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Pneumonia Ocorre quando uma infecção do parênquima pulmonar causa sintomas respiratórios inferiores e quando se detecta um infiltrado pulmonar na radiografia de tórax. • Pode ser definida do ponto de vista histológico, como, preenchimento do espaço alveolar por infiltrado necroinflamatório, assim como, do ponto de vista clínico como infecção aguda do pulmão decorrente da infecção por algum microrganismo. Classificação: Pneumonia adquirida na comunidade (PAC): pneumonia adquirida fora do ambiente hospitalar ou de unidades especiais de atenção à saúde ou que se manifesta em até 48h da admissão na unidade assistencial. Pneumonias associadas aos cuidados de saúde (PACS): pneumonia que ocorre em pacientes que se encontram institucionalizados, que estiveram hospitalizados durante + de 2 dias nos 90 dias precedentes, que têm contato frequente com instituições de saúde (p. ex.: hemodiálise, tratamento de feridas, antibióticos intravenosos ou quimioterapia) ou que estão imunossuprimidos. Pneumonia nosocomial: pneumonia que surge ≥ 48 horas após admissão hospitalar ou desenvolve-se pouco tempo após a alta hospitalar. • Inclusos nessa categoria: o Pneumonia adquirida no hospital (PAH): pneumonia adquirida ≥ 48 horas após a internação hospitalar; o Pneumonia associada a ventilação mecânica (PAVM): pneumonia adquirida ≥ 48 horas após a intubação endotraqueal. Epidemiologia: • PAC constitui uma das principais causas de morte no mundo. Incidência alta de pneumonia ente lactentes e crianças. Incidência alta entre idosos (incidência e gravidade aumentam com a idade). Adultos acometidos frequentemente apresentam condições predisponentes Maioria dos adultos de qualquer idade que desenvolve uma pneumonia bacteriana apresenta frequentemente uma ou + condições predisponentes. • A + comum: infecção respiratória viral prévia, que aumenta a adesão das bactérias às células epiteliais respiratórias e altera os mecanismos do clearance devido à interferência com a ação ciliar. • Outros fatores predisponentes incluem: o Desnutrição: fragiliza o sistema imunológico; o Consumo excessivo de álcool: diminui o reflexo da tosse e afeta a migração dos leucócitos; o Tabagismo: aumenta as secreções pulmonares e altera a função ciliar; o Doença hepática ou renal: diminui a formação de anticorpos e a função dos leucócitos; o Diabetes melito: diminui a função e a mobilização dos leucócitos; o Deficiência de imunoglobulinas de qualquer causa. Etiologia: Pneumonia adquirida em comunidade (PAC) Streptococcus pneumoniae (pneumococo) e vírus respiratórios são os patógenos + frequentemente detectados em pacientes com PAC. Obs.: grande proporção de casos (até 62%), nenhum patógeno é detectado, por conta da dificuldade de se obter amostras fidedignas e respostas em tempo hábil, o que torna a coleta de exames específicos uma prática não habitual. Causas de PAC + comumente identificadas podem ser agrupadas em 3 categorias: Bactérias típicas: • S. pneumoniae (causa bacteriana + comum) • Haemophilus influenzae • Moraxella catarrhalis • Staphylococcus aureus • Estreptococos do grupo A • Bactérias gram-negativas aeróbicas (ex.: Enterobacteriaceae como Klebsiella spp ou Escherichia coli) • Bactérias microaerofílicas e anaeróbios (associadas à aspiração) Bactérias atípicas (“atípica” refere-se à resistência intrínseca desses organismos aos betalactâmicos e sua incapacidade de serem visualizadas na coloração de Gram ou cultivadas usando técnicas tradicionais): • Legionella spp • Mycoplasma pneumoniae • Chlamydia pneumoniae • Chlamydia psittaci • Coxiella burnetii Vírus respiratórios • Vírus influenza A e B • Rinovírus • Vírus parainfluenza • Adenovírus • Vírus sincicial respiratório • Metapneumovírus humano • Coronavírus (ex: Síndrome respiratória no Oriente Médio) • Bocavírus humanos Prevalência relativa desses patógenos varia, com: ● Geografia; ● Taxas de vacinação contra pneumococos; ● Fatores de risco do hospedeiro (ex.: tabagismo); ● Estação do ano; e ● Gravidade da pneumonia. Certas exposições epidemiológicas também aumentam a probabilidade de infecção por um patógeno específico, exemplos: ● Exposição à água contaminada é um fator de risco para a infecção por Legionella; ● Exposição à aves aumenta a possibilidade de infecção por C. psittaci; ● Viagens ou residência no sudoeste dos Estados Unidos deve levantar suspeitas de coccidioidomicose; e ● Falta de higiene dental pode predispor à pneumonia causada pela flora oral ou anaeróbios. ● Em pacientes imunocomprometidos, o espectro de possíveis patógenos também se amplia, incluindo fungos e parasitas, bem como patógenos bacterianos e virais menos comuns. Agentes etiológicos da pneumonia típica Microrganismo Quando pensar S.Pneumoniae Em todos os casos Haemophilus influenzae Pacientes com idade >65 anos e em casos de DPOC M. Catarrhalis Casos de DPOC K.pneumoniae Pacientes alcoólatras e diabéticos S. Aureus Pacientes usuários de drogas IV, com pneumopatia estrutura (fibrose cística, bronquiectasia), pós-influenza e pneumatoceles. S.Pyogenes Criança ou adulto jovem com faringoamigdalite supurativa. Pseudomonas aeruginosas Pneumopatia estrutura e pacientes neutropênicos. Bactérias anaeróbicas Pneumonia aspirativa (pacientes com redução do nível de consciência e deglutição prejudicada). Agentes etiológicos da pneumonia atípica Microrganismo Quando pensar Mycoplasma pneumoniae Crianças com idade superior a 5 anos ou adultos jovens com protótipo do quadro clínico atípico. Chlamydia pneumoniae Pacientes com idade superior a 65 anos Legionella pneumophilla Quadros de pneumonia grave. Presença de diarreia, náuseas e vômitos, hiponatremia <130mEq/L, febre superior a 40oC e imunodepressão celular (Ex.pacientes transplantados). Chlamydia psittaci Pacientes que tiveram contato com pássaros nas últimas 1-2 semanas e na presença de hepatoesplenomegalia. Coxiella burnetti Pacientes que tiveram contato recente com material placentário de gado. Vírus respiratórios Crianças com quadro gripal associado a infiltrado intersticial difuso. SDRA a partir do terceiro dia. Pneumonia adquirida no hospital (PAH) Pode ser precoce, quando ocorre até o 4° dia de internação, ou tardia, quando ocorre após 5 ou mais dias de internação. • PAH de início precoce Frequentemente ocasionada por microrganismos que são associados também à PAC, tais como S. pneumoniae, H. influenzae e anaeróbios. • PAH de início tardio Causada principalmente por Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA); bacilos Gram-negativos entéricos; P.aeruginosa; não fermentadores, tais como Acinetobacter baumannii e S. maltophilia; e infecções polimicrobianas. Fatores que aumentam o risco de PAH, incluem: • Exposição à antibióticos; • Idade avançada; • Comorbidades graves; • Imunossupressão de base; • Colonização da orofaringe por microrganismos virulentos; • Condições que promovem a aspiração pulmonar ou inibem a tosse como, por exemplo, cirurgia toracoabdominal, intubação traqueal, inserção do tubo nasogástrico e posição supina; e • Exposição à equipamentos respiratórios contaminados. Um estudo recente sugere que os microrganismos multirresistentes são mais frequentes na PAH de início precoce do que inicialmente se imaginava, e que os fatores de risco para a pneumonia de início precoce devem ser reavaliados. Pneumonia associada aos cuidados de saúde (PACS) Essas infecções possuem uma epidemiologia única mais semelhante àquela observada nas infecções adquiridas no hospital. S. aureus (tanto sensível à meticilina quanto resistente à meticilina) e P. aeruginosa são os microrganismos mais frequentemente associados. Fisiopatologia: Microrganismos causadores da pneumonia podem atingir os alvéolos pulmonares de duas formas: ● Através da microaspiração do material proveniente das vias aéreas superiores e, menos comumente, através da inalação de aerossol contaminado do ambiente ou por via hematogênica. Os microrganismos infectantes podem atingir os alvéolos e desenvolver pneumonia devidoà aspiração de pequenas quantidades de secreções nasofaríngeas ou de conteúdos da boca, em especial durante o sono. Algum grau de aspiração ocorre normalmente. Aspirações mais importantes, contudo, são mais frequentes em pessoas mais idosas, particularmente naquelas mais frágeis ou acamadas. A aspiração maciça ocorre, por exemplo, em pessoas que apresentam convulsões, que se engasgam enquanto vomitam ou em indivíduos cujo reflexo da tosse está marcadamente diminuído pelo álcool, drogas ou doenças neurológicas. Em tais pacientes, a síndrome clínica de pneumonia aspirativa inclui os efeitos dos microrganismos e do material aspirado, assim como do ácido gástrico. A pneumonia também pode ser causada por inalação direta de material em aerossóis para os pulmões. Esse processo é incomum para a maioria das pneumonias bacterianas, mas é característico do Mycobacterium tuberculosis e do Bacillus anthracis. Esse mecanismo também explica a infecção por alguns vírus, como o da influenza ou sincicial respiratório. As bactérias também podem atingir os pulmões através da corrente sanguínea, ser filtradas pelos mecanismos normais do clearance do hospedeiro, mas depois escapar e causar pneumonia. A pneumonia por S. aureus é comumente causada por disseminação hematogênica, em especial se uma infecção endovascular como a endocardite estiver presente. A Escherichia coli e outros bacilos Gram-negativos podem, ainda, causar pneumonias através de disseminação hematogênica. Um conjunto de mecanismos de defesa do hospedeiro protege o trato respiratório inferior da entrada de organismos infecciosos, como a configuração das vias aéreas, a produção de imunoglobulina A secretora (IgA), a ação ciliar das células epiteliais, entre outros. Quando os organismos infecciosos atingem os alvéolos, as defesas inatas e específicas entram em ação. Se esses mecanismos de defesa falharem, as bactérias podem replicar-se nos alvéolos onde estimulam a produção local de citocinas e causam extravasamento capilar e acúmulo de plasma e células inflamatórias. Essa sequência inicia um círculo vicioso, no qual células inflamatórias adicionais são atraídas e a liberação subsequente de mais citocinas é estimulada. Na pneumonia bacteriana, a resposta inflamatória do hospedeiro é responsável pela maioria das manifestações da doença. Esse exsudado inflamatório progressivo, que é detectado na radiografia como uma pneumonia, causa um desequilíbrio da ventilação-perfusão, gerando hipoxemia. Patogênese da PAC: • Passo 1: Chegada do patógeno no espaço alveolar. • Passo 2: Multiplicação descontrolada do patógeno. • Passo 3: Produção local de citocitas principalmente por macrófagos alveolares. • Passo 4: Recrutamento de neutrófilos para o espaço alveolar e introdução de citocinas na circulação sistêmica. • Passo 5: Geração do exsudato alveolar. Ao contrário da pneumonia bacteriana, o vírus influenza invade diretamente as células do epitélio cilíndrico, originando assim alterações patológicas que vão desde a vacuolização de algumas células epiteliais respiratórias até a descamação de toda a camada epitelial. Essas alterações dispersas que originam o padrão intersticial difuso observado na radiografia de tórax também predispõem a invasão bacteriana secundária. Quadro Clínico: Apresentação clínica da PAC varia amplamente, desde: • Pneumonia leve: caracterizada por febre, tosse e falta de ar. • Pneumonia grave: caracterizada por sepse e dificuldade respiratória. Gravidade dos sintomas diretamente relacionada à intensidade da resposta imune local e sistêmica em cada paciente. Quadro clínico típico clássico da PAC: representado pela pneumonia pneumocócica. • A doença se apresenta de forma hiperaguda, entre 2 e 3 dias, tendo como história principal calafrios, tremores, febre alta (39-40°C), dor torácica pleurítica e tosse produtiva com expectoração purulenta esverdeada. Exame físico normalmente evidencia: prostração, taquipneia, taquicardia e hipertermia. Os achados do exame do Ap.R podem variar de simples estertores até a síndrome de consolidação pulmonar e/ou a síndrome de derrame pleural. Síndrome de consolidação pulmonar: é caracterizada pela presença de som bronquial, aumento do frêmito toracovocal, submacicez e broncofonia. Síndrome do derrame pleural: identificada pela abolição do murmúrio vesicular e do frêmito toracovocal, submacicez e egofonia. De forma geral, os sinais e sintomas presentes na pneumonia, são: Sinais e sintomas pulmonares: • Tosse (com ou sem produção de escarro); • Dispneia; • Dor no peito tipo pleurítica; • Achados do exame físico, incluem: o Taquipneia; o Aumento do esforço respiratório e sons respiratórios adventícios, incluindo estertores e roncos. o Frêmito toracovocal, egofonia e macicez à percussão também sugerem pneumonia. o Esses sinais e sintomas resultam do acúmulo de leucócitos, fluidos e proteínas no espaço alveolar. A hipoxemia (baixo nível de O2 no sangue) pode resultar do comprometimento subsequente das trocas gasosas alveolares. o Na radiografia de tórax, o acúmulo de leucócitos e líquido dentro dos alvéolos aparece como opacidades pulmonares. Sinais e sintomas sistêmicos: • Grande maioria dos pacientes com PAC apresenta febre. • Outros sintomas sistêmicos, como calafrios, fadiga, mal-estar e anorexia também são comuns. • Taquicardia, leucocitose neutrofílica com desvio para a esquerda ou leucopenia também são achados ocasionados pela resposta inflamatória sistêmica, sendo a leucopenia um sinal de mau prognóstico. • Marcadores inflamatórios, como VHS, PCR e procalcitonina podem se elevar, embora este último seja altamente específico para infecções bacterianas. • Bioquímica na maioria das vezes é normal, mas pode evidenciar hiponatremia (alteração metabólica caract. pela baixa concentração de sódio no sangue em relação ao volume de água no organismo) em alguns casos. • Pneumonia por Legionella pneumophila, por exemplo, costuma cursar com hiponatremia grave e elevação de enzimas hepáticas. • Gasometria arterial, achados + frequentes: a hipoxemia e a alcalose respiratória. • PAC também é a principal causa de sepse; assim, a apresentação inicial pode ser caracterizada por hipotensão, estado mental alterado e outros sinais de disfunção orgânica, como disfunção renal, disfunção hepática e/ou trombocitopenia. Embora certos sinais e sintomas como febre, tosse, taquicardia e estertores sejam comuns entre pacientes com PAC, esses achados são inespecíficos e são compartilhados entre muitos distúrbios respiratórios. Nenhum sintoma individual ou constelação de sintomas é adequado para o diagnóstico sem imagens do tórax. Sinais e sintomas de pneumonia também podem ser sutis em pacientes com idade avançada e/ou sistema imunológico comprometido, e um maior grau de suspeita pode ser necessário para o diagnóstico. Exemplos: • Pacientes + velhos podem apresentar alterações no estado mental, sem apresentar febre ou leucocitose. • Pacientes imunocomprometidos, os infiltrados pulmonares podem não ser detectáveis nas RX de tórax, mas podem ser visualizados com TC de tórax. Diagnóstico: Radiografia de tórax, em associação com a anamnese e o exame físico, faz parte da tríade propedêutica clássica para PAC, sendo recomendada sua realização de rotina, quando disponível, nas incidências posteroanterior (PA) e perfil. Obs.: Além da contribuição ao diagnóstico, a radiografia de tórax permite ainda avaliar a extensão das lesões, detectar complicações e auxiliar no diagnóstico diferencial Achados radiográficos consistentes com o diagnóstico da PAC, incluem: ● Consolidações lobares, infiltrados intersticiais e/ou cavitações. Embora certas características radiográficas sugiram certas causas de pneumonia (por exemplo, consolidações lobares quase sempre são causadas por pneumococo, embora possam eventualmente surgir da evolução de uma pneumonia estafilocócica), a aparência radiográfica sozinha não pode diferenciar de maneira confiável as etiologias. Obs.: Infiltrado alveolar do tipo broncopneumônicoé o achado radiológico mais frequente na pneumonia bacteriana, independente do agente etiológico. Ultrassonografia de tórax (UST) ● Apresenta maior sensibilidade e maior acurácia do que a radiografia de tórax na identificação de alterações parenquimatosas. Principais achados ultrassonográficos na PAC, são: ● Consolidações, padrão intersticial focal, lesões subpleurais e anormalidades na linha pleural. Adicionalmente, a UST apresenta alto rendimento na detecção de complicações como o derrame pleural, além de permitir a visualização de loculações na cavidade. Tomografia de tórax ● Método mais sensível na identificação de acometimento infeccioso do parênquima pulmonar, porém trata-se de um método de alto custo e alta exposição à radiação. Trata-se de um exame útil principalmente nos casos em que a acurácia da radiografia de tórax e da UST é baixa, como em pacientes obesos, imunossuprimidos e indivíduos com alterações radiológicas prévias. Além disso, a TC de tórax está indicada na suspeita de infecções fúngicas e para auxiliar na exclusão de outros diagnósticos em casos selecionados. Em função da alta exposição radiológica pela TC, alguns autores têm sugerido o uso da UST como teste auxiliar intermediário antes do uso da TC no diagnóstico em casos difíceis. Ressalta-se ainda a importância da TC de tórax para a avaliação de complicações da PAC, como abscesso de pulmão e derrame pleural loculado, além da investigação da falta de resposta clínica ao tratamento. Estratificação de Risco - Avaliação de Gravidade: Os pacientes com diagnóstico de PAC devem ser sempre avaliados quanto à gravidade da doença, pois isso tem impacto direto na redução da mortalidade. Os escores de prognóstico disponíveis dimensionam a gravidade e ajudam a predizer o prognóstico da PAC, guiando a decisão quanto ao local de tratamento – ambulatorial, hospitalar ou UTI – quanto à necessidade de investigação etiológica, quanto à escolha do antibiótico e sua via de administração. ♥ Os instrumentos validados incluem: Pneumonia Severity Index (PSI): PSI é composto por 20 itens que incluem características demográficas, comorbidades, alterações laboratoriais, alterações radiológicas e achados do exame físico. Classifica os pacientes em cinco categorias, estimando a mortalidade em 30 dias e sugerindo o local de tratamento. Pontos negativos: ● Pode subestimar a gravidade da doença em pacientes jovens e sem doenças associadas por ponderar muito a idade e a presença de comorbidades na sua pontuação. ● O uso de muitas variáveis, acaba tornando o cálculo complexo. o Esse trabalho pode ser abreviado por meio do uso de calculadoras disponíveis on-line, citando-se, como exemplos, PSI/ Pneumonia Patient Outcomes Research Team (PORT) Score: PSI for CAP e PSI Calculator. CURB-65 e CRB-65 ● CURB-65: Baseia-se em variáveis das quais deriva seu nome (em inglês): − Confusão mental (escore ≤ 8, segundo o abbreviated mental test score); − Ureia > 50 mg/dl; − Frequência Respiratória > 30 ciclos/min; − Blood pressure): pressão arterial sistólica < 90 mmHg ou pressão arterial diastólica < 60 mmHg; e − Idade ≥ 65 anos. ● CRB-65: É uma forma simplificada, sem a dosagem de ureia. Útil em ambientes nos quais exames laboratoriais não estão disponíveis, como na atenção primária. Obs.: ● Maior limitação desses escores é a falta de inclusão de comorbidades que podem acrescentar maior risco de complicações na PAC, como alcoolismo, insuficiência cardíaca ou hepática e neoplasias, fazendo com que seu valor preditivo negativo de mortalidade seja um pouco inferior ao do PSI. Entretanto, eles se qualificam pela simplicidade, aplicabilidade imediata e facilidade de uso, em ambientes hospitalares ou não. Diagnóstico Diferencial: Várias doenças podem manifestar febre e opacidades radiográficas no tórax e mimetizar a PAC; tais doenças devem ser suspeitadas quando a resolução radiológica é raramente rápida ou quando há falta de resposta aos tratamentos iniciais ou subsequentes com antibióticos. Em pacientes com PAH e particularmente naqueles com PAV, os sinais e sintomas clássicos de pneumonia, incluindo novas alterações radiográficas, febre, leucocitose ou leucopenia e secreções purulentas, não são suficientemente sensíveis nem específicos para confirmar a presença de uma infecção pulmonar. Atelectasia, hemorragia pulmonar, SDRA e embolia pulmonar, entre outras, são condições que podem mimetizar a pneumonia. Em pacientes com suspeita de PAH ou PAV, a confirmação microbiológica de pneumonia é importante no intuito de evitar tratamentos desnecessários e resistência aumentada aos antibióticos. Tratamento: Obs.: ● Antibióticos Betalactâmicos Todos os antibióticos desse grupo possuem uma ação bactericida. Atuam por inibição da síntese da parede celular bacteriana, que é uma estrutura essencial da célula por manter a sua integridade, prevenindo a lise osmótica. Existem 6 sub-classes de beta-lactâmicos usados no tratamento de infecções: ● As penicilinas, que podem ser: o Naturais (penicilina V, penicilina G Procaína, penicilina G Benzatina e penicilina G cristalina); o Semissintéticas (oxacilina, amoxicilina, ampicilina, ticarcilina e piperacilina); ● As cefalosporinas são os betalactâmicos os que apresentam maior número de moléculas semi-sintéticas para tratamento, inclusive de infecções hospitalares e também comunitárias. Elas são divididas em gerações: o 1ª geração (cefalotina, cefazolina, cefalexina e cefadroxil a); o 2ª geração (cefuroxima, cefaclor e ceproxila); o 3ª geração (cefotaxima, ceftriaxone e ceftazidima); o 4ª geração (cefepime); o 5ª geração (ceftarolina). ● As cefamicinas: o protótipo é a cefoxetina; ● Os carbapenêmicos: Imipenem, Meropenem, Erta penem e o Panipenem; ● Os monobactâmicos: o protótipo é o azetreonam; ● O clavulanato, com mínimo espectro de atividade, mas usado como inativador de betalactamase, enzima produzida por bactérias para resistirem a ação dos antibióticos betalactâmicos. ● Antibióticos Macrolídeos São agentes bacteriostáticos, que inibem a síntese de proteínas através de sua ligação às subunidades ribossômicas 50S de microrganismos sensíveis, no local de ligação do cloranfenicol e da clindamicina ou muito próximo dele. https://pt.wikipedia.org/wiki/Infec%C3%A7%C3%B5es https://pt.wikipedia.org/wiki/Penicilina https://pt.wikipedia.org/wiki/Benzilpenicilina https://pt.wikipedia.org/wiki/Oxacilina https://pt.wikipedia.org/wiki/Amoxicilina https://pt.wikipedia.org/wiki/Ampicilina https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ticarcilina&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Piperacilina/tazobactama https://pt.wikipedia.org/wiki/Cefalosporina https://pt.wikipedia.org/wiki/Cefalotina https://pt.wikipedia.org/wiki/Cefazolina https://pt.wikipedia.org/wiki/Cefalexina https://pt.wikipedia.org/wiki/Cefadroxil https://pt.wikipedia.org/wiki/Cefadroxil https://pt.wikipedia.org/wiki/Cefuroxima https://pt.wikipedia.org/wiki/Cefaclor https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ceproxila&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Cefotaxima https://pt.wikipedia.org/wiki/Ceftriaxona https://pt.wikipedia.org/wiki/Ceftazidima https://pt.wikipedia.org/wiki/Cefepima https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ceftarolina&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Cefamicina https://pt.wikipedia.org/wiki/Cefoxitina https://pt.wikipedia.org/wiki/Carbapen%C3%AAmico https://pt.wikipedia.org/wiki/Imipenem https://pt.wikipedia.org/wiki/Meropenem https://pt.wikipedia.org/wiki/Ertapenem https://pt.wikipedia.org/wiki/Ertapenem https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Panipenem&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Monobactama https://pt.wikipedia.org/wiki/Aztreonam https://pt.wikipedia.org/wiki/Clavulanato https://pt.wikipedia.org/wiki/Enzima https://pt.wikipedia.org/wiki/Bact%C3%A9ria Os macrolídeos se ligam irreversivelmente a um local na subunidade 50S do ribossomo bacteriano, inibindo, assim, etapas de translocação na síntese de proteínas. Eles também podem interferirem outras etapas, como a transpeptização. Tipos: ● Eritromicina: membro mais velho do grupo com mais de 50 anos. ● Azitromicina: mais eficaz contra Haemophilus. ● Claritromicina: mais útil na Doença de Lyme. ● Roxitromicina ● Tacrolimo: não tem actividade antibiótica mas é usado como imunossupressor. ● Espiramicina: usada na toxoplasmose (infeção por toxoplasma gondii). ● Ansamicina ● Oleandomicina ● Carbomicina ● Tilocina ♥ Tratamento de pacientes ambulatoriais Tratamento antibiótico inicial é definido de forma empírica devido à impossibilidade de se obterem resultados microbiológicos logo após o diagnóstico da PAC, o que permitiria escolher antibióticos dirigidos a agentes específicos. Escolha do antibiótico deve levar em consideração: 1) Patógeno mais provável no local de aquisição da doença; 2) Fatores de risco individuais; 3) Presença de doenças associadas; e 4) Fatores epidemiológicos, como viagens recentes, alergias e relação custo-eficácia. Recomendação: Uso de monoterapia com β-lactâmico ou macrolídeos para pacientes ambulatoriais, sem comorbidades, nenhum uso recente de antibióticos, sem fatores de risco para resistência e sem contraindicação ou história de alergia a essas drogas. Quanto aos macrolídeos, a azitromicina é mais efetiva in vitro contra a maioria das cepas de Haemophilus influenzae do que a claritromicina e, por isso, deveria ser preferida nos pacientes com DPOC. Os riscos de infecção por agentes patogênicos resistentes e de falência terapêutica são maiores quando há história de uso de um antibiótico nos três meses anteriores; quando os pacientes vêm de regiões onde a taxa local de resistência aos macrolídeos é superior a 25%, o que ocorre, por exemplo, nos EUA e em alguns outros países; e na presença de doenças associadas (DPOC, doença hepática ou renal, câncer, diabetes, insuficiência cardíaca congestiva, alcoolismo ou imunossupressão). Para esses casos específicos, recomenda-se para o tratamento ambulatorial da PAC associar macrolídeos a um ẞ-lactâmico ou realizar monoterapia com uma fluoroquinolona respiratória por pelo menos 5 dias. ♥ Tratamento de pacientes internados em enfermarias Recomendação atual: é o emprego do β-lactâmico associado a um macrolídeo ou fluoroquinolona respiratória isolada. Um ẞ-lactâmico isolado pode ser usado se houver exclusão confirmada de Legionella sp. Fluoroquinolona respiratória (levofloxacino, moxifloxacino ou gemifloxacino). ● Têm sido recomendadas para tratamento de pacientes com PAC internados em enfermarias devido a boa cobertura e bons resultados nas infecções causadas por S. pneumoniae, M. pneumoniae, C. pneumoniae, H. influenzae ou Legionella sp. ♥ Tratamento de pacientes internados em UTI Macrolídeo e um β-lactâmico, ambos por via endovenosa A terapia combinada deve ser recomendada por reduzir a mortalidade. A administração dos antibióticos deve ser a mais precoce possível e deve incluir preferencialmente um macrolídeo e um ẞ-lactâmico, ambos por via endovenosa. Excetuando-se cenários clínicos que indiquem alta probabilidade de germes específicos como agentes causadores, as sugestões para a antibioticoterapia inicial na PAC grave são descritas nas tabelas a seguir. ♥ Duração da antibioticoterapia https://pt.wikipedia.org/wiki/Eritromicina https://pt.wikipedia.org/wiki/Azitromicina https://pt.wikipedia.org/wiki/Haemophilus https://pt.wikipedia.org/wiki/Claritromicina https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a_de_Lyme https://pt.wikipedia.org/wiki/Roxitromicina https://pt.wikipedia.org/wiki/Tacrolimo https://pt.wikipedia.org/wiki/Imunossupressor https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Espiramicina&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Toxoplasmose https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ansamicina&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Oleandomicina&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Carbomicina&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Tilocina&action=edit&redlink=1 A duração do tratamento pode ser diferente conforme a gravidade da PAC. Recomenda-se que para a PAC de baixa gravidade e com tratamento ambulatorial, esse seja feito com monoterapia e por 5 dias. A PAC de moderada a alta gravidade deve ser tratada com os esquemas antibióticos por períodos de 7 a 10 dias. O tratamento pode ser estendido até 14 dias a critério do médico assistente.
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