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Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos Medicina UNITPAC TEMA: “TIPOS DE ABORTO” ALUNA: Isabela Soares Eulálio MÓDULO: TIC’s TUTOR: Dr. Mário de Souza Lima e Silva PERÍODO: 4º Araguaína/ TO Outubro/2023 QUAIS OS PRINCIPAIS TIPOS DE ABORTO? O aborto espontâneo é tradicionalmente classificado como ameaça de aborto ou aborto evitável, inevitável, incompleto, completo e retido, com base na história e nos achados clínicos, laboratoriais e de imagem. Além disso, há o aborto terapêutico e o aborto infectado ou séptico. Ameaça de aborto A ameaça de aborto, ou aborto evitável, diz respeito à situação na qual a paciente apresenta sangramento vaginal, mas o orifício interno do colo uterino permanece impérvio e a vitalidade embrionária está preservada. Consiste, fundamentalmente, em hemorragia, que traduz anomalia decidual e/ou descolamento do ovo, e dor, sinal de contração uterina. Um quarto das mulheres desenvolve sangramento na gestação inicial, que pode ser acompanhado por desconforto suprapúbico, cólicas moderadas, pressão pélvica ou dor lombar persistente. Na avaliação inicial, deve-se atentar para a necessidade de diagnóstico diferencial com gravidez ectópica, seja única ou concomitante à presença da gravidez intrauterina, quando é chamada de heterotópica. Ao exame especular pode-se notar sangramento ativo e na USG transvaginal é possível notar hematoma retroplacentário. A conduta é expectante mesmo na presença de hematoma e, prescrição de sintomáticos se necessário. É importante orientar a paciente a evitar relações sexuais em caso de perda sanguínea e retornar ao serviço de saúde em caso de aumento do sangramento. Abortamento inevitável É considerado aborto inevitável aquele em que a mulher, além de sangramento vaginal abundante e cólicas uterinas, apresenta colo pérvio e não há possibilidade de salvar a gravidez. Nas amenorreias de curta duração em que o ovo é pequeno, o processo pode ser confundido com menstruação, diferenciando-se dela pela maior quantidade de sangue pela presença de embrião e decídua ao exame do material eliminado. Como o feto ainda não foi expulso da cavidade uterina, a conduta é com Misoprostol + curetagem. Além disso, é importante internar a paciente para estabilização e cuidados com a mesma. Abortamento completo O aborto completo ocorre quando há eliminação completa do produto conceptual. A cavidade uterina se apresenta vazia após gestação anteriormente documentada. A ultrassonografia é o exame que demonstra ausência da gestação. A paciente relata história de sangramento importante, cólicas e eliminação de tecidos. O orifício interno do colo uterino tende a se fechar depois da expulsão completa do material intra-uterino. Abortamento incompleto O aborto incompleto é definido pela presença intrauterina dos produtos da concepção, após a expulsão parcial do tecido gestacional. O diagnóstico ultrassonográfico é difícil e não existe consenso quanto aos melhores critérios. Vários estudos utilizaram parâmetros de espessura endometrial entre 5 mm e 25 mm com aspecto hiperecogênico do material. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), em seu Protocolo sobre Aborto de 2018, recomenda que a conduta em caso de < 12 semanas seja a realização de Misoprostol ou AMIU, se > 12 semanas orienta a realização da curetagem. Vale ressaltar, que a paciente deve ser internada para estabilização e realização dos procedimentos citados. O melhor tratamento para o abortamento incompleto é o esvaziamento cirúrgico, e nesse particular, a aspiração a vácuo. O tratamento expectante não é o mais indicado. Abortamento retido O aborto retido é aquele no qual há ausência de batimentos cardíacos fetais ou do embrião (gravidez anembrionada), mas não ocorre a expulsão espontânea do conteúdo intrauterino. Os produtos da concepção podem permanecer retidos por dias ou semanas, com o orifício interno do colo uterino impérvio. Classicamente é definido como a não eliminação do produto conceptual por um período de 30 dias. ↠ Inicialmente, a conduta é expectante se o mesmo ocorre de forma precoce dentro do 1º trimestre, pois até 3 semanas após o abortamento o ovo costuma ser expulso. No entanto, é possível nesses casos proceder com esvaziamento uterino por meio da aspiração manual intrauterina (AMIU) ou farmacologicamente com uso do Misoprostol. Sendo a retenção maior do que 4 semanas é necessário realizar o coagulograma antes de iniciar qualquer terapêutica. No abortamento retido tardio (no 2º trimestre ou > 12 semanas), a melhor conduta é expulsão imediata do feto com uso de Misoprostol e, em seguida, complementação com curetagem uterina. Abortamento habitual O abortamento habitual ou recorrente é definido como a perda de duas ou mais gestações. Esse conceito é considerado inovador, haja vista que a maioria dos autores continua definindo abortamento habitual como a perda de três ou mais gestações consecutivas. O conceito clássico de aborto espontâneo de repetição (AER) é de três ou mais perdas gestacionais espontâneas e consecutivas. No entanto, atualmente recomenda-se a pesquisa da causa das perdas em casais com dois ou mais abortamentos, desde que tenham sido gestações clínicas e intrauterinas (ou seja, quando há sinais clínicos ou ultrassonográficos de gestação, e não apenas detecção do beta-hCG), principalmente quando a mulher tem 35 anos ou mais ou tem história de infertilidade prévia. Abortamento séptico ou infectado Esse abortamento resulta da tentativa de esvaziar o útero com uso de instrumentos inadequados e técnicas inseguras, o que leva a infecções polimicrobianas compreendendo microrganismos da flora genital e intestinal. Com isso, a anamnese tem uma importância ainda maior por ser capaz de identificar o episódio causador. O sangramento costuma ter odor fétido e os demais sintomas variam de acordo com o grau e local de acometimento: • Endométrio e miométrio: cólicas intermitentes, febre 38ºC, dor à mobilização do colo e à palpação abdominal. • Peritônio pélvico: febre 39ºC, dor mais intensa, comprometimento do estado geral, colo aberto com saída de conteúdo purulento, sinais de peritonite que dificultam inclusive a tentativa de mobilização do colo uterino. O leucograma apresenta perfil de infecção e, na USG em alguns casos nota-se abscesso em fundo de saco. O tratamento consiste no uso de antibióticos (ATB) e na remoção do foco infeccioso. Em seguida, realiza-se curetagem para remoção do foco infeccioso. Porém, se as medidas acima não forem suficientes ou se houver suspeita de perfuração uterina/ abscesso pélvico/lesão de alça, deve-se proceder para laparotomia seguida de retirada do foco, inclusive histerectomia se for o caso. Recomenda-se profilaxia com antitetânica naqueles casos em que para indução do aborto foram utilizados instrumentos metálicos ou possivelmente suspeitos de levar à infecção com tétano. RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA A atuação médica diante de um aborto é uma questão complexa que requer uma abordagem cuidadosa, levando em consideração diversos fatores, como o tipo de aborto, o diagnóstico e o tratamento adequado. Existem vários tipos de aborto, sendo os principais o aborto espontâneo, o aborto induzido e o aborto incompleto. No caso do aborto espontâneo, este ocorre naturalmente devido a diferentes razões, como anormalidades genéticas no embrião ou problemas de saúde da mãe. O diagnóstico é frequentemente feito com base em sintomas como sangramento vaginal anormal, cólicas uterinas e a expulsão de tecido fetal. Exames de sangue para verificar os níveis de hCG e ultrassonografias tambémsão usados para confirmar o diagnóstico. A conduta médica diante de um aborto espontâneo envolve geralmente monitorar a paciente, avaliar a extensão da hemorragia e garantir que o útero tenha sido esvaziado completamente. Em alguns casos, medicamentos podem ser administrados para facilitar a expulsão do tecido fetal remanescente, enquanto complicações graves, como hemorragias excessivas ou infecções, podem exigir intervenção cirúrgica, como a curetagem uterina. Em contrapartida, o aborto induzido é uma ação deliberada realizada através de procedimentos médicos ou cirúrgicos. A escolha do método depende da idade gestacional, preferência da paciente e avaliação médica. O acompanhamento médico é crucial para garantir que o procedimento seja seguro e completo. No caso de um aborto incompleto, em que parte do tecido fetal ou placentário permanece no útero após um aborto, uma intervenção médica é necessária para remover esse tecido. Isso pode ser feito através de uma curetagem uterina ou outros procedimentos cirúrgicos. Às vezes, a terapia com antibióticos é prescrita para prevenir ou tratar infecções. É importante lembrar que a atuação médica em casos de aborto também envolve considerações éticas e legais que variam conforme as leis e os princípios médicos em vigor em cada região. Os médicos devem estar cientes das leis locais e das diretrizes éticas para garantir que sua atuação seja legal e ética. Além disso, a atuação médica diante de um aborto deve sempre respeitar o princípio da autonomia da paciente e buscar o melhor cuidado possível de acordo com a situação clínica. O aconselhamento adequado e o suporte emocional desempenham um papel fundamental na assistência médica em casos de aborto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CUNNINGHAM, F G. Obstetrícia de Williams. Grupo A, 2021. MONTENEGRO, Carlos Antonio B.; FILHO, Jorge de R. Rezende Obstetrícia Fundamental, 14ª edição. Grupo GEN, 2017. BRASIL. Manual de gestação de alto risco [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2022. CARDOSO et al. Aborto no Brasil: o que dizem os dados oficiais? Cadernos de Saúde Pública, 2020.
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