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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA: ARQ 102 TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO II PROFª: PATRÍCIA JUNQUEIRA BARROCO Aspectos Urbanos Rápido crescimento das cidades a partir do século XVI: Paris (1594): 180.000 habitantes, na primeira metade do século XVII chega a 400.000 habitantes Londres (1602): 250.000 habitantes Veneza (1575): 195.000 Milão: 200.000 Nápoles: 240.000 Cidade Barroca: herdeira dos estudos teóricos do Renascimento, das cidades propostas pelos tratadistas. Cidade como obra de arte da percepção visual. Para alcançar este objetivo a arte barroca contava com um instrumento herdado do Renascimento: a pespectiva. Os três princípios fundamentais do urbanismo barroco, segundo Goitia (1996): - linha reta; - perspectiva monumental; - uniformidade. A rua e suas derivações (corso, avenida, boulevard) se tornaram o elemento mais característico da urbanística barroca. Os núcleos urbanos adquiriram ordenamento e monumentalidade através da organização das vias. Ruas retilíneas enquadram em seu ponto de fuga edificações e monumentos administrativos ou religiosos. Concentração radial de avenidas em uma praça. Século XVIII: apogeu da arte barroca na composição de cidades. Tendência cenográfica do Barroco amplicado também na escala urbana. A urbanística barroca não se limita ao período humanista, sendo utilizada como modelo nas grandes intervenções do Iluminismo e da Revolução Industrial. UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA: ARQ 102 TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO II PROFª: PATRÍCIA JUNQUEIRA Roma Plano do Papa Sisto V (1585-1590) para a renovação de Roma, elaborado por Domenico Fontana, seria uma espécie de síntese de diversas iniciativas de reformulação do sistema viário da cidade. O elemento mais presente nas intervenções em Roma no Cinquecento foi a rua. As extensas avenidas surgiram cortando a cidade medieval, formando eixos de ligação entre as principais basílicas cristãs, produzindo uma nova compreensão do espaço urbano. O plano de Sisto V promoveu a criação de um espaço de retórica espiritual e de devoção, um ambiente de alto teor persuasivo, artifício necessário para a propagação da fé católica na cidade. Paris França: principal expoente do urbanismo barroco. Tema recorrente do urbanismo francês: praça monumental que serve como enquadramento à estátua do rei. Paris: novo modelo de cultura artística mundial. Formação de uma nova cultura artística e literária na França que estabelece as bases do novo classicismo racional. Desenvolvimento de instrumentos para controle rigoroso do ambiente natural e artificial. Primeiro exemplo desse novo arranjo é o Château de Vaux-le-Vicomte, construído entre 1656-1660 para servir de residência a Fouquet, Superindentende das Finanças de Luis XIV, nos arredores de Paris. Na primeira metade do século XVII esse tipo de organização pode ser empregado por um particular, mas a partir daí apenas o governo pode continuar a desenvolvê-la. Luís XIV, durante seu reinado (1661-1715), promoveu a arquitetura com empenho nunca antes visto na França. Realizou várias intervenções importantes em Paris e nos arredores, apesar do esforço, o Rei Sol não conseguiu transformar completamente o antigo povoado. UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA: ARQ 102 TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO II PROFª: PATRÍCIA JUNQUEIRA Algumas de suas obras: - novo arranjo do Louvre; - Place de Victoires; - Place Vendôme; - Palácio dos Invalides; - formação de nova perfiferia; - construção de avenidas arborizadas (boulevares) no lugar das antigas fortificações. A periferia vazia da cidade era a área propícia para empreender uma transformação efetiva segundo os novos princípios de simetria e regularidade. O Rei e sua corte abandonaram o Louvre e foram morar na nova residência real, Versailles, que foi sendo ampliada aos poucos até se tornar uma pequena capital. Na metade do século XVIII, Versailles ocupava um espaço quase do mesmo tamanho de Paris, mas não era uma cidade, era um parque com edifícios necessários ao funcionamento da corte. Versailles: imagem do poder absoluto dos séculos XVII e XVIII. Viena Em 1683, a dinastia imperial dos Habsburgos se estabelece em Viena. A cidade estava dividida entre a cidade velha, cidadela encalusurada dentro da muralha medieval, e a cidade nova, localizada para além das muralhas e local de residência de grande dignatários do Império. A princípio, o Imperador tem como residência o paço da cidade velha, o Hofburg. Mas, em 1690, iniciou a construção de uma grande residência suburbana nos moldes de Versailles, o Castelo de Schönbrunn. O arquiteto da corte, entre 1690 e 1723, foi Fischer von Erlach, responsável por projetar os novos edifícios monumentais, o novo paço Hofburg, a biblioteca e a Igreja de São Carlos Borromeu. UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA: ARQ 102 TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO II PROFª: PATRÍCIA JUNQUEIRA Turim Foi a capital dos duques de Sabóia e conservava, ainda no século XVII, a estrutura romana em tabuleiro a qual foi acrescentada uma cidadela pentagonal. A cidade foi ampliada três vezes ao longo do século XVII, permanecendo fortificada. A primeira ampliação foi realizada em 1620, quando a cidade possuía por volta de 25.000 habitantes. Em 1673, a cidade passa novamente por ampliação que criou uma grande praça ao redor do castelo. A população nessa época chegava aos 40.000 habitantes. A terceira ampliação ocorreu em 1714, aumentando a superfície murada da cidade que contava então com, aproximadamente, 60.000 pessoas. Os novos bairros criados seguiam o traçado regular da cidade romana. Nas ruas e praças mais importantes, as fachadas das casas possuem certa uniformidade. Dentro desse organismo regular, Guarini insere seus projetos arquitetônicos com fachadas movimentadas. Nápoles Capital do vice-rei espanhol, se torna a cidade italiana mais populosa ao longo do século XVII, chegando a 300.000 habitantes em meados do século XVIII. O centro medieval possui traçado regular, herança do planejamento urbano romano. No século XVIII, a cidade passa por uma reforma, com a modernização do porto, o arranjo de ruas suburbanas, a construção de edifícios públicos como o Tribunal de Saúde e o Albergue dos Pobres, que deveria abrigar 8.000 em um imenso bloco com mais de 600 metros de comprimento. Nos arredores da cidade, o rei Carlos de Bourbon constrói a Villa Capodimonte, em 1743, e em 1752, a grande Villa de Caserta. Essas obras formam um percurso monumental nunca visto na Itália até então. Essas grandiosas intervenções não foram suficientes para produzir uma transformação duradoura frente ao adensamento da cidade e a seu crescimento desordenado. UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA: ARQ 102 TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO II PROFª: PATRÍCIA JUNQUEIRA Amsterdã As cidades holandesas no século XVII ainda eram governadas como cidades-estados independentes como no período medieval. O poder político era administrado coletivamente pela burguesia mercantil. Amsterdã se tornou o centro comercial e de atividade bancária mais importante da Europa. A partir do final do século XVI, a cidade passa por modificações como a ampliação dos muros de proteção e a transformação de um fosso em canal interno. No início do século XVIII Amsterdã continua crescendo e outros três canais concêntricos são construídos. Os terrenos criadosna expansão são vendidos a particulares, recuperando assim o dinheiro investido pelo governo na reforma. Os novos canais são formados por uma série de trechos retilíneos para tornar os lotes mais regulares. A largura das fachadas são praticamente as mesmas, mas cada edificação possui características próprias. Londres Durante a Idade Média e o Renascimento, Londres se encontrava dividida em duas partes: a city, o centro comercial mais importante da Inglaterra, e Westminster, sede do governo e do parlamento e localização da abadia. A partir do século XVII, Londres cresceu como uma cidade aberta, sem muros de proteção. Em 1666, grande parte da city e dos bairros que cresceram ao seu redor foram destruídos por um incêndio. Oportunidade para se reconstruir a capital segundo um plano unitário apresentado pelos arquitetos ingleses mais importantes da época. Entretando, a monarquia não possuia meios para empreender tais obras e, após a retirada dos entulhos, os proprietários requisitaram seus terrenos de volta. O governo apenas alargou as ruas principais e estabeleceu uma altura máxima para as novas construções. A Catedral de Saint Paul e as igrejas paroquiais foram reconstruídas segundo princípios mais modernos por Sir Christopher Wren. No final do século XVII, a Inglaterra se tornou a primeira potência econômica da Europa e Amsterdã perde o posto de principal centro comercial e de finanças do ocidente para Londres. O desenvolvimento da capital inglesa não foi dirigido pelo poder municipal como em Amsterdã nem pelo poder real, como em Paris. Londres se tornou um conjunto de pequenas iniciativas privadas com loteamentos mesclados a espaços verdes públicos UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA: ARQ 102 TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO II PROFª: PATRÍCIA JUNQUEIRA e particulares. Foi a primeira grande cidade burguesa a não ter sua forma urbana relacionada às grandes intervenções do governo, mas às pequenas intervenções particulares. A Londres do século XVII já apresentava problemas característicos das cidades do século XX e XXI, como tráfego pesado e déficit habitacional, que irão se intensificar com a Revolução Industrial. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAETA, Rodrigo Espina. O Barroco, a Arquitetura e a cidade nos séculos XVII e XVIII. Salvador: EDUFBA, 2012. BENEVOLO, Leonardo. História da Cidade. São Paulo: Perspectiva, 2003. GOITIA, Fernando. Breve História do Urbanismo. Lisboa: Presença, 1996.
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