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A distinção entre tentativa acabada e inacabada justifica-se? É um critério vago e impreciso, a distinção já não tem o sentido de hierarquização da pena como no anterior código penal. Hoje só tem importância para efeitos de desistência da tentativa. Não faz sentido distinguir entre tentativa acabada e inacabada na omissão. A desistência acaba sempre por se traduzir numa intervenção positiva para afastar o resultado, assim, num arrependimento ativo Há casos em que se alarga a omissão da tentativa, como nos casos em que ainda não há um perigo eminente, mas medindo a capacidade de intervenção da pessoa. O momento do perigo sério não é só do próprio momento, mas também é medido em função do tempo de intervenção e quando o agente se coloca numa posição em que não pode intervir, já teremos uma tentativa no crime de omissão Ex.: amigo que se coloca na linha de comboio para se suicidar. O comboio só vai passar duas horas depois, mas o amigo vai dar uma volta e afasta-se de tal maneira que não terá oportunidade de intervir. 2. Concurso de Crimes O concurso de crimes verifica-se quando alguém comete vários crimes e vai ser julgado, no mesmo processo, por todos esses crimes. O concurso de crimes distingue-se da reincidência. Quando é que estamos perante um crime ou vários crimes? O problema é complicado, por exemplo, um agente dá 7 facadas noutro, o que é isto? Depende. A resposta a esta questão prende-se com a certeza da aplicação do direito penal e a este propósito foram várias as doutrinas que tentaram dar resposta: A primeira doutrina procurava distinguir com base no critério da unidade ou pluralidade de ações, ou seja, se o agente tivesse praticado uma só ação, independentemente do número de bens jurídicos implicados, tínhamos um só crime. Já se tivesse praticado várias ações teríamos um concurso. Esta ação foi entendida de duas formas diferentes: (1) Conceito natural de ação: fazendo apelo aos conceitos do senso comum- ex.: em fuga um agente parte uma porta, empurra uma pessoa e rouba um carro- consiste apenas numa ação, neste caso, a fuga. Esta orientação não serve, porque as valorações jurídico-criminais não se ateiam ao senso comum, teremos tantos crimes quanto as unidades jurídicas-penalmente relevantes. A valoração penal não depende das configurações externo-objetivas das atuações, tem a ver com o desvalor de sentido da atuação. (2) Conceito de ação causal: axiologicamente neutro, não nos dá um conceito de ação operatório. É ligada a esta conceção equivocada do concurso de crimes que se fala na Alemanha do concurso ideal, que tem na base a conceção da unidade ou pluralidade de ações, a situação em que uma pessoa com uma só ação preenche mais do que um tipo legal de crime ou várias vezes o mesmo tipo legal de crime. Falam de concurso ideal homogéneo (ex.: uma ação mata 2 pessoas. Preenche duas vezes o mesmo tipo legal de crime, no caso, homicídio) ou heterogéneo (ex.: um tiro destrói a montra e mata a pessoa- preenche mais do que um tipo legal de crime). A doutrina moderna portuguesa, pela mão de Eduardo Correia e a nossa lei consagra um critério diferente. Vigora uma conceção jurídico-normativa, que faz depender a conclusão sobre se estamos perante uma unidade ou pluralidade de crimes, do número de ilícitos típicos praticados, do número de
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