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HISTÓRIA Capítulo 10 A redemocratização (1945-1964)28 O povo gaúcho tem imorredouras tradições de amor à Pátria comum e de defesa dos direitos humanos. E seu governo, instituído pelo voto popular confiem os rio-grandenses e os nossos irmãos de todo Brasil – não desmentirá estas tradições e saberá cumprir o seu dever Leonel Brizola. Governador do Estado. J. Felizardo. A legalidade: o último levante gaúcho. Porto Alegre: Ed da Universidade/ UFRGS, 1988 p 20. Considere as seguintes armações acerca do docu- mento e do contexto histórico em que ele foi produzido. I. O documento refere-se aos eventos relacionados com o Golpe de 1964, que impôs o regime militar. II. O documento refere-se a eventos relacionados com a renúncia de Jânio Quadros. III. A Campanha da Legalidade visava garantir a per- manência de Jânio Quadros na presidência do Brasil. IV. A volta do Vice-Presidente ao país ocorreu ime- diatamente após a renúncia de Jânio Quadros. V. A posição manifestada no documento mostra o con- teúdo constitucionalista do movimento liderado pelo governador Brizola. VI. A Campanha da Legalidade, em 1961, impediu a consumação do golpe contra João Goulart. Quais estão corretas? A Apenas II, IV e VI. B Apenas II, V e VI. C Apenas I, III, IV e V. D Apenas I, IV, V e VI. E Apenas II, III, V e VI. 17 PUC-SP O suicídio de Vargas não interrompeu um possível golpe udenista, tanto que Café Filho assumiu a Presidência da República e governou com um ministério conservador A grande derrota da direita, aí sim, foi em outubro de 1955, quando Juscelino Kubitschek venceu as eleições presidenciais em aliança com João Goulart. A crise de 1961 acabou fortalecendo a democracia como valor fun damental da República. Marco Antonio Vila. Jango. Um perfil (1945 1964). São Paulo: Globo, 2004 p 240 A frase: A “O suicídio de Vargas não interrompeu um possível golpe udenista” indica que o autor acredita que o suicídio do Presidente, em agosto de 1954, não im- pediu a ascensão política da direita. B “A grande derrota da direita, aí sim, foi em outubro de 1955” indica que o autor acredita que a vitória eleitoral de Juscelino Kubitschek tenha sido um histórico triunfo político dos comunistas brasileiros. C “A crise de 1961 acabou fortalecendo a democra cia como valor fundamental da República” indica que o autor acredita que, após a renúncia de Jânio Quadros, o Brasil se tornou definitivamente uma democracia. D “Café Filho assumiu a Presidência da República e governou com um ministério conservador” indica que o autor acredita que a direita conseguiu impor seu projeto de governo de 1954 em diante. E “Juscelino Kubitschek venceu as eleições presi- denciais em aliança com João Goulart” indica que o autor acredita que não havia, em 1955, qualquer risco para a continuidade da hegemonia política do varguismo. 18 Fatec Considere o texto A posse de João Goulart na presidência significava a volta do esquema populista, em um contexto de mobiliza- ções e pressões sociais muito maiores do que no período Vargas. Os ideólogos do governo e os dirigentes sindicais trataram de fortalecer o esquema. [...] O Estado seria o eixo articulador dessa aliança, cuja ideologia básica era o nacionalismo e as reformas sociopolíticas denominadas de reformas de base Boris Fausto. História do Brasil. São Paulo: Edusp/FDE, 1996. p. 447. As reformas de base a que o texto se refere tinham como objetivo, entre outros, A garantir o acesso de trabalhadores do campo à propriedade, atendendo a parte das reivindicações de sindicatos rurais. B realizar uma ampla reforma tributária, ampliando as taxas de juros dos bancos privados nacionais e in ternacionais. C vender aos trustes e cartéis internacionais algumas empresas nacionais como forma de obter receita para o Estado brasileiro. D conceder aos fazendeiros os títulos de proprie- dade de terras que estavam ocupadas há muito tempo pelos posseiros E mudar a legislação eleitoral com o objetivo de res- tringir a candidatura dos analfabetos aos cargos do Poder Executivo. 11 CAPÍTULO O regime militar (1964-1985) Este capítulo abordará os vinte e um anos nos quais o Brasil viveu sob uma ditadura militar Esse processo, no qual os militares ocuparam o poder, pautou-se sempre pela supressão das liberdades civis, pela perseguição aos opositores, pela censura, pela repressão e por uma política econômica que beneciou sempre o grande capital em detrimento dos trabalhadores É importante notar que sua sustentação foi possível enquanto a economia viveu momentos de crescimento A crise mundial a partir do nal da primeira metade da década de 1970 tornou inviável ao regime sua manutenção, levando a medidas que apontaram para seu nal. FRENTE 1 Passeata dos Cem Mil, Rio de Janeiro (RJ), em 26 de junho de 1968. E v a n d ro T e ix e ir a /A c e rv o I M S HISTÓRIA Capítulo 11 O regime militar (1964-1985)30 O governo Castelo Branco (1964-1967) Após o golpe de 1964, a primeira medida adotada por seus autores foi a criação do Supremo Comando Revo- lucionário, formado pelo general Arthur da Costa e Silva, pelo brigadeiro Francisco Correia de Mello e pelo vice-al- mirante Augusto Rademaker. Esse comando aprovou o primeiro Ato Institucional (AI-1), prática que se tornaria constante durante os go- vernos militares e que, na prática, substituía qualquer texto constitucional. O AI-1 dava aos militares o poder de suspender por dez anos mandatos legislativos, juízes e fun- cionários públicos sem o direito de apelar à Justiça. Como consequência, desde a sua expedição em abril até o mês de dezembro de 1964, foram suspensos 50 congressistas, 43 deputados estaduais, dez vereadores, 49 juízes, 1 408 funcionários civis e 1 200 funcionários militares. Centenas de sindicatos de trabalhadores sofreram intervenção e seus principais dirigentes foram presos. O Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) foi extinto As Ligas Camponesas foram colocadas na ilegalidade segui- da da prisão de seus líderes. A sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) no Rio de Janeiro foi invadida, in- cendiada e destruída e as principais universidades do país sofreram invasões, seguidas do afastamento dos professores contrários ao golpe Estima se que cerca de 50 mil pessoas tenham sido presas durante os primeiros meses do governo militar Fazia-se necessário indicar um nome para o exercício da Presidência e, dentro do Supremo Comando, não havia consenso para essa indicação. Já naquele momento, Costa e Silva pretendia assumir o cargo, mas não contava com o apoio das outras alas do Exército. Optou-se, finalmente, pelo general Humberto de Alencar Castelo Branco, que havia sido chefe do Estado Maior das Forças Armadas durante o gover- no João Goulart e, nessa função, ajudou a preparar o golpe Fig. 1 Cerimônia de posse de Castelo Branco à presidência. A derrota de Costa e Silva adiou um recrudescimento mais intenso do regime militar. Ele representava um segmen- to das Forças Armadas que ficou conhecido como “linha dura”. Esse grupo era favorável a um número ainda maior de prisões, ao estabelecimento de uma ditadura totalmente centralizada, e à censura prévia da imprensa. Eram acusados de “pensar com os fuzis”, pois pretendiam governar o país com a rígida disciplina aprendida no Exército. Castelo Branco, por sua vez, alinhava-se ao grupo li derado por Golbery do Couto e Silva, reconhecido por sua formação intelectual mais sofisticada. Com isso, tinham um plano de mais fôlego, definindo funções de longo prazo para o regime militar. Acreditavam que, em um primeiro momento, a ação dos militares era necessária; mas, depois de abater todos os focos oposicionistas, seria necessário entregar o poder aos civis, ou melhor, para os grupos de civis confiáveis, basicamente aqueles que se alinhavam às posições da UDN Estes últimos, em sua opinião, deveriam integrar o país na ordem internacional, possibilitando o de- senvolvimento por meio de investimentos estrangeiros em larga escala A posse de Castelo em 15 de abril de 1964 indicava a vitóriadessa linha militar. Uma de suas primeiras medidas foi a criação do Ser- viço Nacional de Informações (SNI), idealizado e criado por Golbery do Couto e Silva. Esse órgão, chefiado pelo presidente, tinha a função de municiar o governo com informações de todas as ordens sobre os amigos e os inimigos do regime, formando uma poderosa rede de in- formações. Roberto Campos, no Ministério do Planejamento, e Otávio Gouveia de Bulhões, no Ministério da Fazenda, de- veriam tratar da crise econômica que se arrastava desde o fim dos anos 1950. Elaboraram o Programa de Ação Eco nômica do Governo (PAEG) para implantar um conjunto de medidas previstas para duas fases. A primeira delas deveria eliminar a inflação e normalizar as relações com o sistema financeiro internacional e a segunda trataria do estímulo ao crescimento econômico. A primeira fase do plano correspondeu a medidas de contenção bastante duras. Campos e Bulhões corta- ram gastos e subsídios visando diminuir o déficit público. Impuseram uma política monetária rígida e uma reforma tri- butária, centralizando a arrecadação rigidamente nas mãos do governo central. Paralelamente, os salários foram sensivelmente redu- zidos por meio de reajustes anuais inferiores à inflação e pagamento parcial dos ganhos de produtividade. Em 1967, o regime de estabilidade no emprego foi substituído pelo regime do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), o que possibilitou uma enorme rotatividade da mão de obra e a manutenção da baixa dos salários. Para garantir a con- cretização dessas medidas, os sindicatos permaneceram sob um rígido controle do governo e uma lei federal só permitia greves previamente autorizadas, sob o risco de intervenção e prisão. Os resultados dessa primeira fase da PAEG foram aque les previstos inicialmente. A inflação caiu de 91% em 1964 para 24,3% em fins de 1967. No entanto, essa queda foi acompanhada pela recessão que gerava desemprego e perda do poder aquisitivo para os assalariados. Essa era a hora de estrear a segunda parte do plano. A rq u iv o N a c io n a d o B ra s il, R io d e J a n e ir o Municiar: prover de munição; prover do que é necessário; abastecer, guarnecer.
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