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pilates nas patologias neurologicas

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1Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
3Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
SUMÁRIO
PREFÁCIO 05 
INTRODUÇÃO 06
ANATOMIA E FUNCIONAMENTO NORMAL 09
 DIVISÃO ANATÔMICA DO SISTEMA NERVOSO 10
 DIVISÃO FUNCIONAL DO SISTEMA NERVOSO 10
 TECIDO NERVOSO 11
 SINAPSES 13
 SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO (SNP) 15
 SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC) 17
 VIAS MOTORAS - TRATOS 21
CONTROLE MOTOR 22 
 MOVIMENTO 22 
 TEORIAS DO CONTROLE MOTOR 24
 APRENDIZAGEM E REAPRENDIZAGEM MOTORA 26
AVALIAÇÃO GERAL 30
PRINCIPAIS PATOLOGIAS 32
AVE 34
 DEFINIÇÃO 34
 EPIDEMIOLOGIA 34
 FISIOPATOLOGIA / TIPO DE AVC 35
 HEMIPLEGIA / HEMIPARESIA 37
 AVALIAÇÃO 40
 CONDUTA GERAL / MEDICAMENTOSA 43
 CONDUTA BASEADA NO MÉTODO PILATES 43
DOENÇA DE PARKINSON 46
 PATOLOGIA / FISIOLOGIA 47
4Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
 ETIOLOGIA / EPIDEMIOLOGIA 47
 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 49
 DIAGNÓSTICO 51
 CONDUTA GERAL / MEDICAMENTOSA 51
 AVALIAÇÃO 52
 CONDUTA BASEADA NO MÉTODO PILATES 53
DOENÇA DE ALZHEIMER 56
 PATOLOGIA / FISIOLOGIA 56
 ETIOLOGIA / EPIDEMIOLOGIA 57
 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 57
 DIAGNÓSTICO 58
 CONDUTA GERAL / MEDICAMENTOSA 58
 AVALIAÇÃO 59
 CONDUTA BASEADA NO MÉTODO PILATES 60
ESCLEROSE MÚLTIPLA 62
 PATOLOGIA / FISIOLOGIA 62
 ETIOLOGIA / EPIDEMIOLOGIA 62
 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 63
 DIAGNÓSTICO 64
 CONDUTA GERAL / MEDICAMENTOSA 65
 AVALIAÇÃO 66
 CONDUTA BASEADA NO MÉTODO PILATES 67
CONSIDERAÇÕES FINAIS 73
A PRÁTICA DO MÉTODO PILATES – EXERCÍCIOS 74
 SOLO 74
 BOLA 96
 REFORMER 122
 CADILLAC 153
 BARREL 188
 CHAIR 197
5Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
Este livro foi elaborado com o intuito de fornecer informações claras e precisas a respeito do funcionamento normal do corpo humano no que diz respeito ao controle motor e a biomecânica normal do movimento. Alguns conceitos 
básicos de neurologia e como os sistemas podem ser afetados por patologias 
neurológicas também são explanados. E por fim, como o método pilates pode ser 
usado como recurso terapêutico e de reabilitação nesses casos em específico. 
 Serão abordadas 4 (quatro) patologias neurológicas: Acidente vascular 
encefálico (AVE); Doença de Parkinson (DP); Doença de Alzheimer (DA); e a esclerose 
múltipla (EM);
 Exercícios baseados no método pilates foram elaborados e direcionados 
para cada patologia em questão. Não significa que sejam os únicos exercícios 
que podem ser utilizados em cada caso, mas já é um começo e uma luz para 
nortear as aulas de pilates para esta população. Cada capítulo do livro tem sua 
particularidade e seu valor no contexto geral, estabelecendo interações entre 
os temas, comparações entre os métodos de avaliação, tratamento e patologias, 
dissertando sobre pormenores neurológicos e expondo tendências, idéias e 
soluções que o método pilates pode apresentar.
 É um livro de extrema utilidade e que irá agradar ao leitor.
PREFÁCIO
6Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
A população brasileira tem ficado cada vez mais velha com o passar dos anos. Desde a década de 1940, o Brasil experimenta um aumento na expectativa de vida, de 45,5 anos para 75,2 anos, em 2014, segundo Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE). O que é preocupante, porém, é que este aumento 
não esta, necessariamente, ligado ao crescimento da qualidade de vida. 
 Em um estudo publicado pelo The Lancet, em 2014, mostra um levantamento 
feito em 188 países, relatando o aumento da expectativa de vida mundial. Além 
disso, o periódico destaca que o número de pessoas que morreram em função de 
condições como doenças do coração ou neurológias aumentou de acordo com 
o crescimento populacional, porém, esse número diminuiu entre as faixas etárias 
específicas, mais suscetíveis à essas enfermidades. Essas doenças então entre as 
dez principais causas de morte mundiais, sendo os acidentes vasculares cerebrais 
( AVC’s) como a segunda maior cauda e a Doença de Alzheimer (DA) como a quinta 
maior causa de morte.
 O fato dessas duas patologias citadas estarem entra as que mais levam 
à óbito na população em geral, mas estarem diminuindo sua incidência entre as 
faixas etárias que nas quais compete sua maior incidência, pode ser vista como uma 
evolução na área de prevenção e tratamento dessas patologias. Mesmo assim, não 
podemos deixar de perceber a relevância que estas doenças têm nos dias de hoje e 
todo o impacto social e econômico que elas causam em nosso país, seja pelo óbito 
ou pelas complicações e/ou sequelas consequências dessas patologias instaladas. 
 Entre as patologias neurológicas que mais acometem a geração mais velha, 
o AVC apresenta a primeira causa de morte e incapacidade no Brasil. A Doença de 
INTRODUÇÃO
7Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
Parkinson também entra nas estatísticas, atingindo 1% da população com mais de 
65 anos, com sua etiologia ainda desconhecida, está é ainda mais difícil diagnosticar 
e prevenir. Outra doença relacionada com o aumento da expectativa de vida é 
DA. Não há dados sobre a incidência desta doença em nosso país, porém, em um 
estudo, os autores encontraram uma prevalência de Doença de Alzheimer em 54% 
dos casos, em pessoas com demência, após 85 anos. Lembrando que a DA é a causa 
mais frequente de demência. 
 Mas não podemos relacionar todas as patologias neurológicas com a velhice. 
Até porque num processo de envelhecimento natural nem sempre elas estarão 
relacionadas. No Brasil, em função de nossa história e do momento socioeconômico, 
é normal o processo de envelhecimento vir acompanhado de disfunções físicas e 
funcionais. Porém, esta visão já esta mudando. Estudos epidemiológicos recentes, 
como os relacionados com o crescimento do número de idosos saudáveis, estão 
forçando uma mudança nas hipóteses teóricas da velhice como sinônimo de doença.
 Outra patologia de grande impacto social e que não está diretamente 
relacionada com a velhice é a esclerose múltipla. A associação brasileira de esclerose 
múltipla (ABEM), estima que 35 mil brasileiros apresentem a doença.
 Em contrapartida, um fator que esta em constante crescente são os estudos 
relacionados a busca pela qualidade de vida. Para cada área de pesquisa existe 
diversos significados diferentes que giram em torno de uma possível definição 
para este tema. Pensando na área médica, muitas vezes, a qualidade de vida esta 
vinculada à relação custo/benefício no que diz respeito à manutenção da vida ou à 
capacidade funcional dos doentes. 
 Algumas patologias podem ser prevenidas com hábitos saudáveis de vida. 
Porém, uma vez diagnosticadas, o tratamento deve ser inicializado o quanto antes. 
Além da terapia medicamentosa, psicológica e todo acompanhamento médico e 
de toda equipe multidisciplinar, temos diversas opções para tratar a parte muscular 
e cognitiva. O tratamento Neuroevolutivo - Bobath, a Facilitação neuromuscular 
8Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
proprioceptiva - Kabat, fazem parte dessas opções e agora, utilizamos também, o 
Método Pilates. Sabemos que cada patologia neurológica acarreta alguma alteração 
específica e que os acometidos pode apresentar os mais diferentes sintomas. Mesmo 
assim,o que todas as patologias citadas tem em comum, além de serem problemas 
neurológicos é que todas apresentam em maior ou menor incidência, alterações 
motoras e cognitivas como: distúrbios de movimento, alterações no equilíbrio, 
fraqueza muscular, déficit de atenção, e que podem se beneficiar utilizando o 
Método Pilates.
Tal método vem se mostrado benéfico para melhora desses inúmeros fatores. 
Iniciando pela utilização do princípio da concentração, o paciente se encontra 
necessitando dessa correlação, mente / corpo ao realizar os exercícios. Com isso, a 
melhora tanto cognitiva, quanto motora acaba acontecendo.
 Precisamos deixar claro, que, na maioria das vezes, as patologias neurológicas, 
são irreversíveis e algumas até progressivas, porém podemos nos beneficiar, com 
esses paciente de uma melhora na força muscular, no alongamento muscular, no 
alinhamento corporal, no equilíbrio estático e dinâmico, na capacidade pulmonar, 
entre outros benefícios. E em consequência disto, tal paciente melhora sua 
performance nas atividades de vida diárias (AVD’s), na melhoria ou manutenção da 
independência e da qualidade de vida. 
 Como podemos proporcionar tudo isto a nosso paciente é o que veremos a 
seguir, na continuação teórica deste livro e toda parte prática do mesmo.
9Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
ANATOMIA E 
FUNCIONAMENTO NORMAL
Este capítulo não tem como objetivo aprofundar-se em toda neuroanatomia e fisiologia do sistema nervoso central (SNC) e periférico (SNP), mas sim apresentar as características mais funcionais relacionados a ele, fornecendo 
ao leitor embasamento para compreender o funcionamento normal do sistema e, 
num segundo momento, as condições patológicas. 
 Interagir com o meio, seja recebendo informações provenientes dele ou 
fornecendo à ele responsivamente, depende da integridade, mesmo que parcial, 
de nosso sistema nervoso (SN).
 Podemos dividir o SN relacionando sua estrutura ou função. Angelo Machado, 
2010 cita a divisão desse sistema em quatro bases: em critérios anatômicos, 
embriológicos, funcionais e na segmentação (metameria). Duas dessas divisões 
são importantes relacionando os temas abordados neste livro, a baseada em 
critérios anatômicos e funcionais. Com relação as outras o leitor deve considerar a 
busca em literaturas mais específicas.
10Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
DIVISÃO ANATÔMICA DO SN
Toda essa esquematização do SN é puramente didática, uma vez que existe uma 
comunicação entre os sistemas. Mesmo assim, separamos em Sistema Nervoso 
Central (SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP). No primeiro podemos citar como 
parte integrante o encéfalo, composto pelo cérebro, cerebelo e tronco encefálico, 
e a medula espinhal, envoltos pela proteção óssea do crânio e da coluna vertebral. 
No segundo, os nervos, gânglios e as terminações nervosas constituem este 
sistema. Eles fazem a ligação do SNC aos órgãos receptores e efetores em todo 
âmbito corporal.
DIVISÃO FUNCIONAL DO SN
Esta divisão está relacionada com a integração funcional dos sistemas em função 
das informações recebidas tanto internamente (regulação das funções corporais 
internas) quanto externamente (relação com o meio). Sendo assim, duas partes 
são definidas: sistema nervoso somático (SNS) e sistema nervoso visceral (SNV). 
O primeiro consiste da relação do corpo com o meio externo, apresentando 
componentes aferentes, que levam as informações provenientes de estímulos 
externos, na periferia corporal, aos centros nervosos; e os componentes eferentes, 
que trata-se da questão voluntária de nossas ações, uma resposta vinda dos 
centros nervosos aos músculos estriados esqueléticos. 
O segundo preocupa-se em manter a homeostasia (equilíbrio fisiológico), 
através da inervação e controle das estruturas viscerais. Também trabalhando com 
vias aferentes, levando informações das vísceras ao sistema nervoso; e eferentes, 
denominado sistema nervoso autônomo, fazem o caminho inverso da via aferente 
e pode ser subdividido em sistema simpático e parassimpático.
11Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
TECIDO NERVOSO
O tecido nervoso é composto por neurônios e células gliais ou neuroglia. 
 O neurônio (fi gura 1) é a unidade estrutural e funcional do sistema nervoso. 
Eles recebem, processam e enviam informações a todo sistema. Já as células gliais 
aparecem em maior número que os neurônios, localizam-se entre os mesmos, 
e funcionam fazendo sustentação, revestimento ou isolamento, modulam a 
atividade neural e proteção.
NEURÔNIO
A principal função do neurônio é a condução de impulsos nervosos. Dito 
isso, entende-se que são células extremamente excitáveis, em função de uma 
linguagem elétrica, acarretando modifi cações do potencial de membrana. 
Figura 1. Neurônio
Fonte: Google imagens, 2016
12Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
 Este potencial de membrana é a diferença elétrica (de voltagem) existente 
dentro e fora da célula nervosa. As cargas elétricas são responsáveis pelo potencial 
elétrico da membrana. Fora da mesma, predominam íons orgânicos de Sódio 
(Na+) e cloro (Cl-), já em seu interior existe um predomínio de íons com cargas 
negativas e potássio (K+). A movimentação desses íons por entre a membrana 
faz com que ocorram alterações no potencial elétrico. O recebimento correto de 
um estímulo e a consequente transmissão de um impulso nervoso, depende do 
correto funcionamento desta movimentação.
 A estruturação de um neurônio, basicamente, e em sua maioria, pode ser 
dividido em três regiões: corpo celular, dentritos e axônio.
 O corpo celular ou soma é composto pelo núcleo e citoplasma com várias 
organelas. Possuem formas e tamanhos extremamente variados. Do corpo surgem 
os dentritos e os axônios. E nele, assim como nos dentritos, é onde ocorre as 
sinapses (local de recepção de estímulos).
 Os dentritos tem como função receber estímulos, transformando o 
potencial de repouso da membrana, que, em repouso, tem predomínio de cargas 
negativas. Essas transformações podem ser dita despolarizadas (excitatória, com 
diminuição de carga negativa no interior da célula) ou hiperpolarizada (inibitória 
com aumento da carga negativa no interior da célula ou aumento da positividade 
fora da mesma).
 E os axônios são encontrados na grande maioria dos neurônios, apresentam 
comprimentos variáveis, de milímetro a mais de um metro. São especializado em 
gerar e conduzir o potencial de ação ou impulso nervoso, pela despolarização da 
membrana.
13Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
NEURÓGLIA
Em proporções bem maiores que os neurônios, não geram potencial de ação 
por não serem excitáveis. Mesmo assim, ajudam a manter as funções da células 
nervosas. No SNC podemos encontrar, entre outros, astrócitos e oligodendrócitos. 
Os astrócitos estão localizados principalmente na substancia cinzenta deste 
sistema e provavelmente tem funções relacionadas a troca de substancias 
específicas com a corrente sanguínea.
Os oligodendrócitos são encontrados na substância branca e alguns são 
responsáveis pela formação de bainha de mielina nos axônios localizados no SNC.
 No SNP podemos encontrar as células de Schwann, também responsáveis 
pela mielina do axônio de um único neurônio. A mielina é uma substância 
gordurosa e proporciona um alto grau de resistência elétrica.
SINAPSES
Figura 2. Sinapse
Fonte: Google imagem, 2016
14Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
As sinapses, que são a transmissão de impulsos nervosos, pode ocorrer por um 
processo elétrico ou químico. 
 O processo elétrico ocorre com menos frequência, é maissimples e permite 
a transferência rápida e direta da corrente iônica de uma célula para a outra.
No processo químico se faz necessário uma substância química, um 
neurotransmissor, para que a comunicação entre os elementos da estrutura neural 
aconteça. A maioria das sinapses ocorre por este processo.
Nele, o elemento pré-sináptico (terminal axônico da célula pré-sináptica) é 
separado do soma do neurônio pós-sinático por uma fenda sináptica. Nesta fenda 
serão liberados os neurotransmissores encontrados nas vesículas transmissoras 
dos neurônios pré-sinápticos. Essa liberação é feita por canais de Cálcio. Os íons 
de cálcio entram na célula pré-sináptica e estimulam o aumento da velocidade da 
abertura das vesículas, que se ligam a proteínas (sítios de liberação). As vesículas 
transmissoras, com função inibitória ou excitatória, liberadas na fenda sináptica, 
passam para o neurônio pós-sináptico.
Proteínas receptoras encontradas na membrana do neurônio pós-sináptico, 
ligam o neurotransmissor à um componente ionóforo, da fenda sináptica até o 
interior da célula. O componente ionóforo pode ser de canal iônico, que permite a 
passagem de tipos específicos de íons.
Os neurotransmissores são estruturas pequenas e de ação rápida. Serotonina, 
dopamina e acetilcolina são alguns exemplos dessas moleculas que induzem uma 
resposta mais aguda ao SN.
15Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
O SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO
Para tentarmos agir influenciando o SNC de alguma maneira, precisamos 
entender as vias que nos levam a obter e fornecer informações motoras ou 
sensitivas para o sistema. O SNP auxilia nesse processo, é composto por nervos, 
gânglios e terminações nervosas.
NERVOS E TERMINAÇÕES NERVOSAS
Os nervos são feixes de fibras nervosas que unem o sistemas nevoso central 
aos órgãos na periferia. Tais fibras são prolongamentos dos axônios reforçadas 
por tecido conjuntivo e podem ser, de acordo com sua origem ou onde está 
localizadado o corpo celular, em espinhais (proveniente da medula espinhal) 
ou cranianos (proveniente do encéfalo), ou de acordo com sua composição, em 
mielínicas com neurilema ou amielinicas ou ainda, classificamos, próxima à sua 
terminação, em sensitivos ou mistos (motores e sensoriais).
 Como dito, em suas terminações, as fibras nervosas podem ser sensitivas 
ou aferentes e motoras ou eferentes. Quando estimuladas em seus receptores, as 
fibras sensitivas levam informação da periferia e órgãos até uma area específica no 
SNC. Esses receptores podem diferenciar-se em especiais ou gerais. Os especias 
são mais específicos e complexos, relacionados à gustação, audição, equilíbrio… 
e os gerais aparecem em maior concentração na pele, que responde ao contato ou 
ao seu estiramento durante o movimento.
 Pensando na parte nauroanatômica mais funcional alguns receptores devem 
ser analizados mais a fundo, como é o caso dos fusos neuromusculares e órgãos 
neurotendinosos (OTG). Ambos controlam a geração de força muscular, o primeiro 
tem como função detectar o movimento do músculo e suas variações enquanto o 
segundo identifica a tensão muscular.
16Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
FUSOS MUSCULARES 
 O fuso é formado por finas fibras musculares intrafusais envoltas por uma 
cápsula de tecido conjuntivo na região central que, paralelamente são fixadas nas 
fibras extrafusais. As fibras intrafusais são controladas por motoneurônios gama 
e as extrafusais por motoneurônios alfa. Estão relacionados com a postura e os 
movimentos voluntarios finos. É o principal órgão sensitivo do músculo, detectam 
e transmitem ao SNC modificações no comprimento (alongando ou encurtando) 
do músculos e até na velocidade com que essas modificações podem acontecer.
ÓRGÃOS NEUROTENDINOSOS DE GOLGI
 Os OTG são mecanoceptores encontrados nos tendões dos músculos, mas 
especificamente nos pontos em que as fibras musculares ligam-se em um tendão 
(junções músculo-tendinosas). Sendo assim, pela sua localização, ele consegue 
supervisionar a tensão que o músculo desenvolve ao contrair. Eles apresentam 
um maior limear de excitabilidade para o alongamento do que para a contração 
muscular, ou seja, respondem melhor a contração muscular do que ao alongamento. 
 Sua principal função é fornecer, ao SNC, feedback de força, evitando a 
utilização excessiva dessa força protegendo toda fibra muscular.
GÂNGLIOS
 Corpos de neurônios fora do SNC tendem a se agrupar e são denomidados 
de gânglios. São dilatações espalhadas pelo corpo funcionando como ligação 
entre neurônios e partes do SNC com todas as outras estruturas e órgãos.
17Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
O SISTEMA NERVOSO CENTRAL
 É dividido em encéfalo e medula espinhal. Podemos dizer que tais regiões são 
as que comandam o restante do corpo. A primeira é protegida pela caixa craniana 
e a segunda pela coluna vertebral. Os corpos dos neurônios desse sistema, quando 
emaranhados, damos o nome de substância cinzenta, e, os prolongamentos desses 
corpos damos o nome de subtância branca.
CÉREBRO: É a parte mais desenvolvida do encéfalo e é dividido em hemisfério 
direito e esquerdo unidos por uma conformação denominada corpo caloso. 
Podemos separar cada hemisfério em quarto lobos cerebrais, de acordo com suas 
principais funções: lobo frontal (cortex motor e pré-frontal), lobo parietal (cortex 
somatossensorial), lobo temporal (cortex auditivo) e lobo occipital (cortex visual). 
(Fig. 1.3) Deixando claro que aqui apenas algumas funções estão relacionadas 
com cada lobo, uma vez que encontramos em um mesmo lobo áreas com funções 
e estruturas bem distintas.
 O córtex cerebral é dito o principal centro intregrador de impulsos sensoriais 
e respostas motoras. Cada região tem sua vital importância dentro de um processo 
de reabilitação, porém falaremos mais a fundo sobre as áreas do córtex que 
participam do controle motor, direta ou indiretamente, em todo seu processo 
de planejamento, execução, além de todos os pormenores relacionados a este 
controle.
CÓRTEX SENSORIOMOTOR: Esta região do cérebro compreende as áreas 
motora primária (área 4 de Brodmann), área motora suplementar (área 6), o córtex 
pré-motor (área 6), córtex somatossensorial primário (áreas 1 e 3) e o córtex 
parietal posterior (áreas 5 e 7).
 As conexões de estímulo-resposta desta região são inúmeras. As entradas 
e saídas do córtex apresentam uma organização somatotópica, representada por 
18Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
um mapa corporal, onde os neurônios infl uenciam os músculos e a informação 
sensorial por todo o corpo. No mapa motor, duas característas chamam a atenção, 
primeiro que as células corticais infl uenciam os músculos do outro lado de sua 
localização e a segunda característica é o tamanho da representatividade dos 
músculos faciais e da mão.
Figura 3. Homúnculo Sensitivo e motor
Fonte: Google imagem, 2016
 Cada área citada esta relacionada a algum componente do movimento, não 
exclusivamente, mas apresentam uma função principal para que os movimentos 
voluntários aconteçam. 
O cortex pré-motor é responsável pela organização e orientação correta 
do corpo antes do movimento acontecer e por toda orientação sensorial dos 
membros além disso, quando aprendemos uma nova tarefa é esta área que esta 
ativa. Nesta área localiza-se o conhecido “homúnculo motor”. É dela que provem 
19Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
todas as respostas relacionados à movimentação voluntária, desde controle até 
coordenação dessa moticidade. Nessa região o controle é cruzado, ou seja, lesões 
nessa área ocasionam atrofia de alguns músculosdo lado contralateral do corpo. 
Agora, para comandar esse controle e coordenação, aprender como o movimento 
funciona, como refiná-los, mesmo sem necessariamente executá-los é o cortex 
pré-motor que realiza tal função.
A interpretação e tranformação da informação sensorial para coerencia na 
resposta motora é realizada no cortex parietal posterior. Quando precisamos 
iniciar um movimento esta região também se faz ativa. Lesão que acomentem 
essas duas áreas acarretam incapacidade de produzir estratégias corretas para 
que o movimento aconteça.
A área motora suplementar reage diante da necessidade de planejar um 
movimento e certificar o seguimento correto de ativação muscular do mesmo 
ou de outro. Já, o cortex somatossensorial tem a responsabilidade de fornecer 
informações sensoriais para realização do planejamento de um movimento mais 
específico e sua iniciação, além da modulação de um movimento já iniciado.
 E por fim, o cortex motor primário sintetiza os impulsos de outras áreas do 
SNC. Ele gera e transmite informações centrais para o tronco cerebral e medulla 
para que o movimento se inicie e seja modulado. 
 Quando falamos em planejarmos alguma tarefa, que demande um pouco 
mais de atenção e seja um pouco mais complexa, que necessite de uma projeção 
de resposta é o lobo frontal que necessita estar íntegro para esta função. Neste 
lobo estão inseridas funções como cognição e emoção também.
 Lesões no cortex motor acarretam frequeza ou paralisia de determinados 
musculos. Lesões no cortex pré-motor podem ocasionar dificuldades na velocidade 
dos movimentos automáticos. E lesões no lobo frontal acaretam dificuldade de 
planejar ou planejar erroneamente determinados movimentos.
20Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
 CEREBELO: Localizado na fosse craniana posterior. Ele apresenta uma 
configuração parecida com a do cérebro no que diz respeito a composição e 
distribuição da susbtância branca e da cinzenta. Sua principal diferenciação é que 
o cerebelo funciona num nível inconsciente e involuntário e exclusivamente com 
função motora.
 O conhecimento sobre o cerebelo é de extrema importância, pois suas 
funções estão relacionadas com a gerência do equilíbrio e da postura, com o 
controle do tônus e da movimentação voluntária, além da aprendizagem motora.
 Diante de todas essas funções fica mais claro relacionar as possíveis 
alterações quando esta região do sistema nervoso é lesada. Podemos encontrar 
incoordenação dos movimentos (ataxias), perda de equilíbrio e hipotonia.
 NÚCLEOS DA BASE: São um conjunto de corpos de neurônios (como os 
gânglios) localizados abaixo do cortex. Participam do planejamento e controle 
dos movimentos, através de uma interacção com o cortex realizada através no 
tálamo. E não só fatores relacionados ao movimento, mas participam do processo 
cognitivo e de aprendizado também. 
 E mesmo esses núcleos não fazendo conexão com a medulla, alterações 
nessa região causam dirtúrbios motores como os característicos na Doença de 
Parkinson (vide capítulo Doença de parkinson).
 TRONCO ENCEFÁLICO: Todas as estruturas citadas a seguir apresentam 
funções comuns, porém não unicamente, de controlar funções vitais (respiração, 
sistema cardiovascular, sistema gastrointestinal), além do equilíbrio corporal e 
movimentos esteriotipados do mesmo. Isto acontece através da integração de 
informações oriundas dos aparelho vestibular (órgão do equilíbrio), cortex cerebral 
e cerebelo. O Mesencéfalo está localizado entre o cérebro e a ponte encontra-se 
anteriormente com o tálamo e o hipotálamo. É uma região de trânsito de estímulos 
provinientes do cérebro e direcionados a ele. Além disso, o controle postural 
21Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
também está ligado a esta estrutura. A doença de Parkinson afeta a substância 
negra localizada nesta região.
A Ponte encontram-se localizados na Ponte alguns núcleos de nervos cranianos. 
Lesões nessa região podem causar desde alterações na sensibilidade da face até 
alterações de equilíbrio.
Já o Bulbo é uma região contínua da medula espinhal. Controla sinais vitais 
com ajuda da ponte. Apesar de ser pequeno em estrutura se comparado à outras 
do SNC, por ele passam um grande número de tractos motores e sensitivos, e 
quando lesionado pode acarretar as mais diversas alterações com os mais variados 
sintomas. 
VIAS MOTORAS - TRATOS
As vias motoras existem para conduzir estímulos que entram (aferente) ou saem 
(eferente) do SNC, através dos tratos. Os tratos são feixes de axônios que percorrem 
o caminho entre o cérebro e a medula. As vias podem ser diretas (piramidais) ou 
indiretas (extra-piramidais). A primeira controla os movimentos voluntários e a 
segunda controla e coordena os movimentos voluntários automáticos, a postura 
e o tônus.
Vale lembrar que a resposta oriunda do comando neural irá depender das condições 
em que se encontra, também, o sistema musculoesqueléticos, pois este sistema nem 
sempre gera o mesmo efeito biomecânico que foi comandado pelo SN.
Entender como todo esse processo se dá normalmente deixa mais clara a 
compreensão das falhas existentes nele. A fisiopatologia, assim como as lesões 
morfológicas existentes nas lesões neurológicas serão abordadas especificamente 
em cada capítulo das doenças estudadas neste livro.
22Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
CONTROLE MOTOR
Movimento é vida, ou pelo menos uma parte essencial da mesma. Segundo 
Dicionário Michaelis movimento é, dentro várias definições, ato de mover ou de se 
mover; mudança de lugar ou de posição; deslocação. Maneira como alguém move 
o corpo. E o Controle motor é a capacidade que o ser humano tem de regular e/ou 
orientar os mecanismos essenciais para que este movimento aconteça.
Saber sobre como o movimento acontece, como controla-lo, como aprender 
novos movimentos é tarefa primordial para o fisioterapeuta e para todos os 
outros profissionais que trabalham nessa área e que ensinam, educam, reeducam, 
analisam qualquer situação e pormenores relacionados a esta questão. Estudar o 
controle motor compete investigar todos os sistemas que controlam a execução 
de uma determinada ação.
Para conseguirmos entender as debilidades existentes, com relação ao controle 
motor, em pacientes com patologias neurológicas, devemos antes conseguir 
entender como funciona toda estrutura normal deste controle, para depois sermos 
capazes de agir diante de uma disfunção aparente.
O MOVIMENTO
 O movimento surge da influência e da ação mútua ou compartilhada de três 
fatores: o indivíduo, a tarefa e o ambiente (Fig. 1.1) E não só isso, vários processos 
em conjunto, como os associados à percepção, à cognição e à ação, fazem parte 
do estudo do controle motor para o movimento, muitas vezes restringindo a ação 
do mesmo.
23Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
 A cognição é parte fundamental na execução de uma tarefa, incluem a 
atenção, a motivação e aspectos emocionais relacionados a um movimento 
específi co, tanto para o planejamento como para a execução. Entender o processo 
cognitivo relacionado à percepção e a ação são de suma importância para que 
consigamos um resultado positivo sobre a resposta motora que nosso paciente 
possa apresentar.
 A ação ou o simples fato de coordenar uma tarefa através dos muitos 
músculos e articulações chamamos de problemas de graus de liberdade. Controlar 
a ação implica em entender o resultado motor do sistema nervoso para os sistemas 
efetores. O sistema nervoso se organiza de tal maneira para limitar os graus de 
liberdade para que a tarefa aconteça. 
 Para a ação acontecer a percepção comoinformações sensoriais e 
psicológicas se faz essencial. O sistema sensorial, por meio de seus receptores, 
responde a estímulos internos e externos, além de detectar e perceber o corpo no 
espaço (propriocepção). Isso signifi ca perceber as características do ambiente e 
do corpo para que o movimento aconteça.
Figura 4. Movimento resulta da ação mútua entre indivíduo, a tarefa e o ambiente.
Fonte: SHUMWAY-COOK, A.; WOOLLACOT, M. H., 2003, p. 2.
24Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
Quando um dano ao sistema nervoso central acontece, como num acidente 
vascular cerebral, ocorre alterações aos sistema cognitivo, motor e sensorial / 
perceptual, em conjunto ou isoladamente. Para que uma melhora ou aquisição 
de uma função aconteça, o paciente precisa desenvolver novos padrões de 
movimento para executar suas tarefas funcionais, uma vez que os sistemas citados 
encontram-se comprometidos. Parte do tratamento desse tipo de patologia gira 
em torno de restabelecer a capacidade funcional, buscando independência 
funcional, ajudando o paciente a aprender ou reaprender a executar determinada 
tarefa, utilizando padrões de movimentos diferentes do que estava habituado.
TEORIAS DO CONTROLE MOTOR
 As teorias do controle motor existem para tentarmos explicar como o 
movimento acontece e como ele é controlado. São conhecimentos especulativos 
e abstratos, e talvez por este motivo não exista um consenso sobre as teorias que 
conhecemos, de qual seria a mais “correta” e aceita. 
 Mas ai perguntamos, porque preciso entender de controle motor e isto tem 
realmente função na prática clínica diária, uma vez que são só teorias? 
 E a resposta é, com certeza tem função em nossa vivência profissional. 
Tentar entender como tudo funciona, com relação a todo controle motor, nos 
ajuda a interpretar, tanto o comportamento, quanto as ações do paciente a fim de 
possibilitar opções para uma linha de tratamento, seja utilizando o método pilates 
ou qualquer outra técnica ou metodologia para este fim.
Antes de colocarmos um paciente para subir um lance de escada, precisamos 
perceber o que esta impedindo o paciente de o fazê-lo. Seria a dificuldade do 
mesmo de se perceber no espaço? Seria a falta da capacidade de planejar qual 
o ângulo que devo flexionar o quadril e o joelho para subir o degrau? Seria uma 
25Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
espasticidade em membro inferior que não estaria deixando? 
Muitas vezes não conseguimos tratar o problema, pois não sabemos o que 
está ocasionando tal adversidade. E muitas vezes não saberemos a causa, mas 
as teorias, juntas ou isoladamente, nos dão suporte para que saibamos de onde, 
possivelmente e/ou provavelmente, origina-se o problema que acarreta a perda 
de função ou dificuldade de execução da mesma.
Pensando nas patologias neurológicas o modelo clássico de controle motor, o 
modelo hierárquico, é o que embasa a terapia neurológica tradicional.
 Tal modelo sugere, através de um controle organizacional, que níveis 
superiores controlam e comandam níveis inferiores, em suma, um centro superior 
seleciona e transmite o programa motor a centros inferiores para execução do 
movimento ou uma tarefa.
 Já, a teoria reflexa, descreve que os reflexo são a base para o comportamento 
motor. Para Charles Sherrington, idealizador desta teoria, não existe movimento se 
não existir algum estímulo sensitivo. O estímulo provoca uma reação, que culmina 
em outra reação e assim sucessivamente, gerando um comportamento motor.
 E, na teoria dos sistemas, defende-se que para entender o funcionamento 
do controle neural dos movimentos precisamos considerar todo o sistema motor, 
conhecendo a forças extrínsecas e intrínsecas que atuam sobre nós. Para que um 
programa de reabilitação motora ou mesmo de atividade física com algum ganho 
de aquisição se mostre eficaz para indivíduos em fase de plasticidade cerebral, seja 
um recém nascidos (RN) ou um adulto, dependerá primariamente das teorias de 
controle motor que foram utilizadas para embasar a terapia.
26Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
Pacientes com doenças neurológicas são incapazes de ter um 
comportamento motor “normal” porque o dano no SNC alterou 
a capacidade integrativa do cérebro. Fatores biomecânicos e 
metabólicos são igualmente alterados. O padrão de movimento 
executado pelo paciente é considerado um padrão de movimento 
funcional utilizado para atingir o objetivo. Dependendo da 
fisiopatologia do trauma e das complicações decorrentes, o 
padrão pode não ser eficiente, em termos de custos neurológicos, 
biomecânicos ou metabólicos, para o sistema. Todavia, o padrão 
é o preferido (propriedade emergente), oriundo de um sistema 
de auto-organização que permite ao indivíduo agir. Esse padrão 
preferido é resultado de limitações impostas ao indivíduo pela 
condição neurológica, assim como pelo ambiente e pela tarefa.
 O profissional identifica a forma de controle motor inapropriada e com base 
no sistema de controle motor, fisiológico ou biomecânico desenvolve hipóteses 
para fundamentar a linha de tratamento ou atividade a ser seguida.
APRENDIZAGEM E REAPRENDIZADO MOTOR
 Assim como o controle motor, o aprendizado também não tem um consenso 
quanto ao seu funcionamento. Newell descreve o aprendizado motor como sendo 
a procura pela solução do problema, que resulta da interação do ser humano com 
a tarefa e o ambiente. Mas os mecanismos para que isso ocorra não são claros. 
 Antigamente, duas teorias de controle e aprendizagem chamavam a atenção: 
a teoria de circuito aberto e a teoria de circuito fechado. A principal diferença 
entre as duas era a respeito do papel do “feedback” no controle de movimentos. 
27Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
Hoje é consensual que fatores centrais e periféricos atuam no controle de 
movimento, que dependendo do tipo, terá um maior ou menor interferência 
desses centros. O cérebro apresenta capacidade de aprender, mesmo após algum 
tipo de lesão. Plasticidade é como denominamos esta capacidade de demonstrar 
uma modificação, adaptando-se e reorganizando-se estruturalmente. Os aspectos 
de recuperação funcional após uma lesão cerebral se mostram semelhantes ao 
aprendizado motor que ocorre em um cérebro integro, sendo assim muito do 
que se sabe sobre aprendizado motor no cérebro intacto pode ser utilizado no 
tratamento de portadores de doenças cerebrais a repetição é um desses aspectos.
 As frequentes repetições estimulam a criação de sinapses, favorecendo 
a plasticidade e por fim, a aprendizagem. Começamos com a realização de 
movimentos mais simples e seletivos (monoarticulares) para progressão de 
movimentos complexos (pluriarticulares).
INPUT
 Para que o reaprendizado aconteça o input (informações) é essencial e deve 
ser utilizado da maneira correta para que seja eficaz. Num geral, eles precisam ser 
variáveis, para que aconteça formação de redes nervosas, precisam significar algo 
para o indivíduo, para que ele se interesse pela atividade e potencialize o efeito do 
aprendizado pelas emoções e pela motivação, além disso as atividade treinadas 
precisam ser o mais parecidas com as situações cotidianas do aluno / paciente.
 Para que o mesmo tenha interesse nas atividades propostas, que goste e 
que seja algo motivador, o indivíduo precisa de consciência e atenção suficientes 
para que o aprendizado motor seja eficaz.
28Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
FEEDBACK
 É uma importante ferramenta utilizada pelos profissionais da área da saúde 
que atuam com reabilitação e também pelos professores de pilates e, que se não 
for usado de maneiracorreta e/ou excessivamente pode inibir o processo de 
aprendizado.
 Em que momento forneceremos o feedback ao aluno / paciente irá depender 
da tarefa dada a ele. Se for uma tarefa simples, podemos fornecer informações de 
maneira verbal, tátil e/ou visual após, aproximadamente, 20 repetições. Se for uma 
atividade mais complexa a frequência dos feedback pode ser após 4 a 6 tentativas. 
Tanto para os acertos, quantos para os erros que acontecem durante a execução 
do movimento devemos comunicar através desta ferramenta.
 Num geral, quando estamos desenvolvendo ou reaprendendo alguma nova 
habilidade motora, nossos neurônios aumentam o número de sinapses para que, 
através delas, consigamos coordenar e executar as novas atividades.
 Massey, relata que para aprendermos novas habilidades através do pilates 
precisamos construir metas de estabilidade, de equilíbrio, resistência muscular e 
coordenação. E para que isto aconteça, a integração sensorial se faz necessária 
para obtenção de repostas adaptativas de aprendizado motor. Em função dessa 
relação de sentidos e reposta motora, um modelo de teoria de desenvolvimento 
motor estabelecida é utilizada para que desenvolvamos uma progressão de 
exercícios dentro do método pilates.
 Pensando nessa teoria citada acima, podemos dividi-la em 3 (três) fases: a 
cognitiva, a associativa e a automática. Na primeira fase precisamos compreender e 
planejar o movimento. Repetir e ver (estímulo visual) a realização do exercício a ser 
aprendido ocorre nesta etapa que dura, em média, de 3 a 6 semanas. Na segunda, 
com duração de 8 semanas a 4 meses, acontece a associação do movimento, a 
29Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
consciência, a coordenação e a lapidação na execução do mesmo. Por fim, na 
última fase, que acontece continuamente, a automatização dos movimentos, 
coordenados e com qualidade.
 Como exemplo dentro da técnica podemos citar que na primeira fase, 
aprendemos o padrão respiratório e a ativação da região do core, estabilizando 
centro conseguirmos habilidades em extremidades. Na fase associativa, 
fortalecemos o centro com desafios e os movimentos são mais coordenados. E, 
na fase automática, a realização completa dos exercícios é adquirida, sem exigir 
grande atenção.
 É interessante saber sobre este processo. Ele ajuda a guiar o profissional na 
tomada de decisões, tanto relacionados as atividades propostas, quanto o tempo 
(estimado) necessário que o aluno/paciente precisa para adquira tal habilidade, 
independente da existência de lesões encefálicas ou não.
30Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
AVALIAÇÃO GERAL
Neste capítulo abordaremos alguns aspectos gerais que devem ser observados 
na avaliação de indivíduos com patologias neurológicas. Testes, exames e escalas 
mais específicos relacionados a sintomas mais próprios de determinada patologia 
serão abordados nos respectivos capítulos.
Antes de darmos inicio a qualquer tipo atividade com nosso aluno / paciente, é 
necessário a realização de uma avaliação pelo profissional. Ela serve para nortear 
as possíveis condutas a serem adotadas com esse novo praticante. 
Devemos lembrar que esse paciente apresenta alguma sequela neurológica 
proveniente de alguns distúrbio, podendo ser por muitas vezes progressivo. Em 
cima da queixa principal desse aluno / paciente ou dos motivos que o levaram a 
procurar o pilates como atividade física é que devemos iniciar nossa observação.
A anamnese e o exame físico faz parte integrante do processo avaliativo. 
Por se tratar da aplicação método pilates a avaliação postural é extremamente 
importante e necessária, uma vez que esses indivíduos apresentam grande 
assimetria postural, em função de alterações neuromusculoesqueléticas. 
Devemos realizar a avaliação postural estática ou dinâmica. Na primeira 
observamos desvios posturais através de desequilíbrios musculares ou mesmo 
alterações no componente muscular (interessante investigar o porque essas 
alterações estão instaladas, se são resultados de lesões no SNC ou se são 
musculoesqueléticas. Na dinâmica solicitamos ao indivíduo que realize algum 
exercício e observamos padrões incorretos de movimento, que posteriormente 
facilitarão a tomada de decisão na hora de determinar os melhores exercícios a 
serem aplicados.
31Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
AVALIANDO O MOVIMENTO 
 No pilates não temos uma padrão de avaliação específico, mas além da 
avaliação postural, que deve ser realizada na vistas anterior, lateral e posterior, 
podemos analisar determinados movimentos para nos ajudam a identificar 
possíveis instabilidades e desequilíbrios. MASSEY sugere a aplicação de 9 (nove) 
exercícios, repetido 5 (cinco) vezes, sem que o avaliado receba informações sobre 
o método ou sobre a direção do movimento. 
 Os exercícios propostos para avaliação são: o agachamento (para estabilidade 
e controle dos membros inferiores); o avanço (observar instabilidade dinâmica 
dos membros inferiores e estabilidade de tronco no movimento combinado do 
quadril); equilíbrio em pé com uma perna (observar estabilidade do tronco à 
movimentação quadril); flexão de ombro (realizada em pé, observar estabilidade 
do ombro em relação ao tronco estável); flexão de braço (determinar a força e 
controle dos membros superiores e tronco); curl-up – abdominal com flexão parcial 
de tronco (observar a sequencia de movimento); desafio de quatro apoios (observar 
a capacidade do tronco de manter o alinhamento); Ponte (avaliar a estabilidade 
do centro em extensão); e a marcha (observando todos os pormenores da marcha 
como: movimento dinâmico, controle central, equilíbrio nas descargas de peso,...)
AVALIANDO A COORDENAÇÃO MOTORA
 Para pacientes neurológicos, é indispensável a avaliação da coordenação 
motora. Claramente já conseguimos observar se o paciente apresenta algum 
déficit nessa questão (ataxias) quando avaliamos a marcha, o equilíbrio e 
a movimentação voluntário. Mesmo assim, alguns testes de rápida e fácil 
aplicabilidade podem ser realizados.
32Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
 A manobra calcanhar-joelho para identificar falta de coordenação em 
membros inferiores. Em decúbito dorsal, solicitamos que o avaliado encoste o 
calcanhar de uma perna sobre o joelho da outra e deslize sequencialmente pela 
tíbia. Devemos realizar o teste de olhos abertos e fechados, identificando assim se 
a ataxia é cerebelar ou sensitiva.
 A manobra índex-índex é utilizada para identificar ataxias em membros 
superiores. Com membros superiores em abdução e os dedos indicadores 
estendidos, o avaliado deverá encostar os pontas dos indicadores, pode ser 
realizada com olhos abertos e/ou fechados.
AVALIANDO TÔNUS
 Para avaliarmos o tônus necessitamos realizar a movimentação passiva 
ao nível da articulação, em todos os membros. Ele pode ficar acima do normal 
(hipertônico) ou abaixo dele (hipotônico).
REFLEXOS DE ESTIRAMENTOS FÁSICOS
 Importante avaliar pois relacionam-se com a origem do movimento corporal. 
A hiperatividade das respostas quase sempre se traduz em sinal patológico. Testar 
o reflexo patelar e o aquileu, em membros inferiores e os reflexos cubitopronador, 
estilorradial, bicipital e tricipital em membros superiores.
33Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
REFLEXOS EXTEROCEPTIVOS – CUTANEOPLANTAR
 Para testar este reflexo o examinador passa algum objeto (como uma 
caneta) na borda lateral do pé, partindo do calcanhar e continuando o caminho pé. 
Como resposta normal os artelhos flexionam. O sinal de Babinski é uma resposta 
patológica em resposta a uma lesão neurológica e quando oteste é realizado 
ocorre extensão do hálux com abertura em leque dos demais artelhos.
AVALIAÇÃO DE SENSIBILIDADE
 Importante testar, pois o alterações neste quesito alteram as respostas 
motoras. A sensibilidade exteroceptiva relacionada a dor epicrítica e a sensibilidade 
táctil devem ser testadas. Assim como a sensibilidade proprioceptiva consciente 
também (cinestesia e artrestesia).
 Muitos das opções de avaliação descritas são simples e fáceis de serem 
aplicadas dentro do estúdio de pilates. Não são as únicas formas de avaliação 
existentes. Encontramos na literatura maneiras e ferramentas mais específicas que 
devem ser consultadas caso o profissional acredite existir a necessidade para tal.
34Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
ACIDENTE VASCULAR 
ENCEFÁLICO
Apesar de parte deste capítulo se intitular acidente vascular cerebral (AVC), 
abordaremos de forma mais ampla sua principal síndrome, a hemiplegia ou 
hemiparesia, uma vez que ela pode ser ocasionada por diversas outras doenças 
(tumores, traumas, esclerose múltipla).
 Tanto a hemiplegia, perda da mobilidade de um hemicorpo, quanto a 
hemiparesia, perda parcial dessa mobilidade, são sequelas cada vez mais comuns, 
graves e potencialmente incapacitantes. Os AVC’s acontecem de forma súbita e 
específica, e o grau de incapacidade gerados por eles se devem, principalmente, à 
extensão da área acometida.
DEFINIÇÃO
 Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 1992, o AVC é uma 
síndrome clínica caracterizada por sintomas/sinais neurológicos focais e de rápida 
evolução, com duração de mais de 24 horas ou que levem à morte sem outra causa 
aparente que não a vascular.
 Podemos dizer que esta definição já se faz um tanto antiga, uma vez que 
exames de imagens, tão fundamentais para auxiliar no diagnóstico correto, não 
eram realizados na época em que a definição foi elaborada.
35Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
EPIDEMIOLOGIA
 As doenças que afetam o sistema cardiovascular são a principal causa de 
morte no Brasil. O AVC é a origem mais simples de incapacidade neurológica e a 
primeira causa de morte dentre as doenças cardiovasculares. Tanto sua etiologia 
quanto os fatores de risco que causam esta patologia são, em sua maioria, já bem 
conhecidos. A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é o fator mais predominante, 
além do histórico familiar de doença cardíaca, diabetes mellitus, obesidade, 
sedentarismo, fumo e uso de pílula anticoncepcional.
 É sabido também que com o aumento da idade, após 65 anos, a incidência 
aumenta significativamente, mas mesmo assim, não pode ser considerado um 
processo natural de envelhecimento. Os AVCs isquêmicos são mais comuns do 
que os hemorrágicos, numa proporção de 70% no primeiro, para 20% no segundo, 
e 10% dos casos permanecem inespecíficos. 
FISIOPATOLOGIA / TIPOS DE AVC
 Para que o tecido nervoso permaneça vivo e em atividade ele necessita de 
vascularização ininterrupta, sendo totalmente dependente de oxigênio e glicose. 
Caso esse fluxo seja interrompido por mais de 3 minutos, as células nervosas 
começam a sofre apoptose e, muitas vezes, as alterações decorrentes dessa 
necrose celular se tornam irreversíveis. 
 Um AVC pode acontecer proveniente de dois processos: a isquemia ou a 
hemorragia. A isquemia é a causa mais comum. Ocorre uma obstrução em uma 
das artérias cerebrais ou em suas ramificações. Ela pode tanto ser ocasionada por 
placas ateroscleróticas que bloqueiam o fluxo sanguíneo causando a isquemia 
de determinada região ou por êmbolos secundários provenientes do coração ou 
36Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
de outros locais, e também causando esse processo. Menos comum, porém com 
sequelas geralmente muito mais graves e incapacitantes do que as ocasionadas 
por um acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi), é o acidente vascular cerebral 
causado por uma hemorragia (AVCh). A hipertensão, o aneurisma e malformação 
arteriovenosa podem causar este tipo de AVC.
 Independente da maneira como esse processo ocorra, as insuficiências 
focais provenientes dele dependerão do tamanho e da localização da lesão, além 
da quantidade de fluxo sanguíneo colateral. Grandes artérias cerebrais, a média, 
posterior e anterior, ou suas ramificações são mais acometidas pela obstrução. 
Na tabela abaixo estão relacionados os sintomas clínicos das lesões vasculares 
em função do vaso afetado e das possíveis estruturas envolvidas. 
37Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
Figura 5. Sintomas Clínicos de Lesões Vasculares
Fonte: Umphered, Darcy. Reabilitação Neurológica, 2002.
A HEMIPLEGIA E A HEMIPARESIA
 Podemos dizer que a hemiplegia ou hemiparesia é a sequela motora mais 
aparente e mais impactante pós-avc. No caso da hemiparesia aparecer em função 
do AVC temos um início súbito onde pode apresentar-se, no início, de forma flácida 
e, normalmente, evoluir para uma fase espástica. Caso não seja esta patologia a 
38Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
etiologia deste padrão, a evolução do quadro hemiplégico pode ser progressivo 
e variar bastante. Na fase flácida, os músculos acometidos ficam flácidos, 
hipotônicos. Uma hipo ou arreflexia é notada e os sinais de automatismo medular 
(conjunto de reações reflexas que aparecem na lesões graves de medula) estão 
ausentes. Na fase espástica, uma hipertonia muscular (espasticidade) é percebida 
nos músculos afetados, os reflexos estão presentes ou mesmo hiperativos e 
sinais de automatismo medular estão ativos como, clônus, sinal de Babinski e 
exacerbação de reflexos discretos.
 Quando um paciente hemiplégico vem a procura do método pilates, na 
maioria das vezes, ele já está na fase espástica da sequela. 
 Não raro é a associação de outros transtornos no lado acometido em 
comparação ao lado são, distúrbios tróficos na pele e sensitivos, artropatias 
dolorosas e edema são alguns deles. E também apresentarem outros sintomas em 
conjunto, como distúrbios sensoriais, sensitivos e cognitivos.
 Topograficamente podemos classificar as hemiplegias em completa ou 
incompleta, direta ou alterna. Completa quando a via piramidal é acometida 
superiormente a sua decussação, afetando um dimidio, e incompleta quando 
acomete um segmento. Pode ser direta quando as manifestações se dão do 
mesmo lado do corpo ou ser alterna quando a lesão piramidal se dá abaixo da 
cápsula interna, comprometendo partes em lados opostos. E ainda podemos 
dize-las proporcionais ou desproporcionais. A primeira é quando os déficit são 
equivalentes em todos os membros afetados e no segundo não, um membro é 
mais acometido que o outro.
 Essa classificação é importante, pois ajuda na possível localização da lesão, 
além de norteia um melhor jeito de traçar uma conduta a ser adotada. 
39Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
PADRÃO MUSCULAR COMUM
 Mesmo não sendo uma via de regra, pois sequelas que provem de patologias 
neurológicas nunca tem, podemos identificar alguns padrões que geralmente 
aparecem em alguns grupos de pacientes. Quando o hemiplégico evolui para 
a fase espástica, é observado um padrão flexor em membro superior e extensor 
em membro inferior acometido, isto devido a hipertonia predominante nos 
músculos antigravitacionais. A espasticidade é um fator de grande interferência 
no prognóstico. Ela pode mascarar atividade motora voluntária, juntamente com 
a força muscular, resultando muitas vezes em padrões anormais de movimento, 
principalmente com movimentos em bloco. 
O MEMBRO SUPERIOR
No membro superior uma rotação interna e adução é percebida com pronação 
de antebraço, e os punhose dedos estão flexionados e o polegar aparece aduzido. 
Quando solicitada a movimentação ativa desse membro ela acontece em bloco e 
o ombro mantem esse padrão de rotação interna e adução. 
A articulação escapuloumeral é a que mais sofre e apresenta alterações. Na 
fase flácida ela fica praticamente suspensa, somente com auxílio de ligamentos 
para mante-se posicionada. Tanto a gravidade quanto falhas no manuseio 
podem acarretar alterações significativas e irreversíveis que podem se manter 
até a fase espástica e perdurar durante toda a vida do paciente. O cuidado com 
está articulação é especialmente importante, pois precisamos estabiliza-la para 
conseguir movimentar as outras articulações mais distais a ela, além da mesma 
auxiliar no equilíbrio na hora da marcha e ser importante componente no que diz 
respeito a locomoção em cadeira de rodas e tranferências caso paciente necessite 
deste tipo de movimentação.
40Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
O MEMBRO INFERIOR
No membro inferior, a articulação coxofemoral aparece em rotação externa, 
joelho em extensão e o pé em equino. Principalmente na fase flácida, a falha na 
maneira correta de posicionar o membro mantem esse padrão, além da retração 
do tendão-de-aquiles que gera o padrão presente na articulação do tornozelo.
Quando o padrão de extensão é completo, a flexão dorsal ativa não acontece. 
Mas esse tipo de padrão é bem visto, uma vez que auxilia no processo de 
recuperação da marcha, mesmo que se mantenha uma postura anormal para este 
fim. Algumas compensações musculares e articulares acontecem em função do 
padrão patológico instalado. No caso da hiperextensão do joelho, é compensada 
por báscula da pelve em consequência de uma escoliose presente.
Os exercícios presente neste livro facilitarão o estímulo ao correto posicionamento 
das articulações envolvidas, tentando quebrar o padrão aparente e facilitando 
a movimentação normal das articulações. Mas não podemos pensar somente 
na questão motora de forma isolada. Esses paciente apresentam, muitas vezes, 
distúrbios de atenção e concentração, de linguagem, alterações de sensibilidade, 
e todos esse fatores irão influenciar diretamente no prognóstico do paciente, 
assim como na elaboração e seleção das atividades o mesmo.
AVALIAÇÃO
Antes de traçarmos uma conduta, é primordial a realização de uma avaliação. 
A avaliação ajuda a verificar os objetivos para aquele paciente e a nortear nossa 
rotina de atendimento / aula. Para este tipo de pessoa que busca o Pilates como 
forma de reabilitação ou manutenção da qualidade de vida, dentro de suas reais 
41Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
condições, devemos utilizar testes específicos para quantificar e qualificar nossa 
análise inicial. Quando fazemos um exame físico geral deste paciente, devemos 
olhá-lo como um todo, e não somente à hemiplegia.
Outro fator de extrema importância é que quando falamos em processo 
de recuperação funcional, não podemos esquecer que o mesmo depende da 
capacidade do paciente de compreender as instruções recebidas. Precisamos 
conseguir estabelecer uma forma eficiente de comunicação. Para isto, a linguagem 
– como capacidade de compreender, elaborar e / ou emitir recursos, mesmo que 
de maneira não tão apurada e completa, deve estar preservada.
AVALIAÇÃO POSTURAL
 A avaliação postural, como em todos os outros grupos de alunos e 
pacientes, deve ser realizada. Por definição, “postura é o modo como o indivíduo 
se apresenta no espaço e é determinada pelo equilíbrio dinâmico do sistema 
neuromusculoesquelético.” Uma boa postura se apresenta quando temos um 
melhor rendimento funcional com um menor gasto energético. Qualquer coisa 
diferente disto podemos considerar alteração postural.
 Existe hoje, inúmeros softwares e aplicativos que podem auxiliar neste tipo 
de avaliação. O SAPO é o programa mais conhecido, porém não acessível nos 
estúdios de pilates. A tecnologia dos aplicativos tem ajudado nessa questão. O 
PostureScreen e o Boa Postura são alguns desses aplicativos.
 Esta avaliação consiste em observamos e registrarmos alterações anatômicas 
que resultem em desvios posturais, e para isto inspecionamos o indivíduo nos 
planos anterior, posterior e lateral. Podemos utilizar como base o fio de prumo para 
posicionar o indivíduo e assim fazer as corretas observações. Tal avaliação deve ser 
feita para percebermos os desequilíbrios musculares e fazer com que consigamos 
42Karla Vergaças Seleme
PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
prescrever corretamente os exercícios a fim de favorecer o posicionamento 
correto das estruturas e consequente melhora funcional evitando acentuação dos 
desequilíbrios aparentes. 
AVALIAÇÃO ESPECÍFICA
 Pensando na questão do sistema neuromusculoesquelético, precisamos 
verificar alguns pontos importantes. Devemos avaliar o desempenho motor; a 
amplitude articular, tanto a ativa, a ativa assistida, quanto a passiva; a força; o 
tônus muscular; o equilíbrio, estático e dinâmico; a coordenação; e a marcha.
 A funcionalidade também deve ser avaliada. Algumas escalas existem para 
facilitar este processo, como o Índice de Barthel e a Escala de Avaliação motora 
que são de fácil e rápida aplicabilidade. Para o desempenho motor podemos 
utilizar o teste Fugl-Meyer, porém o tempo de duração da aplicação do teste é 
relativamente alto e se torna um empecilho para a sua realização dentro do 
estúdio, mesmo sendo um teste com boa validade. 
Para o equilíbrio a Avaliação de equilíbrio de Berg (Berg Functional Balance 
Scale) pode ser utilizada, respeitando as alterações para pacientes com AVC. E 
para marcha temos o Timed Up & Go Test, também de fácil empregabilidade. 
 Toda avaliação se faz importante, como enfatizada a todo momento. Ela 
fornecerá informações para percebermos quais os movimentos e funções do 
paciente são possíveis de serem realizados ou não, e como os padrões anormais 
de movimentos vão interferir na capacidade ou no desempenho funcional. Em 
suma, com ela, podemos identificar os problemas, desenvolver estratégias para 
tentar sanar estes problemas e acompanhar o progresso ou regresso dos mesmos.
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PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
CONDUTA GERAL / MEDICAMENTOSA
 O tratamento medicamentoso para o AVC irá depender da etiologia 
do processo e de quais são os problemas associados que necessitem de uma 
intervenção mais específica e contínua farmacológica.
 Se isquêmico, ocasionado por um trombo ou êmbolo, a terapia anticoagulante 
geralmente é a mais indicada. Se for por hemorragia, de maneira profilática, a uso 
de drogas anti-hipertensivas são mais utilizadas. Independente de qual maneira 
aconteça, a conduta médica é sempre preventiva. 
 Para alguns problemas associados, os pacientes fazem uso de medicação 
contínua. No caso da espasticidade, temos drogas que atuam no sistema nervoso 
central e as que atuam na periferia. A desvantagem das drogas que atuam no SNC, 
como o diazepam, é que elas deprimem todo o sistema, causando sonolência 
e ansiedade, que pode interferir nas sessões de pilates. As drogas que atuam 
perifericamente apresentam um efeito temporário, mas conseguem diminuir 
os efeitos da espasticidade na musculatura acometida e, consequentemente, 
melhorar a funcionalidade ou posicionamento da estrutura. 
CONDUTA BASEADA NO MÉTODO PILATES 
 Quando recebemos um paciente com disfunções motoras tão aparentes 
como a hemiplegia ou a hemiparesia, acabamos dando mais importância a este 
padrão patológico do que ao que o paciente realiza de maneira correta ou apresenta 
de qualidade motora. Focar no paciente como um todo é de vital importância para 
que ele melhorefuncionalmente e seja cada vez menos dependente nas atividade 
de vida diárias. É exatamente o que o conceito pilates se propõem, trabalhar o 
indivíduo como um todo.
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PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS
 Antes que qualquer movimento ocorra precisamos dar ao paciente 
estabilidade central. Para que os movimentos de membros superiores e inferiores 
aconteçam com qualidade e eficiência, minimizando o risco de possíveis lesões, 
devemos ensinar ao nosso paciente o princípio da centralização. Como já vimos, 
a hemiparesia acomete um dimidio, e isto inclui não só os membros e a face, 
mas também o tronco do indivíduo. Este muitas vezes esquecido durante os 
tratamentos. Com a perda da musculatura estabilizadora aumentamos a sobrecarga 
em outras estruturas e consequentemente aumentamos o gasto energético para 
realizar uma tarefa ou exercício podendo acarretar dor e fadiga. O tronco também 
tem fator primordial na mecânica respiratória. A paralisia de um lado do tórax 
causa a insuficiência respiratória levando a fadiga. A fadiga é o maior problema 
que acomete os pacientes hemiplégicos. A diminuição da capacidade respiratória 
associada ao aumento da demanda de oxigênio resultante dos padrões anormais 
de movimento atípicos causam esta condição de cansaço.
A fraqueza muscular ou paralisia resultante da hemiparesia nos músculos 
abdominais, eretores da espinha e do trapézio médio e inferior influenciam 
negativamente na capacidade respiratória, que depende de uma postura e de 
um bom equilíbrio muscular para ser ideal. Esses músculos debilitados dificultam 
a retificação da coluna superior incapacitando a mecânica do tórax de levantar 
e expandir para que a capacidade pulmonar seja maximizada. A respiração no 
pilates acontece de forma tridimensional ou costo lateral, procurando utilizar toda 
a capacidade que os pulmões tem para captar oxigênio. Exige atenção e consciência 
para sua realização, mesmo sendo o mais natural possível. Para estes pacientes 
devemos enfatizar ainda mais as inspirações longas e profundas para expansão 
da caixa torácica e lembrar que na expiração não devemos forçar o esvaziamento 
dos pulmões para que os músculos oblíquos não sejam ativados excessivamente, 
fazendo com que acarretem alterações na estabilidade da coluna.
 Sabemos, depois de realizar a avaliação, que algumas coisas o paciente 
consegue fazer e apresenta capacidade muscular para ativar determinados músculos 
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e o que não. Importante salientar, que mesmo depois de muito tempo de lesão, vale 
acreditar na plasticidade neural e vale a estimulação de todas a musculatura a fim de 
melhorar toda capacidade neuromusculoesquelética deste indivíduo. Autores citam a 
plasticidade como uma propriedade intrínseca do SNC e que acontece durante toda a 
vida, e não somente 3 ou 6 meses após algum tipo de lesão. Além disso nosso sistema 
modifica-se continuamente em função de estímulos sensoriais e da atividade motora.
 Outro ponto importante é o direcionamento de atividade bimanuais. 
Alguns conceitos de reabilitação após o AVC dão ênfase somente a reabilitação 
do lado comprometido. Como já visto, o conceito pilates trabalha o paciente 
globalmente, Alguns estudos citam, que se movimentos bimanuais forem 
realizados simultaneamente, sugere-se uma interação coordenada do SNC, pois 
ambos atuando agem como uma unidade que supera a ação de um único membro.
 Quando inserimos o Pilates no programa de tratamento de um paciente, não 
devemos pensar como acontece com alguns protocolos de reabilitação que tem 
receio em fortalecer musculaturas espásticas pelo aumento de padrões anormais 
de movimentos, pois isto não acontece. Tanto o fortalecimento muscular quanto 
e/ou o condicionamento físico, ambos também proporcionados pelo conceito em 
questão, são capazes de beneficiar os pacientes acometidos com ganhos funcionais, 
sem que para isso ocorra alguma alteração no tônus. E ainda, quando comparada a 
outras formas de fortalecimento muscular, a utilização de treinamento combinando 
movimentos concêntricos e excêntricos apresentam resultados com maiores ganhos 
na força muscular e na performance funcional do membro inferior.
 Quando pensamos no paciente hemiparético, existem várias abordagens 
distintas que podem ser aplicadas. Facilitar os padrões normais de movimento e 
inibir padrões espásticos e estereotipados, como a teoria neuroevolutiva descreve 
é uma boa intervenção. O Pilates surge para complementar esta abordagem e 
incrementar as terapias/aulas conforme o terapeuta acredite que seja melhor para 
o paciente/aluno em questão.
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DOENÇA DE PARKINSON 
A Doença de Parkinson (DP) é uma patologia crônica, de caráter progressivo, 
lento e degenerativo do sistema extrapiramidal, e caracterizada por produzir, 
principalmente, mas não exclusivamente, um conjunto de distúrbios motores. É 
uma das doenças neurodegenerativas mais prevalentes do SNC. 
Vale destacar que para as manifestações clínicas geradas pela DP damos o nome 
de parkinsonismo ou síndrome parkinsoniana, e que algumas outras patologias 
podem apresentar o parkinsonismo como característica. 
PATOLOGIA / FISIOLOGIA
Como processo patológico, acontece no SNC, ou mais especificamente, na região 
dos núcleos da base (substância negra e corpo estriado) ocorre uma degeneração 
celular em função da redução da concentração de dopamina na sinapse. 
A dopamina é um importante neurotransmissor, de papel singular no controle 
dos movimentos e quando não funcionam adequadamente, afetam a dinâmica 
no circuito dos núcleos da base, acarretando os principais sinais e sintomas desta 
patologia. Este processo ocorre de maneira progressiva e irreversível. 
Não só de sintomas motores é descrita esta patologia. Os distúrbios mentais 
e autonômicos, por exemplo, são ocasionados por deficiência dopaminérgica, 
porém, não nos núcleos da base.
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ETIOLOGIA / EPIDEMIOLOGIA
A DP não apresenta uma causa definida, mas acredita-se que alguns fatores 
podem pré-dispor esta patologia, entre eles: neurotoxinas ambientais (uso de 
heroína), fatores genéticos e idade avançada.
Estatisticamente a prevalência desde doença aumenta com a idade, em 74% 
dos casos aparecem na faixa acima de 70 anos de idade. Isto não impede o 
aparecimento precoce dos sintomas até mesmo antes dos 21 anos. Estima-se que 
0,1% da população geral seja acometida pela doença. 
O sexo masculino acaba sendo o mais acometido, numa proporção pequena se 
comparado ao feminino. Outros fatores como classe social e diferenças geográficas 
parece não ter influência significativa na incidência desta patologia.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Como manifestações básicas do DP, o parkinsonismo apresenta 4 distúrbios 
de movimento mais característicos: acinesia ou bradicinesia, rigidez, tremor de 
repouso e instabilidade postural. Estas são as principais, porém não os unicos 
sinais e sintomas. Com a progressao da doença outros fatores aparecem, tanto 
pela própria progressão fisiológica da doença quanto decorrentes dos sintomas 
físicos e de fatores psicossociais de cada pessoa acometida.
 
ACINESIA E BRADICINESIA
Acinesia e bradicinesia são, respectivamente, a ausência e diminuição dos 
movimentos, e são manifestações bem características desta patologia. Afeta os 
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movimentos voluntários e os automáticos, tanto na iniciação quanto na execução 
dos mesmos. 
A predisposição em adotar e manter posturas fixas provem deste sintoma. Este 
fenômeno acontece em todotipo de movimentação e em todos os aspectos, 
desde a redução na expressão facial e na marcha em bloco, que acontece sem a 
movimentação dos braços, até em alterações na direção do movimento e em parar 
esta atividade. Os movimentos mais complexos sofrem mais com essas alterações 
do que os movimentos simples.
A acinesia pode ser subita (freezing), não tão comum no inicio dos sintomas, mas 
especialmente incapacitante numa fase mais avancada da DP e interfere muito na 
aplicabilidade de qualquer terapia ou atividade física. O indivíduo nao consegue 
iniciar o movimento ou acontece uma perda abrupta da capacidade de sustentar 
um movimento mais específico. Geralmente ocorre durante a marcha, mediante 
um obstáculo físico ou visual ou por uma tensão emocional.
 
RIGIDEZ MUSCULAR
A rigidez muscular presente nesses indivíduos e do tipo plástica. A resistência a 
movimentação em uma articulação é regular aumentada em toda a amplitude de 
movimento. Essa resistência pode ser suave (“cano de chumbo”) ou intermitente 
(“roda denteada”). Esse processo faz com que o indivíduo tenha um gasto energético 
maior para realizar os movimentos, percebendo um aumento no esforço o que 
pode acarretar em sensação de fadiga.
Acomete principalmente a musculatura flexora, surgindo alterações de tronco e 
membros (postura simiesca) que, geralmente, são assimétricas e unilateral.
 
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TREMOR DE REPOUSO
O tremor acontece por contrações alternadas de grupos musculares opostos, 
acometendo mais extremidade em membro superiores do que inferiores. 
Também apresenta carater assimétrico ou unilateral. A movimentação voluntária 
diminui este padrão, enquanto a marcha, fatores emocionais e esforço cognitivo 
exacerbam este sintoma. Mesmo sendo esteticamente incapacitante, este sintoma 
dificilmente interfere nas AVD’s.
INSTABILIDADE POSTURAL
Esta manifestação clínica acontece em função da perda dos reflexos de 
readaptação postural, fazendo com que o tronco, que fica levemente caído 
a frente do corpo, não consiga reajustar o movimento, para voltar a posição 
anatômica e ereta, facilitando episódios de queda. As quedas são um problema 
sério no parkinsonismo e a terapia medicamentosa, geralmente, não é eficiente 
para diminuir a ocorrência deste problema. 
Não se sabe ao certo o que causa esta instabilidade postural, porém, entre as 
hipóteses existentes para explicá-la está a inefetividade do processamento sensorial 
ou também a falta de reações antecipatórias para controle postural, com defeitos na 
seleção das estratégias produzindo respostas inadequadas e mal-adaptadas.
A MARCHA
 O padrão da marcha adotado pelo parkinsoniano é bem característico e 
vale a descrição em um tópico a parte. Os passos são curtos, de baixa velocidade 
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e ocorre um aumento da cadência. Conforme a doença progride, os passos se 
tornam mais curtos e mais rápidos, a este padrão de deambulação damos o nome 
de festinação que pode ser para frente (propulsão) ou para trás (retropulsão), 
tentando sempre encontrar o centro de gravidade.
 Tanto a marcha quanto a instabilidade postural são principal fator causador 
de incapacidade em casa e no trabalho desses indivíduos.
Além dessas principais alterações motoras citadas, existem outras que também 
são de suma importância durante a elaboração de um programa de aula / terapia, 
uma vez que interferem diretamente no andamento do programa, são elas: as 
manifestações cognitivas, psiquiátriacas e autonômicas. A primeira, quando 
presente na fase inicial, é discreta, mas com a progressão da doença pode até 
evoluir para uma grave demencia. A depressão esta presente em quase metade 
dos portadores desta patologia. Por este motivo deve-se ter cautela com os 
exercícios propostos, pois o risco de queda de nivel desses indivíduos é grande 
pelas manifestações motoras e pode agravar ainda mais o grau de depressão 
e descontentamento. E a última esta relacionada com obstipação intestinal e 
hipotensão postural.
Ainda aparecem sintomas relacionados a percepção e atenção, apresentando uma 
dificuldade em dividir esta atenção e ativar a “memória em atividade”. Estas deficiência 
interferem, e muito, nas estratégias de tratamento, em função da dificuldade em 
prender a atenção quando necessário, em selecionar respostas motoras corretas 
oriundas de um estímulo sensorial ou ainda, como já dito, dificuldade em dividir a 
atenção. Déficits de aprendizagem são comuns nesses indivíduos, sendo necessário 
uma prática maior na realização de uma atividade aprendida.
Observação: A broncopneumonia é uma das complicações mais sérias relacionais 
a DP e é a maior causa morte da mesma. Tal patologia provem da diminuição da 
atividade geral concomitante à falta de expansibilidade torácica.
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DIAGNÓSTICO
 O Diagnóstico é basicamente clínico realizado através de exames físicos e 
histórico médico. Para caracterizar esta patologia é necessário que pelo menos 
duas, das quatro principais manifestações motoras se façam presentes.
CONDUTA GERAL / MEDICAMENTOSA
 Como não se sabe a etiologia da DP, fica difícil fazer algo preventivo ou que 
combata a patologia. Sempre voltamos na premissa de tratar o indivíduo como 
único, pois mesmo a doença apresentando padrões e sintomas bem determinados, 
o acometimento e as desordens decorrentes dos principais sintomas são 
específicos de cada portador, e se manifestam e acometem lugares diferentes, 
com intensidades diferentes.
Dentro de um processo de reabilitação ou mesmo de atividade física qualquer, 
para este tipo de população, uma equipe multidisciplinar se faz necessária.
A principal terapia medicamentosa é realizada com a utilização da L-dopa, que é 
um precursor da dopamina no SNC. Apesar de não restaurar os neurônios perdidos, 
este medicamente ajuda aumentando a função dopaminérgica, amenizando os 
sintomas, mas nunca freando a evolução da DP. O principal problema é o tempo 
de utilização da droga associado aos efeitos colaterais decorrentes da mesma. 
Quanto maior a dose, mais intenso pode ser o feito colateral e independe de à 
quanto tempo o paciente / aluno usufrui do medicamento. 
Importante saber sobre, pois o uso do medicamento influencia o desempenho 
motor. O paciente / aluno estará num período “on” ou “off” da interação 
medicamentosa, no primeiro com efeito máximo da droga e, no segundo com 
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efeito mínimo sendo que no período “on” é onde eles estão mais preparados para 
realização de exercícios físicos.
A conduta cirúrgica pode ser adotada quando o indivíduo não responde a 
medicação e/ou já se encontra em um estágio avançado da doença. 
AVALIAÇÃO
 Quando pensamos em nosso paciente / aluno portador do DP, precisamos 
avalia-lo perante sua deficiência e seu desempenho funcional. 
 A avaliação postural, assim como testes de força, comprimento muscular, 
tônus e, principalmente, a marcha (padrões e tempo de execução) e equilíbrio 
dinâmico (teste de alcance funcional), devem ser realizados sempre que necessários. 
Outro recurso de rápida e fácil utilização nos dias de hoje, é a filmagem do aluno / 
paciente realizando algum exercício ou durante a marcha, podendo utilizar como 
parâmetro para comparação na avaliação inicial e após algum tempo da realização 
das aulas de pilates. 
 Podemos utilizar as escalas para avaliar tanto os sintomas quanto alguma 
outra condição que o indivíduo apresente. A Escala de Contagem unificada da 
Doença de Parkinson (UPDRS) auxilia monitorando a progressão da doença e da 
eficácia

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