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Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 1 PROBLEMA 02 – LOGO AGORA?! 1. Descrever quadro clinico e processo diagnóstico das doenças febris exantemáticas virais (dengue, chicungunha, zika e febre amarela). DENGUE A dengue é uma importante infecção predominante no território brasileiro e mundial, sendo classificada como uma arbovirose a qual é transmitida pelo vetor que é o mosquito Aedes argypti. Sua grande relevância clínica se deve ao fato dela afetar anualmente cerca de 50 milhões de pessoas distribuídas entre os trópicos, por apresentar um importante impacto no trabalho, pois ele é responsável pelo afastamento de trabalhadores em um período, devido ao seu curso clínico apresentar mialgia intensa, bem como a alta taxa de mortalidade ao longo dos anos, relacionado ao aumento progressivo da fase crítica da doença. O principal agente etiológico é o arbovírus, um vírus de RNA de filamento único, esférico e envelopado, o qual apresenta 04 sorotipos – DENV-1 a DENV-4. Sobre o contexto epiodemilógico da dengue ela é uma doença que apresenta uma alta prevalência em países tropicais graças as suas condições climáticas presentes as quais favorecem a multiplicação do vetor. O principal agente transmissor é o Aedes aegypti que é uma espécie bastante adaptada ao meio urbano. Outro mosquito transmissor é o Aedes albopictus que está mais presente no meio rural. O mosquito adquire o vírus quando se alimenta do sangue de humanos infectados, lembrar que o ser humano é o principal reservatório do vírus, o qual se multiplica nas suas glândulas salivares até apresentar a capacidade de transmissão. Lembrar que o mosquito apresenta hábitos diurnos e vespertinos, apresentando uma capacidade de voo limitada, sendo que o mesmo só se distancia 200 metros do local de oviposição o que ratifica a teoria do contato intradomiciliar. Outra forma de transmissão desse vírus é a transmissão vertical em que a gestante passa o vírus para o neonato. A transmissão por contato direto entre indivíduos infectados não é possível, nem pelo contato de suas secreções. PATOGÊNESE Após a picada do mosquito os vírus penetram na corrente sanguínea e infectam as células mononucleadres dos linfonodos locais e nas células musculares esqueléticas. No sangue ocorre a infecção dos monócitos o que é responsável por uma segunda onda de replicação. Nesses locais os vírus sintetizam as proteínas virais. É importante ressaltar esse tropismo entre células mononucleares e as células musculares esqueléticas o que explica o quadro clínico de mialgia intensa. A replicação viral produz uma resposta Th1 através da estimulação de produção e liberação de citocinas pelos macrófagos e pelos linfócitos T helper. Desse modo, através da mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 2 liberação de TNF-alga e IL-6 podemos ratificar o surgimento do quadro febril nesse tipo de infecção. Há também a presença da ação dos linfócitos T CD8 citotóxicos que apresentam a capacidade de destruir as células infectadas a través da presença de anticorpos. O vírus pode ser neutralizado por anticorpos a partir do sexto dia da doença pela presença de IgM antidengue surge e apresenta um pico no final da primeira semana, podendo durar meses, enquanto posteriormente encontramos anticorpos IgG que surgem na primeira semana e atingem o pico no final da segunda semana, podendo durar anos. Quando abordamos o que é dengue grave a sua explicação se dá através do entendimento do processo fisiopatológico da doença. Isso porque a dengue grave se desenvolve normalmente em pacientes que já se infectaram por algum sorotipo do vírus, sendo que posteriormente voltam a se infectar por um outro sorotipo. De forma específica, a probabilidade de um paciente adquirir dengue grave é maior quando a sua segunda infecção seja pelo sorotipo 02. Isso porque em hierarquia de virulência os sorotipos se distribuem em 2, 3, 4 e 1. Vale lembrar que nem sempre os pacientes que evolui para a dengue grave apresentam história de infecção previamente por algum outro sorotipo. A evolução para esse tipo de quadro clínico pode ser justificada pela predisposição genética do indivíduo. Quando o indivíduo é infectado pela dengue ocorre a produção de anticorpos neutralizantes contra o sorotipo em questão. Esses anticorpos são classificados como homólogos e oferecem proteção também contra os demais sorotipos, por meio da imunidade cruzada e heteróloga de curta duração. Anos mais tarde dessa primeira infecção o indivíduo perde a capacidade de proteção contra outros sorotipos o que favorece uma segunda infecção de um novo sorotipo. Os anticorpos produzidos não são eficazes para essa infecção segundária o que justifica a teoria para desenvolvimento da dengue grave – Teoria de Halstead. A liberação maciça de citocinas culmina em um quadro patológico de dengue grave o qual se caracteriza por um aumento súbito da permeabilidade capilar, promovendo a transferência de líquido intravascular para o interstício o que resulta em hipovolemia, hemoconcentração, estado de choque circulatório – má perfusão tecidual – e falência orgânica múltipla. A trombocitopenia é causada pela destruição das plaquetas por imunocomplexos de do sistema complemento o que se torna agravado pela CIVD (coaculação intravascular disseminada). mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 3 Essa teoria explica que a ligação de anticorpos heterólogos da primeira infecção se ligam com esse novo sorotipo, sem a capacidade de neutralizar, o que facilita a sua penetração nas células de defesa. Isso porque a interação com anticorpos serve de sinal para opsonização de macrófagos. Desse modo, os vírus conseguem penetrar em uma quantidade maior do que antes o que justifica o aumento a capacidade de viremia, tendo como resposta uma tempestade de citocinas (TNF-alfa e IL-6), proteases ativadoras do sistema complemento e tromboplastina. Outro exemplo da presença de anticorpos subneutralizantes que justificam a evolução para dengue grave é a passagem de anticorpos para os lactentes. Os anticorpos em questão são os IgG que são passivos e apresentam uma queda progressiva ao longo dos primeiros nove meses de vida. Uma infecção por dengue a independente do seu sorotipo pode desencadear os fenômenos explicados pela teoria de Halstead. QUADRO CLÍNICO As novas bibliografias tentam explicar o quadro clínico da dengue como algo único e dinâmico que pode se manifestar de várias formas, assintomático, oligossintomático ou casos fatais. A maioria dos pacientes evolui da infecção viral de forma completa em alguns dias, enquanto outros evoluem de forma desfavorável após a ocorrência dos fenômenos de extravasamento plasmático. Esse fenômeno é precedido pelo que chamamos de SINAIS DE ALARME (dor abdominal intensa, vômitos persistentes, hipotenção ortostática, hepatomegalia, sangramentode mucosas, letargia ou irritabilidade, acúmulo de líquido – ascite, derrame pleural e pericárdico e aumento progressivo de hematócrito) os quais são caracterizados por alterações clinicolaboratoriais facilmente identificáveis. A identificação precoce desses nais de alarme permite uma abordagem padronizada e oportuna que impede a progressão da doença e evita o estado de choque circulatório. Outros pacientes podem evoluir de forma desfavorável para o que chamamos de dengue grave sem apresentar sinais de extravasamento de plasma, quando desenvolvem hemorragias graves (digestiva e intracraniana) ou lesões em órgãos específicos (meningoencefalite, polineurite, miocardite e hepatite) que podem ocorrem a qualquer momento durante a evolução da doença. a. A fase febril é caracterizada por febre alta de 39°C a 40°C, de início súbito entre dois e sete dias. Essa manifestação ocorre de forma súbita apresentando comemorativos como adinamia, cefalei, dor retrorbitária, mialgia e artragia – febre quebra-ossos. Além desses sintomas, podemos observar a presença de queixas gastrointestinais como anorexia, vômito e diarreia. Outro sinal importante é a presença de exantemas maculopapular, mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 4 que pode ou não ser puriginoso, na face, tronco e extremidades, não poupando as palmas das mãos ou as plantas dos pés. b. Fase crítica são aqueles indivíduos que desenvolve o extravasamento plasmático. Suas primeiras manifestações costumam ser os sinais de alarme. Os sinais de alarme são de grande importância para prática clínica, pois eles prenunciam a possibilidade rápida de evolução para o estado de choque circulatório, sendo assim não podemos negligenciá- los. Quando o choque se instala o volume crítico de plasma sai do espaço intravascular o que resulta em hipovolemia e má perfusão generalizada. O seu surgimento pode ser súbito entre 24 e 48 horas, sendo que sem o tratamento adequado, reposição volêmica, o paciente pode cursar com falência orgânica múltipla. Outra apresentação é aquela de indivíduos que não apresentam a hemoconcentração e choque, mas desenvolvem hemorragias vultuosas ou lesões em órgãos específicos. Por exemplo, o mais comum é a hemorragia digestiva a qual pode acometer pacientes com história de doença ulcerosas péptica com uso de AAS, AINEs ou anticoagulantes; segunda manifestação é a miocardite com alteração na repolarização ventricular – inversão na onda T e disfunção contrátil; aumento das aminotransferases hepáticas configurando um quadro de hepatite grave; manifestações neurológicas como irritabilidade, crises convulcivas, meningite linfomonocítica, síndrome de Reye e encefalite. c. Fase de recuperação ocorre em pacientes que receberam a terapia apropriada durante a fase crítica, sendo que o líquido que “escapou” para o espaço intervascular retorna para o vaso através da absorção, resultando melhora do quadro clínico. Durante essa fase é importante ficar atento quanto o perigo de hiper-hidratação que pode resultar em uma hipervolemia, muito perigosa em pacientes com HAS. Algumas peculiaridades são importantes serem citadas como nas crianças pequenas e gestantes. Nas crianças a dengue se manifesta com sinais e sintomas inespecíficos, acompanhada de febre e choro persistente, adninamia e irritabilidade. Vale lembrar que as crianças não conseguem verbalizar o que estão sentindo fato que dificulta ainda mais a suspeita de dengue. Para tanto, a valorização do contexto clinicoepidemiológico é essencial para um diagnóstico preciso. Quanto as gestantes o contexto fisiológico pode mascarar as manifestações clínicas da doença, gerando dúvidas. Para tanto, é importante avaliar o contexto epidemiológico no qual a gestante está inserida, bem como realizar um bom estadiamento clínico para poder tratar essa paciente. O principal risco para mãe é o aumento da chance de hemorragia obstétrica, sendo recomentado o parto cesáreo. Para o concepto os riscos são abortamento, parto prematuro e baixo peso ao nascer. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da dengue é bastante complicado, devido ela apresentar várias semlehnças com a gripe, outras arboviroses (zika e chikungunya), leptospirose (forma anictéria), viroses exantemáticas, hepatites virais e infeções bacterianas agudas. Desse modo, o exame físico em um paciente com suspeita de dengue deve ser completo para que não seja omitido o diagnóstico dessa doença. Vale lembrar que a presença de leucocitose com desvio à esquerda afasta o diagnóstico de dengue e sugere uma doença bacteriana como a leptospirose. Além dessas doenças não podemos esquecer das doenças hematológicas que podem confundir, como anemia aplásica e leucemia aguda. Um diferencial que afasta a dengue é a presença de anemia. Outra diferença importante é entre a dengue e a mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 5 meningococemia a qual a presença de petéquias ou equimoses aparecem desde o primeiro dia do quadro febril. Para a confirmação diagnóstica é importante analisar o tempo percorrido da doença. Desse modo, até o quinto dia da doença é possível identificar diretamente o vírus e suas partículas virais, através da pesquisa de antígenos virais (dosagem de NS1) (vale lembrar que o antígeno NS1 é mais sensível a partir do terceiro dia desde o início da febre.É importante salientar que a negatividade do NS1 não descarta o diagnóstico, pois pacientes com história prévia de infecção por dengue pode apresentar uma redução na concentração desse antígeno), isolamento viral (cultura), teste de amplificação gênica (PCR) e imunohistoquímica tecidual (através de biópsia). A partir do sexto dia o diagnóstico pode ser feito através da sorologia para identificar a presença de IgM pela técnica de ELISA. A partir da suspeita de caso de dengue devemos classificar esse diagnóstico em caso suspeito, caso suspeito de dengue com sinais de alarme, caso suspeito de dengue grave e caso confirmado. a. O caso suspeito de dengue pode aparecer em indivíduos que vivem em área de transmissão do vírus ou viajado para locais endêmicos em que apresenta febre com duração a sete dias com a presença de um ou mais comemorativos (náusea, vômitos, exantema, mialgias, artralgias, cefaleia, dor retro-orbital, petéquias, prova do laço positiva e leucopenia). Já em crianças qualquer história de quadro febril agudo sem foco aparente de infecção em que o paciente viva e ou frequentou regiões endêmicas já pode ser classificado como um caso suspeito. Devemos ressaltar a realização da prova do laço a auqal consiste na insuflação do manguito do esfigmomanômetro até o valor médio da pressão arterial. Para tanto, deve-se desenhar um quadrado com 2,5 cm de lado no antebraço e avaliara presença de petéquias. No adulto o tempo para a realização dessa prova é de cinco minutos, sendo que o aparecimento de 20 ou mais petéquias confirma o teste, enquanto em crianças o tempo vai até três minutos e o aparecimento de 10 ou mais petéquias confirma o teste. TODO CASO SUSPEITO DEVE SER NOTIFICADO. b. O caso suspeito de dengue com a presença de sinais de alarme é quando há a suspeita e paciente apresenta um ou mais sinais de alarme: dor abdominal, vômitos persistentes, hipotensão ortostática, hepatomegalia, sangramento de mucosas, letargia ou irritabilidade, acúmulo de líquido e aumento progressivo de hematócrito. c. O caso suspeito de dengue grave é quando o paciente apresenta um ou mais características: choque compensado ou descompensado, sangramento grave, lesão grave em órgão específico. d. O caso confirmado é aquele que foi confirmado pela confirmação laboratorial. Em situação de pandemia os primeiros casos devem ser obrigatoriamente confirmados através de exames laboratoriais, enquanto os subsequentes podem ser confirmados através do uso de critérios clinicoepidemiológicos. Na dengue grave ela deve ser confirmada por exames laboratoriais específicos independentemente da situação epidêmica. mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 6 CHIKUNGUNYA A chikungunya é causada pelo vírus CHIKV o qual é um arbovírus de RNA fita única pertencente à família Togaviridae. Esse vírus é transmitido pelo Aedes aegypti e Aedes albopictus, sendo que o homem é o hospedeiro definitivo. Em contexto epidemiológico em 2004 houve uma expansão geográfica uma ampla arbovirose que iniciou em ilhas do oceano índico e se espalhou para Índia, Ássia e Europa. Em 2013 o CHIKV chegou nas américas, sendo que o turismo e o surgimento de mutações culminaram para esse avanço. Vale lembrar que a febre de chikunguya é uma doença de notificação compulsória. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O período de incubação dessa doença varia de 1 a 12 dias. A fase aguda é marcada por uma febre alta de até 40°C que dura no máximo 10 dias. Por volta do 2° ao 5° podemos observar a presença se intensa poliartralgia predominante nas mãos, punhos e tornozelos. O acometimento tende ser simétrico e distal. Ao exame físico podemos obsjervar edema periarticular, presença ou não de derrame sinovial. Vale ressaltar que a dor articular da chikunguya é incapacitante. Outras queixas podem estar presentes, tais como: queixas gastrointestinais e linfadenopatia. O rash eritematoso maculopapular encontra-se presente em 40-75% dos pacientes, iniciando no terceiro dia e involuindo no sétimo. Ao término da fase aguda febril podemos observar a persistência das queixas articulares, com rigidez matinal, dor e edema nas mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 7 articulações afetadas. A duração variável para esses casos é até 3 meses, sendo que ao passar desse período podemos classificar o paciente com uma fase crônica. A fase crônica pode ser marcada por Artropatias destrutivas, semelhante ao que ocorre com a artrite reumatoide. Queixas frequentes nessa fase são: fadiga, cefaleia, prurido, alopecia, dor neuropática, alterações cerebelares, distúrbios do sono, déficit de atenção e memória. Esses sintomas podem durar até 3 anos. Os principais fatores de risco para o surgimento da fase crônica são: idade acima de 45 anos, doença articular prévia e maior intensidade dos sintomas nas fases agudas. DIAGNÓSTICO Na fase aguda pode evidenciar uma leucopenia (com linfocitose ou linfopenia) e raramente trombocitopenia. A presença de crioglobulinemia, VHS e proteína C-reativa se encontram aumentados. No Brasil, na primeira semana após o início dos sintomas é necessário a realização de dois exames de sangue em paralelo: sorologia com ELISA e PCR. Se o paciente apresentar manifestações neurológicas (sendo a síndrome convulsiva a principal manifestação) os exames devem ser realizados no líquor. Os métodos virológicos (PCR) são mais sensíveis até o 5° dia, enquanto os imunológicos (ELISA) após o 5° dia. Acredita-se que após a infecção com o vírus o paciente se encontre imunizado. ZIKA O Zika é um vírus de RNA fita-única pertencente ao gênero Flavivirus (o mesmo da dengue). Em 2015 foi documentado o primeiro caso de infecção por esse víruso, sendo que houve uma epidemia naquele ano e uma ampla distribuição do vírus em todo o território. Sua transmissão ocorre através dos mesmos mosquitos da dengue, sendo que há a transmissão veritucal, sexual, transfusional e ocupacional. Uma característica importante é a diferença entre o curso da viremia em pessoas não gestantes e gestantes. Nas gestantes foi observado que elas evoluem com complicações e a viremia persiste por muito mais tempo, sendo que um caso foi constado que a viremia durou até 62 dias. O vírus na fase aguda pode ser encontrado tanto na saliva, quanto no leite materno sendo que ainda não há indícios de transmissão através desses meios. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O período de incubação vai de 2-14 doas após a picada do mosquito. Cerca de 80% dos pacientes evolui de forma autolimitada sem a presença de complicações. Os principais sintomas são febre baixa, fadiga, exantema maculopapular puriginoso e hiperemia cunjutival, além de cefaleia, dor retro-orbital, mialgia, artralgia, dor abdominal, diarreia, vômito e dor de garganta. Em crianças e gestantes não existem evidências que o curso clínico da doença seja mais agressivo. No caso das gestantes o que foi constado foi a perpetuação do período de viremia mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 8 maior, sendo justificado pela invasão do vírus na plascenta, local em que o vírus se encontra protegido do sistema imune do hospedeiro, favorecendo a transmissão vertical. O maior problema relacionado ao ZIKAV é o neurotropismo capaz de resultar em lesões neurológicas graves, como a microcefalia congênita e alteração no desenvolvimento em bebês nascidos, além da síndrome de Guillain-Barré. Este último os dados relacionam a sua ocasionalidade em algumas regiões endêmicas. A microcefalia foi algo bastante constado durante a epidemia de Zika que houve no Brasil, sendo que a capacidade do vírus em atravessar a barreira placentária impedia a migração e diferenciação das células nervosas primitivas, prejudicando, assim, o crescimento e desenvolvimento do tecido cerebral. A microcefalia é identificada através da medida do perímetro cefálico que pode ser avaliada através dos percentis da caderneta da criança. Um RN a termo deve possui um PC menor ou igual a 32 cm. A microcefalia pode ser congênita ou pós-natal.No caso do Zika ela é congênita. Não há tratamento específico para ciranças com microcefalia congênita, no SUS, esses indivíduos devem ser acompanhados ambulatorialmente pela puericultura básica. DIAGNÓSTICO O diagnóstico pode ser feito pela técnica de PCR para detectar o RNA viral, ou no soro ou urina. No soro a positividade é mais provável nos primeiros cinco dias, enquanto que na urina até 14 dias. O Ministério da Saúde recomenta que toda gestante que apresente exantema com cinco dias de duração, afastada outras causas, deve ser coletado o soro e urina para realização do PCR. Além disso, todo caso suspeito ou confirmado deve ser notificado às autoridades sanitárias. FEBRE AMARELA Consiste em uma doença febril aguda causada por um vírus do gênero Flavivirus, denomiado de vírus amarílico. O vírus da febre amarela é composto por um RNA de filamento único e envelopado. A febre amarela apresenta dois ciclos: urbano e silvestre. O urbano foi erradicado do Brasil desde a implementação da vacinação, hoje temos apenas o ciclo silvestre, sendo o homem um hospedeiro acidental. Desse modo, a febre amarela é uma doença de notificação compulsória. QUADRO CLÍNICO O período de incubação varia de 3-6 dias após a picada do mosquito. Os sintomas são: febre alta de 39-40°C, cefaleia e mialgia, ribor facial e bradicardia relativa (sinal de Faget – pulso lento e temperatura alta). A maioria dos pacientes apresentam a doença que regride de forma espontânea dentro de três dias. Alguns adquire a forma moderada com síndrome febril, icterícia, sangramento leve e albuminúria. No entanto, cerca de 10% apresentam o caso grave o qual é caracterizado pela sua letalidade absurda de 20-50% dos pacientes. O curso da doença moderada pode apresentar um período de intoxicação acentuada, decorrente da mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 9 ação dos anticorpos. Nesse caso, a febre vem acompanhada de manifestações hemorrágicas, tais como: gengiorragia, espistaxi, hematêmese em borra de café e hemorragias petequiais. O envolvimento hepático extenso determina o aparecimento da icterícia e elevação das aminotransferases (TGO e TGP) que pode cursar até com evolução adversa. O tropismo pelo tecido hepático pode causar infiltração gordurosa e necrose tecidual. Manifestações hemorrágicas podem estar presentes como a Coagulação intravascular disseminada e diminuição das sínteses de fatores de coagulação pelo fígado. No EAS podemos encontrar albuminúria. DIAGNÓSTICO Os exames laboratoriais mostram um hemograma com leucopenia, neutropenia, plaquetopenia, anemia (decorrente aos sangramentos), aumento de produtos de degradação de fibrina e VHS aproximando-se de zero, além do aumento das aminotransferases e albuminúria. A confirmação laboratorial até o 5° dia do início dos sintomas pode ser realizada através da detecção do genoma viral por meio do PCR após coleta de sangue. A partir do 6° a sorologia de IgM e IgG pode ser realizada pela técnica ELISA. mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 10 2. Descrever quadro clinico, epidemiologia, sazonalidade e processo diagnóstico das doenças febris hemorrágicas: bacterianas (leptospirose, meningococcemia e doença de lyme) e virais (hantavirose). LEPTOSPIROSE A leptospirose é uma doença febril aguda causada por uma espiroqueta chamada Lepptospira interrogans. Ela acomete praticamente todos os estados brasileiros, culminando como um importante problema de saúde pública. Sua apresentação é bastante comum com a dengue, pela presença de sintomas e sinais inespecíficos, exceto em sua forma grave – doença de Weil – bastante fatal caracterizada pela tríada: icterícia, hemorragia e insuficiência renal aguda. A leptospira é uma bactéria da família da espiroqueta a qual apresenta vários sorotipos e várias espécies dentro da mesma família. Sua característica morfológica é uma bactéria fina e enrolada em forma de hélice, sendo um microrganismo aeróbico, flexível e móvel o qual pode permanecer no solo úmido durante semanas e meses. Diversas espécies de mamíferos, répteis e anfíbios podem hospedar essa bactéria, sendo os ratos o seu principal reservatório. Desse modo, o ser humano aparece como um hospedeiro acidental, configurando, assim, como uma doença autêntica zoonose. A sua transmissão se dá através do contato direto com a pele do ser humano. A leptospira consegue penetrar ativamente (liberação de ácido hialurônico) pelas abrasões cutâneas, membranas mucosas e pela inalação. Essa bactéria sobrevive ao meio úmido ou aquoso, sendo as enchentes o principal meio de contato do microrganismo com o ser humano. Em termos epidemiológicos a leptospirose pode se configurar como uma doença ocupacional e recreativa, devido a sua diversidade de meios de transmissão: (colheita de arroz, esgoto, estábulos e abatedouros, pescaria, minas e túneis e represas). Mesmo assim as enchentes se configuram como o principal meio de contato para o ser humano. Desse modo, em questão de sazonalidade, a leptospirose é mais incidente durante o verão, pois é uma estação chuvosa, concentrando-se entre fevereiro e abril. PATOGÊNESE A patogênese envolvida na leptospirose de forma resumida se dá através da fase de letospiremia e a apresentação dos sintomas. Nessa primeira fase há a distribuição e multiplicação da bactéria no organismo hospedeiro, uma vez que a mesma já se encontra dentro da circulação sanguínea. Sua grande capacidade de penetração e locomoção permite a sua ampla distribuição no organismo, sendo presente no liquor e humor aquoso. Os dois mecanismos de lesão presente na infecção por essa bactéria são: lesão direta no endotélio vascular, sendo responsável pelo aparecimento de um capilarite generalizada, por exemplo, no pulmão – forma grave; e pela sua adesão às membranas celulares, resultando em disfunção celular com pouca ou nenhuma inflamação. Essa disfunção induzida determina o mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 11 extravasamento de líquido para o interstício presente na forma grave da doença – a síndrome de Weil em que os órgãos fígado, rim e pulmão são comprometidos. A segunda fase da leptospirose é a imunológica em que há o surgimento dos anticorpos IgM decorrente da resposta humoral, sendo capaz de eliminar a opsonização das leptospira em quase todos os órgãos, menos nas meninges, olhos e rins. Essa incapacidade resulta em um fenômeno de hipersensibilidade em que acarreta novas manifestações clínicas no curso da doença, tais como: meningite asséptica, uveíte e manutenção da febre por um perído de tempo prolongado. QUADRO CLÍNICO O período de incubação da leptospirose é de 7-14 dias. Quase 90% dos pacientes apresentam apenasa síndrome febril semelhante a influenza e a dengue. Esses pacientes são classificados de portadores da forma anictérica da leptospirose. O paciente portador da forma anictérica apresenta uma síndrome febril de início súbito, parecido como uma gripe forte. Na primeira fase – leptospiremia – os sintomas característicos são: febre alta (38-40°C), calafrio, cefaleia (frontal e retro-orbitária), náuseas, vômitos e intensa mialgia (predominante nas panturrilhas). Dois sinais importantes são dor a palpação das panturrilhas e presença de hiperemia conjuntival. Outros sintomas podem se encontrar presentes: diarreia, tosse seca, dor de garganta, erupção cutânea, rash eritematoso, linfadenopatia cervica, hepatomegalia e esplenomegalia. Na segunda fase – a fase imune – encontramos a redução da febre, complicações reativas da hipersensibilidade ocmo meningite asséptica (mais comum, com a presença de complicações neurológicas semelhantes a uma meningite viral) e uveíte. Ao laboratório o paciente apresenta um hemograma com leucocitose com desvio à esquerda e plaquetopenia. O hematócrioto encontra-se elevado, VHS elevado e CPK elevada. O paciente portador da forma ictero-hemorrágica (forma mais grave) apresenta um quadro que evolui de forma fulminante. A febre simplesmente persiste, sendo comum a presença de hepatomegalia e esplenomegalia. Ao hemograma encontra-se uma leucocitose mais acentuada e maior plaquetopenia e VHS alto. A icterícia é um sinal importante, tanto que ela classifica o quadro clínico, sendo uma icterícia rubínica derivada do aumento da fração direta da bilirrubina. Há o aumento das aminotransferases, mas sem disfunção hepatocelular. A insuficiência renal aguda é um importante sinal que compõe essa forma, sendo revelado um aumento das escórias nitrogenadas e da creatinina, caracterizando uma síndrome urêmica com necessidade de diálise. O comprometimento renal resulta da isquemia resultante da hipovolemia. A presença de fenômenos hemorrágicos está presente desde petéquias e equimoses, até hemorragia pulmonar e gastrointestinal resultando e morte. Esses sangramentos são justificados pela disfunção endotelial causado pela interação das bactérias às membranas celulares. Um importante sinal de hemorragia é o resultante da capilarite pulmonar. O paciente cursa com tosse, hemoptise e dispneia. O exame radiográfico mostra um infiltrado nodular ou alveolar heterogêneo nas bases, devido ao preenchimento de sague nos alvéolos. Manifestações cardíacas podem ser identificadas como a miocardite, resultando em mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Destacar mathe Destacar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 12 alterações eletrocardiográficas, como mudanças de repolarização ventricular e arritmia cardíaca. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da leptospirose pode ser feito pela identificação direta da bactéria, por meio do isolamento através da cultura e técnica PCR, ou de forma indireta através da sorologia. Os métodos diretos têm maior sensibilidade na fase aguda da doença, primeira semana, enquanto os métodos indiretos têm mais sensibilidade na fase tardia da doença, a partir da segunda semana. Um caso de confirmação de leptospirose deve seguir os critérios: sinais e sintomas sugestivos, associados com presença de exames laboratoriais. A cultura apresenta maior sensibilidade nos primeiros sete dias da doença, podendo ser coletada através do sangue e liquor. Os exames sorológicos, são o mais utilizado para o diagnóstico, consistem na macroaglutinação, microaglutinação, hemaglutinação indireta e ELISA. O padrão-ouro para definir o diagnóstico é o teste microaglutinação o qual é realizado apenas em centros de referência como a Fiocruz. Na prática é utilizado o ELISA-IgM que apresenta uma alta sensibilidade e especificidade na terceira semana de infecção. MENINGOCOCCEMIA A doença meningocócica é uma infecção bacteriana aguda, rapidamente fatal, causada pela Neisseria meningitidis. Esta bactéria pode causar inflamação nas membranas que revestem o sistema nervoso central (meningite) e infecção generalizada (meningococcemia. O ser humano é o único hospedeiro natural da N. meningitidis. Cerca de 10% dos adolescentes e adultos são portadores assintomáticos da bactéria na orofaringe e podem transmitir a bactéria, mesmo sem adoecer. A bactéria é transmitida de uma pessoa para outra pela secreção respiratória (gotículas de saliva, espirro, tosse). Geralmente, após a transmissão, a bactéria permanece na orofaringe do indivíduo receptor por curto período e acaba sendo eliminada pelos próprios mecanismos de defesa do organismo. Em menos de 1% dos indivíduos infectados, contudo, a bactéria consegue penetrar na mucosa respiratória e atinge a corrente sanguínea levando ao aparecimento da doença meningocócica. A doença meningocócica tem distribuição global, podendo ocorrer surtos ocasionais e epidemias em qualquer país do mundo. A África é a região com maior número de casos no mundo, principalmente na região semi-árida subsaariana, conhecida como “cinturão da meningite”. No Brasil, a doença é endêmica com casos esporádicos durante todo o ano, principalmente no inverno, com surtos e epidemias ocasionais. Nos últimos 20 anos foram notificados, no Brasil, cerca de 80 mil casos, a maioria causada pelo sorogrupo B. O sorogrupo mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 13 C aparece como o segundo mais frequente, tendo sido responsável por alguns surtos, inclusive motivando vacinação em massa de crianças e adultos, como ocorreu em 1995. QUADRO CLÍNICO A doença meningocócica tem início abrupto e evolução rápida, podendo levar ao óbito em menos de 24 a 48 horas. As manifestações iniciais da meningite são febre alta, prostração, dor de cabeça, vômitos, aparecimento na pele de pequenas manchas violáceas (petéquias) que inicialmente são semelhantes às picadas de mosquitos, mas que rapidamente aumentam de número e de tamanho, dor e dificuldade na movimentação do pescoço (rigidez de nuca). O Exantema é inicialmente rosa, branqueia à pressão e é maculopapular, surgindo no tronco e extremidades, tornando-se, em seguida, hemorrágico, formando petéquias. As petéquias são primeiramente observadas nos tornozelos, punhos, axilas, superfícies de mucosa e conjuntiva palpebral e bulbar, com disseminação subsequente nas extremidades inferiores e no tronco. Pode-se encontrar um aglomerado de petéquias nos locais sujeitos a pressão. Em crianças com menos de um ano de idade, as manifestações da meningite podem ser mais inespecíficas como febre, irritação, choro constante e abaulamento da fontanela (“moleira”) sem rigidez de nuca. A meningococcemia é a forma mais grave de apresentação da infecção pela N. meningitidis e as manifestaçõesiniciais são inespecíficas com febre, cefaleia e mialgia, acompanhadas de vomito e dor abdominal. O risco maior da doença meningocócica é a evolução rápida para o choque (diminuição acentuada da pressão arterial), o que resulta em funcionamento inadequado de órgãos vitais (como os rins, coração e pulmão) e morte. A doença meningocócica pode ser confundida com a dengue hemorrágica, pois esta pode ficar grave quando a febre começa a desaparecer depois do terceiro dia da doença. Enquanto que na meningococcemia os sinais de gravidade aparecem em menos de 24-48 horas. A infecção por meningococo pode levar a meningite e meningococcemia, sendo denominada como doença meningocócica, que é um problema de saúde pública devido ao risco de surtos. 15-20% possuem evolução rápida e muitas vezes fulminante devido a septicemia meningocócica, apresentando prostração intensa, palidez, sinais de toxemia, exantema e/ou petéquias, sufusões hemorrágicas, hipotensão, rebaixamento do sensório, associados ou não a quadro de meningite, com risco de evolução para choque, CIVD e óbito. Compondo a Síndrome de Waterhouse-Friderichsen. Os sinais vitais podem mostrar hipotensão e taquicardia, que indicam sinais precoces de sepse. O exame físico deve ser sempre detalhado e incluir uma inspeção cuidadosa da pele em busca de evidências de erupção cutânea. A erupção, uma característica distintiva, pode aparecer inicialmente como pequenas lesões urticariformes, maculares ou papulares. A erupção pode evoluir para petéquias, púrpura ou equimoses posteriormente. Esses podem ser sinais precoces de trombocitopenia, púrpura fulminante e CIVD. Embora os sinais de Kernig e Brudzinski sejam os sinais clássicos de meningite, a sensibilidade de 55,5% e 53,3%, mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 14 respectivamente, os torna pouco confiáveis na exclusão de meningite. Ao se considerar os sinais e sintomas da doença, a tríade clássica de febre, alteração do estado mental e rigidez nucal é rara (em torno de 44%). No entanto, quando dois dos quatro sintomas estão presentes (dor de cabeça, estado mental alterado, rigidez de nuca e febre), 95% dos pacientes com diagnóstico de meningite foram identificados. Os médicos devem considerar a infecção por N. meningitidis em pacientes com febre de início súbito que apresentam sinais precoces de sepse, doença de progressão rápida e presença de erupção cutânea. A púrpura fulminante, uma complicação da doença meningocócica devido ao colapso vascular iniciado por LOS ativando a liberação de mediadores inflamatórios, é caracterizada por hemorragia cutânea e necrose cutânea devido à trombose vascular. Pode até levar à hemorragia e falha da glândula adrenal, denominada síndrome de Waterhouse-Freiderichsen e DIC. Normalmente, as petéquias e o eritema são vistos na pele, mas podem evoluir para equimoses e, posteriormente, áreas dolorosas de necrose com desenvolvimento de bolhas e vesículas. A necrose gangrenosa pode resultar e ser grave, levando à amputação do membro. DIC é talvez a complicação mais temida de N. meningitidis infecção. Qualquer evidência de sangramento por acesso intravascular, sangramento gengival, equimoses ou descoloração da pele deve ser preocupante. DIAGNÓSTICO O diagnóstico inicial de doença meningocócica é clínico (história + exame físico da pessoa), feito essencialmente por exclusão de outras doenças. A confirmação laboratorial definitiva do diagnóstico é usualmente feita através do isolamento em cultivo da Neisseria meningitidis a partir de amostras de sangue ou de líquido céfaloraquidiano (obtido por punção lombar), o que requer certo tempo (1 a 3 dias). Contudo, a demonstração direta da presença da bactéria em amostras de líquor ou raspada de lesão cutânea através da coloração pela Na verdade a meningococcemia se configura como uma resposta imune generalizada decorrente a infecção pelo meningococo. Este agente penetra o organismo através da mucosa do trato respiratório superior e ganha a circulação. Ao vencer essa barreira o meningococo pode atravessar a barreira hematencefálica e ganhar o santuário imunológico. Lembrar que esse santuário e desprovido de células de defesa, constituindo um importante sítio de multiplicação e liberação de toxinas por essas bactérias. Nesse sentido, há uma resposta imune intensa decorrente da multiplicação e liberação de toxinas no LCR. Esse processo induz o aumento da permeabilidade e alterações no funcionamento da barreira hematencefálica. Essas alterações resultam no recrutamento de células de defesa e aumento na liberação de citocinas (formação de espesso exsudato). As células de defesa degradam as bactérias e liberam suas partículas na circulação sanguínea. Tal processo é importante para a promoção de infecção generalizada decorrente da circulação desses antígenos bacterianos. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 15 técnica do Gram (exame simples e rápido) permite aumentar o grau de certeza do diagnóstico clínico. HANTAVIROSE Os vírus são agrupados por linhagens que compartilham propriedades morfológicas, morfogênicas e antigênicas. A família Bunyaviridae foi estabelecida em 1975. O primeiro protótipo do hantavírus foi isolado em 1976, de um roedor silvestre. O gênero Hantavirus possui mais de 20 espécies, a maioria das quais foram relatadas há poucosanos. As principais complicações dessa infecção são: a Febre Hemorrágica com Síndrome Renal – FHSR e Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus – SCPH. A síndrome pulmonar do hantavírus (SHP), conhecida como hantavírus, é uma síndrome pulmonar caracterizada por edema pulmonar, hipóxia e hipotensão. É precedida por sintomas vagos semelhantes aos da gripe ou pode envolver febre hemorrágica e síndrome renal (HFRS). Isso geralmente é devido à exposição de fezes ou urina de camundongos dentro de 1 a 3 semanas do início dos sintomas. O hantavírus é mais comum no sudoeste dos Estados Unidos e na América do Sul. HFRS tem uma incidência maior na Ásia e na Europa. O vírus é transmitido pela inalação de excrementos secos de roedor, mas também pode ser transmitido por uma picada de roedor. Os hantavírus é um vírus de RNA com três fitas que possui uma forma esférica, medindo aproximadamente 80 nm a 120 nm de diâmetro, compostos por um envelope lipoproteico no qual são inseridos peplêmeros glicoproteicos. Os hantavírus, em particular, são transmitidos especificamente por roedores silvestres. Cada vírus, geralmente, está associado somente a uma espécie específica de roedor hospedeiro. Nesses animais a infecção pelo hantavírus aparentemente não é letal e pode levá-los ao estado de reservatório por longos períodos, provavelmente por toda a vida. No Brasil, conhece-se até o momento, pelo menos, cinco hantavírus distintos que estão associados a casos de SCPH, sendo que já se conhecem os possíveis roedores reservatórios deles. Tendo em vista a distribuição geográfica das espécies de roedores encontradas positivas para hantavírus, percebe-se que Necromys lasiurus (antigo Bolomys) mostra-se amplamente disseminado nos ambientes de Cerrado e Caatinga brasileiros. Todos os hantavírus até então identificados são transmitidos para o homem por meio dos mes cados são transmitidos para o homem por meio dos mesmos mecanismos. A infecção humana ocorre, geralmente, pela via aerógena com a inalação de poeiras e aerossóis contaminados com a urina (em que se encontra a maior concentração de vírus), fezes ou saliva de roedores infectados, em ambientes artificiais ou naturais, fechados ou ao ar livre. Outras formas mais raras de transmissãoforam descritas, tais como: a ingestão de água e alimentos Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 16 contaminados; a forma percutânea, através de escoriações cutâneas ou mordeduras de roedores; contato do vírus com as mucosas, como a conjuntiva, ou boca ou nariz, por meio de mãos contaminadas com excretas dos roedores; em indivíduos que trabalham ou visitam laboratórios e biotérios contaminados. Um fato curioso foi que na Argentina há um relato de transmissão de pessoa para pessoa em ambiente hospitalar, sendo considerado um fato isolado. Entre os roedores a transmissão se dá horizontalmente, mais frequentemente entre machos por meio de mordeduras entre espécimes e inalação de aerossóis contaminados com partículas virais. A transmissão vertical entre roedores é insignificante ou ausente, tanto em animais silvestres quanto em animais de laboratório. O período de incubação pode variar de poucos dias até aproximadamente dois meses. O período mínimo registrado foi de 3 dias e o máximo de 60 dias. A maior parte dos casos apresenta os primeiros sinais da doença em torno de duas semanas após a exposição O período de transmissibilidade do hantavírus no homem é desconhecido. Estudos sugerem que o período de maior viremia seria alguns dias que antecedem o aparecimento de sinais/sintomas. Os roedores reservatórios, apesar de apresentarem anticorpos séricos, podem eliminar o vírus por meio de suas excretas durante semanas, meses ou por toda a vida (em torno de dois anos), sendo que essa eliminação é muito maior nas primeiras três a oito semanas pós- infecção. O HOMEM É O HOSPEDEIRO ACIDENTAL, SENDO QUE NÃO HÁ REGISTROS DE REINFECÇÃO. QUADRO CLÍNICO Fase prodrômica Na fase prodrômica, os pacientes inicialmente apresentam como manifestações mais frequentes: febre, mialgias, dor dorsolombar, dor abdominal, astenia, cefaleia intensa e sintomas gastrointestinais como náuseas, vômitos e diarreia. Esse quadro inespecífico pode durar cerca de 1 a 6 dias, podendo prolongar-se por até 15 dias e depois, regredir. Pode evoluir para uma fase clínica mais crítica, a cardiopulmonar. Tosse seca pode já estar presente no final dessa fase. O diagnóstico diferencial na fase prodrômica deve ser realizado com outros agravos, sejam de origem infecciosa ou não. Assim, em relação às doenças infecciosas, deve-se considerar que a fase prodrômica é indistinguível de outras doenças agudas febris e os aspectos epidemiológicos devem ser considerados. A presença de intensa lombalgia pode confundir-se com pielonefrite aguda e a forte dor abdominal, presente em alguns casos, pode simular um quadro de abdômen agudo. Fase cardiopulmonar A fase cardiopulmonar é caracterizada pelo início da tosse, que em geral é seca, mas, em alguns casos, pode ser produtiva, acompanhada por taquicardia, taquidispneia e hipoxemia. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 17 Tais manifestações podem ser seguidas por uma rápida evolução para edema pulmonar não cardiogênico, hipotensão arterial e colapso circulatório. A radiografia do tórax habitualmente demonstra infiltrado intersticial difuso bilateral que rapidamente evolui com enchimento alveolar, especialmente nos hilos e nas bases pulmonares. Derrame pleural, principalmente bilateral, de pequena magnitude é comum. A área cardíaca é normal. O diagnóstico diferencial na fase cardiopulmonar, assim como referido na fase prodrômica, também deve ser correlacionado à origem infecciosa ou não. Quanto à primeira, de origem infecciosa, temos as pneumonias comunitárias. Em relação ao diagnóstico diferencial com agravos não infecciosos, têm-se: Síndrome da Angústia Respiratória Aguda. Elementos facilitadores para o diagnóstico diferencial precoce da SCPH nas fases prodrômica e cardiopulmonar, em adultos Para o diagnóstico clínico da SCPH, nos pacientes com quadro clínico compatível, deve- se considerar a exposição e a situação de risco, enfatizando os antecedentes epidemiológicos de possível contato com os reservatórios e suas excretas e secreções. Dificilmente será possível diagnosticar a SCPH ainda na fase prodrômica. Entretanto, deve-se aventar para a possibilidade desse diagnóstico em paciente, previamente saudável, que apresente febre acompanhada de sintomas e sinais de insuficiência respiratória aguda ou edema pulmonar não cardiogênico, na primeira semana da doença. De maneira geral, a hipótese de SCPH deveria ser suspeita em todo paciente febril, que resida, trabalhe ou mantenha atividades em área rural ou silvestre, com neotrofilia e desvio à esquerda, hemoconcentração, trombocitopenia e presença de linfócitos atípicos. As infecções virais que afetam o sistema respiratório apresentam manifestações catarrais desde seu início. Essas manifestações são valiosas para fazer o diagnóstico diferencial da SCPH, como dengue, febre amarela, leptospirose e todas as que se iniciam de forma semelhante à influenza. A semelhança ocorre pela hipertermia de início abrupto, com calafrios, sudorese, mialgias, cefaleia e astenia. Fase diurética Na fase diurética, há recuperação das alterações de permeabilidade do endotélio dos vasos, com intensa e rápida reabsorção do líquido sequestrado no terceiro espaço e no interstício. Caracteriza-se por recuperação hemodinâmica, diurese intensa, principalmente nos primeiros 5 dias, podendo persistir na fase de convalescença, porém bem menos intensa. Fase de convalescença Na fase de convalescença, de duração prolongada (2 meses em média), há persistência da adinamia e da prostração. Após esse período, ocorre progressiva melhora dos sinais e sintomas. O hantavírus começa com uma fase prodrômica de aproximadamente 3 a 4 dias de sintomas vagos semelhantes aos da gripe. Náusea, vômito, trombocitopenia, tontura e dispneia sem tosse podem ajudar a distinguir o hantavírus da síndrome do desconforto respiratório Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 18 agudo ou outros tipos de pneumonia atípica e viral. Após a fase prodrômica, pode haver rápido desenvolvimento para hantavírus caracterizado por edema pulmonar, hipoxemia, taquicardia e hipotensão. Isso geralmente ocorre em 48 horas e se transforma rapidamente em insuficiência respiratória. Os pacientes freqüentemente desenvolverão acidose metabólica devido a infecções graves. A hipotensão ortostática pode progredir rapidamente para choque cardiogênico com descompensação cardiovascular. Pacientes com doença renal podem desenvolver oligúria seguida de diurese. A ausculta pulmonar pode demonstrar estertores. A febre hemorrágica por hantavírus e a síndrome renal têm cinco fases distintas: Febril, Hipotensiva, Oligúrica, Poliúrica e Convalescente. O período de incubação é de aproximadamente 2 a 4 semanas e começa abruptamente com febre alta, cefaleia, vômitos, dor abdominal e dor nas costas frequentemente associadas a visão turva e sonolência. A febre alta costuma estar presente por 3 a 7 dias e termina com hemorragias conjuntivais e petéquias palatinas. A hipotensão está então presente por várias horas a 2 dias, com aproximadamente um terço das mortes por HFRS devido a choque irreversível e fulminante durante esta fase. Se a doença hemorrágica se tornar grave, o sangramento pode se manifestar como hematêmese, epistaxe, melena, hematúria e, possivelmente, hemorragias intracranianas fatais. A oligúria dura de 3 a 7 dias, com diminuição transitória da função renal acompanhada de dor nas costas ou abdominal que podem necessitar de diálise. Aproximadamente metade das mortes por HFRS ocorrem durante a fase oligúrica. A fase poliúrica é um sinal de prognóstico positivo com evidências de que a função renal está melhorando e o débito urinário aumentará em até vários litros por dia. A recuperação total com retorno aos marcadores clínicos e laboratoriais basais é alcançada ao longo dospróximos 6 meses, sem complicações significativas em longo prazo. DIAGNÓSTICO Uma radiografia de tórax pode demonstrar edema pulmonar bilateral na radiografia inicial em cerca de um terço dos pacientes. Quase todos os pacientes terão achados de edema intersticial 48 horas após a admissão. Quase dois terços dos pacientes desenvolverão opacidades bibasilares ou opacidades peri-hilares com algum grau de derrame pleural. A trombocitopenia pode estar presente no hemograma, uma vez que a internação é necessária devido ao estadiamento da doença. Outro achado laboratorial crítico é o de imunoblastos circulantes, linfócitos atípicos e hematócrito elevado. Quando o paciente precisa de hospitalização, um esfregaço de sangue periférico pode demonstrar mielócitos, metamielócitos e promielócitos com trombocitopenia e hipocapnia graves. Hiponatremia também pode estar presente junto com tempo de tromboplastina parcial ativada ligeiramente prolongado, nível de proteína diminuído, nível de lipoproteína de baixa densidade levemente elevado e hematúria microscópica. O diagnóstico pode ser feito por imunofluorescência ou ensaio de imunotransferência. ELISA utilizando IgM é o preferido. O isolamento do vírus, no entanto, não é útil devido ao baixo rendimento, apesar de demonstrar fácil detectabilidade por reação em cadeia da polimerase quantitativa (PCR). 3. Entender os principais sinais de alerta que indicam internação na doença febril aguda. Febre é definida como a elevação da temperatura corporal (p. ex., > 37,8° C por via oral e > 38,2° C por via retal). A febre ocorre quando o termostato do corpo (localizado no hipotálamo) é redefinido em uma temperatura mais alta, principalmente em resposta a uma infecção. A febre ocorre quando alguma coisa aumenta o ponto de equilíbrio hipotalâmico, mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 19 estimulando o centro vasomotor a iniciar a vasoconstrição, desviando o sangue da periferia a fim de diminuir perda de calor e, algumas vezes, induzindo calafrios, que aumentam a produção de calor. O processo continua até que a temperatura do sangue que banha o hipotálamo alcance um novo ponto de equilíbrio. Diminuindo-se o ponto de equilíbrio hipotalâmico (p. ex., com fármacos antipiréticos), inicia-se a perda de calor por meio de sudorese e vasodilatação. O grande problema da elevação extrema da temperatura é a desnaturação de proteínas, com consequente ativação de citocinas inflamatórias que ativam a cascata inflamatória. Como resultado, temos uma disfunção celular ocorrendo e levando ao mau funcionamento de alguns órgãos. Muitos distúrbios podem causar febre. São classificadas, de modo geral, em: Infecciosa (mais comum) Neoplásica Inflamatória (incluindo reumática, não reumática e relacionada com fármacos); A causa de uma febre aguda (duração ≤ 4 dias) em adultos tem alta probabilidade de ser infecciosa. Quando pacientes apresentam febre devido a uma causa não infecciosa, a febre é geralmente crônica ou recorrente. Além disso, um evento febril agudo isolado em pacientes com doença inflamatória ou neoplásica também tem alta probabilidade de ser infeccioso. Dois fatores gerais são importantes na avaliação da febre aguda: Identificar e localizar os sintomas (p. ex., cefaleia, tosse): estes sintomas ajudam a reduzir o leque de possíveis causas. Determinar se o paciente está grave ou cronicamente enfermo (particularmente se essa doença não é reconhecida). Tremores verdadeiros sugerem febre devido a uma infecção, mas, por outro lado, não são específicos. Dor é uma pista importante para a possível fonte; o paciente deve ser questionado quanto a dor em ouvidos, cabeça, pescoço, garganta, tórax, abdome, flanco, reto, músculos e articulações. Outros sintomas localizados incluem congestão nasal e/ou descarga nasal, tosse, diarreia e sintomas urinários (frequência, urgência e disúria). A presença de exantema (incluindo natureza, localização e tempo de início em relação a outros sintomas) e de linfadenopatia pode auxiliar. A história clínica deve particularmente cobrir os seguintes tópicos: Cirurgia recente Condições conhecidas que predisponham à infecção (p. ex., infecção pelo HIV diabetes, câncer, transplante de órgãos); Outras doenças que predisponham à febre (p. ex., artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, gota, sarcoidose, hipertireoidismo, câncer); Questões devem ser feitas sobre viagens recentes, incluindo localização, tempo desde o retorno, local (zona rural, apenas zona urbana); A história vacinal, particularmente contra mathe Sublinhar mathe Sublinhar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 20 hepatites A e B e contra organismos que causam meningite, influenza, ou infecção por pneumococo, deve ser avaliada. A história de fármacos deve incluir questões sobre os seguintes itens: Fármacos conhecidos por causar febre (anfetaminas, antipsicóticos, anestésicos). Fármacos que predispõem o maior risco de infecção (p. ex., corticoides, quimioterapia e fármacos antirrejeição, outros imunossupressores) Uso de drogas ilícitas ou injetáveis (predispõem a endocardite, hepatite, embolia pulmonar séptica e infecções cutâneas e subcutâneas); SINAIS DE ALERTA Os achados a seguir são particularmente preocupantes: Estado mental alterado Cefaleia, rigidez de nuca, ou ambos Exantema petequial Hipotensão Dispneia Taquicardia ou taquipneia significativas Temperatura > 40° C ou < 35° C Viagem recente para uma região onde doenças graves (p. ex., malária) são endêmicas Uso recente de imunossupressores mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar mathe Sublinhar
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