alguns cálculos são estabelecidos como: a. Utilização b. Eficiência Observe a Figura 2, a seguir: Capacidade de projeto 168 horas/ semana Produção real 51 h Perdas que podem ser evitadas 58 hCapacidade efetiva 109 h Perdas Planejadas 59 h Eficiência = Volume de produção real / capacidade efetiva = 51/109 = 0,468 Utilização = Volume de produção real / capacidade de projeto = 51 / 168 = 0,304 Gestão da Produção 9 possível imaginar as condições ideais operacionais sem interagentes comprometedores da produção, temos o que em Gestão da Produção é chamado de Capacidade de Projeto ou Capacidade Total. Para atender aos processos de trabalho, na operação diária, existirão perdas de produtividade em manutenções, set-ups e intervalos também irão comprometer a Capacidade de Projeto pois no desenvolvimento da operação, existem perdas que são previstas ou até já consideradas que em Gestão da Produção é chamado de Perdas Planejadas. A capacidade efetiva representa a capacidade de produção disponível de forma efetiva, pois desconta-se da Capacidade de Projeto as Perdas Planejadas sendo neste ambiente que os gerentes de produção por meio do gerenciamento e com a administração de ferramentas da qualidade podem conter as perdas possíveis de serem evitadas. As perdas possíveis de evitar ou perdas não planejadas são aquelas que demonstram oportunidade de atuação para que sejam evitadas com ações direcionadas ao treinamento, uso de ferramentas para a predição, atenção com equipamentos, escala de manutenção, aperfeiçoamento de procedimentos, ou seja, evitar o erro que acaba por afetar a produção. A produção alcançada ao final dos trabalhos também pode ser chamada de Volume Produzido ou Produção Real e, ainda, de Produção Disponível é o resultado da Capacidade Efetiva subtraída das Perdas Evitáveis. A produção real considera horas em que a produção realmente pode ser aproveitada. E esta representa a diferença das horas fornecidasna capacidade de projeto por horas gastas em perdas planejadas e pelas horas gastas em perdas não planejadas. O índice de utilização considera a utilização de todo o projeto em relação à capacidade efetiva. A seguir, serão demonstrados os cálculos de produção, observe: CÁLCULO: FINALIDADE: Utilização Dimensionar o uso de recursos Eficiência Dimensionar a eficiência Produção Real Dimensionar horas produtivas Índice de Utilização Dimensionar índice de aproveitamento Quadro 3: Cálculos e finalidades. Fonte: Elaborado pelo autor. Façamos o seguinte estudo de caso: Uma indústria de tecidos possui uma linha de produção cuja capacidade é de 202 m², que opera 24 h/dia e opera 7/semana. A capacidade de projeto é apresentada a seguir: Gestão da Produção 10 202 m² x 60 (minutos) x 24 (horas) x 7 (dias da semana) = 2.036,160 m² No entanto, algo a ser investigado ocorreu na semana anterior em que os resultados de produção foram de 582.000 m². A fábrica faz uso dos métodos de classificação com perdas planejadas e não planejadas, sendo apresentadas a seguir: Parada Planejada Parada não Planejada Set-up 20 h Parada para manutenção 18 h Manutenção preventiva 16 h Investigação de falhas 20 h Sem programação 8 h Falta de estoque 8 h Amostragem de qualidade 8 h Falta de pessoal 6 h Troca de turno 7 h Espera por insumos 6 h Total 59 h Total 58 h Quadro 4: Paradas na produção. Fonte: Adaptado de Slack (2006). Quais os desempenhos de podem ser aferidos para: CÁLCULO: UTILIZAÇÃO EFICIÊNCIA PRODUÇÃO REAL ÍNDICE DE UTILIZAÇÃO No exemplo da imagem anterior, foi possível observar os resultados: Isto é, a utilização do Projeto é de 30 % (0,304 x 100). Gestão da Produção 11 No exemplo da imagem, foi possível observar os resultados: Ou seja, a Eficiência do Projeto é de 47 % (0,47 x 100). PRODUÇÃO REAL (PR) No exemplo da imagem, foi possível observar os resultados: PRODUÇÃO REAL = 168 h – 59 h – 58 h = 51 h ÍNDICE DE UTILIZAÇÃO (IU) No exemplo da imagem, foi possível observar os resultados: IU = 0,648 X 100 = 64,8 ou 65 % Políticas alternativas de capacidade: Uma vez definidos em nossa mente os estudos de demanda e os estudos de capacidade, podemos então nos ater a políticas relacionadas a flutuação da demanda e como administrá-la em relação à capacidade. Há três possibilidades, veja: a. Políticas constantes. b. Políticas de acompanhamento. c. Políticas de gestão. Gestão da Produção 12 Figura 3: Demanda e capacidade. Fonte: Adaptada de Slack (2006). Conforme as Políticas alternativas de capacidade, podemos ver o desafio que a gestão estratégica da empresa possui para responder às flutuações de demanda e conseguir responder ao grande desafio de adequar a capacidade de produção a níveis flutuantes de demanda. Políticas constantes Nesta decisão, é considerada a manutenção da capacidade de produção em cenários nos quais a demanda seja menor, é possível fazer com que os investimentos em capacidade produtiva sejam altos. A escolha por manter funcionários, equipamentos, processos de trabalho em níveis altos poderá vir a formar estoques. Já em cenários onde a demanda seja alta, há a necessidade de operar a capacidade de produção em níveis altos e, necessariamente, operar com estoques como efeito direto. Estar com o nível operacional próximo dos níveis máximos de produção é algo vantajoso do ponto de vista da produtividade, porém, pode trazer problemas junto aos clientes. Sempre que houver a necessidade de customização ou, ainda, algum problema de processamento na operação, isso pode ser de difícil administração operando em níveis máximos, pois faltará tempo para se dedicar a situações específicas. Políticas de acompanhamento Nessa política, diferentemente da anterior, existe maior dificuldade operacional, pois a capacidade de produção deverá ser ajustada ao nível de demanda e, com isso, contratação e dispensa de funcionários tornam-se rotineiros. O turnover (contratação e dispensa de funcionários) elevado afeta a qualidade de produtos, processos de trabalho e níveis de controle de qualidade, pois há custos envolvidos nessa decisão. Para alguns segmentos, esse modelo pode funcionar (turnover alto), principalmente, quando não é exigido nível de especialização dos trabalhadores, mas em outros segmentos tal performance pode não ser a melhor. E isso exige planejamento e habilidade gerencial para tomar decisões na hora certa, como por funcionários em épocas de menor DemandaA capacidade antecipa-se à demanda A capacidade acompanha à demanda Tempo Gestão da Produção 13 demanda de férias ou em treinamento e antes dos períodos de maior demanda, trabalhar a formação de estoques em quantidade ideal e sempre atento à flutuação de demanda para tomar decisões. Algumas outras ações são empregadas em políticas de acompanhamento de demanda, como as por funcionários para trabalhar a formação de banco de horas, trabalhar horas extras e administrar o tempo ocioso descontando o banco de horas. Atualmente, a legislação autoriza o trabalho intermitente em que permite a alternância em alguns períodos e, até mesmo, a não prestação de serviços em outros períodos, além da suspensão de contrato de trabalho, que também é uma ação para períodos de queda de demanda nas políticas de acompanhamento. A contratação em tempo parcial é uma alternativa nas políticas de acompanhamento da demanda, estas são muito utilizadas em segmentos de prestação de serviços. Políticas de gestão Administrar demandas constantes transferindo momentos de grande demanda para períodos de menor procura, o que pode representar uma estratégia interessante ao manter lucros, operar na redução de custos e aprimorar as operações. Para isso, alguns mecanismos são administrados: d. Políticas de preço e. Propaganda promocional f. Produtos substitutos g. Políticas combinadas Cada uma das ações adotadas anteriormente devem considerar a existência do lucro e da redução de custos. As políticas de preço administram descontos e promoções agradam ao consumidor. As políticas de promoção, assim como as de preço, também agitam a área comercial e atraem clientes, afinal, todos gostam de uma promoção? Já as políticas de produtos substitutos representam estratégias em ofertar ao público novos produtos que tenham aceitação em períodos de baixa de consumo. As políticas combinadas fazem uso de todas as ações informadas anteriormente, pois, para alguns negócios, uma única ação pode não funcionar tão bem como a combinação de várias ao mesmo tempo. 3. Introdução à Teoria de Filas Uma vez definidas as políticas de atuação em relação à capacidade e demanda, um outro fenômeno acompanha o cotidiano de decisões na Gestão de Operações: a gestão de filas e fluxo de processos. Gestão da Produção 14 O dever inicial ao tomar decisões quanto à formação de filas está em entender o processo de formação das mesmas, os gargalos no processo e qual o investimento direcionado ao processo. Na situação de capacidade de recursos restritos, a fila de espera relacionada ao produto recebe o nome de estoque em processamento e, no caso de clientes, recebe o nome de fila. Nos dois casos apresentados, a ação que deve seguir curso possui dois aspectos: o voltado à organização – que se preocupa com o retorno de seus investimentos e deve direcionar esforços em atendimento e no uso dos recursos disponíveis – E o do ponto de vista do consumidor, o aspecto observado é a métrica do tempo de atendimento. Observe a Figura 4, a seguir: Figura 4: Sistemas de filas de estágios: único ou múltiplo. Fonte: Adaptado de Corrêa (2009). Na apresentação da Figura 4, a formação das filas pode ocorrer respeitando dois tipos de sistemas de formação, o primeiro: sistema de único estágio, que segue um único fluxo; o segundo: sistema de estágio múltiplo, em que várias etapas ocorrem uma após a outra. Sendo constituída por uma sequência de filas para atender a estágios diferenciados (CORRÊA, 2009). Em um exemplocom uma operadora de hotéis onde estudos estão sendo elaborados para melhor compreensão e tratamento das filas em seu atendimento de reservas no horário da madrugada pelo call center, serão elaborados cálculos de formação de filas com o uso, neste momento inicial, da análise do modelo básico para cálculos de filas. Símbolo: Significado: Valores: λ Média de clientes por hora 21/h μ Média de atendimentos por hora 20/h TMS Tempo em Média no Sistema 0,4/h ou 24 min. Estágio Estágio Estágio Estágio Sistema de estágio único Sistema de estágios múltiplos Gestão da Produção 15 Aplicação do modelo básico: Tempo de Atendimento Médio (TAM) Tempo Médio em Fila (TMF) TMF = TMS – TAM TMF = 0.4 – 0.05 = 0.35 Média de Clientes na Fila (MCF) MCF = λ x TMF MCF = 21 x 0.35 = 7.35 Média de Clientes no Sistema (MCS) MCS = λ x TMS MCS = 21 x 0.4 = 8.4 Média de Clientes em Atendimento (MCA) MCA = MCS – MCF MCA = 8.4 – 7.35 = 1.05 Quadro 5: Modelo básico. Fonte: Elaborado pelo autor. Neste capítulo, conhecemos os métodos quantitativos de gestão da Capacidade com os estudos de Eficiência e Utilização. Ao saber utilizar essas ferramentas, o gerente de produção possui melhor capacidade de análise na tomada de decisões em sua empresa. Gestão da Produção 16 A definição das políticas de acompanhamento de demanda nos ajudaram a entender algumas decisões que fazem parte da dinâmica organizacional, como: flutuação de estoque em relação à oscilação da demanda, disponibilidade de recursos e a gestão da capacidade produtiva. Entendemos o Planejamento de Produção em todas as suas esferas de curto, médio e longo prazo, bem como a sua relação com a gestão de operações. Assim, percebemos as implicações relacionadas a decisões em trabalhar no nível máximo ou ter reserva técnica para eventualidades e customizações. Por fim, também foi possível conhecer as técnicas relacionadas à gestão de filas com os estudos da Teoria das Filas, o que nos permitiu entender como elas podem ser formadas e as métricas para melhor análise e soluções. Referências CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração de Produção e de Operações. 1 ed. São Paulo, Atlas: 2009 MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da Produção. 3 ed. São Paulo, Saraiva: 2015. RITZMAN, L. P.; KRAJEWSKI, L. J. Administração da Produção e Operações. São Paulo, Pearson: 2004. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; HARLAND, C, HARRISON, A.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. 1ª ed. Compacta, 10ª reimpressão, São Paulo, Atlas: 2006. Gestão da Produção 17 _GoBack Planejamento e Controle da Capacidade Produtiva Para Início de Conversa... Objetivo 1. Conceitos de Capacidade. Restrições de Capacidade 2. Planejamento e Controle de Médio e Curto Prazo. Políticas Alternativas de Capacidade 3. Introdução à Teoria de Filas Referências
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