Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2 CAPÍTULO Inglês, uma língua global O inglês é hoje o idioma mais usado para a comunicação internacional. Saber uma língua global pode ser bastante vantajoso: ao viajar para o exterior, por exemplo, é possível perceber que o uso do inglês é comum em companhias aéreas, hotéis, restau- rantes, museus etc. Além disso, o inglês pode ajudar as pessoas a se comunicar não somente em viagens, mas também em estágios profissionais, eventos acadêmicos e em muitas outras situações com as quais você provavelmente vai se deparar no futuro, independentemente da carreira que escolher seguir. É essencial discutir o papel que o inglês exerce hoje como língua global e o impacto que ele pode ter em nossas vidas. FRENTE ÚNICA M ik ha il St ar od ub ov /S hu tte rs to ck .c om PV_2021_L1_ING_FU_CAP2_LA.INDD / 18-09-2020 (13:05) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL LÍNGUA INGLESA Capítulo 2 Inglês, uma língua global 18 Os impactos de uma língua global As línguas se espalham e se reinventam ao serem usa- das. Diversas fontes estimam que o número de falantes não nativos do inglês já ultrapassou o de falantes nativos. Além disso, hoje em dia, ao viajar, em muitos casos, é indiferente se o país para o qual você vai tenha o inglês como língua oficial ou não; você pode ir para a China ou Bulgária, mas, se domina o inglês, provavelmente não passará apuros em seu passeio, pois encontrará nesses lugares pessoas que sabem se comunicar usando o idioma também. Levando isso em consideração, reflita sobre as seguin- tes questões: quais seriam as consequências do uso do inglês como segunda língua por pessoas de culturas tão diversas? Afinal, é mesmo necessário que um idioma tenha o status de língua global? Reproduzimos a seguir o trecho de um livro do profes- sor e pesquisador David Crystal, que discorre a respeito de como problemas de comunicação foram resolvidos ao longo da história. Translation has played a central (though often unrecognized) role in human interaction for thousands of years. When monarchs or ambassadors met on the international stage, there would invariably be interpreters present. But there are limits to what can be done in this way. [...] In communities where only two or three languages are in contact, bilingualism (or trilingualism) is a possible solution, for most young children can acquire more than one language with unselfconscious ease. But in communities where there are many languages in contact, [...] such a natural solution does not readily apply. The problem has traditionally been solved by finding a language to act as a lingua franca, or “common language”. Sometimes, when communities begin to trade with each other, they communicate by adopting a simplified language, known as pidgin, which combines elements of their different languages. [...] But most often, a language is accepted from outside the community, such as English or French, because of the political, economic, or religious influence of a foreign power. […] B oi ko Il ia /12 3r f.c om lingua franca: termo de origem italiana para designar uma língua ado- tada como comum entre falantes cujos idiomas nativos são diferentes. pidgin: língua comum formada espontaneamente pela mistura de duas ou mais línguas e que serve para a comunicação (principalmente na área comercial) entre populações que falam idiomas diferentes. Acredita-se que o vocábulo seja derivado da pronúncia chinesa para business. The need for a global language is particularly appreciated by the international academic and business communities, and it is here that the adoption of a single lingua franca is most in evidence [...]. CRYSTAL, David. English as a global language. 2 ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2012. p. 11-3. O que nos chama a atenção no texto apresentado é a relevância das relações comerciais para o surgimento de línguas simplificadas, que possibilitam a comunicação eficaz no contexto de troca de mercadorias. Em alguns ca- sos da história, a necessidade de comunicação tem como consequência o nascimento dessas línguas (pidgins), as quais se formam pela combinação de diferentes idiomas em contato. Outro exemplo de língua que surge como resposta à dificuldade de comunicação é o esperanto. Diferente dos pidgins, o esperanto é uma língua que foi inventada com o intuito de facilitar a comunicação universal. Por meio de um planejamento linguístico com foco em estruturas fono- lógicas e gramaticais simples, o idioma foi criado com o intuito de ser uma “língua perfeita”, facilmente aprendida por falantes de qualquer idioma. O texto de Crystal também aponta que, em outros casos da história, línguas como o francês e o inglês são adotadas devido à influência política, econômica ou reli- giosa de potências estrangeiras, como a França, o Reino Unido e os Estados Unidos. Nesse sentido, o contato entre idiomas está ligado às relações de poder entre seus falan- tes. Qual seria então o impacto do uso global do inglês do ponto de vista do falante nativo e do não nativo? A seguir, reproduzimos outro trecho do texto de David Crystal, em que ele comenta essa questão sob esses dois pontos de vista. If English is your mother tongue, you may have mixed feelings about the way English is spreading around the world. You may feel pride, that your language is the one which has been so successful; but your pride may be tinged with concern, when you realize that people in other countries may not want to use the language in the same way that you do, and are changing it to suit themselves. We are all sensitive to the way other people use (it is often said, abuse) “our” language. Deeply held feelings of ownership begin to be questioned. Indeed, if there is one predictable consequence of a language becoming a global language, it is that nobody owns it any more. [...] And if English is not your mother tongue, you may still have mixed feelings about it. You may be strongly motivated to learn it, because you know it will put you in touch with more people than any other language; but at the same time you know it will take a great deal of effort to master it, and you may begrudge that effort. Having made progress, you will feel pride in your achievement, and savour the communicative power you have at your disposal, but may none the less feel that mother-tongue speakers of English have an unfair advantage over you. And if you live in a country where the survival of your language is threatened by the success of English, you may feel envious, resentful, or angry. [...] These feelings are natural, and would arise whichever language emerged as a global language. [...] CRYSTAL, David. English as a global language. 2 ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2012. p. 2-3. PV_2021_L1_ING_FU_CAP2_LA.INDD / 18-09-2020 (13:05) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL PV_2021_L1_ING_FU_CAP2_LA.INDD / 18-09-2020 (13:05) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL FR EN TE Ú N IC A 19 Segundo Crystal, de um lado da questão temos o ponto de vista do falante nativo: em um primeiro momento, ele tem orgulho da expansão de sua língua pelo mundo, mas, posteriormente, pode se sentir incomodado com os ajustes que os outros falantes fazem em seu idioma para que o inglês atenda suas necessidades. Uma consequência impor- tante do uso global de uma língua é, portanto, o fato de que o idioma que “pertencia” a determinado grupo agora não é “propriedade” de ninguém. The English language is nobody’s special property. It is the property of the imagination: it is the property of the language itself. WALCOTT, Derek Alton. “The art of poetry”. In: HAMNER, Robert D. (Ed.). Critical perspectives on Derek Walcott. Colorado: Lynne Rienner, 1997. p. 73. Entrevista concedida a Edward Hirsch. Do outro lado da questão, temos a nossa perspectiva de falantes não nativos. Embora o inglês possibilite o contato com pessoas de outros países, quando conversamos com um falante nativo, sentimos que há uma diferença. Afinal,estudamos tanto para entender o inglês, enquanto eles aprenderam a língua naturalmente. Já em alguns países bilín- gues ou multilíngues, o inglês é visto por alguns grupos minoritários como ameaça, em razão do domínio econômico e cultural que ele pode representar. Da mesma forma, essa percepção também pode ocorrer com outros idiomas, além do inglês. A discussão de David Crystal nos faz refletir, portanto, sobre os aspectos de uma língua global dos pontos de vista político, econômico e social. Uma visão controversa sobre o contato de falantes de línguas diferentes é explorada na tirinha seguinte. Observe: © 2020 King Features Syndicate/Ipress Observe que o vocabulário é parte essencial da compreensão de tirinhas, pois, muitas vezes, ao entender apenas algumas poucas palavras dela, já é possível interpretar toda a história. Portanto, aumentar o vocabulário na língua é sempre importante. Além disso, quando lemos uma tirinha, já devemos ter em mente que haverá o efeito de humor no final, o que, se for eficaz, trará a certeza de que a compreendemos. Atenção Hagar pergunta ao colega se este sabe francês, o que leva o leitor a supor que entender francês é necessário naquele contexto. Em seguida, Hagar afirma que não saber francês não importa, porque ele conseguia entender a mensagem do outro grupo com base no que estava vendo, ou seja, a linguagem de sinais, corporal, dos franceses: eles eram inimigos e provavelmente queriam que Hagar e seu amigo pulassem do penhasco. Por meio da ironia, a tirinha ilustra que saber uma segunda língua auxilia, de fato, na comunicação. Neste caso, porém, parecia indiferente. Em outras palavras, a tirinha mostra que, por um lado, aprender uma segunda língua facilita a compreen- são entre povos no que diz respeito ao significado. Por outro, ela não necessariamente ajuda na resolução de conflitos. No entanto, muitos escritores exploraram o contrário: que as línguas têm o potencial de controlar maneiras de pensar e agir. Um caso famoso da literatura britânica é o idioma fictício newspeak, criado pelo escritor George Orwell em seu famoso romance 1984 (concluído em 1948, mas que apresenta no título inversão dos dois algarismos finais). O livro descreve uma sociedade distópica de governo totalitário e apresenta tal idioma como um planejamento do Estado para que a estrutura da língua censurasse ideais contrários aos do regime ditatorial. A esse conceito podemos associar a política linguística: conjunto de ações governamentais relacionado às decisões (regras, regulamentações, guias e diretrizes) referentes ao status, ao uso, ao domínio e aos territórios da língua e aos direi- tos dos falantes da língua em questão. É preciso ter muito cuidado ao lidar com a política linguística, pois ela geralmente está carregada de poderosos simbolismos relacionados à identidade de um povo. PV_2021_L1_ING_FU_CAP2_LA.INDD / 18-09-2020 (13:05) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL PV_2021_L1_ING_FU_CAP2_LA.INDD / 18-09-2020 (13:05) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL LÍNGUA INGLESA Capítulo 2 Inglês, uma língua global 20 Em História, veja mais sobre o período entreguerras e os Estados totalitários. Você perceberá que, durante muitos desses anos, às vésperas da Segunda Guerra Mundial, o totalitarismo era a forma padrão de governo dos países europeus. Estabelecendo relações Entendendo a língua Ao abordar visões diferentes sobre o uso global do inglês, David Crystal expôs várias ideias, buscando orga- nizá-las de modo que seu texto fizesse sentido. O autor explorou ideias opostas, ilustrou seu texto com exemplos e adicionou a ele informações extras sempre que julgou necessário. A organização de ideias é um ponto central para a compreensão de textos, que se dá, sobretudo, por meio de palavras como conjunções, preposições e advér- bios com função de conectores. bl oo m ua /12 3r f.c om Observe as palavras em destaque no trecho a seguir: Sometimes, when communities begin to trade with each other, they communicate by adopting a simplified language, known as pidgin, which combines elements of their different languages. [...] But most often, a language is accepted from outside the community, such as English or French, because of the political, economic, or religious influence of a foreign power. CRYSTAL, David. English as a global language. 2 ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2012. p. 11. Os conectores em destaque organizam as ideias do trecho indicando relações de diferentes tipos: when indi- ca tempo; as, descrição; but, contraste; such as introduz exemplo, e because of indica causa. O uso desses co- nectores envolve também alguns aspectos relacionados aos tipos de estrutura gramatical com que se combinam. A seguir, você encontrará os conectores mais comuns da língua inglesa. Contraste English is one of the official languages of South Africa. However / Nevertheless / Nonetheless / Despite this, it is not the only one. Although / Though / Even though English is one of the official languages of South Africa, it is not the only one. On the one hand, a global language facilitates communication. On the other hand, it can threaten languages considered less important in multilingual countries. Despite / In spite of being Canadian, he is not bilingual. Why don’t you read a British novel rather than / instead of an American one? Adição Learning English is highly recommended for your professional plans. Furthermore / Moreover / In addition / Also, it is a widespread language in the academic world. The United States has some of the top-rated universities in the world, as well as Canada and the UK. Causa e consequência Because / As / Since / For I want to move to Paris, I am studying French. Because of / Due to / Owing to my love of Paris, I am studying French. The UK colonized many countries around the world. Consequently / Hence / As a result, English is widely spoken in all continents. The UK colonized many countries around the world. En- glish is thus / therefore widely spoken in all continents. Finalidade My friend moved to New Zealand so that he could improve his English. My friend moved to New Zealand in order to / so as to improve his English. Tempo He’s lived here since he was young. When you go abroad, try to pick up the local language. As soon as / The moment you get home, give me a call. While I am speaking, please take notes. Please take notes as I speak. Before / After / During the game, there was a riot. Comparação Unlike the British weather, American weather can be really extreme. Ireland is rainy, just like Great Britain. English is an international language nowadays. Similarly / In the same way, Latin was an international language in the past. Latin was used at universities as English is used today. Exemplificação I have lived in English-speaking countries, such as Australia and New Zealand. Some English-speaking countries in the Caribbean are very nice, for example / for instance, Jamaica and Belize. I love African authors, particularly / especially / namely J. M. Coetzee. Conformidade As I was saying, global languages are necessary. According to David Crystal, those are common problems. PV_2021_L1_ING_FU_CAP2_LA.INDD / 18-09-2020 (13:05) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL PV_2021_L1_ING_FU_CAP2_LA.INDD / 18-09-2020 (13:05) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL 2 Inglês, uma língua global
Compartilhar