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Direito Empresarial II – Títulos de Crédito Bruno Costa bfabricio_costa@yahoo.com.br DUPLICATA Lei nº. 5.474/68. Existe o sacador ou emitente (é quem emite a duplicata - vendedor) e o sacado (comprador), que paga para o beneficiário, que é o próprio vendedor. *Sacado/Comprador *Sacador/Emitente/Vendedor Fatura: é o documento descritivo da compra e venda mercantil ou da prestação de serviços. A extração da fatura é obrigatória em todo contrato de compra e venda mercantil a prazo, considerando como tal aquele em que o prazo de pagamento seja superior a 30 dias contados da data da entrega ou despacho das mercadorias. Se o prazo de pagamento for inferior a 30 dias, a extração da fatura será facultativa. Duplicata: É o título de crédito formal, causal, à ordem, extraído por vendedor ou prestador de serviço, que visa documentar o saque fundado sob crédito decorrente de compra e venda mercantil ou prestação de serviços e que tem como seu pressuposto a extração da fatura. Trata-se, portanto, de uma ordem de pagamento e de um título causal. A duplicata é título de modelo vinculado. O CMN – Conselho Monetário Nacional fixa os padrões de emissão da duplicata. Não são admitidas duplicatas ao portador ou com cláusula não à ordem. Requisitos Essenciais: a- denominação duplicata. b- data da sua emissão. c- o número da ordem. d- o número da fatura. e- vencimento. *Somente poderá ser a vista ou então com data certa. f- nome e domicílio do comprador e vendedor: g- importância a pagar em algarismos e por extenso. h- praça do pagamento. *Em regra, é o lugar de domicílio do comprador. i- cláusula à ordem * duplicata pode circular por meio de endosso. j-declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite cambial. l- assinatura do emitente: Padronização da duplicata – Resolução 102 de 22/11/1968 do BCB. A duplicata é título causal que só pode ser emitida em duas situações: • Compra e venda mercantil • Contrato de prestação de serviços Duplicata mercantil: Contrato de compra e venda mercantil. Somente poderá ser emitida pelo “empresário”. Requisitos para caracterização da duplicata mercantil: *Emissão por empresário *Contrato de compra e venda entre sacado e sacador. * Entrega das mercadorias descritas na fatura e NF, ficando com o vendedor o comprovante de entrega. Os dados referentes às duplicatas deverão constar no Livro de Registro de Duplicatas, cuja escrituração é obrigatória pelo empresário, Eireli ou Sociedade Empresária - Art. 19, Lei 5.474/68. Duplicata de prestação de serviços: Também poderá ser emitida por um empresário, Eireli ou Soc. Empresária, desde que seja prestador de serviços. Nessa hipótese estão incluídas as sociedades simples, fundações e profissionais liberais (art. 20 e 22 da Lei nº 5.474/68) A natureza da prestação de serviços deverá ser discriminada na fatura. Requisitos Essenciais: Art. 2º, §1º - 5.474/68 *vencimento: Somente à vista ou então com data certa. *declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite cambial. Como a duplicata é um título causal, ela faz com que o sacado seja devedor principal com o protesto e com a comprovação da entrega de mercadorias ou serviços. Triplicata: Art . 23. A perda ou extravio da duplicata obrigará o vendedor a extrair triplicata, que terá os mesmos efeitos e requisitos e obedecerá às mesmas formalidades daquela. Trata-se de cópia da idêntica da duplicata, sendo diferente somente em relação ao nome. Os dados para emissão da triplicata deverão ser extraídos da escrituração do vendedor. ***Atenção! O endossatário não poderá extrair a triplicata. Forma de remessa e aceite: A expedição da duplicata é facultativa. Se ela for expedida será obrigatória sua remessa ao sacado para aceite. O emitente/sacador deverá providenciar a apresentação ao sacado no prazo de 30 dias da emissão. Não sendo à vista, a duplicata deverá ser devolvida pelo comprador ao apresentante no prazo de 10 dias contada da sua apresentação, devidamente assinada ou então acompanhada de declaração por escrito, contendo as razões da falta do aceite. A recusa do aceite somente poderá se dar por ato motivado (escrito): ART. 8º *avaria ou não recebimento das mercadorias; *vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, devidamente comprovados. *Divergência nos prazos ou nos preços ajustados Na duplicata de prestação de serviços, a recusa poderá ocorrer pelas seguintes razões: Art . 21. O sacado poderá deixar de aceitar a duplicata de prestação de serviços por motivo de: I - não correspondência com os serviços efetivamente contratados; II - vícios ou defeitos na qualidade dos serviços prestados, devidamente comprovados; III - divergência nos prazos ou nos preços ajustados. Com a recusa do aceite, o título não poderá ser executado. A duplicata com vencimento à vista é apresentada para pagamento e não para aceite. Em função do seu caráter obrigatório, o aceite da duplicata mercantil pode ser discriminado em três categorias: *aceite ordinário – aquele em que o sacado lança sua assinatura no título; *aceite por comunicação – aquele em que o sacado retém o título e expressa o aceite em carta/comunicado apartado; *aceite por presunção – caracteriza aceite presumido quando o sacado/comprador recebe a mercadoria, não reclama e o título é protestado, sem que haja obstáculo – art. 15 da Lei das Duplicatas. O endosso na duplicata é semelhante à LC e NP. Nesse caso, o primeiro endossante será sempre o sacador. Sempre será permitido o endosso, já que a cláusula à ordem é requisito de caracterização da duplicata. A duplicata poderá ser endossada mesmo sem a existência do aceite, cabendo ao endossatário apresentá-la ao sacado. AVAL O pagamento da duplicata poderá ser assegurado por aval, sendo o avalista equiparado àquele cujo nome indicar; na falta da indicação, àquele abaixo de cuja firma lançar a sua; fora desses casos, ao comprador. Art. 12 da Lei de Duplicatas. **Art. 12, parágrafo único: O aval dado posteriormente ao vencimento do título produzirá os mesmos efeitos que o prestado anteriormente àquela ocorrência. Demais aspectos do aval > aplicação subsidiária da Lei Uniforme de Genebra. A lei não tratou sobre o aval antecipado, sendo passível a discussão sobre a aplicação do art. 32 da LUG ou o princípio da autonomia. PAGAMENTO: É lícito ao comprador resgatar (pagar) a duplicata antes de aceitá-la ou antes da data do vencimento. Art . 9º - 5.474/68 Se o comprador efetuar o pagamento antes da entrega da mercadoria, não poderá reclamar nos termos dos arts. 8 e 21 da Lei 5.474. Ele, nesse caso, assumirá o risco. Comprovação do pagamento: quitação no verso do título ou em folha separada com referência expressa à duplicata. Também constitui prova de pagamento a liquidação de cheque, no qual conste, no verso, que seu valor se destina a amortização ou liquidação da duplicata nele caracterizada. Poderá haver pagamento parcial e o portador não poderá recusá-lo. Poderá, entretanto, protestar por falta parcial de pagamento. É permitida a dedução de créditos em favor do devedor: Art . 10. No pagamento da duplicata poderão ser deduzidos quaisquer créditos a favor do devedor resultantes de devolução de mercadorias, diferenças de preço, enganos, verificados, pagamentos por conta e outros motivos assemelhados, desde que devidamente autorizados. ATENÇÃO***: O prazo de vencimento da duplicata poderá ser reformado ou prorrogado, mediante declaração em separado ou nela escrita, assinada pelo vendedor ou endossatário, ou por representante com poderes especiais. Art . 11. A expressão reforma pode ser entendida como alteração do valor. A reforma ou prorrogação, para manter a coobrigação dos demais intervenientes por endosso ou aval, requer a anuência expressa destes. Parágrafo Único do art. 11. Duplicata simulada (sem lastro ou fria) Emitida sem operação de compra evenda mercantil ou prestação de serviços. Art. 172 do Código Penal - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. Protesto da Duplicata: Finalidade: Provar a apresentação do título ao sacado e o descumprimento de obrigação creditícia, com base na falta de aceite, devolução ou pagamento da duplicata. Protesto também terá, nessa modalidade, importância para cobrança dos coobrigados. A duplicata poderá ser protestada: *por falta de aceite *por falta de devolução *por falta de pagamento Por falta de aceite: Decorre da recusa imotivada. Não será permitida a ocorrência do aceite limitativo, já que a duplicata como título causal está vinculada à fatura ou Nota fiscal da relação. A eventual recusa parcial do aceite será considerada total. O protesto por falta de aceite serve para permitir a cobrança dos devedores indiretos da duplicata. Nessa hipótese, exige-se que o protesto seja acompanhado de prova da entrega da mercadoria ou da prestação de serviços. (aceite presumido) Essa modalidade de protesto deverá ocorrer até a véspera do vencimento da duplicata. Sendo realizado o protesto por falta de aceite, haverá demonstração formal que o sacado não assumiu a obrigação de pagar o título e, provavelmente, não vai pagar no vencimento. Solução: Vencimento antecipado da dívida (recusa de aceite) e possibilidade de cobrança dos devedores indiretos. Por falta de pagamento: Obviamente deverá ser feito após o vencimento, inadimplida a obrigação. Na duplicata o protesto deve ser realizado na praça de pagamento constante do título. (art. 13, §3º) Para garantir o direito de regresso contra os endossantes e respectivos avalistas, o protesto deve ser feito até 30 dias após o vencimento do título. O protesto poderá ser realizado após esse prazo, contudo, perderá o efeito de garantir o direito de cobrança em relação aos coobrigados. O protesto por falta de pagamento terá também como efeito a interrupção da prescrição (art. 202 CC) e a configuração da impontualidade injustificada de um devedor empresário, na hipótese de falência, embora a Lei 11.101/2005 fale de protesto especial para fins de falência. Atenção: O fato de não ter sido exercida a faculdade de protestar o título, por falta de aceite ou de devolução, não impede que haja protesto por falta de pagamento. Por falta de devolução: Essa modalidade também deverá ocorrer antes do vencimento. Remessa da duplicata deverá ocorrer em 30 dias da emissão. A devolução pelo sacado deve ser em 10 dias do recebimento. Caso não haja devolução, será possível protestar por esse motivo. Por indicações: Art. 13. A duplicata é protestável por falta de aceite de devolução ou pagamento. § 1º Por falta de aceite, de devolução ou de pagamento, o protesto será tirado, conforme o caso, mediante apresentação da duplicata, da triplicata, ou, ainda, por simples indicações do portador, na falta de devolução do título. O protesto da duplicata pode ser solicitado sem que o sacador a tenha em mãos. Se a duplicata foi remetida para aceite e não foi devolvida, poderá haver o protesto mediante simples indicações dos dados do título ao Cartório de Protestos. As informações serão retiradas do livro de emissão de duplicatas – obrigatório para os empresários que emitem tais títulos. Execução da duplicata: Art. 15 – 5.474/68. A ação cambial que busca o recebimento de uma duplicata será exercida por meio da ação de execução por título extrajudicial. Seguirá as mesmas regras já estudadas: Documentos que deverão instruir a petição inicial: 1) Duplicata aceita, protestada ou não. Somente será possível quando o aceite for ordinário ou por comunicação. 2) Duplicata não aceita (triplicata) + protesto (poderá ser por indicação) + documento de comprovação da entrega da mercadoria ou da prestação de serviços - recusa justificada (SE TIVER RECUSA JUSTIFICADA NÃO PODE EXECUTAR) Art 15 - A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será efetuada de conformidade com o processo aplicável aos títulos executivos extrajudiciais, de que cogita o Livro II do Código de Processo Civil ,quando se tratar: l - de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não; II - de duplicata ou triplicata não aceita, contanto que, cumulativamente: a) haja sido protestada; b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e recebimento da mercadoria; e c) o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite, no prazo, nas condições e pelos motivos previstos nos arts. 7º e 8º desta Lei. *Atenção: A execução dos devedores indiretos dependerá do protesto tempestivo. Prescrição: A execução da duplicata prescreve em 3 anos, contados da data do vencimento do título, se dirigido contra o sacado e seus avalistas. 1 ano contra o endossante e seus avalistas, contado da data do protesto. Também prescreve em 1 ano o exercício do direito de regresso (devedor que pagou o título), contado da data do pagamento. Possibilidade da propositura de ações pelo rito ordinário: Art 16 - Aplica-se o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil à ação do credor contra o devedor, por duplicata ou triplicata que não preencha os requisitos do art. 15, incisos l e II, e §§ 1º e 2º, bem como à ação para ilidir as razões invocadas pelo devedor para o não aceite do título, nos casos previstos no art. 8º. Foro Competente: Art 17 - O foro competente para a cobrança judicial da duplicata ou da triplicata é o da praça de pagamento constante do título, ou outro de domicílio do comprador e, no caso de ação regressiva, a dos sacadores, dos endossantes e respectivos avalistas. Referências: Wille Duarte Costa Fran Martins Fábio Ulhoa Gustavo Rocha Marlon Tomazete Amador Paes André L. S. Cruz Ramos Marcelo Bertoldi
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